sábado, 6 de junho de 2020

Ofurô

Se meu plano de voltar pro Japão der errado eu vou comprar um ofurô.

O ofurô que a gente tinha no apartamento no Japão era dividido em 6 pessoas, 6 moleques em idade universitária, vocês já conseguem sentir a nojeira né? Mas não, as regras eram bem claras e seguidas: você tem que tomar banho ANTES de entrar e depois do uso você tem que lavar o ofurô, sem exceções. O resultado foi que todo mundo usava e nunca tava sujo, um verdadeiro exemplo.

Mas enfim, eu tomei uns 5 banhos de ofurô durante toda a minha estadia lá, era um ritual que eu só fazia em dias que tinha folga e não ia pra Tokyo ver show, ou seja: raramente. Mas um dos meus grandes pesares da viagem foi não ter visitado onsen (banho público com águas termais) ou sentô (banhos públicos normais) por mais que eu tivesse ressalvas em ver pintos alheios, eu não fui mais por não querer ser um gringo perdido num lugar claramente mais voltado pro público realmente japonês (famosa vergonha), o que realmente me privou de tentar fazer algumas coisas lá.

Meu ritual de ofurô foi totalmente formulado na minha cabeça desde muito tempo antes de ir pro Japão: Eu tomava um banho, me secava, botava o ofurô pra encher enquanto eu fazia alguma coisa no quarto e, depois de uns 15 minutos, eu mergulhava no ofurô com a água bem quente. Então eu ficava lá morgando com o celular (à prova d'água IP68, obrigado LG) tocando Momoe Yamaguchi enquanto ficava vendo o feed do Twitter ou do Instagram. Eu ficava assim até a água começar a esfriar, aí me lavava e lavava o ofurô no final, um dia cochilei e acordei com a água meio fria, quase pego resfriado da forma mais imbecil possível.

Teve um dia que eu estava de boa no ofurô lendo o feed do Twitter quando vejo que a Kaneko Ayano tinha anunciado um show e que os ingressos começavam a vender 9h da manhã, já eram 10h. Maluco, eu saí na hora do banho, me sequei bem mal e corri mais de 200m só pra comprar o ingresso no Seven-Eleven mais perto, se não me engano peguei um ingresso com numeração bem alta (tipo 260 de 300 disponíveis), chances altas de eu ter perdido o show se tivesse terminado meu banho como fazia normalmente.

A coisa que o pessoal não entende é que o ofurô foi feito pra relaxar, não pra tomar o banho propriamente dito como nas banheiras ocidentais, por isso morrer no banho é uma causa de morte não tão rara no Japão pra idosos. Tanto que nas casas não-de-rico, o ralo do ofurô dá na entrada de água da MÁQUINA DE LAVAR ROUPAS, eu não sei se rolava isso no apartamento nosso lá no Japão mas eu nem quero saber.

Enfim, vai gastar água pra caralho se eu fizer isso aqui? Eh, não mais que um banho demorado, dá pra você deixar a água no ofurô e usar um sistema de aquecedor pra esquentá-la depois, óbvio que pra isso você precisa se lavar bem antes de mergulhar nele e mesmo assim ter noção que aquilo é tipo uma sopa (ou chá?) de gente, mas acho bem factível, tanto que minha família tinha um ofurô no apartamento até os meus primeiros anos de vida, infelizmente não mais.

Tem uns lugares com onsen aqui no Brasil, apesar de serem bem diferentes do Japão, acho que sepá vou dar uma olhada num lugar desses pra ir.

É isso, me deu vontade de dar um mergulho num ofurô porque tá frio e é final de semestre, nada te relaxa e te aquece como um bom ofurô.

vlw flw té mais

4 comentários:

  1. Nossa, bateu uma saudade bem grande do ofurô que tinha na casa dos meus avós agora. Hj em dia não tem mais, infelizmente...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ofurô (fechado) em casa de parente vira prateleira pra botar shampoo e coisas do banho.

      Excluir
    2. Verdade, lembro que ele exerceu essa função por um tempo antes dele ir parar num canto externo aleatório da casa.

      Excluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir