domingo, 29 de agosto de 2021

Gerações de otakus e eventos de anime

Uma coisa que percebi recentemente foi como gostar de animes se tornou mais socialmente aceito do que nunca.

Eu sou, ou pelo menos quero acreditar que sou, otaku velho (apesar de não gostar de ser chamado de otaku).

Na minha cabeça as gerações de fãs de anime no Brasil se dividem assim:

  • 1ª geração: pré-internet banda larga, ficavam reféns das escolhas das editoras (na época JBC, começo da Panini e Conrad, além de outras hoje extintas) e dos canais de televisão, eventos eram raríssimos e pequenos. Basicamente é o pessoal que entrou nesse mundo antes dos anos 2000;
  • 2ª geração: começo da internet decente, foi quando comecei a ler mangá/assistir anime. Já havia uma maior maturação na editoras, quando começaram a publicar mangás em volumes inteiros de 200 páginas, os eventos já tomavam uma dimensão até que grande, TODO MUNDO usava da pirataria pra ver os animes novos da temporada (baixar anime em rmvb, quem lembra?) e aqui foi o auge dos site project, que traduziam e eram parte essencial das fanbasees de diversos animes como Naruto, Bleach, Death Note, One Piece, etc. Essa época durou do começo dos 2000 até o começo da popularização do stream em massa lá pra 2013~2015;
  • 3ª geração: agora tá na moda ser nerd, agora ser otaku não é tão sinônimo de ser um social outcast. O Netflix e o Crunchyroll democratizaram o acesso aos animes e agora todo mundo pode ver Death Note sem parecer ser emo, what a time to be alive. Por algum motivo os eventos de anime parece que perderam a força que tinham antes e a galera casual que curte anime é a mesma que curte HQs, então é Comic Con Experience pra todo mundo ao invés do saudoso Anime Friends.

Hoje em dia tem uma chance bem grande de você pegar um jovem aleatório na rua e ele saber cantar Blue Bird, ou de saber como tá Boku no Hero Academia ou Shingeki no Kyojin.

Mas como a popularização dos animes e mangás afetam quem já curtia antes?

Eeeehhh, acho que agora é mais fácil de encontrar quem tem o mesmo gosto que você pra esse tipo de mídia, além de ser mil vezes mais fácil de comprar mercadorias (na maioria das vezes falsificada) dos animes que você curte. 

Eu lembro ainda quando fui num mini-evento de anime na Liberdade em 2019 com um amigo que conheci no Japão. Como os amigos desse meu amigo conheciam os eventos de anime de dentro, eles contaram diversos causos que aconteceram em eventos passados e apontaram discretamente para pessoas problemáticas que sempre davam as caras nesse tipo de evento, e que estavam lá no dia.

Isso me fez pensar como o miolo das fanbases não mudou tanto quanto eu pensava. Acho que ainda tem a galera que move os pequenos eventos e discussões desde a minha época e maioria tem por volta da minha idade e começou a ver anime e ler mangá nas mesmas condições que eu. Desde a época do orkut tinham as pessoas estranhas que iam em todo evento de anime e que, muito antes do termo nascer, sofriam cyber-bullying nas comunidades.

Pra falar a real eu já escrevi uns bons posts aqui sobre minha relação com eventos de anime e como eu não me vejo indo em um de maneira não-irônica hoje em dia, ainda mais porque nem mangá eu compro mais. Mas é, acho que tem uma gigantesca diferença entre os eventos geek gerais (tipo o Comic Con Experience) e os de anime: os de anime ainda são organizados como eventos amadores.

Você vai na CCXP por quê? Porque você vai ver o ator famoso que fez o último filme da Marvel e se dispôs a vir aqui pra dar entrevista, porque lá vai ter um estande da Netflix, da WB, da DC vendendo merch oficial, porque vai ter anúncio exclusivo, etc. Agora, porque caralhos você iria num Anime Friends? Pra tomar Mupy? Pra comprar um colar de 15 reais claramente feito com metais não dermatologicamente seguros? Pra ver show de banda decadente que fez opening de um anime de 10 anos atrás?(pra falar a real eu iria pra isso). 

Agora os eventos de anime estão ficando decentes e tão trazendo uns dubladores e mangakas, mas é foda. Como a gente não vê a pessoa por trás das obras, só fãs muito hardcore sabem qual dublador dubla qual personagem, é muito mais jogo você trazer o Henry Cavill pra uma CCXP, todo mundo sabe quem é o Superman. Agora, imagina trazer o Eiichiro Oda num AF e o Zak Snyder na CCXP, você consegue sentir a diferença de impacto que teriam essas duas aparições por mais que a dificuldade pra trazer o Oda seja milhões de vezes maior? Pois é. 

Pra ser justo o CCXP é mais produto do capitalismo do que do amor dos fãs, o que explica muita coisa pra falar a verdade.

Eu estou saindo numa tangente enorme aqui mas o que estou querendo falar aqui em linhas gerais é que as fanbases de animes na minha geração eram ligadas diretamente à realização de eventos de anime. Hoje como "todo mundo" curte anime, o pessoal não tem mais essa necessidade de se enfiarem num galpão cheio de gente estranha só pra achar mais gente com o mesmo gosto, mas os eventos se mantém pela fanbase que foi criada na minha época. 

Uma CCXP é muito mais aberta para fãs casuais do que um AF, acho que esse é um outro ponto central nessa comparação.

Eu sou uma péssima pessoa pra falar de inside info e da história dos eventos de anime já que peguei uma época muito específica do crescimento do AF e nunca fui próximo do pessoal da organização. Isso tudo além de eu não pisar num AF desde 2013 e nunca ter ido numa CCXP.

Mas enfim, eu até esqueci do que eu tava falando, relação dos eventos com as fanbases de anime? Em suma: hoje a grande parte de quem consome anime é casual, antes você tinha que adentrar tanto na comunidade pra achar coisa traduzida ou indicações que era quase certo que se você curtia anime, também orgulhosamente ia adotar o rótulo de otaku.

E é isso? Eu queria escrever bem mais sobre essas diferentes gerações de quem curte anime e a relação com os eventos mas acho que preciso pesquisar mais sobre.

Eu percebi que os animes estavam se popularizando quando um colega de sala meu, o cara mais faria limer (provavelmente não é você que tá lendo este post, relaxa) que você pode imaginar, me perguntou se eu tinha visto já o anime do Death Note, as maravilhas que a Netflix faz.

No fim eu agradeço que não sou otaku.

E é isso aí pessoal, vou escrever sobre um assunto mais interessante na próxima vez.

vlw flw té mais!

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Como viver sendo uma engrenagem do sistema capitalista

Como vocês se motivam no trabalho diário num sistema capitalista? Eu gasto grana.

Quem aqui que trabalha e nunca se sentiu desmotivado que atire a primeira pedra, minha motivação já era baixa desde que entrei na Poli então não tive surpresas em me encontrar desmotivado ao encarar mais uma semana de trabalho no trampo, por mais que eu curta o que estou fazendo.

O que estou passando no estágio agora é meio o contrário do que passei no Japão: enquanto aqui eu me encontro num trabalho bacana num contexto bosta (Brasil de 2021), no arubaito eu tava num trabalho bosta num contexto bacana (qualquer lugar que não seja o Brasil pós-2016), nos dois casos eu me vi desmotivado hora ou outra.

Por um lado o arubaito era uma situação melhor porque aquilo tinha prazo pra acabar (3 meses) e eu tava ganhando uma quantidade astronômica de dinheiro se comparado ao que eu produzia, mas mesmo assim eu tava super desmotivado lá por meio de Janeiro, até que fui no primeiro show dos sete que iria lá. Então eu vi que o dinheiro que eu tava SUANDO pra ganhar até que teria um destino legal: shows. Gastei dinheiro em tudo o que pude também (ainda mais em figures e pelúcias) mas os shows foram meu maior combustível motivacional no Japão.

No estágio estou mais por conta do aprendizado e pela esperança de ser efetivado, então obviamente não posso levar de barriga o negócio como eu fazia com o arubaito. O pagamento obviamente é menor mas o trampo é bem mais bacana, além de não ter chefe japonês gritando bosta pra mim sabendo que não entendo nada. Quem diria que um banco brasileiro seria um ambiente de trabalho menos tóxico que uma fábrica de doces japonesa? Pra me motivar eu acabei comprando um fone que eu tava namorando faz um tempo (o Moondrop Aria) e no mês passado comprei uma air fryer. Estou plenamente satisfeito com as coisas que comprei? Jamais, mas estou mais motivado com elas do que sem elas.

No Japão eu também saía ás vezes pra gastar grana por motivos aleatórios. Antes do meu aniversário eu fui no Book Off e comprei uma figure da Sakura do F/SN só pra ser meu presentinho de mim pra mim mesmo. E eu queria demais gastar grana em figures pra me mimar mas os preços praticados aqui no Brasil são fora de mão.

Como meu VR passa no Extra aqui do lado, raramente uso ele pra comprar delivery mas é outra forma de celebrar datas especiais em casa sem poder sair.

Enfim, esse post veio de uma conversa com meus amigos e acho que a grande maioria das pessoas faz o mesmo: se motiva gastando grana, a grande questão é onde.

Pela minha experiência eu só posso dizer que a felicidade provinda de figures não dura quase nada mas cada centavo gasto nos shows e viagens no Japão valeram a pena. E isso não se restringe ao Japão, os concertos que fui com minha família aqui no Brasil foram todos super bacanas.

Eu acho que devia gastar mais dinheiro em roupas, sepá é hora de me vestir melhor, mas esperemos o fim do home office pra isso.

E é isso aí, vlw flw té mais!

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Fériassssss

Eu estou de férias do trampo desde a última segunda até o dia 10 e estou de férias da Poli desde sexta (anteontem) até dia 16, então até dia 10 estou nessa intersecção das duas férias.

No meu contrato de estágio tá que preciso tirar 15 dias de férias até o fim do meu contrato (em Outubro) ou tenho que acumular pro próximo contrato pra tirar, pasmem, 30 dias ininterruptos. Então escolhi alinhar as férias do trampo com as da Poli e estamos aí. Quando planejei isso lá em Maio a USP tinha anunciado que seria só uma semana de férias entre os dois semestres, então botei pra uma semana das férias do trampo cair na última semana do semestre, pra poder ajeitar os trabalhos e estudar pras provas, no fim nem precisava muito mas deu uma boa ajudada.

Isso tudo aí é pra me explicar já que ouvi umas três vezes "Po, mal começou a trabalhar e já vai tirar férias?". Eu até terminei as coisas que eu tinha que fazer no trampo e organizei tudo pra galera não ficar dependendo de mim EU JURO. O importante é que não vou prejudicar ninguém tirando essas férias, espero.

Desde sexta estou jogando Assassin's Creed Odyssey, peguei a Gold Edition na PSN por 70 conto, são boas 50+ horas de jogo. O último jogo que joguei da série foi o Brotherhood já faz mais de 10 anos, mas eu curti bastante tanto o AC2 quanto o Brotherhood, eu acabei nem jogando o Revelations mais porque meus gostos mudaram de lá pra cá (leia-se: agora só jogo coisa com meninas kawaii). 

A coisa que me fez ir atrás de um jogo de dois anos atrás foi que eu tava relendo Historie e fiquei com vontade de explorar a Grécia antiga, se o AC2 já me fascinou com a Florença da época com gráficos do PS3, imagina o Odyssey com os gráficos do PS4? E já botei mais de 20h de jogo desde sexta. Só parei de jogar um pouco hoje porque eu já tava ouvindo a música do jogo na minha cabeça depois de tirar os headphones (coisa que sempre acontece comigo quando maratono um jogo, ainda mais Fallout).

E cara, tem uma diferença massiva em férias da facul onde você não faz porra nenhuma e férias do trampo que você realmente faz coisa. Acho que desde que entrei na Poli as minhas maiores férias foram as de 2020 pra 2021, e foram horríveis. Foi um tempo incrivelmente mal gasto + correr atrás de emprego + preparar pra mudança de casa, tudo isso sob uma pandemia de merda e o semi-lockdown em Março que teve só cagou mais ainda no que já tava ruim.

Ter só 10 dias de férias totais dá um senso de urgência pra fazer tudo o que não poderia fazer com trampo e Poli ocupando meu tempo. Óbvio que depois do fim da pandemia (se estivermos vivos até lá), eu quero é sair com meus amigos, viajar até, mas até lá eu vou ocupar meu tempo com games e cozinhando.

Comprei uma Air Fryer e vocês vão ouvir muito dela ainda neste blog, aguardem.

vlw flw té mais!