terça-feira, 13 de julho de 2021

Yoiti em três músicas japonesas desconhecidas

Acho que dá pra dividir minha vida recente pela música favorita de cada época.

Num sentido mais específico essa divisão da minha vida seria um inferno, já que cada vez que lança coisa nova, ou que descubro uma banda nova, uma música favorita do momento surge. Num sentido mais amplo as coisas também seriam sem graça, já que Sobakasu ocupa o posto de música favorita já faz mais de 10 anos. Então a divisão vai ser meio em "a música que mais ouvi e que mais representou a minha vida nesse período de X anos".

2012~2014 Rock'n Roll wa Nariyamanai - Shinsei Kamattechan


É a música de adolescente revoltado japonês. Por mais que a música já tenha 10 anos (foi lançada em 2010), eu vi de perto no show da banda em 2019 que ainda ressona muito com os adolescentes de hoje. Acho que é muito daquilo que falei no último post, a música é pura energia jovem e revolta e é fácil ver porque a audiência do Shinsei Kamattechan não necessariamente envelheceu com a banda, eu ainda gosto muito da banda e ainda mais dos álbuns antigos deles, mas eles já não descrevem como sinto, feliz ou infelizmente.

Menção honrosa: Souretsu e Tsumi to Batsu da Shiina Ringo 

Shiina Ringo né, nem preciso falar como ela foi importante pro que sou hoje.

2014~2018 Yoru Ga Akettara - Kinoko Teikoku


Putz, choro, lamúrias, arrependimentos, Poli. É a música de sad boy que eu ouvia sempre que a Poli me dava um murro na boca do estômago. Ainda acho que é uma das músicas mais lindas que saíram do underground japonês, a voz da Chiaki Sato combina demais tanto com a tristeza quanto com a revolta na música. Eu já chorei pra caralho ouvindo essa música e ela (junto com o resto do Uzu Ni Naru) talvez tenham sido as músicas que mais marcaram meus anos de Poli e da vida em geral, já que não tinha muito além da facul nela. Mas não é só de tristeza que vivemos a vida.

Menção honrosa: Insensatez da Nara Leão

Eu tava na vibe pra ouvir Bossa nessa época e a Nara foi um bom ponto de partida, acho que o João Gilberto foi obviamente um melhor musicista mas a Nara tem um repertório bem bom, além de ser bem mais descontraída.

2018~ Wispy, No Mercy - Citrus


Eu descobri Citrus a partir de uma entrevista com o vocalista num site perdido e não dei muita atenção pra banda, até que o cara do Kero Kero Bonito (banda que nem curto tanto) falou que era a melhor banda que ele já ouviu e eu fui procurar mais sobre. Eu não entendo nada da letra (que acho que é inglês?) mas ela me dá uma sensação tão boa, tão leve e tão descontraída que não tem como não ser contagiado. Não é como se minha vida estivesse as mil maravilhas desde que descobri Citrus, aliás longe disso (tem brasileiro feliz desde 2018 neste país?) mas acho que essa música me ajudou a lidar com problemas de uma maneira melhor que antes.

Menções Honrosas: Marigold e Ai wo Tsutaetaida Toka da Aimyon

Uma frase que você já devem estar cansados de ouvir: "Durante minha estadia no Japão..." e é por isso mesmo que a Aimyon me marcou, com certeza não era a maior estrela quando estive lá, mas era a artista mais interessante no Oricon na época.


Enfim, acho que é isso. Acho que Wispy, No Mercy acho que vai se manter como minha música favorita por um bom tempo, é a música que mais ouvi desde que criei a conta no lastfm, e espero que continue assim,  a música é boa demais (assim como o resto do EP).

É isso aí, valeu, falou té mais!

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Rapaz, não sou pago pra isso não

No meu setor, todo funcionário precisa fazer uma série de testes de personalidade, pontos fortes e tudo mais, coisa que antes eu era meu cético sobre, mas um dos pontos fortes que foram apontados num dos testes me chamou a atenção: evitar conflitos.

Eu quebrei o braço de um cara que tentou começar a fazer bullying em mim no meu sétimo ano do fundamental.

Eu sei que foi faz tempo mas eu também briguei bastante no meu primeiro do médio e se o pessoal bobão não tivesse repetido de ano, as chances seriam que alguém ia apanhar naquela turma, e muito provavelmente era eu (mas não aceitaria o cara sair ileso, pode apostar).

Eu também lembro de ter levantado a voz contra um coordenador por decisões administrativas obviamente motivadas por dinheiro do que o bem dos alunos e eu certamente não aceitava nada calado, o Yoiti adolescente era um Yoiti PUTO.

Agora eu só relevo mesmo. Eu sei que pra muita coisa a melhor resposta é FICAR PUTO, mas também descobri que pra a maioria delas o melhor é relevar mesmo e vida que segue. Não que eu deixe o pessoal cagar na minha cabeça, as pessoas que fizeram trabalho em grupo comigo na faculdade sabem bem que eu costumo cobrar que cada um faça a devida parte do trabalho decentemente, mas eu também não vou ficar puto por ter um verme no grupo.

A coisa que mais reflete como mudei acho que foi meu senso de simplesmente não lidar com pessoas que não gosto quando possível. Quando eu era bicho eu sempre ia pedir revisão de prova e tudo mais, mas agora eu realmente só aceito mesmo só pra não tomar esporro de graça. Não foram uma ou duas vezes só que eu reprovei matéria simplesmente por achar que valia mais a pena fazer ela de novo do que morrer abraçado na possibilidade do professor ter piedade de mim depois de me submeter a uma sessão de xingamentos gratuitos.

Neste semestre por exemplo, quando o professor de uma disciplina começou a descer o cacete na sala inteira por uma coisa que obviamente não competia à gente, eu simplesmente saí da aula e aceitei a falta que ia levar na testa. Já passei da idade de ter que engolir sapo de graça.

E isso é meio triste, porque o Yoiti adolescente era combativo, anarquista, questionava toda e qualquer autoridade e dizia que morreria pelos seus ideais. O Yoiti de 25 anos só quer uma air fryer, um teclado mecânico e ver uns shows no Japão. Era isso o significado de virar um adulto? Pelo menos minhas visões políticas foram ainda mais pra esquerda liberal do que antes de começar a faculdade.

Eu vejo que essa conformidade com a nossa realidade não é algo só reservado a mim, meus amigos que conheço há anos também todos perderam um pouco do ímpeto que tinham quando estavam no ensino médio mas, novamente, sem mudar de lado no espectro político.

Acho que é muito do que eu já pensava um tempo atrás, o jovem jovem mesmo não tem medo porque não tem muita coisa a perder (na visão dele), a partir do momento que você tem mais consciência a coisa muda de figura.

Eu sinto que preciso buscar um pouco o ímpeto que tinha uns 7 ou 8 anos atrás, ficar mais puto, ter mais vontade de correr atrás das coisas e tudo mais. Sinto que perdi uns anos da minha graduação simplesmente por só deixar a vida passar sem agir.

Enfim, o estágio está fazendo um ótimo trabalho em me melhorar como pessoa (não que eu tenha ficado puto com alguém lá, muito pelo contrário) e a quarentena está sendo uma jornada infinita de autoconhecimento. Eu espero resgatar um pouco do Yoiti adolescente mas não a parte de quebrar braços alheios, visto que os resultados podem não ser tão agradáveis assim numa esfera jurídica.

Enfim, esse é daqueles posts meio deprês que tenho que soltar às vezes pro blog parecer mais ÍNTIMO.

vlw flw té mais!