sexta-feira, 26 de junho de 2020

Refrigerantes

Pra toda dieta que se preze, a primeira coisa que falam pra cortar são os refrigerantes.

Eu não sou muito fã de refrigerantes, eu gosto de Coca Cola por motivos maiores (leia-se Fallout) mas não é uma coisa essencial no meu cotidiano. Desde meu ensino médio eu substituí o açúcar dos refrigerantes pelo açúcar dos chás industrializados, e ainda tenho uma obsessão por chá mate tão grande que tive a capacidade de levar pra fazer no Japão, pode falar o que quiser mas chá mate ainda é o melhor chá que existe, desculpa mugicha.

Eu bebia refrigerante ocasionalmente quando criança mas só comecei a gostar mesmo depois que viciei em Coca Cola lá pelos idos de 2010, você pergunta como me viciei? Podem me aloprar falando que sou influenciável demais mas depois de jogar Fallout 3 e Fallout New Vegas eu não tive como conter meu súbito vício por Coca Cola.

Quem jogou Fallout já sabe, mas o jogo todo é baseado numa estética retro-futurista que mistura a música/arquitetura/roupas/etc. da década de 50 com o futuro que eles previam pra gente: carros nucleares, robôs pessoais, hologramas e tudo mais, e nisso tudo a bebida que você mais acha no mapa são as Nuka Colas, uma clara homenagem à clássica garrafa de vidro da Coca Cola. Depois de jogar horas e mais horas de Fallout New Vegas no meu Xbox eu acabei chegando à conclusão que a única coisa do jogo que eu poderia ter pra dar mais imersão era a Coca Cola e putz, viciei.

Mas é, o vício não durou muito já que os Ice Teas com a mesma quantidade de açúcar tomaram o lugar da famosa coquinha diária, mas ainda amo de coração a Coca Cola e não consigo viver muito tempo sem pelo menos beliscar uma latinha.

No Japão eu chutei o balde, tomei todos os refrigerantes que achei nas vending machines, tava frio? Fodasse, aqui vou eu com uma garrafinha de Fanta pêssego num frio de 5ºC. Mas a real é que eu experimentei bem mais as bebidas quentes (por motivos óbvios) e me acostumei demais a tomar chá sem açúcar e água nas refeições, que faz muito mais sentido se você quiser apreciar a comida. Mas obviamente minha maior paixão em terras nipônicas foi a Melon Soda, puta merda, eu juro que conseguiria beber só aquilo pro resto da minha vida, mesmo que tenha tanto açúcar quanto uma Fanta Uva antiga e tenha uma quantidade não razoável de corante, qualquer melon soda era boa demais. Eu lembro que tomei uma Coca no Japão pra ver se o sabor é diferente do daqui, não notei diferença.

Mas é, de volta pro Brasil sem melon soda, eu tomo às vezes Sprite ou Guaraná também, mas não tenho mais aquele negócio que tinha quando criança de querer beber refri diferente toda semana, mas ainda experimento quando sai um sabor mais diferente, podem me xingar mas amei a Coca com café.

Isso lembra um amigo meu do ensino médio que tomava uma Coca 600ml por dia e ainda era um dos caras mais atléticos que já conheci, ele tinha gastrite na época e na última vez que o vi já não tava tão fitness quanto no ensino médio, mas fica aí a memória aleatória.

Enfim, por hoje é isso e vou ficar com meu chá mate até que a vontade por uma coquinha me faça pegar uma lata de 350ml.

vlwflw té mais!

quinta-feira, 18 de junho de 2020

"Meus filhos não vão passar pelo o que passei"

No ensino fundamental, antes de ler os clássicos da literatura propriamente ditos, um dos meus livros favoritos era um do Moacyr Scliar: "Um sonho no caroço de abacate".

Era um livro curtinho, pequeno de tamanho com umas 100 páginas e letras grandes, a história era um típico coming-of-age de um jovem judeu e seu amigo negro que sofrem preconceito por serem os primeiros alunos não-brancos de uma escola de elite paulista e o livro faz meio que um paralelo entre a história do principal (o jovem judeu) e os pais dele, que são imigrantes vindos do Leste Europeu.

E uma frase que me marcou quando li o livro era: "Meus filhos não vão passar pelo o que passei." que é um pensamento bem presente em qualquer obra que seja que aborde a imigração pras Américas, tanto que vi algo parecido num mangá que estou lendo agora, Kabatami to Ougon:

Ganhar dinheiro na base do ódio, gosto.
O mangá é sobre duas pessoas que fogem da grande fome da Irlanda e vão pros States em busca de uma vida melhor, a princípio pela corrida do ouro da California. O mangá é bem pesado, mas apesar de ser seinen ele tem uns toques de humor que são característicos dos mangás da Ultra Jump, que é um seinen mais light.

O que realmente me fez pensar é que, se você vive no Brasil (ou nos States que seja), e não é filho de uma família riquíssima, provavelmente um antepassado seu de umas duas, três ou quatro gerações atrás deve ter falado também algo nas linhas de "Meus filhos nunca vão passar pelo o que passei!", porque ou você é descendente de imigrantes, escravos ou nativos, que é gente que não teve vida fácil por aqui.

E é uma coisa que penso às vezes, no caso da imigração, a decisão de ter que sair do seu país pra enfrentar meses num navio e chegar num lugar que você nunca foi, que fala uma língua diferente da sua e com costumes totalmente estranhos, deve ser uma puta decisão. Quero dizer, agora é fácil você com diploma da USP falar que quer ir pro Canadá, Japão, Coréia ou States pra uma vaga que paga bem na área de TI, mas você ter que abandonar seu país, sem qualquer perspectiva de poder voltar, por causa de fome, guerra, perseguição ou qualquer coisa do tipo, é algo que talvez (e ainda bem) nossa geração nunca vai saber como é.

Outra coisa que acho interessante é que nessa época, e até um tempo atrás, era dado que você teria filhos, e tinha essa coisa de "As coisas que não realizei em vida serão feitas pelos meus descendentes". Hoje é bem difícil ter gente, ainda mais com minha idade, falando em querer ter filho com certeza, é difícil até ter gente pensando em casamento.

Eu penso que às vezes não valorizamos o suficiente os sacrifícios que nossos antepassados fizeram, a questão da imigração (ou de coisa até pior dependendo da sua ascendência) é um fragmento bem recente da história da nossa linhagem e a cada geração, falando em linhas bem gerais, o ser humano fica mais acomodado.

Imagino meu avô vendo esse cartaz e dizendo "Hmm... Por que não?".

Meus avós paternos vieram com 20 anos pra cá, pelo o que andei pesquisando nos arquivos do Museu da Imigração, o navio deles saiu do Porto de Kobe e foi pro Oeste, passando por Singapura, sudeste asiático, costa da África e chegaram então em Santos. A história da imigração japonesa na Brasil é a coisa mais manjada, eles tiveram que entrar num sistema de colono em fazendas de café e depois conseguiram um pequeno sítio no interior de São Paulo, a história não muda muito pra maioria dos japoneses que vieram assim.

Eu não estou falando que a gente precisa passar por uma guerra, uma grande fome ou uma diáspora pra nos provarmos como bons descendentes dos nossos antepassados, a pós-modernidade e a solidão da contemporaneidade já são uma merda, mas muito disso é justamente porque a gente é uma geração sem rumo, acho que não estou muito afim de desenvolver essa ideia aqui e isso vai com certeza ser tema pra um próximo post, mas essa pandemia me fez pensar bastante sobre a diferença com que a gente lida com problemas hoje se comparado a antigamente.

Mas é, nunca passaremos pelo o que nossos antepassados passaram, a gente eventualmente vai enfrentar problemas que eles não tiveram e temos luxos que eles nem imaginariam ter, mas ainda acho fascinante esse lance de ir pro desconhecido, sair do seu país pra um lugar que você nunca foi e sem qualquer garantia de que vai dar certo, se eu faria o mesmo? Provavelmente não, mas circunstâncias são circunstâncias, não dá pra julgar uma decisão sem levar em conta tudo o que levou até ela.

Só consigo imaginar o que meus avós sentiram quando avistaram do convés a costa do Brasil, depositando nessa visão todos os sonhos e esperanças que tinham, eu senti um décimo desse sentimento ao contrário quando vi as primeiras luzes do Japão quando meu A380 tava descendo em Narita, mas já sabendo que eu voltaria dali três meses para casa.

Enfim, recomendo que leiam o mangá que falei sobre, Kabatami to Ougon, parece bem bom e tá no comecinho ainda, além disso, por causa deste post, acabei lendo bastante coisa sobre imigração japonesa que não sabia e é legal você saber um pouco mais sobre seus antepassados, só de pensar que você é a culminação de uma linhagem de MILHÕES de anos de seres vivos que foram evoluindo de pouco a pouco, o mínimo que você precisa saber é pelo menos como vivia o pessoal umas duas gerações atrás.

E é isso, valeu falou
té mais!

EDIT: Por PURA COINCIDÊNCIA eu escrevi este post no aniversário de 112 anos da imigração japonesa, juro que foi sem querer.

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Uma declaração de amor ao Family Mart

Você passa pela porta automática de vidro e entra, uma músiquinha MIDI toca e você ouve um IRASHAIMASSEEE~, o cheiro de bentôs, nikuman e café entram no seu nariz, você acabou de entrar num Family Mart.

Family Mart perto do apê em Yamanashi.

Uma loja de conveniência (ou konbini) é um mini mercadinho só que muito mas muito melhor: numa konbini você vai achar de tudo, de ingredientes pra cozinhar, roupas íntimas de boa qualidade, artigos de papelaria, petiscos, frutas e bentôs (marmitas japonesas) até comida relativamente fresca, ingressos pra show, passagens de ônibus, bebidas de todos os tipos (alcoólicas ou não, quentes e geladas), pães e bolos. Tudo isso num espaço de uns 100m², até menos na real.

A konbini é uma verdadeira instituição japonesa, é a única coisa aberta depois das 22h em muitas cidades no interior do Japão e elas são espalhadas aos montes em Tokyo, coisa de duas por quarteirão sem qualquer exagero. Além de tudo que falei no parágrafo anterior as konbinis também são os únicos lugares com caixas 24h que são realmente 24h fora de Tokyo, você pode pedir pra Amazon entregar as encomendas lá caso não esteja em casa e são o único lugar com lixeiras 24h, já que não tem lixeira pública no Japão, e tem banheiro também.

Existe uma série de redes de konbini pelo Japão mas as mais famosas (e maiores) são: Family Mart, 7-Eleven e Lawson. E todo mundo que fica pelo menos um tempo no Japão vai ter uma rede de konbinis favorita, eu te garanto que isso gera mais treta que qualquer briga por futebol lá.

Ao fundo, à esquerda está o Lawson mais famoso do mundo para fãs de Kinoko Teikoku.

Lawson foi a que menos frequentei quando estive no Japão, mais porque ela era a mais longe do nosso apê em Yamanashi e não tinha muitas vantagens sobre as outras redes. O único Lawson onde comprei algo pra comer foi o de Shimokitazawa, e foi porque apareceu num clipe do Kinoko Teikoku. Eu me lembro da minha compra até hoje: uma cerveja "Suiyobi no Neko", um pacote de beef jerky e um pacote de lula seca, por algum motivo eu não comprei onigiris, com a sacola com essas compras eu percorri a rua onde o Kinoko Teikoku gravou o clipe do Chronostasis e chorei, chorei porque era a última vez que eu veria Shimokitazawa em um bom tempo.

7-Eleven é a maior rede de konbinis no Japão mas eu só ia lá na ocasião de voltar com fome de Tokyo ou do Shopping Center perto e parar no caminho entre a estação de trem e nosso apê pra comprar um bentô. O que eu mais odiava do 7 era o cheiro persistente de Oden em toda santa loja deles, puta merda, é algo que você realmente só fica enjoado depois de um tempo mas pô, eu não me importo com o cheiro de oden num restaurante mas numa konbini era meio enjoativo, ainda mais no inverno que tava, você entrava pela porta e vinha um bafão de ar quente com cheiro de oden na tua cara. A maior razão pela qual eu ia no 7 era porque o sistema de venda de ingressos deles funciona a partir de código numérico ao invés da busca textual do Famima, como eu não sabia um puto de japonês na época, eu tinha que ir até o 7 só pra comprar alguns ingressos.

Family Mart (ou Famima) é minha grande paixão, além de que tinha um no lado do nosso apê, o frango frito que eles vendiam era maravilhoso ~FAMICHIKI EU TE AMO~, sério, os nossos jantares em dias de folga e de pouca grana eram o curry pronto pra fazer no banho maria, arroz e o que tivesse na geladeira, quando sobrava uns 120JPY eu corria pro Famima pra pegar o delicioso FAMICHIKI, eu te juro que era melhor que qualquer KFC e olha que comi pra cacete no KFC no Japão. Além disso tinha uma caralhada de sabores de onigiri lá e muitas vezes nas minhas viagens solo pelos arredores de Tokyo, meu café da manhã foi um onigiri e um café (que também era ótimo) do Famima.

Tá bom, a esse ponto você já percebeu que isso não é mais uma comparação, é uma verdadeira homenagem ao Family Mart. Acho que pela familiaridade com o Famima por ele ser nosso vizinho em Yamanashi, toda vez que eu precisava ir numa konbini, eu ia num Family Mart.

Yamanashi? Famima na frente do nosso apê.
Kofu? Famima embutida na estação de Kofu, atrás da estátua do Takeda Shingen.
Shinjuku? Famima da rodoviária.
Yoyogi? Só descer as escadas do Customa, virar pra direita, duas lojas pra frente tinha um Famima e tinha outro no lado do meu primeiro show no Zher The Zoo.
Harajuku? Famima na entrada da Takeshita-dori.
Shimokita? Descendo da rua do meu hostel, virando pra esquerda, estava lá o Famima.
Yokohama? Famima dentro da estação Minatomirai.
Tsukuba? Famima na estação onde eu tava ficando.

O Family Mart era uma ilha de conforto em qualquer lugar que eu fosse no Japão, certo que eu mal saí de Tokyo e Yokohama mas era tão reconfortante saber que não importava onde eu fosse, teria um lugar onde eu poderia pegar wifi, comprar onigiri e comprar ingressos e passagens. Eu fui pra mais de dez Family Marts diferentes e comprei de tudo nelas: Shounen Jump, caneta permanente, cortador de unha, ingresso pra show, passagem de ônibus, bentôs, onigiris e cafés.

Umas konbinis ainda tinham um espaço pra sentar pra comer o bentô, pelo o que fiquei sabendo dos meus primos isso era uma iniciativa relativamente nova, mas as lojas já esquentavam a marmita e vendiam café moído na hora, então era o que faltava pra eles pegarem marketshare de cafeterias. Eu particularmente sempre ficava na área pra sentar na konbini perto de casa porque tinha wifi e a van do trampo buscava a gente no estacionamento do Famima, além do frio de rachar o cu que estava naquela época.

As konbinis no interior (fora de Tokyo pelo menos) tinham uma atmosfera incrível, geralmente ficavam no meio de um estacionamento relativamente grande pro tamanho da loja em si e como a iluminação pública no interior do Japão é quase inexistente, as luzes das konbinis são visíveis de longe, cyberpunk pra caralho.

Quão cyberpunk é isso? Foto não é minha, tirei daqui.

Além do Famima, Seven e Lawson tinha uma série de konbinis menores: Mini Stop era famosa pelos lanches feitos na hora estilo Subway, Daily Yamazaki era reconhecida pela variedade de pãezinhos frescos e o Seicomart é a folclórica rede de konbinis que só tem em Hokkaido que queria ter conhecido.

E é uma coisa que você só passa a sentir que gosta depois de sair do Japão, porque konbini e vending machine são as coisas que mais têm lá e você cansa de vê-las a cada esquina mas são essas pequenas coisas que fazem o Japão ser do jeito que é, porque konibins em sua concepção são coisas que só podem funcionar no Japão, é o único lugar no mundo onde lojas 24h conseguiriam funcionar sem precisar de segurança e os preços mais altos são aceitáveis pela conveniência das lojas.

Se eu pudesse trazer só UMA coisa do Japão, levando em conta condições ideais de que ia dar certo comercialmente e não ocorreriam assaltos e depredações constantes, eu traria as konbinis pro Brasil. A Hirota e, em menor escala, o Extra e o Carrefour, estão tentando fazer um modelo BR de konbinis, a Hirota em particular até tem uma mini-Daiso dentro pra vender coisas mais variadas e ainda vendem bentôs e comida pronta pra esquentar no micro-ondas dentro da loja, pena que a operação deles é bem limitada e a comida provavelmente não é boa, nunca experimentei mas o preço também não ajuda.

Mas é, konbinis, elas definitivamente não serão nada demais se você for turistar no Japão por umas semanas mas se você ficar por mais tempo é quase certeza que vai acabar precisando delas.

O post foi longo (e poderia ser maior) mas acho que por hoje tá bom.

valeu, falou, té mais!

sábado, 13 de junho de 2020

Vou escrever uma ficção.

Esses dias eu tava com a ideia de escrever uma ficção.

Obviamente não vai ser aqui que vou escrever e como eu bem disse num post passado, vou escrever em primeira pessoa e vai ser algo nas linhas de um relato mesmo, ou seja: vai ser o Blog do Yoiti mas de mentirinha. Não vai ser nada pra publicar ou qualquer coisa do tipo, vai ser mais uma forma de eu exercitar minha escrita e imaginação sobre coisas que não necessariamente existem.

Eu tenho plena consciência que escrevo mal mas eu desenho pior ainda, então vai ser na escrita que vou tentar fazer algo. A minha ideia estava nas linhas de criar uma banda fictícia e escrever meio que um blog falso falando da história da banda e coisa e tal, uma coisa bem naipe Lily Chou-Chou, eu não quero criar nada genérico e também não quero botar coisas muito distantes da minha realidade (tipo narradora feminina ou qualquer tipo de romanc-rsrsrsrs) e também queria aproveitar dessa oportunidade pra mexer com outra plataforma, Wordpress talvez?

Dessa vez vou partir de uma ideia ao invés de partir de personagens e jogá-los numa história pra ver o que rola, estou num processo bem de engenheiro primeiro tentando achar a estrutura da história, a forma de narrativa, setting, um rascunho geral do que vai rolar pra, então, tentar pensar nos personagens que serão as engrenagens da coisa toda.

Não escrevo ficção desde o ensino fundamental e a última história que inventei foi uma ideia horrível horrível horrível pra um one shot de mangá que não foi pra lugar nenhum, então não esperem muita coisa, aliás podem até esquecer este post porque foi literalmente um pensamento que tive no banho.

Acho que escrever ficção chega a ser mais pessoal até que um blog, quando você não se limita ao cotidiano dá pra fazer qualquer coisa, contanto que você tenha o mínimo de habilidade hmm...

Enfim, eu não vou linkar aqui pra um wordpress vazio POR ENQUANTO porque quero tornar minha empreitada pública só quando tiver material o suficiente pra pelo menos ser um pouco interessante de ler. Talvez seja algo bem, mas BEM, bem nicho mas a ideia de escrever sobre uma banda que não existe me parece ser uma boa, ainda não sei se boto a história no Brasil ou no Japão já que eu conheço bem mais o cenário musical japonês mas conheço mais a sociedade brasileira, mas é uma ideia que definitivamente vou trabalhar em cima, mesmo que não leve a lugar nenhum, quero dizer, este blog tem seus nove anos e não levou a lugar muito significativo também.

Pois bem, por hoje é só,
valeu falou té mais!

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Shows e pandemia

Além do medo de morte, recessão econômica, guerra, golpe militar ou realmente conseguir me espantar com a notícia na capa do G1 algum dia neste ano, o meu maior medo quanto as consequências do COVID-19 para o futuro são os shows.

Os momentos mais felizes que tive na minha vida foram em shows, ou quase. Óbvio que não estou contando aqui os momentos que passei com meus amigos, mas shows se mostraram a coisa que mais curto fazer sem precisar estar acompanhado. Eu nem estou falando dos shows que fui no Japão exclusivamente, os shows do Libertines e do Oasis foram bem marcantes e mesmo os shows de bandas cover dos Beatles que fui ver com minha família foram bem bacanas, apesar do meu desdém pra bandas exclusivamente cover, digamos que não tava muito fácil ver show dos Beatles vivos.

Pois bem, ontem saíram as diretrizes que os shows devem seguir pra serem realizados no Japão:
  • A banda deve estar a uma distância de 2m do público, se isso não for possível todos os membros da banda devem usar face shield;
  • Os espectadores devem manter distância de 1m entre si;
  • Tem uma orientação do vocalista ficar envolto numa cortina transparente e os outros membros usarem máscaras; 
  • Usar álcool gel antes de entrar na casa de shows;
  • Fica proibido o público CANTAR.
Pois é, isso não é show, que deixassem tudo fechado até a situação se resolver. Quero dizer, no Japão pra bandas mais introspectivas acho que até rola show assim mas não vai ter metade da vibe de show underground, eu fui num show onde o vocalista ficou pelado e se jogou no público, se fosse agora ele ia preso por infligir as regras de higiene. As casas de show no Japão foram totalmente demonizadas por terem sido alguns dos focos de espalhamento do vírus no começo da pandemia lá, acho que a essa altura as famílias estão preferindo que os jovens fossem num puteiro do que numa livehouse.

Minha maior preocupação realmente é que o impacto das normas sanitárias de agora mudem (ou destruam) totalmente a cultura de shows no mundo inteiro, eu sei que muito provavelmente as regras serão flexibilizadas num futuro próximo mas o impacto econômico pode muito bem ser o que faltava pra cultura da música underground ir totalmente pro digital, o que vai ser uma perda inestimável pra cultura. As casas de show grandes, pra artistas já renomados, vão continuar, agora as pequenas que não cabem nem 200 direito e são o berço pra bandas pequenas surgirem estão em grande risco.

Outras iniciativas de arte independente também correm o mesmo perigo: teatros, cinemas e museus pequenos estão todos condenados se a pandemia se arrastar por muito tempo, no Japão algumas iniciativas de crowdfunding (apoiadas por grandes nomes como a Shiina Ringo) estão ajudando esses estabelecimentos a se manterem, além de ter um apoio financeiro bem simbólico do governo pra pagar os funcionários, mas tá tudo muito incerto ainda.

Pode parecer meio egoísta da minha parte me preocupar com show a essa altura do campeonato mas é a mesma coisa que um torcedor que não sabe se vai poder ver um jogo do seu time no estádio da mesma forma que antes ou os caras que gostam de balada terem que adotar a ideia de pegar as meninas usando um face shield, a saúde obviamente é mais importante mas a paixão é o que faz as pessoas terem motivação pra saírem de casa.

Talvez não seja a mesma coisa depois dessa quarentena mas eu indico que vocês vejam pelo menos um show de uma banda que vocês gostem num lugar pequeno. A intimidade e a possibilidade de ir falar com os integrantes da banda depois do show é muito bacana, foi onde destinei boa parte dos meus salários no Japão e tenho zero arrependimentos disso, eventos em geral valem pra vida muito mais que qualquer bem material vai durar. Tentem também ir pra museus e cinemas independentes, são lugares bem interessantes.

Enfim, espero mesmo que tudo volte ao normal eventualmente e eu possa desfrutar de um show underground, um museu e um cineminha, não necessariamente nessa ordem.

Valeu, falou, té mais!

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Headphones

Eu não sou audiófilo mas amo headphones.

Se você me conhece você sabe que amo headphones, é uma paixão antiga. Eu gosto bastante de ouvir música de diferentes gêneros então sempre gostei também de ter uma experiência boa fazendo isso, como sempre tive que compartilhar o local onde moro com família, não dava pra usar caixinhas de som, então foram os head phones que me acolheram.

Meu primeiro headphone que pude chamar de meu foi um headset horrível da Leadership, na época não existia linha de periféricos GAMER com cores chamativas e designs arrojados, o headset era o básico estofado com couro sintético, terrivelmente não-ergonômico e bem desconfortável. Infelizmente não consegui achar fotos dele no Google mas sequer lembro dele, usei por um ano talvez.

Philips SHP1900

Meu próximo foi o Philips SHP1900 e até hoje acho que foi o melhor custo-benefício num fone que já comprei. Foram 30 reais no Shopping 25 de Março e durou uns bons dois ou três anos até que eu perdi ele na mudança pro apartamento. O som pra época era bom demais e o conforto era razoável, os copos do fone eram bem grandes e apesar do arco não ser acolchoado, o fone era bem leve.

Sennheiser HD228

Minha irmã foi viajar então aproveitei pra pedir um headphone pra ela, pedi qualquer Sennheiser que tivesse e o que ela achou foi o HD228. Foi meu primeiro On-ear e eu gostava bastante, foda que durou uns dois ou três anos como meu principal no PC e ocasionalmente usava como portátil mas o cabo ressecou e se despedaçou e o mesmo aconteceu com o couro sintético, dá pra usar o fone ainda mas ele tá todo amarelado e os pads descascados afetaram (pra pior) a qualidade do isolamento e do som do fone. Hoje ele vive na minha gaveta.

AKG K99

O fone mais longevo da lista (por enquanto) e por ironia foi o fone que comprei pra "usar enquanto não consigo algo melhor", comprei em meados de 2011~2012 e usei até 2018, o som não é grande coisa, o conforto não é dos melhores e não dá pra usar na rua esse trambolho, mas foi o primeiro fone de estúdio que comprei. A qualidade de construção definitivamente não é das melhores (é todo feito de plástico) mas é feito pra durar, mesmo os pads DUROS PRA CACETE foram pensados na longevidade. A AKG agora tem uns fones de estúdio bem mais bonitos e mais legais, feitos de metal e tudo mais, mas eu não tenho muito a reclamar do meu velho K99, ele nunca me deixou na mão.

Audio Technica ATH M50x

O headphone que eu cobiçava desde sua versão anterior, que era sem cabo removível, o Audio Technica M50x é incrível. Eu demorei horas pra escolher entre ele e uns outros mas acho que fiz uma boa escolha. O som é muito bom e os problemas com conforto serão solucionados, espero eu, com a troca de pads que vou fazer quando chegarem os substitutos da China. Mas só o fato de tudo ser substituível dessa vez me passa segurança que vou ter esse fone por pelo menos uns 10 anos.


JVC Gumy
 Agora, de fone portátil eu tive uma caralhada, no ensino médio eu usava um JVC Gumy por ano, já que era o máximo que aquele fone durava, mas a qualidade de som era bem melhor que os que vinham com o celular. O Gumy era uns 15 reais na Santa Efigênia, tive três deles pra usar com o Philips GoGear (MP4 player) e pelo preço eu realmente não tinha do que reclamar, eu usava exatamente essa cor aí, azuzão.

AKG K404

Por um tempo usei os fones que vinham com os celulares da Motorola e depois peguei um AKG K404 pra usar como portátil, só que o mecanismo de ajuste dele come cabelo e a tira de metal dele fica ABSURDAMENTE quente com o sol, puta que pariu. Por algum motivo esse fone não tava funfando quando usei ele na última vez, preciso ver o que é. Eu usei o K404 por uns dois anos.

Sony MDR ZX310

Depois do K404 eu decidi pegar uma coisa mais consumer friendly, decidi pelo ZX310 da Sony. É um fone bem basicão, é quase o mais básico da linha portátil deles, e pra mim na época era mais que o suficiente pro fim dele: ouvir música no caminho pra faculdade. Não é nada de outro mundo mas pelo preço ele faz o que faz, o conforto é bem mediano mas é bem melhor que o K404. Foi o fone que usei na minha viagem pro Japão e apesar de poder ter trocado por alguma coisa melhor lá, eu decidi que esse já tava bom, headphone portátil barato não é feito pra durar que nem os de estúdio, por isso prefiro esperar ficar ricaço pra comprar um bom portátil, tipo o ATH-ESW990H que é meu sonho de consumo de headphone, meu deus que headphone lindo.

KZ ZST

E por fim o que mais uso na rua (ou usava até o começo da quarentena): o KZ ZST. Você já deve ter visto sobre, é o budget king e símbolo da onda de bons fones vindos da China, até uns anos atrás fones IEM com esse form factor eram extremamente caros, agora você pega um fone da KZ por 15 dólares, e ele tem a qualidade de um IEM de 100 dólares de grife. O ZST é incrível pelo preço, é facilmente um dos melhores fones que eu já tive e não é nada caro, os cabos são muito bons e o melhor: são removíveis. Eu pretendo ficar com KZ ZST por um bom tempo e usar esse setup com IEMs chineses ad infinitum mas admito que fiquei curioso com os outros IEMs da KZ, esse é um dos piores segundo os caras que experimentaram o resto da linha.

Os meus planos pra melhorar meu setup são: mudar os pads do meu M50x, comprar mais uns IEMs da KZ pra experimentar e, quando eu ficar rico pra cacete, comprar o ATH-ESW990H e talvez um Sennheiser HD600/650, mas isso aí é daqui uns bons 10 anos. Meu plano pra agora é manter esse setup de M50x no PC e algum IEM da KZ no portátil.

"CARALHO YOITI, COMO VOCÊ GASTA COM FONE, CARA!" Fazendo a lista eu tive essa impressão, mas somando os valores que paguei na época em cada um deles deu menos de 1500 reais no total, 1500 é uma merda dum Beats Studio hoje, acho que 1500 ao longo de uns bons 12 anos de fones de ouvido não é um gasto muito absurdo, graças a deus que não fui um dos moleques que pediu um Beats pros pais.

O legal agora é que dá pra ter uns fones bons por preços absurdamente baixos, as fabricantes chinesas estão com tudo aí: Superlux, KZ, Moondrop e várias outras marcas fazem fones que você não veria por menos do triplo do preço que eles cobram hoje há cinco anos. É óbvio que se você quiser algo mais requintado, vai ter que pagar por isso mas a não ser que você faça questão de ter o MADE IN AUSTRIA printado no teu headphone, como os AKG topo de linha têm, no final não faz muita diferença, maioria dos fones é feito na China mesmo.

Acho que é legal fazer esses recaps de coisas que você teve porque dá pra ver meio que a sua história, isso deve ser mais legal ainda de se fazer com tênis já que são o objeto do vestuário que mais refletem a pessoa que as veste, na minha opinião.

Enfim, se você é uma das milhares de pessoas que já me pediu conselho de fone pra comprar, vai notar que muito provavelmente o fone que te indiquei não está aqui nesta lista, pois é. Eu indico fones que meio que têm um consenso NA INTERNET de que seja bem bom mas acabo comprando várias coisas na emoção, os dois AKG que tenho são bem exemplo disso, apesar de ser uma marca extremamente bem conceituada, os que tenho não são dos meus favoritos.

E é isso, escrevo este post enquanto uso meu lindinho ATH M50x pra ouvir Indie Pop japonês.

vlw flw té mais!

sábado, 6 de junho de 2020

Ofurô

Se meu plano de voltar pro Japão der errado eu vou comprar um ofurô.

O ofurô que a gente tinha no apartamento no Japão era dividido em 6 pessoas, 6 moleques em idade universitária, vocês já conseguem sentir a nojeira né? Mas não, as regras eram bem claras e seguidas: você tem que tomar banho ANTES de entrar e depois do uso você tem que lavar o ofurô, sem exceções. O resultado foi que todo mundo usava e nunca tava sujo, um verdadeiro exemplo.

Mas enfim, eu tomei uns 5 banhos de ofurô durante toda a minha estadia lá, era um ritual que eu só fazia em dias que tinha folga e não ia pra Tokyo ver show, ou seja: raramente. Mas um dos meus grandes pesares da viagem foi não ter visitado onsen (banho público com águas termais) ou sentô (banhos públicos normais) por mais que eu tivesse ressalvas em ver pintos alheios, eu não fui mais por não querer ser um gringo perdido num lugar claramente mais voltado pro público realmente japonês (famosa vergonha), o que realmente me privou de tentar fazer algumas coisas lá.

Meu ritual de ofurô foi totalmente formulado na minha cabeça desde muito tempo antes de ir pro Japão: Eu tomava um banho, me secava, botava o ofurô pra encher enquanto eu fazia alguma coisa no quarto e, depois de uns 15 minutos, eu mergulhava no ofurô com a água bem quente. Então eu ficava lá morgando com o celular (à prova d'água IP68, obrigado LG) tocando Momoe Yamaguchi enquanto ficava vendo o feed do Twitter ou do Instagram. Eu ficava assim até a água começar a esfriar, aí me lavava e lavava o ofurô no final, um dia cochilei e acordei com a água meio fria, quase pego resfriado da forma mais imbecil possível.

Teve um dia que eu estava de boa no ofurô lendo o feed do Twitter quando vejo que a Kaneko Ayano tinha anunciado um show e que os ingressos começavam a vender 9h da manhã, já eram 10h. Maluco, eu saí na hora do banho, me sequei bem mal e corri mais de 200m só pra comprar o ingresso no Seven-Eleven mais perto, se não me engano peguei um ingresso com numeração bem alta (tipo 260 de 300 disponíveis), chances altas de eu ter perdido o show se tivesse terminado meu banho como fazia normalmente.

A coisa que o pessoal não entende é que o ofurô foi feito pra relaxar, não pra tomar o banho propriamente dito como nas banheiras ocidentais, por isso morrer no banho é uma causa de morte não tão rara no Japão pra idosos. Tanto que nas casas não-de-rico, o ralo do ofurô dá na entrada de água da MÁQUINA DE LAVAR ROUPAS, eu não sei se rolava isso no apartamento nosso lá no Japão mas eu nem quero saber.

Enfim, vai gastar água pra caralho se eu fizer isso aqui? Eh, não mais que um banho demorado, dá pra você deixar a água no ofurô e usar um sistema de aquecedor pra esquentá-la depois, óbvio que pra isso você precisa se lavar bem antes de mergulhar nele e mesmo assim ter noção que aquilo é tipo uma sopa (ou chá?) de gente, mas acho bem factível, tanto que minha família tinha um ofurô no apartamento até os meus primeiros anos de vida, infelizmente não mais.

Tem uns lugares com onsen aqui no Brasil, apesar de serem bem diferentes do Japão, acho que sepá vou dar uma olhada num lugar desses pra ir.

É isso, me deu vontade de dar um mergulho num ofurô porque tá frio e é final de semestre, nada te relaxa e te aquece como um bom ofurô.

vlw flw té mais

quarta-feira, 3 de junho de 2020

Graduation Trip

 DIA DE POST DUPLO NO BLOG DO YOITI, FILHO DA PUTA!

Eu tenho que admitir, tenho complexo de vira-lata.

Eu pago muito pau pro Japão, como vocês podem bem perceber na metade dos meus posts antes e depois de ter ido pra lá, mas pago pros States e pra Europa também fodasse admito.

E olhando pras minhas fotos da época do ensino médio, me veio umas fotos das viagens de formatura que fiz, que tinham sido as coisas mais legais que tinha feito até então. Eu não vou mentir, eu realmente amei com todo o meu coração ter ido pra Floripa e Búzios com meus amigos, mesmo não sendo TODOS meus amigos e ter sido meio que forçado a ir em baladas e essas coisas, mas foi bem legal de qualquer jeito e são memórias que vou levar pra sempre na vida.

Mas eu acho a cultura da "graduation trip" nos States muito legal, é uma coisa que só é possível mesmo porque lá é possível tirar carteira de motorista antes dos 18 mas a ideia de pegar um carro e viajar com seus amigos é muito legal. Eu julgo que as viagens de formatura que temos aqui são uma forma de adaptar a cultura americana (e também europeia talvez?) pra cá, com toda a segurança que pais-coruja exigem, mas acho uma coisa meio vazia por mais hedonista que um estudante de TERCEIRÃO URRA URRA HEI! possa ser.

Putz, viagem de formatura no Brasil você é obrigado a ir com pessoal que você odeia da tua escola, além de amigos de fora não poderem ir, concordo completamente que os pacotes são (na maioria) bem vantajosos no ponto de vista financeiro mas toda a liberdade que você perde por ter que acompanhar a caravana toda é bem bosta.

Acho que é uma coisa que veio na cabeça depois de ler o Lost in Sea (do cara que fez Scott Pilgrim) e aposto que é a minoria dos estudantes americanos que sequer fazem uma graduation trip mas acho que uma viagem com os amigos depois de acabados todos os vestibulares deve ser bem maneiro. Nada muito relacionado a álcool mas sair com um carro pra conhecer umas cidades diferentes dentro do estado que seja já seria incrível.

Talvez não seja justo eu falar nessa graduation trip de autoconhecimento agora que tenho 24 anos (que já estou sem saco pra festa), mas eu e meus amigos do colégio já planejávamos uma viagem desde que saímos do ensino médio e a coisa mais próxima que fizemos foi a viagem pra Curitiba ano passado (que não foi viagem pro meu amigo que hospedou a gente, oi Yudi!). A gente até planejou uma ida a Paranapiacaba NO MÊS DE JULHO DESTE ANO, nem precisa dizer que o plano foi por água abaixo né? Ai ai.

Enfim, eu escrevi este capítulo mais porque eu tava relendo os últimos capítulos disponíveis de Blue Period e os protagonistas vão pra Odawara (uma cidade litorânea pequena perto de Yokohama) pra meio que uma jornada de autoconhecimento. Acho que o Japão é legal por isso: na mesma estação que você pega o trem pra escola, é só pegar um trem na outra plataforma que você tá na praia. Esse modelo de graduation trip japonesa também é legal, ainda mais porque lá é tudo interligado e o país é pequeno (ao contrário do Brasil/States onde as linhas ferroviárias são um cu e o país é gigantesco).

A grande ideia que a gente tinha era ir de busão pra qualquer cidade que fosse e andar de Uber por ela, que foi o que fizemos em Curitiba, o problema mesmo seria a hospedagem, um Airbnb seria o ideal.

Enfim, o problema maior não foi nem a falta de carro, porque eu tava com carro por um breve período de tempo, mas o calendário de ninguém batia. Por isso mesmo que no começo desse ano a gente decidiu numa daytrip pra Paranapiacaba ou Campos do Jordão que fosse pra passar frio sem precisar pernoitar, isso até o Corona estragar todo o e qualquer plano que tínhamos.

Graduation trip pra universitários não é tão comum já que no final da graduação você já deveria estar estagiando (deveria) e maioria do pessoal acaba indo em jogos universitários pra caralho, que deve contar como viagem de graduação de alguma coisa pra alguém, nunca fui e não me arrependo tho. Uma boa galera vai pra arubaito meio com o intuito de ser graduation trip, antes de pegar estágio e tudo mais, mas só de precisar ser nissei/sansei pra ir já cagou o esquema pra eu ir com meus amigos.

Neste ponto já temos 24 anos, mais do que uma graduation trip, a gente já tá planejando fazer o famoso bate-e-volta de tiozão, o tempo passou e não me avisaram.

E é isso pessoal, espero que acabe logo essa merda de pandemia pra FINALMENTE eu conseguir viajar com meus amigos.

vlw flw té mais!

Uma ode ao netcafe... e ao frio

Sempre que tá frio eu lembro do Japão.

Não me leve a mal, a maioria das lembranças que tenho de frio no Japão são de sofrência: a primeira noite que dormi lá no apartamento, poucas horas depois de chegar do Brasil, eu tava soltando fumaça da boca DENTRO do apartamento, foram alguns dias até a gente finalmente comprar um aquecedor elétrico, até lá foram noites MUITO frias, a minha sorte é que eu trampava de noite em Dezembro então pegava um horário melhor pra dormir (em relação ao calor).

No trampo era pior ainda: a gente usava uns casacos de exploração polar pra aguentar as temperaturas negativas de fora da fábrica, mesmo assim era frio pra caralho, ainda não esqueço o dia que peguei -8ºC trampando, eu juro que nunca antes na minha vida senti aquele frio. Depois de ser transferido pro turno da manhã ficou menos pior, mas ainda eram temperaturas absurdas, trabalhar a 3ºC era sorte.

Indo pra Tokyo o frio também não perdoava, peguei várias chuvas e tirando o fato das fotos ficarem mais bonitas, chuva é uma bosta de qualquer jeito, eu quase escorreguei na frente da estação Shinjuku numa poça congelada. Não foram poucos os dias que eu queria pular num onsen.

Enfim, eu tenho uma lembrança boa tão randômica do frio no Japão que precisei explicar todo o prefácio antes de como passar frio no Japão na real foi uma merda. Mas eu tenho essa memória tão específica que sempre aparece nos meus sonhos: os corredores do netcafe onde eu dormia quando ia pra Tokyo.

O Customa Cafe de Yoyogi foi minha casa por umas 5 noites, você chegava lá, pagava 2000JPY por 10h de uso da sua cabine privada e tinha direito a um banho, toalha e uma bebida, o valor é absurdamente bom pra localização, ainda mais com a cabine dessa rede em particular ser totalmente fechada e climatizada.

Minha cabine na primeira ida solo pra Tokyo.
Teve vez que o PC não funfava, o painel do climatizador tava tiltado (e tive que dormir SEM CAMISA) e outras coisas que aconteceram porque o baka aqui não manjava um caralho de japonês, mas pelo preço, pela privacidade e localização não tinha muito o que reclamar.

Minha lembrança de frio é andar pelos corredores do net café (que não eram climatizados) e passar um frio do caralho usando os chinelos-muito-pequenos-pros-meus-pés quando queria ir pro banheiro, tomar banho ou comprar alguma bebida na vending machine do andar.

Os netcafés são interessantes porque não são direcionados pra turistas, maioria dos clientes são japoneses que perdem o último trem ou que MORAM lá por ser o único lugar que podem pagar pra viver em Tokyo, eu lembro de ter visto que os planos mensais lá eram uma pechincha tendo em vista a localização e o que tava incluso, tipo uns 35~40kJPY por mês.

E por ter só japonês lá, o netcafé tinha vibe de hotel (pelos corredores de portas juntas iguais) mas também tinha meio vibe de apartamento, de manhãzinha você via uma galera saindo pra trabalhar, além das máquinas de lavar sempre ocupadas. A vibe era bem diferente do hostel que fiquei em Shimokita.

Meu pé com meia com os chinelos que os caras deixavam pra cada um na entradinha do cubículo.
Tomar banho no netcafé era engraçado porque você tinha que avisar a recepção e eles te falavam o número do chuveiro e o andar e você tinha direito a uns 10 minutos de água. O acionamento da água era tipo uma torneira de banheiro público, uma acionada durava uns 20 segundos e você precisava ficar com a mão na torneira pra água cair sem parar. O shampoo e sabonete líquido estavam sempre no box (assim como no hostel que fui) e eram muito bons. A volta do banho era sempre dolorosa porque eu voltava quente ainda mas até chegar no meu quarto meus pés já estavam congelando.

Interfone, saquinhos de lixo e lenços de papel estrategicamente posicionados.
 Na moral que o dia que dormi no netcafé pela primeira vez foi também a primeira vez que dormi sozinho numa viagem na minha vida, eu tava às 23h recém-saído de um show bem foda no meio de Tokyo e não fazia a menor ideia de onde cair morto, vi o letreiro do Customa de longe e lembrei de uma lista de netcafés que tinha visto faz tempo e decidi apostar minhas fichas lá, e deu certo. Se desse errado o plano era acordar minha prima em Tsukuba e pegar um trem de mais de 1h pra lá, com altas chances de não conseguir chegar a tempo do último trem.

Eu não fiquei com nenhuma lembrança física do netcafé infelizmente, joguei fora a notinha fiscal (devia ter guardado todas elas), não comprei nada do amenity kit que eles ofereciam porque eu já tava com tudo na mochila: creme de mão, pasta de dente,etc. e também não tirei muitas fotos porque não via muito glamour em dormir lá, mas rapaz, que saudade de dormir no estofado duro dos cubículos do Customa Café de Yoyogi.

A notinha com o número do cubículo, o cartão vale-uma-bebida e a pranchetinha que era o chaveiro da chave do quarto.
 Ainda sonho às vezes que estou andando usando o chinelo do netcafé, com metade do calcanhar pra fora, pelos corredores que pareciam labirintos no Customa de Yoyogi em busca de um chá de limão com mel da vending machine, já que ela estava no mesmo andar eu deixava a porta destrancada (eu tava no Japão afinal) e com meu fiel porta-moedas comprado na Daiso numa mão e meu celular na outra, eu ia passar frio por uns minutos pra ser recompensado por um delicioso chazinho quente.

E é isso aí, se quiserem ver mais sobre o local, procurem "カスタマカフェ" , toda a decoração e os cubículos são no mesmo estilo em todas as unidades. Eu achei interessante que em algumas unidades agora está incluso um buffet à vontade de curry, arroz e acompanhamentos no valor da estadia, a comida parece ser bem basicona mas porra, teria me poupado muita grana se tivesse isso quando eu estava lá.

Enfim, me desculpem esse post tardio sobre o Japão, eu sei que vocês estão de saco cheio e eu fiquei só três meses lá, mas foda-se o blog é meu e esse friozinho me deu uma saudade indescritível do Customa Café de Yoyogi, minha então segunda casa no Japão.

valeu, falou té mais!

EDIT: Adicionei fotos novas.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

PAPÉIS DE PAREDE

Vocês mudam o wallpaper dos seus computadores/celulares com frequência?

O wallpaper do meu celular era sempre um reflexo do meu humor e do meu gosto na época: seja uma foto de um show do Kinoko Teikoku, da Shiina Ringo, screenshot de um anime ou algo bonito do wallhaven, um wallpaper nunca ficava mais de um mês no meu celular. No meu computador era mais ou menos a mesma coisa, eu demorava horas escolhendo algo legal pra botar como wallpaper, mesmo não vendo o dito cujo quase nunca.

E nos meus tempos mais remotos, lá pelos idos de 2008~2010, eu ainda usava o rainmeter e essas coisas pra deixar o meu desktop mais clean e bonito, infelizmente não tenho screens sobreviventes daqueles tempos.

Mas enfim, eu perdi o saco. Eu ainda vou no Wallhaven quando o tédio se torna insuportável mas uso o mesmo wallpaper desde 2017 no computador, e no celular acho que não mudo desde 2018.

A Poli tirou o melhor de mim, nem organizo mais.
Meu desktop tá esse caos aí, não organizo os arquivos direito desde que entrei na Poli e o wallpaper é um screenshot que tirei do Labyrinth do Mondo Grosso (com a maravilhosa Hikari Mitsushima), eu "tratei" a imagem no Pixlr no celular pra aumentar a saturação pra destacar mais as cores vibrantes da roupa da Hikari Mitsushima em relação ao cenário, tá meio lo-res mas acho que assim ficou parecendo um filme do Wong Kar Wai (ainda mais que o clipe foi filmado em Hong Kong).

Eu não troco o wallpaper por preguiça na moral, além de ser legal ver a Hikari Mitsushima toda vez que ligo o PC.

"O espaço de armazenamento está se esgotando" faz dois anos.
Pro meu celular eu fui na política do "em time bom não se mexe" e estou usando o mesmo Nova Launcher e o mesmo pack de ícones desde o meu Moto G de 2014. Eu até tive meus surtos de querer personalizar mais, mas quando a Google lançou esse widget de previsão de tempo + data, me convenci que não precisava ficar baixando coisa desnecessária. O wallpaper é a capa do "Celes and Calypso in the Deep Time" do Candy Claws (que é o meu álbum favorito de Dream Pop) só que usei o Pixlr pra deixar a imagem mais escura e "quente" (acho que essa é a tradução pra warm no caso?) pra não queimar meus olhos quando quisesse mexer no celular às 3h da manhã.

Eu particularmente gostei bastante dessa combinação, tanto que já tentei trocar de wallpaper umas vezes mas nenhum ficou tão legal quanto esse, ao contrário do PC que não troco mais por preguiça. Eu meio que botei na cabeça que quando eu trocar meu celular, vou trocar também o wallpaper e os ícones, mas não me vejo sem o meu leal LG G6 por um bom tempo ainda.

Eu gosto quando pessoas são o foco da foto (ou desenho) quando uso como wallpaper, é preferência pessoal mesmo mas também é a razão pra eu não usar uma foto que tirei no Japão como wallpaper, queria eu ter tirado foto de pessoas interessantes (de modelos quem sabe) lá mas foi só foto minha e dos meus amigos, nada que seja de muito valor pra virar wallpaper.

Acho que dá pra ver um aspecto da pessoa através da imagem que ela usa como wallpaper, seja uma foto de um lugar bonito, do companheiro, com um escudo de time de futebol, carro esportivo, etc. o único tipo que não entendo é a pessoa que usa a selfie dela sozinha como wallpaper, não é nem questão de narcisismo, mesmo a pessoa sendo muito bonita, talvez seja pra mostrar que ela é a dona do celular? Eu sinceramente prefiro perder essa garantia do que acordar todo dia olhando pra uma foto do meu rosto, cruz credo.

Enfim, este post foi totalmente inútil mas depois de cinco rascunhos sobre cinco assuntos diferentes onde não cheguei a nenhuma conclusão, eu queria postar este post que também não chega a nada.

Valeu, falou, té mais.