sexta-feira, 27 de setembro de 2019

ah, Poli.

Chega de posts sobre o Japão e sobre música japonesa (por enquanto), vamos falar da Poli.

Eu sinceramente já odiei mais a Poli, e com certeza já a amei mais também, já odiei mais os politécnicos e também já me esforcei mais pra defendê-los, a relação que tenho hoje com a Escola Politécnica da USP é puramente contratual: eu vou buscar meu diploma nos próximos anos, preenchendo todos os devidos requisitos, e a Poli em troca vai me dar o papel timbrado que eles prometeram, e é isso.

Com cinco anos de Poli nas costas, e mais uns dois pra cumprir, é difícil você estar minimamente animado, seja pra fazer o curso ou pra estar puto, hoje o que resta é a noção de que você odeia maioria das coisas que estuda e a total descrença na humanidade, não necessariamente nessa ordem.

E em muitos aspectos, estudar na Poli pode ser comparado à morte, vamos fazer uma comparação dos estágios de aceitação da morte com a mentalidade de uma pessoa se fodendo na Poli:
  1. Negação: Não não não... não! Eu estou me fodendo na Poli porque o ensino é ruim, os professores são muito cruéis! Eu era o melhor aluno na minha escola!
  2. Raiva: Ah vai se foder! Odeio essa merda de faculdade, vou largar esse caralho!
  3. Barganha: Mas pensando bem... se eu começar a estudar de verdade, fazer as listas que os professores passam e... flexibilizar as minhas morais um pouco mais colar, talvez eu passe em algelin 2... 
  4. Depressão: Ah cara, eu sou muito burro mesmo, não quero nem ir pra aula mais...
  5. Aceitação: Quer saber? Se é pra me foder, que eu saia dessa merda com um diploma, vou tomar no cu de qualquer jeito.
Às vezes seu politécnico médio passa por todos os estados em um dia, ou o mais usual: durante uma prova.

Se não há mais amor nem ódio pela Poli, resta agora a ironia e o humor pra nos manter minimamente motivados pra terminar o curso.

Vamo que vamo, pessoal.

Valeu, falou, té mais.

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Frio > Calor

Tá um calor do caralho e este post vai ser roots.

Já faz um tempo que todos meus posts são coisas gigantescas que demoro mais ou menos uma semana pra escrever, se você ver uns posts da época do ensino médio ou até uns da época que entrei na Poli, os posts eram meio que tweets superdesenvolvidos, coisa pra descontrair mesmo.

Este post é isso também, meio que uma conversa de elevador.

Tá calor pra caralho, não? Puta que pariu. Eu até tentei me vestir decentemente desde que voltei do Nippon, mas o estilo que prevaleceu é a berma florida e uma camisa de futebol, e obviamente minha havaianas amarela, que comprei inspirado no "Paranoid Parade" do Kinoko Teikoku.

E vocês preferem calor ou frio? Eu prefiro o frio pessoalmente, já que dá pra ficar mais confortável em casa, além de que pro frio você pode botar roupa pra caralho por cima que resolve, no calor não dá pra tirar sua epiderme pra refrescar... ainda. E beber bebida quente no frio é bem mais aconchegante que beber bebida fria no calor E NADA PODE MUDAR MINHA OPINIÃO QUANTO A ISSO.

E não é como se eu odiasse o calor, afinal eu amo praias, mas o frio é mais comfy :3. O calor me faz lembrar o filme Whisper of the Heart: choro de cigarra, músicas felizes e felicidade em geral, o frio faz me lembrar de Yuru Camp: COMFYYYYY :333 e músicas da Ichiko Aoba, mas já não é por causa de Yuru Camp. Whisper of the Heart é objetivamente melhor que Yuru Camp mas pro introvertido aqui Yuru Camp é #sonho. 

Enfim, essa conversa me fez lembrar do tipo de pessoa que mais odeio (depois daquelas que nem podem ser consideradas pessoas): as pessoas que, quando perguntadas se preferem calor ou frio, falam que preferem "ameno". Vai tomar no cu.

O filho da puta tem duas opções: A ou B, e escolhe (A + B) / 2, isso me deixa puto. Não é nem sobre querer fazer média, já que a discussão Frio x Calor não é a coisa mais séria, mas é o tipo de pessoa que merece um tapa, porra, todo mundo prefere ameno, por isso que não tem essa opção.

Mal espero que o frio volte pra tomar meu chá quentinho sem soar feito um filho da puta.

vlw flw té mais
que calor do caralho

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Yokohama

Acho que vai ser o último post sobre os lugares específicos que fui no Nippon. Este post é uma desculpa pra eu upar as fotos que tirei de Yokohama em algum lugar.

Eu fui pra Yokohama no dia 8 de Março, meu penúltimo dia de folga antes de voltar pra Yamanashi pra então voltar pra Terra Brasilis.

Meu dia começou saindo de Tsukuba, vocês que já leram o post de Setagaya já devem saber, e depois de umas boas baldeações e de uma viagem de mais de uma hora de trem eu cheguei na Estação de Yokohama. Liguei pros meus amigos que estavam no Japão de intercâmbio e eles falaram que tavam com preguiça de sair de Saitama de manhã pra ir pra Yokohama, ótimo, eu tava sozinho nessa.

Depois de pegar o guia turístico na cabine de informações na Estação de Yokohama (que era bem grande até), eu acabei pegando a linha Minatomirai pra estação Minatomirai, pelo que vi no mapinha essa região era uma parte turística legal e tal. Eu aproveitei pra pegar uns onigiris e um chá na konbini da estação pra comer de café da manhã.

Chegando lá eu fui no Museu de Arte de Yokohama, que sinceramente foi bem decepcionante. Depois subi na Landmark Tower e tive a visão mais bonita da minha viagem inteira pro Nippon.




Tem uma caralhada de fotos que tirei do alto da Landmark Tower mas essas são as duas visões que achei mais legais, a que só dá pra ver a cidade mesmo achei muito parecida com Tokyo. A primeira imagem em particular mostra Minato Mirai, onde passei grande parte do dia.

Lá de cima acabei vendo o que parecia um navio atracado numa doca seca, fiquei animadíssimo e desci pra ver o que era.

EU VEJO UM NAVIO, EU VOU ATRÁS

Mas antes de ser guiado pela minha curiosidade, eu tava com uma fome do caralho. Como eu tava afim de gastar (já que era um dos meus últimos dias no Japão), eu decidi comer na Landmark Tower mesmo e fui num all-you-can-eat lá no shopping na base da torre.

Nem fodendo que eu ia pagar 1480JPY sendo que dava pra pagar 980.

Era 980JPY pra comer por 45 minutos ou 1480JPY pra comer por duas horas, como eu disse em posts passados: eu como rápido, e tava afim de dar prejuízo pro restaurante.

Foram cinco pratos de comida, alguns copos de Melon Soda e três copos de sorvete de melão... em menos de 40 minutos. Cara, o buffet era muito bom, MUITO BOM, ainda mais pelo preço. Tinha tudo o que queria e como eu não tava na vibe por sushi então a seleção de pratos quentes já tava boa demais, tinha até fonte de chocolate e marshmallows, na moral, recomendo demais pra qualquer pessoa que vá pra Yokohama que passe lá, o restaurante se chama Keke Yokohama, dá um google que você pode ver como é. Mesmo pagando o valor cheio de 1500JPY por duas horas de comida livre é uma puta pechincha, ainda mais pela localização.

Tirada a barriga da miséria eu fui atrás do navio que vi lá de cima, e acabei descobrindo que era um antigo navio-escola (como o nosso Cisne Branco) chamado Nippon Maru, e que no lado dela tinha o Museu Portuário de Yokohama.

Nippon Maru em toda sua glória, sendo restaurado.

Me perdoem pelas fotos verticais. Lá no Museu Portuário tinha uma breve história da navegação no Japão, dos povos indígenas aos modernos porta-contêiner, e como a navegação mudou a história do Japão, das embarcações militares aos navios que levaram os imigrantes pras Américas, além de curiosidades que somente um estudante de engenharia naval acharia interessante. Achei bem bacana esse museu, tinha até um simulador de manobra pra navios, coisa que eu já devo ter visto umas quatro vezes, mas que não deixa de ser interessante.

Saindo do Museu Portuário eu fui pra ilhazinha que é Minato Mirai mesmo, andei pra um caralho e fui no Museu do Cup Noodles pra fazer meu Cup Noodles customizado e pra comer um ramen "exótico" na praça de alimentação do museu, o que não foi uma boa ideia já que eu ainda tava cheio do almoço. O Museu do Cup Noodles é uma coisa bem gimmick, não é nada extraordinário mas é legal de visitar sendo turista.

Depois eu passei na Red Brick Warehouse, que era a alfândega portuária até a Segunda Guerra Mundial, mas hoje é um shopping center pequeno, meio sem graça até. Eu não tirei foto mas eu andei por lá imaginando que meus avós devem ter passado por lá cerca de 80 anos atrás, que loucura, cara.

No mais, ainda em Minato Mirai, passei nuns outros shoppings mas tava zero afim de gastar MUITA grana e dei uma entrada no parque de diversões com a famosa roda gigante. Tava tocando Marigold da Aimyon quando eu passei pelos arcades lá, essa é realmente a música da minha viagem.

Yokohama Cosmo Clock
Enfim, eu acabei pegando o trem pra Chinatown e dei uma andada por lá, e como todos os que já foram pra lá falaram: é igual a Liberdade. Quero dizer, não é tão suja quanto ela mas o cheiro característico de restaurantes chineses está lá, assim como as lojas com mercadorias de origem suspeita. Eu acabei comprando um boné com a estrela vermelha, uma camiseta com um Panda vestido de Mao e um baralho temático da história da Revolução Chinesa, nice.

Portal da Chinatown
Eu até pensei em pegar algo pra comer lá mas era aniversário da minha prima e eu precisava voltar pra Tsukuba antes da janta, então só dei um giro pelas lojas e por uns arcades e vazei, numa longa viagem de umas 2h pra Tsukuba.

Eu curti demais Yokohama, eu fui meio que pela obrigação, já que meus pais moravam por lá quando estavam no Japão antes de eu nascer, mas foi um dia super legal e só não foi mais legal que Setagaya porque eu pago um pau absurdo pra aquele bairro, puta que pariu.

Foto bônus: da ponte que vai pra Minato Mirai.
Enfim, Yokohama é um lugar que quero voltar para explorar um dia, eu fui lá com um propósito bem diferente de quando fui pra Setagaya, fui pra turistar mesmo, e curti bastante, ainda mais porque é sempre bom ver o mar.

Dá pra fazer posts sobre Shinjuku, Harajuku, Akihabara e afins ainda mas vou deixar pra depois.

vlw flw té mais!

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Shibuya

Às vezes eu sonho que estou no Japão.

Eu já falei praticamente tudo o que poderia ser dito sobre a viagem, mas uma coisa que nunca serei capaz de descrever é o que senti.

Shibuya à noite e na chuva é uma das coisas mais mágicas que já vi na vida. A primeira vez que fui pra Shibuya foi durante o dia e achei bem ok, até decepcionante de certo modo, mas à noite o cenário parece ter sido tirado de um filme: as luzes, telões, prédios e carros fazem o bairro ter vida própria.


E eu não conseguia me imaginar estando lá, Shibuya de noite era uma coisa tão fantasiosa, tão estranha que eu simplesmente não conseguia me imaginar fazendo parte daquilo. Acho que essa é a maior diferença entre Shibuya e Setagaya/Shimokitazawa, no primeiro caso eu gostei do lugar por ser uma experiência totalmente nova e estranha, no segundo caso o que me atraiu foi a familiaridade e o sentimento de estar em casa.

O que senti quando cheguei correndo em Shibuya direto de Kofu pra assistir um show, e me deparando com o cenário da foto é ainda indescritível. Sério, foi um misto de frio na barriga com sensação de estar sonhando que até hoje eu não consigo nem processar direito.

Acho que o mais perto que senti disso foi quando vi minhas bandas favoritas, também no Japão, mas nesse caso dá pra descrever: "eu vi os caras que são meus ídolos", mas o que senti em Shibuya naquela noite é uma coisa mais pura, mais abstrata, era a essência do espanto, do "WOW!", do cair do queixo.

Às vezes essa sensação aparece nos meus sonhos, como um misto de náusea e uma coisa meio sufocante, aquela Shibuya da noite do dia 19 de Fevereiro aparece vividamente na minha frente, com os turistas falando alto, os comerciais nos telões tocando jingles no último volume e eu não consigo ouvir absolutamente nada, mesmerizado com o que vejo.

E eu acabei voltando pra Shibuya na minha última semana no Japão, dessa vez sem chuva, e fiquei o dia inteiro explorando o bairro enquanto o horário do meu show da Chiaki Sato não chegava, e não senti a magia de outrora, apesar de ter reafirmado a tese de que Shibuya só é legal de noite.

E na moral que Shibuya não foi o lugar que mais gostei do Japão por uma grande margem. Setagaya, Yokohama, Shinjuku e até Harajuku foram mais legais de explorar que aquele bairro, mas naquele momento em especial eu não pensei em nada disso, naquele momento Shibuya era o lugar mais incrível do mundo inteiro.

vlw flw té mais

domingo, 1 de setembro de 2019

Nostalgia por DVDs parte 2: A pirataria

Ah, as maravilhas da pirataria! Numa barraquinha perto de casa os últimos episódios de Jay Jay o Jatinho estavam lado a lado dos mais recentes lançamentos pornográficos do estúdio Brasileirinhas, diversão para a família toda!

Eu não lembro bem quando que as barracas de DVDs piratas começaram a brotar, mas quando mal esperava elas já tomavam as ruas, ainda mais na Liberdade. Isso foi já quando eu tinha uns 10 anos então a seleção de filmes infantis dos vendedores de DVD pirata tiveram um papel fundamental na formação do meu caráter, lembro ainda como amei de coração "O Planeta do Tesouro" (que peguei randomicamente numa vez que meu pai me deixou escolher um filme pra pegar), uma adaptação sci-fi do clássico "A Ilha do Tesouro" do Robert Louis Stevenson feita pela Disney, e ainda acho que esse filme foi o melhor feito pela Disney.

E não seria a Liberdade que nós conhecemos se não tivesse um modo de extorquir os otakus, Nesse caso era uma lojinha no Shopping Sogo que vendia uns DVDs de anime, seis episódios por DVD com um menu horrível feito no Movie Maker provavelmente, sub roubada de fansubber e tudo mais, em módicos preços de uns 15 reais por DVD. Quero dizer, era um roubo, mas abriu várias portas pra mim e amigos na época, eu vi grande parte da saga de Kyoto do Rurouni Kenshin por esses DVDs e foi a época quando não manjava muito de como baixar as coisas na interwebs mas mesmo assim queria assistir as otakarias.

E foram vários anos a fio comprando mais e mais DVDs piratas dos últimos lançamentos do cinema internacional, eu acabei descobrindo como baixar os animes lá por 2008~2009 e lembro até hoje o primeiro anime que baixei completo: Code Geass. Enquanto isso as lojinhas que vendiam DVDs de animes piratas já definhavam, afinal pros otakus a pirataria era quase requisito a esse ponto, e nas ruas da Liberdade já se via os vendedores mais espertos vendendo doramas e filmes japoneses pros velhinhos que por lá rondavam, afinal tá aí um público que não aprenderia a mexer em torrent tão cedo assim.

Existem ainda barracas de DVDs piratas por aí, mas elas estão numa constante queda e a recaída pra pior foi por conta de uma coisa que ninguém esperava que ia chegar: o Netflix. Esqueça os torrents e site ilegais, a preguiça venceu de uma vez por todas: por taxas módicas mensais agora você tem a seu dispor enormes bibliotecas de filmes, séries e animes (Crunchroll no caso), sem perigo de ter pego um DVD de pornô por engano na capa do Bob Esponja, sem perigo de baixar um malware procurando um site pra assistir Pantera Negra e sem o incômodo de ter que sair de casa pra ir pra uma locadora, dessa vez a solução veio pra ficar.

E acho que as plataformas de stream são realmente a evolução mais óbvia pra modernidade, mas é uma pena do ponto de vista mais nostálgico, mais romântico. O Netflix pode ser melhor que as locadoras, o Kindle (e a Amazon de modo geral) pode acabar com as livrarias num futuro próximo e o Spotify veio com uma solução legal (do ponto de vista das leis) pra falta de lojas de música no ocidente, mas essas soluções são tão frias, tão horrivelmente práticas que me deixam meio triste.

Havia meio que um fator social e um certo romantismo em ter que sair de casa pra ter uma diversão pra noite de sábado, eu peguei só o finalzinho da era das locadoras, e numa idade muito tenra pra lembrar bem de qualquer coisa, mas só de ir pra locadora e explorar os novos lançamentos e se aventurar entre os clássicos que você não tinha visto ainda, ou ainda ficar conversando com os atendentes, a ida pra locadora era um evento, era parte da experiência em si de ver um filme. Ir pras barraquinhas de DVD pirata já não era mais um evento tão familiar e os downloads e stream acabaram de vez com isso.

Eu em particular tenho poucas saudades dos DVDs piratas, acho que é uma forma horrível de ganhar dinheiro sobre a propriedade intelectual de terceiros e ainda financiar crimes em alguns casos, mas as locadoras eram magia pura, e foram uma coisa que durou décadas e acabaram num piscar de olhos.

Uma coisa que a modernidade está nos fazendo esquecer é que a praticidade não é sempre o ideal a ser alcançado, há uma beleza na complexidade sem sentido e no romantismo por puro capricho, ler um livro no Kindle pode ser mais prático, barato e rápido que ir a uma livraria e garimpar por um livro que você não tenha lido ainda, mas é a mesma coisa?

A praticidade está matando o romantismo.

Enfim, é isso aí, acabei nem falando tanto de DVDs piratas assim.
vlwflw té mais