quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

São Paulo

Eu tava falando com meus amigos como São Paulo é retratada nas músicas, pelo menos da década de 80/90 pra cá, de uma maneira majoritariamente negativa, existem raras exceções mas a maioria das vezes o usual é ouvir que em São Paulo não existe amor, ou que os ratos andam à solta nas ruas, mas enfim: aqui está um post sobre São Paulo.

Enfim, São Paulo, o quê falar dessa cidade? Eu já fiz um post sobre a Liberdade, bairro onde nasci e morei a vida toda, mas meu relacionamento com a cidade não passa muito dos limites do centro. Os bairros por onde mais vivi durante minha vida foram a Liberdade, a Bela Vista, Aclimação e a região da Paulista, agora estou também conhecendo os lados do Butantã (por causa da USP, obviamente) e da Vila Mariana, vocês podem ver como não expandi muito meus horizontes. Fora esses bairros eu só conheço uns lugares pontuais, uns shoppings e restaurantes.

Eu acho que cada metrópole no mundo tem uma "vibe", algum elemento (ou elementos) que você sente na atmosfera dela que faz com que você se sinta naquela cidade em específico. Das cidades que fui, Buenos Aires tinha muitas galerias e avenidas largas, Tokyo tinha os onipresentes barulhos pra travessia de pedestres e as ruelas estreitas, Yokohama tinha um clima mais leve (característico das cidades costeiras) e calçadas largas, Curitiba tinha aquele charme que muitas cidades do interior têm ao mesmo tempo que tinha todas as mordomias que não podem faltar numa metrópole, tirando um metrô.

Mas enfim, qual é o elemento característico de São Paulo? Eu diria facilmente que é a chuva e a diversidade da cidade, além do trânsito e essas coisas mais, mas vamos focar nos aspectos positivos aqui.

São Paulo é a terra da garoa, apesar de hoje estar mais pra terra dos alagamentos, mas a chuva aqui tem aquele toque de cinza muito característico daqui, eu peguei chuva em Tokyo e Curitiba e há uma diferença enorme com a chuva de São Paulo, o cinza aqui é mais cinza, e tenho a impressão que a lei Cidade Limpa acabou sabotando a gente nesse quesito, as luzes dos telões e letreiros de Tokyo mascaram bem o que seria o mesmo cinza depressivo pós-chuva que temos aqui.

A diversidade é óbvia pra qualquer um que venha pra São Paulo, você acha gente de todas as etnias aqui e não há aquela maioria esmagadora de certa etnia como em metrópoles da Europa ou Ásia. É claro que mesmo assim há um enorme desequilíbrio étnico na cidade dependendo do bairro que você vá, mas acho que um paulistano médio não se estranharia facilmente com uma pessoa por ela ser de uma etnia diferente.

Mas enfim, eu conheço absurdamente pouco da cidade de São Paulo, meus rolês geralmente se restringem à Liberdade e à região da Paulista (lugar que amo de coração), então tem vários bairros que eu só ouço falar mas nunca fui, tipo a Vila Madalena e Pinheiros, além de conhecer zero de lugares mais afastados, zona leste pra além do Tatuapé eu só conhecia aquela loja de aquarismo do Itaquera e a última vez que fui lá foi pelo menos uns 12 anos atrás.

Quando falei que conheci mais Tokyo do que conheço São Paulo eu não tava brincando, mas mesmo assim eu amo São Paulo e quero conhecer mais da cidade, nesses últimos dias eu ando fazendo rolês por lugares que não tinha ido com muita frequência, no caso o Bixiga, então vou fazendo aí minha lição de casa pra conhecer mais da minha tão querida cidade natal.

Faz muito tempo que eu não vejo um dia bonito nessa cidade.
Eu gosto da minha São Paulo cinzenta e poluída, cheia de ratos na rua, alagamentos sempre quando chove (o que é frequente) e o lugar com um dos custos de vida mais altos do hemisfério sul, aqui é e sempre foi a minha casa.

Agora, é claro, eu não iria muito longe pra defender São Paulo. Eu trocaria, com algum esforço, essa cidade por uma litorânea e obviamente eu não pensaria duas vezes ao trocar Sampa City por Tokyo.

Mas eu vivi demais aqui pra poder vazar sem sentir saudade de algumas coisas, eu ainda tenho um amor indescritível pela baixa Augusta, que jamais poderá ser substituída no meu coração por qualquer outro lugar hipster no mundo, além de eu já contar como segunda casa o Belas Artes e o Sukiya da São Joaquim.

Eu sinceramente acho que poucas cidades no mundo me acolheriam do mesmo jeito que São Paulo me acolhe, ainda sonho em conhecer NYC, Singapura, Hong Kong e mais umas outras metrópoles mais conhecidas pelas diversidade (que pra mim é um fator central pra cidade ser boa, tirando Tokyo), mas as expectativas não estão tão altas.

Eu não consigo por muito bem em palavras o que sinto pela cidade, como você pode bem ver nesse post que eu escrevi um monte de bosta e não disse nada, mas eu ainda tenho um apego especial por aqui.

Em suma: São Paulo é uma bosta, mas é a bosta onde moro.

vlw flw té mais

domingo, 23 de fevereiro de 2020

Shinjuku

Vai fazer um ano da minha volta pra Terra Brasilis depois de três meses no Japão, então nada melhor que um post sobre o bairro mais icônico de Tokyo pra fechar essa série sobre lugares da capital do Japão.

O bairro dos otakus é Akihabara, o bairro dos jovens é Shibuya, o bairro dos hipsters é Shimokitazawa, o bairro dos ricos é Ginza, o bairro dos hypebeasts é Harajuku e o bairro de todo esse pessoal é Shinjuku.

A Estação de Shinjuku

Shinjuku é o resumo de Tokyo, se você tem só meia hora pra conhecer Tokyo, vá pra Shinjuku. E um resumo do bairro é justamente a estação de Shinjuku, a maior estação de trem do mundo.

Alguns dos trilhos que passam pela estação de Shinjuku.
A estação de Shinjuku tem 53 plataformas e mais de 200 saídas (segundo a Wikipedia), por experiência própria eu posso atestar que é bizarramente fácil se perder naquela estação, e ainda a rodoviária principal de Tokyo fica acima dela. É um complexo gigantesco que serve como hub do Japão inteiro, a única linha principal que não passa pela estação é a do trem bala (que passa pela estação Tokyo em Marunouchi). Pense na estação de Shinjuku como uma mistura das estações da Luz, Sé e Tietê.

Fim de tarde na passarela sobre a Koshu-Kaido, a Estação de Shinjuku ocupa boa parte subterrânea dessa foto. Also, melhor foto que tirei no Japão.





E foi inconcebível pra minha cabeça de paulistano orgulhoso como a paisagem mudava só de sair de uma boca diferente da estação, as duas regiões discrepantes que mais frequentei foram a leste e a sul: a região leste de Shinjuku é onde está Kabukicho e toda a parte da cidade que não dorme (que na verdade dorme das 5h às 11h), em suma é a parte boêmia da cidade; a região sul é onde está o Gyoen, parque enorme onde foi ambientado o Garden of Words do Shinkai e onde começava a divisão entre Shinjuku e Yoyogi/Shibuya/Harajuku, era uma parte ainda comercial mas bem mais tranquila, com prédios menores e ruas mais estreitas, foi nessa região que era o net café que dormi por várias noites.

A estação em si, assim como a rodoviária, eram bem agradáveis quando não estavam absurdamente cheias, os shoppings na estação eram enormes e eu me perdi várias vezes por eles. A dica aqui é que o Takashimaya de Shinjuku tinha o melhor banheiro que usei no Japão, não tão aconchegante quanto o do hostel que fiquei em Shimokita ou do Customa, mas extremamente refinado.

Coin Lockers na estação de Shinjuku, ao fundo decoração de Natal que ainda tava de pé em Janeiro.
Ah é, acho que tem uns cinco ou seis Shoppings com acesso direto à estação de Shinjuku, todos eles enormes e luxuosos, pra quem não tem grana o banheiro é o melhor que eles têm a oferecer, não vale gastar a grana ali.

Região Sul: Gyoen e imediações da Estação Yoyogi

O Gyoen, como boa parte dos parques nacionais grandes de Tokyo, cobra o ingresso pra entrar, eu me deparei com ele por puro acaso na minha primeira ida a Tokyo e resolvi usar o parque pra cortar caminho, quando descobri que tinha que pagar pra entrar eu quase desisti mas acabei entrando no parque, 200JPY é um preço razoável no Japão.

Uns prédios de Shinjuku ao fundo do Gyoen.
Na moral que era dia 11 de Janeiro e tudo que podia ser visto no parque era árvore sem folha e ZERO flores, puta friaca do caralho. Mas o parque era enorme e numa época legal deve ser bem bonito, mas no dia que fui tava deprimente mesmo, por isso mesmo acho que vale mais a pena ir pro Yoyogi ou até pro Parque de Ueno se você quiser ver verde em Tokyo, posso ter sido influenciado pelo fato que fui pro Yoyogi já em Fevereiro quando tavam florescendo as sakura e fui pra Ueno em Março e já tava lindão.

Perto do Gyoen ficava o net café onde eu dormia: o Customa Café, e toda aquela região mais sul de Shinjuku era uma caminhada de 5 minutos da estação e parecia outra cidade, toda aquele cruzamento na frente da saída principal da estação de Yoyogi era bem aconchegante, só no alcance dos olhos já tinha uma caralhada de restaurantes: Matsuya, Doutor Café, Wendy's, Mc Donald's, Pronto, Saizeriya e o Sukiya 24h que eu sempre comia, um Seven-Eleven, um Family Mart, além da casa de shows onde foi o primeiro show lá (Yoyogi Zher the Zoo). Depois de dormir no Customa em três ocasiões diferentes eu já conhecia aquela região melhor do que a Liberdade.

 
Essa passagem é bem no meio do caminho entre a Estação de Yoyogi e a de Shinjuku, indo a pé. Um dos únicos vídeos que filmei no Japão.


Região Leste: Kabukicho e lojas bonitas ao redor

Enfim, eu tinha ouvido que Kabukicho era o antro de drogas e pecado (leia-se puteiros) de Tokyo então eu não passei pelo miolo da região de noite, apesar de ter ido pra um show (e ter dormido num netcafé) lá pela região mais perto da estação Seibu-Shinjuku, mas a região leste inteira de Shinjuku era uma putaria do caralho: muita gente, muitas avenidas largas e muito, mas muito turista.

Portal de Kabukicho, famosa Baixa Augusta japonesa.
O foda é que meu tempo perdido em Tokyo foi sempre nessa região, já que os arcades da Sega ali eram enormes e tinham todos os jogos que eu jogava, além de ser pertinho do Customa onde eu dormia.

A minha primeira refeição que fiz sozinho em Tokyo, já que já tinha comido em Odaiba com meus primos, foi justamente no meio de Kabukicho num ramen bem randômico que resolvi entrar por estar morrendo de fome.

Paguei 500JPY num tonkotsu ramen delicioso.
Lá no meio de Kabukicho está também o Golden Gai, que segundo inúmeras fontes (nenhuma delas confiável) é o lugar no mundo com mais bares por metro quadrado. Eu acabei passando lá só de manhã já que, por mais que eu tivesse fazendo tudo por impulso na época, eu não conseguiria ir pra um bar de 4m² sem falar uma palavra de japonês.

Golden Gai em toda sua glória, procurem fotos aéreas do local, bem legal.

Em uma das avenidas grandes, quiçá era na Koshu Kaido mesmo, tinha a Bic-Qlo, que juntava a maior loja de roupas do Japão (Uniqlo) e a maior loja de eletrônicos (Bic Camera). Tinha também lá por perto a Sekaido, a maior loja de artigos de papelaria do Japão, a loja inclusive aparece no mangá Blue Period. Como sou um incompetente do caralho, esqueci de tirar fotos das duas lojas.

Considerações Finais

Eu acabei indo pro prédio da prefeitura de Tokyo pra ter uma visão panorâmica da cidade e também explorei aquela região meio suspeita onde tem umas casas de câmbio lá perto da estação de Shinjuku, mas só fui uma vez e não posso falar que lembro de muita coisa agora.

Shinjuku foi o bairro onde mais passei meu tempo em Tokyo, além de ter sido onde dormi na maioria das vezes que fui lá. Todo aquele caminho que eu andava, da estação de Shinjuku até o Customa Café,  já era pra mim quase tão familiar quanto o caminho da estação Liberdade até minha casa. Não fosse meu amor quase que incondicional por Setagaya, Yoyogi seria um sério candidato pra um lugar interessante para morar (vamos ignorar os preços exorbitantes da região).

Além de ter dormido no Customa, eu precisava matar tempo na região sempre que fosse pegar o ônibus de volta pra Kofu, então eu conheci todos os arcades num raio de 200m da estação, além de todos os shoppings (e seus banheiros) e lojas de CD (tanto a Tower Records num dos shoppings quanto as várias lojinhas da Disk Union). O foda é que Shinjuku já tinha mudado nos três meses que frequentei lá, eu tenho total ciência que o bairro vai estar irreconhecível quando eu voltar lá, seja daqui um ano ou dez, Shinjuku está numa constante metamorfose.

Acho que eu nem precisaria estar dizendo isso aqui mas: Shinjuku é o primeiro lugar que você deve visitar quando for pra Tokyo, deixe pra depois o cruzamento e a estátua do Hachiko em Shibuya, deixe pra depois o Senso-ji em Asakusa ou até mesmo as lojas de otaku em Akihabara, Shinjuku é uma pura massa de caos e distopia cyberpunk e foi a razão pela qual me apaixonei pela cidade de Tokyo quando saí do ônibus vindo de Kofu.

Como a Shiina Ringo canta no Gunjou Biyori:
Está chovendo bastante em Shinjuku
Onde está você?
Tokyo está ficando azul por causa do frio.

O que isso tem a ver com o post? Só a menção a Shinjuku mesmo, mas eu posso falar que peguei uma chuva do caralho em Shinjuku e realmente vi Tokyo ficar azul com o frio.

Pode parecer um saco eu estar falando da viagem pro Japão depois de um ano que ela acabou mas estou escrevendo mais pra documentar a viagem, vou escrever mais uns posts e compilar tudo depois, eu acho que as fotos são um bom meio pra documentar a viagem, mas escrever é melhor ainda.

Eu acho que esse post tá meio incompleto ainda então sepá volto aqui pra completar e corrigir algumas coisas, vou postar mesmo por estar sem saco de checar as coisas.

vlw flw té mais.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

GACHA GACHA GACHA

Acho que desde minha juventude, o conceito de comprar um envelope de figurinhas sem saber o que tinha dentro era uma das maiores emoções que eu podia ter.

Eu tava jogando Fire Emblem Heroes esses dias, e depois de um ano e meio jogando eu já posso dizer que condiciono um pouco da minha felicidade diária aos personagens que pego nesse jogo.

Fire Emblem Heroes é um jogo gacha, e o que é um jogo gacha você diz? Jogo gacha é um jogo, na maioria das vezes de celular, que é baseado numa mecânica randômica onde os personagens que você usa no jogo são obtidos através de um sorteio, é mais ou menos o mesmo conceito do FIFA Ultimate Team. O nome gacha em si vem dos gachapons, que são os brinquedos que vêm dentro de cápsulas que você compra com moedas no Japão, pense naquelas máquinas que vendiam os mini-pokémons dentro de bolinhas aqui no Brasil.

O negócio é: você pode pegar uns personagens grátis por semana pagando através de uma moeda do jogo, obtida depois de fazer certas missões, mas caso você queira fazer mais sorteios, você tem que tirar grana do bolso. Eu nunca gastei um centavo em qualquer jogo que fosse (pra celular pelo menos) mas é disso que as developers tiram grana geralmente.

Se você pensar um pouco, os jogos gacha vêm de uma herança dos booster packs de TCG e dos pacotes de figurinhas, há uma certa emoção em testar sua "sorte" pra ver se pega uma carta ou figurinha boa, e há um sweet spot onde não é nem tão comum de pegar personagem raro toda hora (deixando assim o sorteio sem graça) e nem tão difícil a ponto de você querer parar de jogar um jogo.

Eu sou viciadíssimo em gacha, sempre fui. A emoção de tirar a figurinha do Messi ou do brasão do Brasil nos pacotes de figurinha da copa de 2010, conseguir o tazo metálico do Dragão Branco de três cabeças nos salgadinhos, pegar justo o monstro que precisava pra completar meu deck de Yu-Gi-Oh ou então a vez que tirei o Articuno da Equipe Rocket foram momentos marcantes da minha infância, assim como foi tirar a Iron Maiden Jeanne na segunda vez que comprei um chaveiro no gacha de Shaman King no Japão ou ter conseguido a Rainha Celica (na imagem abaixo) no gacha do Fire Emblem Heroes no celular, foi a mesma alegria de criança.

Até a vitória do Parasite no Oscar ontem, esta tinha sido minha maior alegria no ano.

Mas jogos gacha em geral são tóxicos pra caralho, Fire Emblem Heroes é um dos menos, com um gameplay decente, droprates consistentes (e justos) e personagens que não são apenas pros otakus tetudos de plantão, os fãs da série encontram seus personagens favoritos aqui, independente do gênero. Eu tentei jogar Fate Grand Order e Pokémon Masters, mas a drop rate desses jogos, pra quem tá acostumado com Fire Emblem Heroes, é ridícula, além do FGO usar muito do emocional pra fazer você gastar grana NAS SUAS WAIFUS COM BIKINI, graças a deus que parei de jogar antes de botarem a versão summer da Okita...

No Fire Emblem Heroes, a chance de você pegar um herói 5 estrelas (a maior raridade possível) é de 6 a 8%, e as chances sobem depois de muitas vezes que você for pegar um herói e ele não for 5 estrelas. No Fate Grand Order as chances de você pegar um herói 5 Estrelas é 1% e não sobe nem fodendo, Pokémon Master agora tá com rate de 8% nos 5 estrelas mas minha experiência não foi tão boa com o jogo.

Esse vício por gacha também pode explicar o vício que tive em máquinas de garrinha no Japão, graças a deus que essas máquinas são claramente roubadas aqui, senão lá se ia todo meu (pouco) dinheiro. Ter voltado pro Brasil foi uma bênção nesse sentido, não tem muito gacha físico no Brasil pra perpetuar meu vício: os boosters de TCG são muito caros e não tenho amigos com quem jogar, as figurinhas idem, não tem gacha aqui e não tem máquina de arcade que imprime cartinha na hora. Sobrou mesmo só meus joguinhos.

Se você quiser uma dica: nem comece a jogar joguinhos gacha, são horríveis e você começa a condicionar sua alegria a um RNG. Quando você menos esperar, a aprovação na faculdade, o aumento no salário e o nascimento do seu filho vão ficar em segundo plano pra aquela vez que você tirou um herói SSR 5 stars que, por coincidência, era sua waifu de bikini.

É isso aí, valeu falous té mais.

Vou lá testar minha sorte no gacha do Fire Emblem Heroes.

sábado, 1 de fevereiro de 2020

Cotidiano

De um tempo pra cá eu adquiri um gosto por retratos do cotidiano na ficção.

Se algum dia eu gostava mais de sci-fi ou grandes épicos, agora adquiri um gosto por aquele clichê que já está sendo abusado do "retrato da vida cotidiana e seus altos e baixos", nos mangás isso é também conhecido como "slice-of-life".

E apesar de eu ter visto uns SoL bonitinhos e moe que nem Yuru Camp e Horimiya, chegou uma hora que eu tava lendo praticamente relatos cotidianos em forma de mangá, por exemplo eu amei "Sing Yesterday to Me" do Toume Kei mas é um mangá muito lento e muito chato pra maioria das pessoas, assim como a vida cotidiana.

E tem mais vários outros mangás que amo e são bem assim: She and Her Cat (que é o primeiro curta que o Shinkai fez), Yokohama Kaidashi Kikou (que é pós-apocalíptico, mas é bem suavinho), Umibe no Onnanoko (do Inio Asano, criador do Oyasumi Punpun) e tem também as histórias curtíssimas do gomen (no twitter @gomendayo) que são as favoritas dos jovens perdidos do Japão hoje.

Na literatura eu sempre gostei dos romances coming-of-age então meu gosto não mudou muito, os livros do Murakami (alguns) e da Banana Yoshimoto são bem interessantes e mesmo que tenham twists não tão normais na vida cotidiana, são bem legais como um retrato do Japão. Na literatura ocidental sou mais apegado ao Salinger (autor do meu livro favorito: Catcher in the Rye) e à Clarice, livro em geral eu acabo só lendo coisa assim mesmo, os poucos sci-fi ou épicos que li não me agradaram muito.

E o pior foi que essa mania minha de ficar vendo coisas cotidianas se estendeu até ao Youtube, agora fico assistindo inúmeros vídeos de "a day in the life of a x", x sendo estudantes, salaryworkers, etc. Seja no Japão ou States (não to afim de ver do Brasil). Tudo começou com os vídeos da Okana Nanako, a youtuber que faz comida normal que descobri no Japão, tem uma beleza singela em ver coisas normais sendo feitas por pessoas normais que acaba me atingindo. E acho que não é nem sobre o dia dessas pessoas ser necessariamente interessante, mas por serem culturas diferentes é interessante ver as diferenças, mesmo que sejam mínimas.

Ah, agora em retrospecto acho que o que me fez entrar nessa vibe foi ter lido Stoner do John Williams, que é um livro lindo e talvez mais relevante pra nós hoje do que para as pessoas na época quando foi escrito. Acho que até já falei do livro antes mas uma frase numa review que li no Goodreads me fez pensar bastante: "Because it reminds us that ordinary people who live ordinary lives can have a beautiful story to tell too.". Não vou nem entrar no mérito da mediocridade que já tinha falado em outro post mas foi por aí que comecei a dar mais valor pra histórias normais de pessoas normais, apesar de ainda reservar um espaço no coração para space operas e distopias.

Enfim, acho que tá tudo meio conectado: os posts sobre Sensibilidade, comfy, frio, Kinoko Teikoku e até o da barata. FAÇAM SUAS TEORIAS.

Na real que seria legal até achar uns blogs como o meu mas escrito por outras pessoas, canal de youtube acaba ficando muito artificial e cai sempre na mesmice de ter cenas fofinhas com lo-fi (talvez seja minha culpa por sempre cair ACIDENTALMENTE em canais de moças fofinhas, talvez), acho que o modo como uma pessoa escreve já diz bastante sobre ela, mais que qualquer vídeo editado.

É isso aí.
Por hoje é só,
vlw flw té mais!