quinta-feira, 22 de junho de 2023

Shoegaze

Eu tava conversando com meu amigo outro dia sobre shoegaze, já que a namorada dele gosta e ele, por osmose, começou a ouvir um pouco também. Como eu estou afim de escrever sobre música, acho que focar em algo que vai (um pouco) além do Japão pode ser uma boa.

Mas enfim, o que é shoegaze?

Bem, segundo a Wikipedia:

"Shoegaze (originalmente chamado shoegazing e às vezes confundido com "dream pop")[8][9] é um subgênero do indie e rock alternativo caracterizado por sua mistura fluída de vocais obscuros, distorção e efeitos de guitarra, feedback e volume avassalador.[10][11] Surgiu na Irlanda e no Reino Unido no final da década de 1980 entre grupos neopsicodélicos[9] que geralmente permaneciam imóveis durante apresentações ao vivo em um estado de distanciamento e não-confrontamento.[8][12] O nome vem do uso pesado de pedais de efeitos, já que os artistas costumavam olhar para seus pedais durante os shows."

Eu não quero ficar repetindo coisa que dá pra achar bem mais bem escrita na internet, mas Shoegaze é basicamente rock triste pra gente introvertida, mas que foca mais no instrumental (leia-se guitarras EXTREMAMENTE distorcidas) para passar a introspectividade ao invés de contar só com as letras, eh acho que só ouvindo mesmo pra saber como é o estilo mesmo.

Eu pra falar a verdade já fui mais fã de Shoegaze, e também do Dream Pop que é um gênero irmão, mas ainda gosto bastante de algumas músicas do gênero, ainda mais de vertentes mais puxadas pro indie ou até pro twee.

Cara, eu não quero fazer aqui um guia de como você deve explorar o gênero, até porque isso tem aos montes na internet, mas vou mostrar aqui mais ou menos como foi minha jornada descobrindo novas bandas e outros estilos.

Quando você quer começar a ouvir Shoegaze, existe UM álbum que é o mais importante, o mais amado e o que influenciou tudo o que veio depois: Loveless do My Bloody Valentine.

 

Acho que não é necessariamente onde tudo começou, já que o próprio My Bloody Valentine tem um álbum anterior e dá pra traçar as origens do estilo com bandas de dream pop, mas é indiscutível que este é o álbum mais importante do gênero.

Depois desse álbum os dois mais importantes são Souvlaki do Slowdive e Nowhere do Ride.


 

Pronto, agora você já tem o básico pra ter conhecido as vertentes mais importantes do Shoegaze: 

  • A vertente mais pura (ou noise) com o Loveless;
  • A vertente mais Dream Pop com Souvlaki;
  • A vertente mais Rock Alternativo (quase Britpop) com Nowhere.

A partir daqui você pega o que mais gostou e aprofunda mais, eu sempre gostei mais de Slowdive e Ride do que My Bloody Valentine então sempre busquei bandas que fossem mais do lado dream pop/indie e que tivessem uma influência de Shoegaze.

Um chart que ajuda muito você a se localizar é esse aqui (além de facilitar meu trabalho):

 

Tem algumas coisas que discordo aí tipo o álbum do Candy Claws estar muuuuito pro lado do Loveless ao invés do Souvlaki, mas só pelo fato dos álbuns japoneses estarem aí já me deixa bem feliz. O Ceres and Calypso do Candy Claws aliás é um dos meus álbuns favoritos da vida, por favor ouçam essa obra de arte:


Eu pulei uns passos aí, apesar de ter dado uma ouvida nas coisas mais importantes tipo Chapterhouse, Cocteau Twins, Lush e acho que Pale Saints? Mas eu pulei pros álbuns japoneses aí.

Pra falar a verdade eu cheguei no Shoegaze pelas coisas japonesas, eu ouvia Mass of the Fermenting Dregs e Supercar beeem antes de saber o que era o gênero, e comecei a ouvir os álbuns essenciais junto com Kinoko Teikoku.

Mas pro Shoegaze japonês tem outro chart que achei recentemente:


Hmm, vamos ignorar que Asobi Seksu é americano e só a vocalista é japonesa (e que faz muito mais sentido analisar a banda no contexto do cenário americano) mas é um ótimo chart também, além dele fazer o certo em mesclar as vertentes, já que nenhuma divisão é muito definitiva no Shoegaze.

Eu vi vários membros de bandas que aparecem aí compartilhar esse chart no Twitter, e o que mais me chamou a atenção é como maioria falava "obrigado por lembrar da gente, mas nós não somos Shoegaze" e só depois descobri que as bandas fugiam de serem classificadas dentro do Shoegaze/Dream Pop porque as gravadoras faziam tiragens menores de discos e despriorizavam bandas com gêneros muito específicos, assim maioria se chamava de "rock alternativo" mesmo.

Mas enfim, voltando ao chart acima, aí o autor bota o Kinoko Teikoku no lugar do MBV, o Asobi Seksu no lugar do Slowdive e Supercar no lugar do Ride. Acho que pros álbuns que estão nas pontas do triângulo (Eureka, Citrus e 3OC) a comparação até faz sentido, mas as três bandas mudaram radicalmente de som com o passar dos anos, ao ponto da comparação não fazer tanto sentido assim se for pensar nas bandas como um todo. Eureka do Kinoko Teikoku em particular é um dos meus álbuns favoritos mas acho que os paralelos com Loveless são beeem pontuais.

No mais, eu seguiria esse chart dessa forma:

Primeiro: Kinoko Teikoku, começando por Eureka.


 

Depois Supercar, aí só ouviria mesmo Three Out Change. Esse álbum é extremamente longo mas é um prato cheio pra quem curte Ride e Britpop em geral, eu acho que o shoegaze passa um pouco longe aqui mas é um dos meus álbuns favoritos.


 

Aí partiria pra Mass of the Fermenting Dregs, a discografia inteira da banda é absurda, mas recomendaria começar por World is Yours.


 

Daí eu pegaria bandas com uma influência mais clara (e declarada) de Shoegaze tipo uma das minhas bandas favoritas For Tracy Hyde com um dos álbuns mais lindos já feitos: he(r)art.


 

Outra banda com influência mais forte de Shoegaze é Yuragi. Os últimos álbuns foram meio fraquinhos mas os dois primeiros EPs da banda foram fenomenais.


 

Se você chegou nesse ponto o que resta é explorar esse chart aí e recomendações no Youtube/Spotify. Eu no meio tempo que estava explorando Shoegaze acabei me apaixonando por twee-pop, que é basicamente indie pop mas muuuuito bobinho, chegando num ponto que é irônico. E por incrível que pareça tem muita banda que mistura os dois, um bom exemplo é For Tracy Hyde que citei anteriormente mas também Pains of Being Pure at Heart:


 

Enfim, o shoegaze hoje está muito ramificado e tem pra todos os gostos possíveis, desde o blackgaze que mistura com o gênero com Black Metal até esses casos aí no extremo oposto do espectro onde misturam com twee e até pop puro.

O Shoegaze é bem música pra gente estranha e antissocial, acho que é uma forma de escapismo mais pura do que ouvir música triste só pela letra, as guitarras distorcidas e o som quase ensurdecedor fazem você simplesmente não pensar em nada. Eu acabei indo mais pro twee porque é um escapismo mais concreto, é bem uma coisa nostálgica e aquela coisa toda melancólica e arrependimento e etc. MAS isso é assunto pra um próximo post, até porque preciso pesquisar mais sobre.

Enfim, este foi um post quase nada informativo mas eu estou escrevendo porque o assunto surgiu em mais de uma roda de conversa de mais de um grupo de amigos.

E acho que é isso aí, dois posts em dois dias! Mas minhas férias terminam hoje então (talvez) vai demorar pra eu animar de escrever algo novamente.

É isso aí, valeu falou té mais!


P.S. tem alguns álbuns que são dream pop, ou com uma influência muito grande do gênero e zero shoegaze, que recomendo fortemente também:

O Swimming Classroom é uma obra bem diferente de tudo que o Macaroom fez, tanto antes quanto depois, e é uma exemplo maravilhoso de como o Pop chiclete pode se misturar bem com o Dream Pop.

 

 

Outro clássico do Dream Pop japonês é a soundtrack do filme All About Lily Chou-Chou. E cara, que álbum absurdo, acho que é um dos melhores já feitos na história do gênero e foi criado pra ser de uma cantora fictícia num filme (relativamente) low budget japonês. A Salyu, que é o vocal desse álbum, tava começando a carreira dela quando participou desse projeto, e acho que a voz diferente dela junto com a falta de experiência na época combinaram bem com a composição e produção do Takeshi Kobayashi, que já tinha se provado um tremendo músico no mainstream. Mas enfim, esse álbum é do caralho, recomendo para qualquer pessoa do mundo que ouça ele.


quarta-feira, 21 de junho de 2023

férias e ah claro, Kinoko Teikoku

Eu tenho que me forçar a escrever aqui a cada mês senão vou abandonar este blog, então vamos lá.

Das atualizações mais relevantes para a minha vida estão que eu meio que entrei de cabeça no projeto lá que falei no último post, e isso incluiu ajudar num matsuri aqui perto de casa, ensinar crianças a fazer cajuzinho ( um doce que não sou muito fã pra falar a verdade) e fazer estrogonofe às 1h da manhã para ensinar crianças do Japão, e é isso.

Estou de férias desde o último feriado que foi uhhh dia 8 acho? E não estou fazendo nada de muito útil desde então. Prometi que iria pra academia todo dia! Fui só uma vez desde que as férias começaram. Falei que iria levar minha calça para fazer a barra! Nem sei onde levar essa merda por aqui perto. Mas eu arrumei meu quarto, fui buscar meu diploma na Poli e mandei botar lentes novas numa armação antiga que comprei no Japão, além de ter gasto uma quantia quase que pornográfica num tablet que ainda não sei bem pra que vou usar. Ah, fui pra um show de shoegaze nacional também.

Em suma: só estou dormindo, gastando dinheiro e ensinando crianças a cozinhar desde que entrei de férias.

Como eu ESPERO que nenhuma pessoa que tenha o mínimo de interesse romântico em mim leia este blog, posso confidenciar com vocês que tentei arranjar meus dates nessas férias, obviamente com os resultados mais desastrosos que você possa imaginar. E minha pura incredibilidade no fracasso do que parecia sucesso certo gerou um papo de tipo 4h num bar, em plena quarta-feira, com meus amigos do ensino médio sobre e-girls. Pra falar a real eu nem sei porque comecei a falar sobre isso, vamos mudar de assunto.

Essas são as primeiras férias que tiro desde Fevereiro, que usei pra emendar com o Carnaval e viajar pra Fortaleza. Eu amei a cidade e a viagem e tudo mais, mas voltei pro trabalho exausto, essas férias de agora eu tirei pra não fazer nada mesmo e até que fiz umas coisas viu. Acho que até uns anos atrás eu ia ficar super culpado por não ter conseguido fazer o que devia (por mais que isso sempre acontecesse) e eu ia ficar malzão na volta das férias, mas agora eu estou levando como posso o que tenho que levar e é isso aí.

Eu ia citar novamente a bonus track do Eureka do Kinoko Teikoku mas... ah foda-se, vou citar de novo:

"Cada um está carregando seu fardo, 

as suas lágrimas podem secar amanhã ou depois,

 mas finja que esqueceu das noites e dias que não voltarão, e sorria, sorria"

 

É uma tradução porca que fiz uns anos atrás mas essa música é tão superação da crise dos meio dos 20 anos que checar o Google só confirmou minha tese: a Chiaki Sato tinha 23~24 anos quando escreveu e lançou Eureka.

Apesar de eu amar Kinoko Teikoku desde meu ensino médio, acho que só fui entender as letras e o sentimento que as músicas passam quando fiquei mais velho, tipo com 23 anos. Não vou desenvolver muito sobre o assunto porque estou sentindo que posso fazer um post dedicado a isso, mas recomendo Kinoko Teikoku para quem esteja procurando música triste para acompanhar a crise do meio dos 20 anos, ainda mais os álbuns Eureka e Uzu ni Naru.


E acho que é isso pessoal, volto a postar quando tiver com tédio o suficiente ou com algum assunto aleatório que o Twitter não tenha caracteres o suficiente para eu expor.

valeu, falou, té mais!