quinta-feira, 26 de novembro de 2020

O freezer é de todo mundo

Uma historinha rápida.

Quando eu tava no Japão, o nosso apartamento era dividido em três quartos. Ao longo de Dezembro inteiro, a geladeira era o famoso "todo mundo sabe o que é seu e tá tudo ok" mas chegou uma hora que começou a virar putaria, então um de nós teve a ideia de dividir as três prateleiras entre os três quartos.

Quarto tal pega a primeira prateleira, quarto tal a segunda e por aí vai. O negócio é que a porta da geladeira e o freezer (que, como as geladeiras de rico aqui, era embaixo) ainda estavam "free for all".

Aí que eu, que sempre estocava tudo que podia pra evitar de ir pro supermercado, me aproveitei desse loophole nas regras: comecei comprando comida congelada pra caralho e fui ocupando o freezer, o que é justo já que a comida É congelada, depois que a prateleira que eu dividia com meu amigo ficou cheia, eu simplesmente comecei a tacar coisa no freezer.

Gyoza? Freezer. Bentô? Freezer. Qualquer comida que seria aquecida no micro-ondas de qualquer jeito? Pro freezer você vai. Chegou uma hora que eu tava botando pacote de batata frita com prendedor fechando no freezer também.

Acabou que ninguém achou ruim, já que praticamente só eu tinha a nóia de sequer comprar comida congelada, mas como eu comprava tudo em pacote econômico (leia-se de 1kg), eu acabei comprando coisa demais e na última janta antes da minha semana de folga eu acabei fazendo toda a comida pro pessoal.

E as coisas que comprei eram maravilhosas: pacote de 1kg de nuggets, pacote de 1kg de tako-yaki, carne do gyu-don do Suki-Ya congelado, caixa de picolés Gari-Gari kun (o melhor picolé do mundo), linguiça fininha defumada (que é melhor que as daqui) e as famosas bandejas de gyoza com 40 que custavam 200JPY (150 se tivesse a muito tempo na geladeira).

A grande sorte minha foi que o nosso apartamento era o único que tinha um micro-ondas, se não fosse o caso eu estaria deveras fodido sem minhas opções congeladas. Quero dizer, mesmo no Brasil eu já devo minha alma (e minha pressão alta) às comidas congeladas, no Japão só juntaram a preguiça de cozinhar com a falta de tempo e dinheiro. 

E assim minhas jantas consistiam de arroz japonês + algo congelado, às vezes eu variava e comia um curry pré-pronto (com um Famichick comprado no Family Mart) ou o lamén nosso de cada dia quando queria algo BEM RÁPIDO. Só devo dizer que o tako yaki congelado era bom demais, com certeza uma das minhas comidas congeladas favoritas na vida.

Enfim, mais uma história do arubaito que lembrei enquanto escrevia meu TCC, e lá se vão mais uns minutos gastos aqui e não no Overleaf.

vlw flw té mais

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Onde cagar em Tokyo

Eu nunca fui do tipo de gente que só consegue cagar em casa, apesar de ter meus pré-requisitos pro banheiro ser digno das minhas nádegas, já que meu estômago sempre foi zoado e a intolerância a lactose me persegue faz uns bons anos já.

Como todo bom universitário (de universidade pública), meus requisitos de limpeza dos locais onde frequento sofreram uma queda livre desde que comecei a graduação, sejam restaurantes, sofás onde dormir, lugares pra se ter uma festa e claro, banheiros.

O banheiro do prédio da Mecânica da POLI era nojentaço, de longe o pior da Poli e se bobear era o pior da Luciano Gualberto até a Raia Olímpica. As coisas melhoraram quando reformaram ele lá por 2016 ou 2017 mas o cheiro ruim prevalece ainda.

Então, é claro, o pobre aluno de Engenharia Mecânica/Mecatrônica/Naval, ainda mais os que estavam na época pré-reformas, tem o hábito de caçar um banheiro decente pra quando precisa fazer o número 2. As opções mais usuais são o banheiro dos professores no segundo andar (um belo jeito de ser odiado por eles por um motivo extra-acadêmico), o banheiro da administração (onde não tem aulas, perfeito), o banheiro da Civil (que são absurdamente grandes mas também têm uma movimentação muito grande) e o famoso banheiro da FEA (que eu nunca fui, mas falam que é bom).

Agora, essa caça por um lugar bom pra cagar tomou proporções absurdas quando eu fui pro Japão. Se antes eu avaliava qual era o melhor banheiro num raio de 100m do prédio da mecânica, no Japão eu simplesmente testei banheiros pela cidade inteira.

E já falo: o melhor banheiro do Japão (que eu fui) é o do Takashimaya grudado na estação de Shinjuku.

Não foi por falta de concorrentes: fui no banheiro do caríssimo Omotesando Hills, nas lojas chiques de Shibuya (e constatei que NÃO TEM BANHEIRO MASCULINO NO SHIBUYA 109, ou pelo menos não achei), nas galerias de Shimokitazawa, nos prédios de otaku de Akihabara, nas estações de trem (que no caso de Shinjuku e de Shimokita eram muito bons), nos arcades da Sega, nas casas de show (que, obviamente, não eram dos mais limpos),  num shopping grã-fino em Odaiba, no Meiji Jingu, no Senso-ji em Asakusa, nos museus nacionais, na Universidade de Tokyo, ENFIM, fui em muito banheiro nas minhas viagens em Tokyo.

Mas é, o banheiro do Takashimaya era incrível, obviamente que eu preferia os banheiros dos lugares onde dormi: tanto o do Net Café quanto do Hostel, mas nisso já entra outros fatores. O banheiro do hostel em particular foi o meu favorito na minha estadia no Japão, além da cabine ser totalmente fechada, o assento era aquela invenção maravilhosa de ser aquecido + ter bidê, e você não sabe a conveniência daquilo até usar, meu irmão.

O bidê é até meio dispensável mas maluco, sentar a bunda GELADA do frio de -2°C de Tokyo num assento quentinho (aquecido por resistores, não bundas alheias) de privada é do balacobaco, se aquele assento não custasse tipo mil reais (hoje, mas procura aí que é uns 15k JPY) eu tinha trazido um pro Brasil.

Os banheiros mais nojentos eram os das casas de show e os de Akihabara, que por coincidência eram os lugares onde eu mais frequentava. O banheiro mais estranho que usei foi o do Meiji Jingu que por algum motivo era meio aberto,  as cabines eram realmente fechadas e tudo mais mas o banheiro em si era bem aberto pro mato, aí tava um frio da porra lá dentro.

Uma coisa interessante é que, no Japão, é conhecimento comum que maioria dos banheiros, às vezes até de restaurantes, não tem papel toalha/secador pra secar as mãos depois de lavá-las, então todo mundo anda com um lenço. Eu sempre secava as mãos nas calças mesmo.

Outra coisa é que deve ser um medo comum do japonês ficar sem papel higiênico na cabine, o porta-papel higiênico mais comum nos banheiros públicos lá comportavam dois rolos enormes de uma vez, além do folclórico banheiro do Ichiran ter uns 20 rolos pendurados na parede.

Banheiro do Ichiran, acho que todos os rolos são iguais apesar de ter umas plaquinhas diferentes. Retirado de: <https://www.tripadvisor.com/LocationPhotoDirectLink-g1066456-d1688898-i246180220-Ichiran_Shibuya-Shibuya_Tokyo_Tokyo_Prefecture_Kanto.html>

O negócio é que toda estação em Tokyo, e maioria Japão afora também, é equipada com banheiros limpos e decentes, maioria dos banheiros que citei aí eu fui mais por curiosidade do que realmente necessidade. O maior exemplo é o banheiro do Omotesando Hills: "EU PRECISO USAR O BANHEIRO DE UM DOS SHOPPINGS MAIS CAROS DE TOKYO, CARA!" -disse o Yoiti sem ter um puto de grana, e acabou sendo meio decepcionante, o do Takashimaya é bem melhor. 

Mais uma prova cabal de que eu tava paupérrimo depois de gastar tudo em pelúcias e shows, fiz turismo de banheiro naquela cidade.

Enfim, esse post foi totalmente desnecessário e desagradável mas a vida também é e todo mundo aguenta.

vlw flw té mais!

terça-feira, 17 de novembro de 2020

Maluco, meus pais não podem pagar por essa viagem não

Acho que o maior reality check que tive na vida foi quando propuseram uma viagem de formatura pra Cancún e sentimos na pele que nosso colégio era de classe média média, não classe média alta.

O pessoal do TERCEIRÃO URRA URRA HEI antes do nosso tinha viajado pra Floripa na formatura deles, mas como nossa turma se achava do balacobaco, nós achávamos totalmente factível de ir pra Cancún. A Forma Turismo foi lá, apresentou o resort maravilhoso, as baladas, os mergulhos com golfinhos, Hard Rock Café, etc. e então o preço.

Era caro pra caralho.

Eu não lembro muito bem o valor exato, já que isso foi uns bons 7~8 anos atrás, mas era tipo 5 vezes o preço da viagem pra Floripa.

A realidade era que nosso colégio tinha algumas poucas pessoas que podiam pagar por uma viagem de formatura pra Cancún, chuto umas 5 no máximo, e o resto não podia sonhar em gastar aquela grana numa tacada em uma viagem só.

Aí então, a gente que quase ridicularizava a ideia de ir pra Floripa, acabamos aceitando a realidade monetária das nossas famílias e concordamos em fazer uma viagem pra Floripa do que meia dúzia de nego ir pra Cancún.

Foi só depois que fiquei sabendo que alguns colégios maiores (e mais caros) geralmente têm duas viagens de formatura: uma pra um lugar caro pra caralho e outra pra um lugar razoável, parece que não é só a gente que tinha essa disparidade de realidades monetárias numa série só.

Enfim, a viagem de Floripa foi legal, e a de Búzios que a gente foi depois por ter ganhado o game show lá também foi incrível. Eu acho sim que Cancún seria melhor ainda (mas será que seria 5 vezes melhor?) mas viagem de formatura é pra você aproveitar com seus amigos, é meio que um jeito de terminar o ensino médio com chave de ouro, então não tem muito sentido ir pro melhor lugar do mundo que seja só que sozinho.

Mas acho que das pessoas que conheci na Poli, POUQUÍSSIMAS tiveram uma viagem de formatura, até porque escola técnica (de onde boa parte das pessoas que conheci vieram) geralmente não faz essas coisas e a outra parte das pessoas que conheci não curtiam a ideia de viagem de formatura, oh well.

Eu escrevi esse post porque lembrei do silêncio constrangedor que ficou na sala depois que apareceu o preço da viagem no PPT que a Forma Turismo apresentou. Ah, bons tempos.

O único pesar que tenho de não ter ido pra Cancún é que não me vejo indo pro México em qualquer circunstância hoje. Eu sei que Cancún é tão México quanto Gramado é Brasil, mas teria sido uma experiência diferente de qualquer jeito.

Enfim enfim enfim, 

vlw flw té mais!

domingo, 15 de novembro de 2020

Doutrinação por meio de mangás

 Uma coisa que passei a notar ultimamente, ou pelo menos ser mais paranoico sobre, é a posição política dos autores dos mangás que leio.

O Japão é um país conservador, sobre isso não há a menor dúvida, mas é legal ver como a visão política dos autores transparecem nas obras mesmo elas não sendo necessariamente políticas. 

Os mangás dos anos 60~70 em particular são em sua maioria obras políticas progressistas, já que o Japão tava passando pelo período de turbulência do pós-guerra e tinha acabado de assinar o tratado de não-agressão com os Estados Unidos. Ashita no Joe, Gen Pés Descalços e Adolf (do Tezuka) são obras da época, bem progressistas pros padrões de então. 

Nos mangás do final dos anos 90 pra hoje, já há uma divisão mais notável entre mangás conservadores e mangás progressistas. Acho que os maiores exemplos de mangás conservadores são os nacionalistas na cara dura, tipo o "Gate: Jieitai Kanochi nite, Kaku Tatakaeri", ou os que glorificam a estrutura social japonesa (sendo machista no caminho, obviamente), tipo "Bartender", "Sanctuary", "Hokuto no Ken" (e qualquer mangá do Buronson) e "Maiko-san Chi no Makanai-san", grande maioria dos isekais são bem conservadores também. Agora, mangá progressista tem aos montes em magazines menos mainstream tipo a Afternoon ou a Comic Ryu, tipo Blue Period, Ikoku Nikki, Oyasumi Punpun (e qualquer mangá do Inio Asano), Aku no Hana (e qualquer obra do Shuzo Oshimi), etc. 

E sim, eu sou de esquerda declaradamente mas não vou ficar só lendo obra progressista. Sanctuary é um épico incrível apesar de ser um dos mangás mais machistas que li na vida, Bartender é uma glorificação fodida do estilo de vida Yuppie da classe empresarial do Japão e Hokuto no Ken é Hokuto no Ken né, mas são mangás essenciais pra você entender o próprio Japão.

Agora, os mangás progressistas dos anos 60~70 abordavam pautas bem diferentes dos mangás de hoje. Se na época a maior luta era contra a ocupação americana, a guerra e a desigualdade, agora o foco é mais em identidade de gênero, machismo e a depressão pós-moderna em geral, o que acho que é uma mudança de foco condizente com as obras progressistas do mundo todo na real.

Ah sim, claro que tem mangá que não tem uma orientação política explícita, o que é a maioria na real, mas tem sinais aqui e ali de autor conservador: mulheres desenhadas em proporções impossíveis, glorificação do nacionalismo/guerra, um reforço constante do papel da mulher na sociedade (e nada que contradiga isso na obra), etc. 

Eu posso parecer chato SJW tentando achar agulha em palheiro mas na real que leio mangá com visões conservadoras constantemente e aprecio muito deles. A não ser que o mangá seja CLARAMENTE revisionista e retrógrado AHAM Eien no Zero AHEM, não acho que ver uma obra de uma ótica que não a sua seja necessariamente ruim, meu filme favorito é Poderoso Chefão que é bem conservador afinal.

Mas é, acho que tem muito mangá que acaba levando a bandeira muito a sério e acaba se perdendo no seu próprio tema tentando ser defensor de qualquer pauta que seja, ainda mais mangá histórico sobre a segunda guerra, esse é um tema impossível de ser imparcial no Japão, ou você é ultranacionalista ou totalmente anti-guerra.

Eh, enfim, queria terminar o post falando de um mangá de cada quadrante, na minha opinião, do Political Compass:

  • Auth Right: Sanctuary. Dois amigos sobreviventes dos campos de concentração do Camboja sob o Khmer Rouge, voltam pro Japão e decidem chegar ao topo da hierarquia no submundo e na política;
  • Auth Left: Ashita No Joe. Um cara fodido de pobre começa a lutar boxe e é a coisa mais luta de classes num mangá da década de 70;
  • Lib Right: Bartender. Um bartender em Ginza, bairro mais chique de Tokyo, usa sua habilidade em fazer coquetéis para curar a alma dos clientes burgueses que passam pelo seu bar;
  • Lib Left: Blue Period. Um cara descobre seu amor por artes, sofre pra caralho pra melhorar e em alguns capítulos foca no amigo trans dele, VOCÊS JÁ DEVIAM ESTAR LENDO ESTE MANGÁ.

 Hmm, acho que era isso que eu tinha pra falar. Eu realmente curto mangá de qualquer jeito, se ele for bom, mas os que TOCAM A ALMA são mesmo os mais progressistas, tipo Blue Period e qualquer coisa do Shuzo Oshimi ou do Inio Asano.

Leiam uns mangás aí também e vamos discutir as duas coisas que nunca deviam estar juntas: otakisses e política.

valeu, falou, té mais!

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Sdds de tomar uma gelada com os amigos

Meu deus, que saudade de sair com meus amigos.

Eu, aparentemente, sou um dos únicos que ainda está levando a quarentena a sério. Gente pra caralho saindo pra viajar, fazendo churrasco em casa, gerando aglomerações e tudo mais, mas aqui em casa a quarentena tá vigente.

Sinceramente não culpo a falta de noção do pessoal, se eu morasse sozinho, muito provavelmente, também estaria um pouco menos quarentenado, mas não quero ser o cuzão que saiu pro rolê e fez os pais ficarem doentes.

Mas eu sinto uma saudade imensa de sair com meus amigos, quase dói até.

Isso tudo porque fico vendo os stories do Instagram, hoje vi um da vocalista de uma banda que amo (do Japão) que ela filmou das amigas dela dividindo a conta num Izakaya. Eu sei que no Japão tá praticamente tudo normal (normal de verdade, não que nem aqui) e só a cena ao mesmo tempo tão casual mas ao mesmo tempo que não presencio desde Março me deu uma saudade danada, isso sem falar, obviamente, da saudade do Japão vendo o vídeo (mesmo que eu não tenha pisado num izakaya lá).

Eu estou com várias cervejas em casa por causa de promoções dos Deliveries mas não consigo tomar uma gelada sem meus amigos, eu sequer gosto da maioria das cervejas pra ser bem sincero, mas é a única bebida possível pras mais variadas conversas com amigos em bares de higiene duvidável. Por mais que meu grupo do ensino médio (saudosa TdT) estivesse mais presente nos Cafés do que nos bares até os últimos rolês, acho que tem papo que só rola mesmo depois de uns copos de cerveja.

Acho que todas minhas memórias com cerveja são boas. Eu não lembro muito bem qual foi a minha primeira breja, mas lembro do Bixopp 2015 que foi a primeira festa que fui da USP (primeira de poucas). Teve também a época que eu e meus amigos saíamos em busca de DEGUSTAR cervejas artesanais, e isso durou o tanto que você deve estar pensando. Claro, tiveram os shows que fui no Japão, acho que pedi cerveja só em dois se não me engano, além da SUIYOBI NO NEKO que bebi andando por Shimokita. E claro, todo rolê com meus amigos da Poli são movidos a cerveja, tanto as sinucas nos lugares mais aleatórios de São Paulo quanto os últimos rolês no Bixiga e na Maria Antônia, sempre acompanhados de boas conversas.

Sinceramente, eu pagaria facilmente os baldes de cerveja superfaturada dos bares da Augusta se estivéssemos em situação normal agora. 

Ainda lembro de uma das primeiras vezes que fui pra um bar com o pessoal do meu ensino médio e como a gente bebeu 3 baldes de Serramalte e todos saímos tortos pra caralho do Bella Augusta numa missão hercúlea de ter que chegar no Metrô Brigadeiro sem tropeçar, ser atropelado ou gorfar. Foi uma cena deprimente mas ainda é uma das lembranças que guardo com mais carinho.

Quando toda a poeira abaixar vamos nos encontrar pra uma cerveja, uns petiscos, uns abraços e algumas conversas fiadas que não seriam as mesmas no Google Meets ou no Discord.

vlw flw té mais

, e falo esse té mais com intenção.

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Johnny get your gun!

Não foram poucas as vezes que ouvi de uns amigos meus que eles queriam passar por uma guerra porque a vida na pós-modernidade não tem muito sentido.

Eu sempre fui pacifista, quero dizer, tirando a fase que eu curtia FPS e queria ser engenheiro bélico porque curtia armas (eu tinha 13 anos galera, mas acabei parando numa engenharia ligado à militaria de qualquer jeito hmmm...), e sempre rechacei qualquer forma de querer resolver as coisas na violência numa escala internacional. Eu vejo sentido em gastar dinheiro em defesa nacional, já que nem todo país é bem intencionado, mas priorizar armamentos em detrimento de educação e programas sociais? Jamais.

É claro que esse nem é o ponto da discussão. 

Acho que todo mundo na minha idade chegou num ponto onde se perguntou o porquê de estar fazendo o que faz, não há um bem maior, um grande motivo. Daí alguns acabam pegando alguma coisa pra pelo menos fingir que há sim um motivo maior e um bem comum que todos devem almejar, seja o patriotismo, religião ou qualquer coisa do tipo.

Claro, a sociedade capitalista se move devido o motivo maior do DESEJO e do CONSUMO. "Ah, vou trabalhar até perder minha saúde pra comprar aquele carro!" ou "Se eu trabalhar sem parar por cinco anos vou finalmente poder pagar aquelas férias de três semanas pra Disney!" mas isso sempre me pareceu muito vazio.

Eu tenho todo o desejo do mundo de conhecer novos lugares e ir ver mais shows, o que sinceramente acho ser válido demais, mas nada que seja um MOTIVO MAIOR ou algo do gênero, só uns life goals mesmo.

Acho que aí que entra o pessoal que acha que uma guerra seria uma boa, se for igual nos filmes, a guerra traria aí uma maior valorização pelo o que a gente dá como garantido no nosso dia-a-dia, além de criar uma mentalidade bem simples: sobreviver até o próximo dia e, caso fôssemos lutar, matar o inimigo.

Eu já prefiro procurar sentido na vida de outras formas, eu inclusive estava estudando umas coisas de budismo pra "filosofar" um pouco sobre o sentido da vida mas não acho que chegarei numa conclusão muito cedo.

Acho que adquiri uma visão pacifista depois de assistir LOGH, mas uma das coisas que mais me deixam puto é a velharada que nunca foi pra uma guerra, e muitas vezes nem prestou serviço militar, pedindo guerra aí pros quatro cantos. É fácil mandar jovens pro front quando você sabe que não vai pegar em armas.

Eu sinceramente sou 100% anti-guerra e não estaria muito animado pra defender nossa nação-Brasil (e isso nem é por causa do nosso presidente), além de temer o impacto psicológico que uma guerra causaria numa pessoa, no caso eu. Mas, em caso de (grande) invasão ao nosso país é senso comum que é melhor estar nas forças armadas do que fora delas, mas isso já é outra história.

Eu falo tudo isso mas acho a história das Brigadas Internacionais na Guerra Civil Espanhola uma coisa bem legal. Gente do mundo todo foi lutar lá na Espanha porque acreditavam nos ideais de esquerda da época. É bem verdade que acabou não dando certo e foi uma bagunça do caralho, mas ainda acho uma história legal.

Resumo da ópera: eu entendo quem acha que a guerra seria uma solução pra falta de sentido na pós-modernidade mas acho que é um preço muito alto pra pagar por isso. Mesmo que seja uma guerra fora do Brasil, que seria bem menos pior que uma guerra aqui, eu não veria muito sentido em ser mandado pra puta que pariu por causa de uma treta entre uns véio que provavelmente nem estão botando as vidas deles na linha pelo o que falaram. 

Isso me lembra uma frase no Gundam Thunderbolt: "Young Heroes who lay down their lives for ideals, they are the perfect ones to sacrifice". Claro, se fosse pra pilotar um Gundam eu ia FACILMENTE pra uma guerra, mas julgo que essa opção não é muito factível.

Enfim, é isso aí. Fiz esse post num ano que QUALQUER coisa é possível então não sei se farei justiça ao meu pacifismo, só espero ser dispensado de ir pro front devido à minha saúde, minha miopia ou meu sedentarismo.

vlw flw té mais!

domingo, 1 de novembro de 2020

Belle & Sebastian

Ontem aconteceu isso:


Stuart Murdoch é o vocalista do Belle & Sebastian, banda que amo de coração e Anitta, bem, vocês conhecem ela.

Belle & Sebastian é, pra mim, o equivalente ocidental do Kinoko Teikoku pra dias que estou deprê, ou seja: música pra chorar, deixar tudo sair, em dias que estou mal. Parece que a Anitta prefere as músicas mais felizinhas dos álbuns mais recentes, eu (e maioria dos fãs) prefiro os quatro primeiros álbuns que tem aquela vibe mais dissafected youth indie pop do final dos 90/começo dos 2000.

Pra falar a real eu não ouvi muito de B&S depois do "Fold Your Hands Child" de 2000 então não posso ser chamado de fã fã mesmo da banda, mas tem música deles que me manda pro chão até hoje.


E uma das memórias mais marcantes que tenho da banda é justamente com o álbum dessa música que coloquei acima. Antes de começar o show da Chiaki Sato que fui, tava tocando o (álbum) The Boy with the Arab Strap e eu pensei comigo mesmo: "Nossa! O pessoal aqui tem bom gosto, conhecem até Belle & Sebastian..." aí me toquei que estava numa casa de shows em Shibuya, num show da ex-vocalista do Kinoko Teikoku, acho que foi nessa hora que percebi que nunca encontraria um lugar onde me encaixaria tão bem quanto lá.

Belle and Sebastian é bem conhecido, mesmo no Brasil. A banda já se apresentou diversas vezes aqui e era atração constante daqueles festivais que tinham antes do Lollapalooza dominar a porra toda. Se eles voltarem pro Brasil (talvez num show com a Anitta?) eu gostaria bastante de vê-los ao vivo, eu sei que não tocam as músicas antigas com taaaanta frequência mas as novas não são particularmente ruins não.

Enfim, ouçam Belle & Sebastian, ainda mais os álbuns "If You are Feeling Sinister" e "The Boy with the Arab Strap", a música da banda (e de qualquer indie pop nessa vibe) não é nada extraordinário nem nada mas é definitivamente uma boa adição pra uma playlist legal.

vlw flw té mais!