segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Fique puto!

Este post vai ser sério, e não vai ser sobre música japonesa, eu juro.Eu tava lendo a amostra grátis na Amazon de um livro que quero faz tempo, sobre o cenário musical underground japonês (obviamente) e me deparei com uma frase que achei demais, o nome do livro é "Quit Your Band!" e veio de um refrão de uma música de uma banda de garage-punk composta por meninas de ensino médio onde elas gritam: "QUERO SAIR! QUERO SAIR DESSA BANDA!" e o autor do livro fala mais ou menos "Em um mundo onde o pop é regido por morais rasas como seguir seus sonhos e que a amizade é para sempre, aqui está uma constatação divertidamente negativa".

Acho que tem um motivo pra chamada contracultura ser composta por grupos de jovens revoltados fazendo músicas onde praticamente gritam as angústias que têm, seja numa banda punk ou fazendo um rap improvisado, jovem tem que ser revoltado mesmo, quero dizer, a JUVENTUDE é praticamente um estado de espírito onde você sempre tá puto.

Num mundo onde ""palestrantes"" motivacionais são uma profissão reconhecida que tem até nome em inglês e onde livros ditos de autoajuda vendem muito mais que obras primas da literatura, hoje todo mundo precisa estar todo dia e toda hora 100% feliz e motivado, e parece que ao contrário do Admirável Mundo Novo, nossa Soma não vem em pílulas fornecidas pelo governo mas sim em livros com títulos engraçadinhos, e ó tão controversos, como "Seja foda!" e "Como ligar o foda-se", vivemos realmente a queda da cultura ocidental.

Enfim, sei lá, fique puto, indignação é a força motora das revoluções! E vai ler um livro decente ao invés daquelas merdas de autoajuda, em uma das matérias de sites suspeitos que apareceram no meu feed do FB falava que foi, ahem, ""COMPROVADO"" que poesia ajudava mais que livro de autoajuda no sentido da pessoa se sentir melhor. Bem que eu duvido que alguém que leia Augusto dos Anjos ou Baudelaire se sinta melhor depois de fazê-lo, eu recomendaria poesia acardista OHH MARÍLIAAAAAA~

Por hoje é só, eu ando escrevendo os posts no metrô e parece que isso tá sendo uma ótima ideia, god bless Evernote.

vlwflwtémais

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Never meet your heroes

Tem aquele ditado né? "Nunca conheça seus heróis, você pode se decepcionar" ou algo assim. A verdade é que até pouco tempo atrás eu não tinha figuras pra chamar de "herói" nessa concepção: uma figura aparentemente admirável e com uma certa faceta pública que, de novo aparentemente, é diferente da pessoa de verdade, isso já tira do páreo nessa definição qualquer pessoa que eu conheça do dia-a-dia como meus pais ou sei lá, qualquer professor que eu tive.

Quero dizer, posso falar de como admiro o Ronaldinho e o Keisuke Honda mas eles definitivamente não são heróis pra mim, o Marechal Tito da Iugoslávia (e qualquer outra figura política) é controverso demais pra eu chamar de herói e o Nikola Tesla foi foda, realmente, mas nada pra ser chamado de herói.

Sobrou quem? Óbvio, ela: Shiina Ringo.
Você leitor do blog tava vendo essa chegar de longe, de quem mais eu falo tanto por aqui? Mas enfim, quando eu comecei a ouvir a música da senhorita Ringo eu realmente considerava que ela era o maior gênio que já surgiu na história da música, o terceiro álbum dela SEMPRE me surpreende, não importa se eu já o ouvi mais de 50 vezes do começo ao fim, acho que é uma coisa que nunca vou me acostumar.

Mas a questão é: a Shiina Ringo é humana, ela erra, o último álbum dela foi uma merda e como nós ela também precisa trabalhar pra botar comida na mesa, por isso fica fazendo jingle pra campanha publicitária aqui e lá. Apesar disso tudo ela é ainda a coisa mais próxima de "herói" que tenho.

Depois de dar como certa minha ida pro Japão eu fantasiei várias vezes como se daria meu encontro com a Shiina Ringo em uma loja de conveniência em Tokyo ou no Duty Free do aeroporto de Narita, óbvio que eu sei que isso tem tanta chance de acontecer quanto eu trombar com o Chico Buarque no Suki-Ya da São Joaquim, mas o pensamento sempre me diverte.

Pra começo de conversa: eu gostaria de encontrar com a Shiina Ringo? Apesar dela ter feito várias músicas ruins ultimamente, eu e todo o resto do pessoal que curte o material antigo sabe que ela tá fazendo isso pra juntar uma grana, música avant garde é legal e tudo mais mas não dá muito dinheiro. Mas o que eu falaria? "Tira uma foto comigo?" Ou "Autografa essa nota fiscal que tenho na carteira com essa bic que achei no bolso do meu casaco?" Ou ainda "Como você conseguiu fazer o Kalk Samen Kuri no Hana?" Seja qual for, eu não acho que alguma dessas frases deixaria alguém feliz, ainda mais a Ringo que não é muito chegada em interagir com fãs.

E aí que tá: eu nunca imaginei que a Shiina Ringo fosse uma pessoa legal ou agradável, toda a obra dela reflete uma pessoa no mínimo egocêntrica, egoísta, que ao mesmo tempo quer total controle da obra mas também sabe que não pode fazer tudo sozinha. Ela sabe cantar, tocar guitarra, baixo, bateria, teclado, instrumentos tradicionais japoneses e também sabe produção musical, mas sobretudo ela sabe que tem gente melhor que ela e que orgulho não leva a uma obra melhor.

A imagem da senhorita Ringo que tenho na cabeça é isso: uma pessoa egoísta mas a definição clássica de artista, que pode sacrificar o orgulho para criar uma obra melhor e com um talento que aparece no mundo a cada década no máximo. Ela também quase nunca pisa fora do reino da música, nenhuma declaração política e em raras entrevistas ela mostra sua visão sobre o papel da mulher na sociedade japonesa, mas sempre deixando claro que muito do que fala só se aplica a ela, como quando falou que deixou de se importar com a opinião de homens depois que teve um filho, o que acho uma pena, uma figura da estatura dela podia provocar a mudança que a sociedade japonesa anda precisando. Eu posso estar errado? Óbvio, tudo que escrevi acima não passa de suposição, mas é o que temos.

Voltando pra pergunta: eu gostaria de conhecer a Shiina Ringo? Mesmo levando em conta tudo o que escrevi acima eu acho que sim, até certo grau eu sei separar a obra do artista (certo grau sendo: se ela não for pau no cu que nem o Morrissey tá sussa) e também eu já meio que espero que ela seja uma pessoa um pouco mesquinha, que ela não se importa com os fãs eu já tenho certeza, então não acho que me decepcionaria tão facilmente com a personalidade que fosse dela, afinal ela criou o Kalk Samen Kuri no Hana, o que mais posso exigir de um ser humano?

Eu só queria agradecer à Shiina Ringo, do fundo do meu coração, pela obra que fez. Acho que nenhuma obra de arte, seja mangá, anime, filme, livro, game, etc. me inspirou tanto quanto o Kalk Samen Kuri No Hana, e ela fez o álbum com 23 anos! Eu vou fazer 23 anos daqui sete meses e sequer estarei perto de me formar, eu sinceramente não faço ideia do que ela pensou quando terminou de editar a última música do KZK.

Acho que eu perguntaria pra ela: "E depois de você conquistar seu sonho, de fazer a sua magnum opus, o que vem depois?" Tentar superar a obra que você tem certeza que foi a maior que poderia ter feito? Achar novos objetivos de vida em situações mais mundanas? Continuar no ofício pra tirar uma graninha? Se aposentar por saber que nunca vai superar o seu "eu" de 23 anos? Acho que outros exemplos podem ser citados aqui pra falar o que poderia ser feito:
  • James Joyce foi ambicioso e escreveu Finnegans Wake depois de ter feito Ulysses, conseguiu fazer uma obra mais incompreensível que a anterior mas não superior;
  • Momoe Yamaguchi decidiu se aposentar com 21 anos (VINTE E UM ANOS) depois de uma carreira de sucesso como cantora e atriz, depois de ser a maior idol do Japão na década de 70 e de ter feito até uma rock opera ela decidiu que queria mesmo é ficar de boa e curtir a vida com a grana dos copyrights, can't blame the woman;
  • Haruomi Hosono, depois de criar o maior álbum da história do rock japonês com a sua banda Happy End, decidiu mudar de rumo e montou a Yellow Magic Orchestra pra lá fazer o maior álbum de Synthpop do Japão;
E sei lá, posso citar vários escritores mas a maioria deles ou escreveu um monte de livro bosta depois (tipo o Kundera) ou se isolou do mundo (como o Salinger) ou começou a beber, se isolou do mundo e escreveu um monte de livro bosta (tipo o Fitzgerald).

Mas enfim, mesmo que eu pergunte pra Ringo-san o que fazer depois de terminar sua obra prima, eu já sei que depende muito de cada um e que não há uma resposta certa, a Shiina Ringo montou uma banda logo depois do terceiro álbum pra mudar o rumo do som que ela fazia, depois decidiu fazer grana compondo jingles pra campanhas publicitárias. Eu não julgo ela, eu mesmo mudaria meu ofício para tirar uma grana a mais pra ter uma aposentadoria mais tranquila, música experimental é legal e tudo mais mas não dá grana.

E na moral? Se a Shiina Ringo me chutasse no saco e mandasse eu me foder, eu ainda idolatraria a mulher, sepá eu até passaria a idolatrá-la ainda mais.

Enfim, as fantasias e divagações estão indo um pouco longe demais.
Por hoje é só galera, vlw flw té mais!

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Outra banda desconhecida que ninguém conhece: CITRUS

Lembram o post que fiz um tempo atrás sobre a "banda mais underground" que ouvia na época, BOaT? Pois é, esse posto acabou de mudar de mãos pra outra banda: Citrus.

Citrus foi uma banda que começou com um indie pop bem padrão (apesar de algumas peculiaridades como o uso de samples de televisão) mas que mudou o som para uma coisa meio Shibuya-kei depois que foram pra lendária Trattoria Records, label do Cornelius, o pai do gênero.

Pra vocês entenderem o nível de underground com o qual estamos trabalhando aqui:
BOaT é uma banda totalmente desconhecida, lançou quatro albuns e alguns clipes mas ficou esquecido nos anais dos registros musicais do underground japonês, na internet é possível achar raras live footages e fotos da banda, além do site oficial deles (mas só usando o Wayback Machine).
Citrus... bem, Citrus marcou a época de transição entre o Shibuya-kei e o Picopop e influenciou alguns grupos que vieram depois como o Plus-Tech Squeeze Box apesar de não serem particularmente classificados como Shibuya-kei. E então chega a parte interessante: é praticamente impossível achar qualquer informação decente sobre a banda, live footage? Nada. Fotos da banda? Existe UMA, que toda e qualquer reportagem que fale sobre eles usa, uma foto totalmente desfocada e inconclusiva. O melhor material que você pode achar sobre a banda é um podcast discutindo o legado do Citrus e uma entrevista dada pelo líder da banda para o Neomarxisme, e pior que é basicamente tudo o que você pode saber sobre eles.




Única foto da banda Citrus disponível na INTERNET INTEIRA

Citrus durou de 1992 até 2000, lançou alguns EPs e em 2009 a Felicity Records fez o favor de soltar a melhor compilação já vista na história da música japonesa. Eles botaram basicamente os últimos EPs inteiros e umas unreleased, além de inexplicavelmente incluírem duas músicas (versões originais, não covers) de bandas extremamente indie da década de 80, pra completar pouco menos de uma hora de música de alta qualidade. Se você juntar todo o material que a banda lançou, não passa muito dos 50 minutos de música deles na compilação, chutando alto dá uns 70 minutos, contando remixes e versões alternativas que só apareceram depois. É muito louco pensar que os caras gravaram menos de 10 minutos por ano pra ser lançado em quase dez anos de carreira.

Citrus foi uma banda relativamente influente mas ao mesmo tempo extremamente desconhecida, eles são tipo o Les Rallizes Denudes do Shibuya-kei, que por incrível que pareça possuem bem mais material sobre na internet, mas acho que é porque a história do Rallizes é bem mais legal e interessante, Citrus tem uma história desconhecida simplesmente por ser normal, a história da banda, não o som.

Enfim, essa é a banda que ouço POR ENQUANTO que está com a coroa de mais desconhecida (apesar de você poder falar que ela está meio que empatada com BOaT), vamos ver até onde vou chegar com essa história.

vlwflw té mais

domingo, 19 de agosto de 2018

Sobre o Post mais lido deste blog (no momento)

Cara, eu realmente não sei o que aconteceu mas o post que eu escrevi quando eu ESTAVA PRESTES A LARGAR A POLI (de verdade) virou o mais lido do meu blog DE LONGE depois de dois anos que escrevi. Eu lembro que antes era outro, acho que o que fiz na época que o pessoal da minha turma na Naval descobriu que eu tinha blog.

Os meus posts normalmente têm entre 8 e 15 visualizações totais, TOTAIS, cês já podem ver que nem se eu tivesse monetizado essa merda desde o começo ou botado um miner na sidebar daqui, o máximo que eu ia tirar seria uns décimos de centavo de dólar do Zimbábue.

Pois bem, esse post que citei de quando DESABAFEI pra sair da Poli atingiu 90 views! Por pouco não bati as 100 views em um único post. Eu já tinha observado que o post subiu no ranking de mais lidas já faz umas semanas mas fiquei bem intrigado, tenho certeza que alguém andou repassando esse post pra mais pessoas putas com a Poli e acabei ganhando um cult following entre pessoas que odeiam a Poli, nada no nível daquela "Carta de um aluno do ITA" que me impactou tanto quando li no ensino médio ou a famosa "Escola dos Homens Tristes" que é o copicola mais famoso feito sobre a gloriosa Escola Politécnica, mas já é algo.

O que eu acho da Poli hoje? Na moral, eu odeio esse lugar, ODEIO DO FUNDO DO MEU CORAZÓN e com o mercado de engenharia (ainda mais Naval) na merda que está, a motivação está no fundo do poço, mas eu amo a engenharia naval e a galera em geral também, nunca senti aquela famosa "competição desleal" que eu tinha tanto ouvir falar sobre qualquer escola de engenharia, sepá que só a Naval é assim na Poli, sei lá. Só saio desse caralho se for com a porra do diploma na mão, não tomei no cu todo esse tempo pra sair de mão abanando.

Enfim, só fiz esse post pra falar sobre isso mesmo. Do começo do post até aqui eu acabei descobrindo uma banda mais underground que BOaT! Esperem por mais posts sobre música japonesa.

vlw flw té mais

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Relato do bagulho pra ir de graça pro Nippon

O consulado do Japão no Brasil todo ano faz uma, uh, "campanha" pra mandar uns jovens nikkeis pro Japão pra eles conhecerem lá e basicamente promoverem o turismo e a cultura japonesa depois que voltarem a terras tupiniquins, como eu passei lá no Consulado pra fazer aquela prova pra estudar no Nippon (que deve ter sido uma das maiores humilhações da minha vida), eu acabei entrando na mailist deles.

Mas o buraco é mais embaixo: pra se candidatar você precisa preencher um formulário onde precisam constar suas redes sociais e a quantidade de amigos/seguidores, além de uma redação sobre o que você esperava da viagem, vocês já imaginam o que fiz nessa redação né?

Eu tava realmente querendo entrar nessa coisa, maluco, a redação era pra ter uma folha A4 e eu basicamente escrevi a história inteira do Japão e cheguei ATÉ O CENÁRIO UNDERGROUND JAPONÊS e como ele é um reflexo da sociedade japonesa como um todo, quando fui ver a redação tava com quase três páginas e eu ainda não tinha explicitado o porquê de eu querer ir nessa viagem. Acabei desistindo, já eram quase 22h do dia do prazo limite e minha redação tava ridícula, na moral que eu merecia um prêmio por chegar dos samurais à Shiina Ringo em duas páginas e meia. Já dizia o sábio: "sempre leve a discussão pra onde você tenha domínio".

Eu não faço ideia do tipo de gente que é selecionado nesse programa. Nikkeis que tenham um contato com o consulado ao mesmo tempo que tenham uma quantidade considerável de seguidores? Não é uma intersecção das maiores eu acho.

Aliás, o Consulado do Japão é bem sem graça, são basicamente uns andares no Top Center na Paulista, mas com as placas em japonês e uma TV passando NHK 24/7 não tem como não achar que você está num pedaço da terra do sol nascente.

Este é um post que tava arquivado faz um tempinho, só dei uns retoques.
flwflw té mais

sábado, 4 de agosto de 2018

O que escrevo quando escrevo sobre escrever

Pode não parecer mas eu amo escrever.

Quero dizer, acho que isso é meio óbvio vindo de uma pessoa com um blog com mais de 300 posts, mas eu não tenho esse blog só pra merda que não falaria em público senão perderia todas as amizades, acho que escrever é uma das coisas mais legais que você pode fazer.

Olha, eu desenho mal pra caralho, não sei tocar nenhum instrumento (apesar de estar num aprendizado infinito pra pegar o básico de guitarra), não sei cantar e nem atuar ou qualquer outra arte que seja, eu só """"sei"""" escrever, e gosto muito disso.

Minha paixão por escrever veio lá pelos idos de 2008 quando um professor do ensino médio do meu colégio acabou dando aula pra nossa turma, que no caso era o sétimo ano, e ele era fenomenal. Acho que nunca tive um professor que soubesse instigar tão bem os alunos quanto ele, sem a pressão do vestibular, esse professor fazia a gente escrever redações de tema livre constantemente e incentivava a gente a ler a dita cuja na frente da sala toda, em uma tacada ele fazia a molecada ter uma paixão por escrever e ainda fazia com que as pessoas perdessem a timidez, genial.

Eu escrevia as maiores histórias de protesto no auge do meu militantismo ateu aos 12 anos de idade, criei também umas das histórias mais épicas até então: uma narrativa de personagens homônimos à meu círculo mais próximo de amigos que conquistava a Rússia... fantasias de um menino de 12 anos. Essa história acabou rendendo umas dez folhas frente e verso e depois ainda desenvolvi a timeline dessa história pra um universo que se expandia em mais de 200 anos de revoltas, revoluções e reformas políticas que assolaram o mundo.

Needless to say que a história ficou uma merda, TODO MUNDO da sala queria que eu lesse aquela porra já que, quando todo mundo que queria ler as redações acabassem de lê-las, a aula ia rolar normal. Eu não li aquela merda mas eu amei FAZER aquela história, assim como quando você desenha, não é toda coisa que você escreve que precisa necessariamente ser publicado ou mesmo ser mostrado pra qualquer pessoa que seja, escrever pode ser um passatempo também.

Quero dizer, minha gramática é horrível, uma pessoa com a mínima noção de português iria regurgitar se visse o uso de vírgulas neste blog, todo e qualquer respeito que eu tinha pela norma padrão do uso da língua portuguesa se esvaiu depois que terminei a última redação de vestibular que fiz, que deve ter sido da COMVEST.

O uso exclusivo da primeira pessoa? Culpe meu amor incondicional por "Apanhador no Campo de Centeio" e pelas obras do Haruki Murakami, eu sei que num blog o uso de primeira pessoa é o usual, mas se eu fosse escrever um livro com certeza ele seria em primeira pessoa.

Eu até pensei em escrever uma história, ou melhor: UMA FICÇÃO. Sem nenhuma pretensão de fazer sucesso ou qualquer merda dessa, afinal escrevo mal e não sou youtuber, mas eu sou péssimo em escrever histórias, na maioria das vezes que tentei criar algo, esse algo acabou ficando muito parecido com coisas que já existiam (vulgo plágio), ou então ficou um bagulho totalmente desinteressante.

O que eu tentei fazer um tempo atrás foi criar personagens, eu tenho a minha teoria mestra que, desde que a história não seja uma fantasia ou ficção científica, ela é muito mais movida pelos personagens do que pelo enredo em si, logo criei personagens. O problema dessa vez foi que eu tentei ao máximo fugir de estereótipos e de personagens parecidos com os que já existiam, o resultado foi um misto de personagens femininas que pareciam ter sido tiradas de doramas japoneses e personagens masculinos vindos de livros americanos do pós-guerra, em suma ficaram uma bosta. A melhor personagem feminina que criei foi uma garçonete e o melhor personagem masculino foi um boxeador, minha criatividade não está nos seus melhores dias. Outro problema é que às vezes eu esqueço que estou no Brasil e meus personagens saem Sayako, Kaworu, Yukio, Haru, Makoto e quando me sinto patriota pra caralho saem João, Maria, Luís Antônio e Ana Cláudia, não tem meio termo aqui.

Enfim, espero um dia escrever uma história legal e ficar milionário com uma adaptação hollywoodiana com a Scarlett Johansson de principal, to zoando galera, eu preferia 100x a Fumi Nikaido como principal, ela é tão fofinha :3.

See ya next time, to com uns três posts no rascunho pra postar aqui ainda, este aqui acabou de sair do forno tho.

vlwflw, té mais

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Uma reflexão sobre Juventude e Felicidade

Eu ia escrever um post sobre isso faz um tempo mas começaram as aulas e a preguiça falou mais alto, mas enfim, vamos lá.

Se tudo der certo eu vou pro Japão, é um esquema já conhecido: como descendentes de japoneses possuem acesso "facilitado" a vistos de trabalho no Japão ("facilitado" porque ainda é um saco pra tirar essa porra), é comum algumas agências oferecerem pacotes de viagem para jovens irem trabalhar durante as férias escolares pra juntar uma graninha e pra passear usando a grana tirada do próprio trampo, nice.

E caralho, eu sempre tive vontade de ir pro Nippon, antes era por eu ter SIDO um otaku, agora juntou meio que uma busca por identidade e sim, SIM! VER SHOWS DE BANDAS UNDERGROUND, PORRA! Meu deus, eu sei que ver um show da Shiina Ringo está praticamente fora de cogitação, já que os ingressos são caríssimos e os lugares reservados para não-membros do fã clube são praticamente fora da venue, mas um show do Mass of the Fermenting Dregs ou da Kaneko Ayano seriam um sonho.

Nos últimos tempos eu acabei passando por uma crise de 1/4 de idade, depois de ler uns quatro livros depressivos desde o ano passado e refletindo sobre minha vida até então eu me perguntei: "como que aproveitei minha juventude?" Sim, podem rir de mim, tenho 22 anos, estou praticamente na crista da onda agora (ou deveria estar) mas a coisa é: se tem uma palavra em inglês pra me descrever, esta palavra é LAME. Não bebo (tirando, obviamente, a divina SERRAMALTE), não fumo, não uso drogas (ilegais) e tenho a leve impressão que um frade franciscano tem uma vida mais boêmia que a minha.

Veja bem, acho que projetei um ideal de boemia muito nipônico, já ouço música underground japonesa desde meus 15~16 anos e acompanho instagram e o twitter de praticamente todo membro de banda possível e como já disse num post (acho que de 2015), eu admiro muito como a cena underground lá é unida, todas as bandas se conhecem e sempre tocam juntas e saem pra beber juntas também, ERA COMO SE FOSSE O PODER DA AMIZADE DOS MANGÁS SHOUNEN FOSSE REAL, fiquei emocionado na real. Isso foi até eu começar a ler os relatos de como a indústria musical japonesa é quase tão predatória quanto busca por estágio da Poli, bem que até aí a indústria musical do mundo todo é um cu. Fora isso tem os mangás e livros que li sobre o underground japonês que foram a maior punheta mental que já fiz na vida, mais até que a vontade que tive de viver no anos 1920 nos States depois de ler Grande Gatsby porque O JAPÃO (ainda) ESTÁ LÁ.

Aaaaacho que divaguei um pouco demais da conta mas enfim, se eu espero achar toda a minha juventude perdida lá no Japão? Óbvio que não, eu não sou japonês pra começar. Eu passei boa parte do meu tempo livre lendo livros e mangás e procurando música desconhecida de um país no extremo oposto do globo por opção, antes eu dizia que não me arrependia de nada na vida mas convenhamos, ninguém é assim, por mais que eu passe longe de baladas e afins como o tinhoso foge da cruz, e não me arrependo disso, acho que ao invés de procurar bandas obscuras do Japão eu podia ter simplesmente descido a Augusta e pago uma entrada de 20 conto pra descobrir uma nova banda de shoegaze com alunos da ECA que fazem um som que é uma mistura de MBV com Slowdive, estou devendo essa pro nosso cenário underground.

Sinceramente, eu estou SALIVANDO pra ir num show num basement no Japão. Vai tomar no cu, to aceitando até mini festival de bandas de metal mas EU PRECISO IR NUM SHOW DE BANDA INDIE LÁ. Eu estava até vendo a etiquette que você deve ter nos clubs: maioria das venues não permitem fotografar ou filmar e geralmente você precisa pagar uma bebida junto com o ingresso na entrada. Se eu conseguir ver a Kaneko Ayano ao vivo eu já posso dizer que a viagem valeu a pena, amo essa mulher.

Mas enfim, acho que é isso. Não estou aqui pra ficar lamentando e dizendo que minha juventude foi perdida em coisas inúteis, longe disso, eu não trocaria minhas memórias com meus amigos nem por uma viagem no tempo para os anos 1920, nem por um show da Shiina Ringo. E agora eu já não projeto minha felicidade somente num porão onde bandas japonesas desconhecidas tocam shoegaze, por mais que eu tenha uma curiosidade imensa em conhecer o cenário musical japonês de perto, eu ainda acho que beber uma Serramalte junto com uma porção do petisco mais barato do bar enquanto converso com meus amigos é uma boa definição do que é felicidade de verdade.

E é isso, foi mal pelo post longo mas eu tava afim de escrever hoje.
vlwflw té mais