sábado, 24 de setembro de 2022

formei (parte 2)`

Hoje (dia 16, este post já vem sendo escrito faz uma semana) fui lá pegar meu certificado de formatura, já que o diploma vai demorar um tempão ainda, e levei meus pais pra conhecerem parte da Poli que dava pra entrar, namely o Biênio e a Mecânica.

Foi bacana andar pelos corredores da Poli sem a pressão de estar na Poli, ou pior: querendo entrar na Poli, você vê a faculdade de outro jeito, tudo parece meio nostálgico, mesmo que eu tenha terminado minha última matéria que precisava faz menos de um mês.

Teve uma cerimônia pra colação onde o diretor fez discurso e chamavam um a um pra assinar lá o termo da colação pra pegar um envelope com o certificado de formatura da Poli.

E o envelope que te entregam não poderia ser mais pretensioso, nele estão impressas quatro linhas:

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA POLITÉCNICA

[SEU NOME]

ENGENHEIRO

Engenheiro, sem qualquer adereço ou sufixo, apenas Engenheiro.

Engenheiro, mané! Faz quanto tempo que eu já tinha esquecido que eu cursava engenharia!

Quero dizer, eu sou engenheiro de dados no meu trampo, mas todo mundo sabe que os nomes desses cargos de TI são cheios de perfumaria, eu não vou me adentrar muito nisso neste post porque não quero me encrencar, ainda.

Mas enfim, isso me fez lembrar a primeira aula de Introdução à Engenharia, onde o professor, um cara já semi-aposentado do departamento de Engenharia Metalúrgica disse: "a função do engenheiro é resolver problemas". Óbvio que isso é a maior meteção de louco possível, porque se fosse por essa definição o maior engenheiro de todos os tempos seria um médico, mas devo dizer que isso foi o bastante para motivar o então jovem Yoiti de 19 anos, recém saído de cursinho.

E ao longo da graduação a minha idealização da (minha) carreira de engenheiro sofreu diversas mudanças. Na maioria do tempo até pegar meu estágio no banco eu realmente procurei trampar na área, mas pra naval em particular é quase impossível achar um trampo bacana e que pague bem, pior ainda se você restringir a área de busca só pra São Paulo. Consultoria (das grandes) eu sequer cogitei, mal consigo trampar 8h por dia, imagina 14, então restou banco e start-up. Eu juro pra vocês que tentei achar uma start-up que não fosse um poço de positividade tóxica mas não rolou, então cá estou eu num bancão.

Mas é, pra todos os efeitos eu me tornei um engenheiro naval.

E eu tenho muito orgulho da minha formação, por mais que seja paia ter orgulho de ter feito Poli, acho que por bem ou por mal aquela faculdade te marca. Como eu já tinha dito no último post: a melhor parte foi ter conhecido um monte de gente bacana, mas os nabos te deixam esperto pra vida. 

E vou te falar hein, entre o pessoal do meu ensino médio numa escola católica de bairro e o pessoal que conheci fazendo Poli, como um todo, eu prefiro o pessoal que conheci na Poli. É bizarro como a galera numa escola com menos de 200 pessoas no ensino médio tinha ego maior do que estudantes da Escola Politécnica da USP, acho que as reprovações em massa realmente deixam a galera mais humilde.

Mas escapei um pouco da tangente aqui, o que passou passou, seja por bem ou por mal.

E agora? Eu não faço ideia.

A curto prazo vai rolar a prova interna no trampo que eu tinha falado no último post mas depois disso? Como estou numa área com constante mudança e novas tecnologias, acho que é inevitável uma pós ou alguma especialização ao longo do caminho, mas quero dar uns dois anos sem pisar numa sala de aula (ainda mais da USP) antes de pensar em continuar meus estudos. Mas eu queria voltar pra USP de alguma forma, por mais que eu tenha apanhado absurdamente lá, acho que uma pós ou coisa assim vai ser menos traumatizante, melhor ainda se for de graça.

Mas enfim, efetivamente minha vida não mudou muito, continuo ganhando o mesmo salário e estou no mesmo cargo, meu currículo só precisa ser atualizado para por o final da minha graduação lá e é isso.

Mas rapaz, como não é um alívio ter esse peso tirado das minhas costas.

Eu juro pra vocês, eu não lembrava dos meus sonhos (porque é conhecimento comum que todos nós sonhamos, só não lembramos dos sonhos às vezes) já faz uns anos, com raras exceções, mas desde que peguei meu envelope na colação de grau, TODO SANTO DIA eu lembro do meu sonho. E não é só isso: eu estou dormindo mais rápido, acordo com mais disposição e tudo mais.

Essa é a primeira vez desde 2011~2012 que eu me sinto decentemente sem uma arma na minha cabeça. Ok, talvez isso seja exagero, já que a época entre as minhas aprovações nos vestibulares e o começo das provas do primeiro ano da Poli também foram super tranquilas, mas hmmm, ainda estou digerindo essa pequena glória.

Com certeza eu fiquei bem mais feliz quando passei na Poli do que quando formei, mas acho que o alívio agora de estar formado e num emprego decente (e relativamente estável) é bem maior.

Mas é, acho que o impacto de eu ter feito Poli só será sentido daqui uns anos. Eu sinceramente não acho que tem uma diferença tão grande (quando há) entre quem fez Poli e quem fez outras faculdades, já dá pra notar isso olhando o pessoal no trampo, mas tem coisa que só quem passou pelo inferno que é aquela faculdade sabe como é. 

No mais, adeus Escola Politécnica da Universidade de São Paulo!

Agora estou marcado como um Politécnico para a vida toda, Engenheiro Naval ainda por cima! (pelo menos no papel). Vamos ver onde isso vai nos levar.

E é isso aí, estou escrevendo este post já faz uma semana achando que ia cair a ficha da minha formatura mas não, tirando o peso nas costas que evaporou, parece que a vida não dá duas pirueta quando você acaba a faculdade.

Então acabo aqui essa crônica de saudade, acho que vou carregar a Poli pro resto da minha vida, então esperem muitos e muitos posts sobre esse meu período da minha vida.

vlw flw té mais!