domingo, 21 de novembro de 2021

eu trabalho numa empresa bem grande

Eu estou estagiando já desde Abril mas ontem foi meu primeiro dia presencial no trampo.

Como o pessoal bem disse: não era um dia pra trabalhar TRABALHAR. Maioria do pessoal veio do interior pra empresa pela primeira vez em mais de um ano. Teve uma reunião que ocupou toda a parte da manhã da sexta-feira e, bem, era sexta-feira, ninguém tá pilhado numa sexta.

Meu setor tem umas 10 pessoas, sendo que duas moram fora do ESTADO, umas cinco moram fora da cidade e basicamente eu sou o que mora mais perto, o que é mais ou menos meia hora do meu quarto até eu entrar no meu andar.

Obviamente que quando tava presencial pré-pandemia a galera toda morava em São Paulo, mas como a empresa já viu que deixar o pessoal escolher de onde trabalhar é o que dá menos despesas e mais produtividade e o pessoal não tinha tanta afeição por São Paulo a ponto de pagar o triplo por um aluguel de um apê aqui do valor que seria uma parcela de casa no interior, então a escolha fica fácil pros dois lados.

A galera que veio do interior só pra trabalhar na sexta veio mais pra reencontrar (ou conhecer) o resto do pessoal e também pra comer num restaurante perto da empresa, um restaurante delicioso diga-se de passagem. 

Eu me perdi no prédio em todos os momentos que não estava com meus colegas de trabalho, aquela porra tem cinco torres, uns 4 andares térreos com nomes genéricos e meu senso de direção completamente comprometido por dois anos de isolamento também não ajudaram.

Mas mesmo me perdendo, eu gostei bastante do prédio da empresa, ele é ginorme. Dá pra sair do metrô e entrar no prédio sem tomar chuva debaixo de uma tempestade e dentro do prédio tem basicamente tudo o que você pode precisar: drogaria, loja de conveniência, sorveteria e aposto que tem muito mais que não vi no dia que fui lá.

Os meus colegas de trabalho também são super legais, o que eu já sabia pelo o que interagi com eles por distância, mas é bom ver que as pessoas que ouço nas calls semanais realmente existem de verdade.

Hmm, eu provavelmente só vou trabalhar lá presencialmente de novo no ano que vem, se muito vou mais uma vez no mês que vem, depois disso também é bem pouco provável que eu volte 100% presencial, mas é bom saber que caso eu não queira trabalhar em casa, existe a possibilidade de trabalhar em um lugar agradável relativamente próximo. 

Enfim, ano que vem EU ESPERO que sobre só mais uma matéria pra fazer na Poli, então vou poder me concentrar bem mais no trampo pra ser efetivado e então vou poder sonhar com mais benefícios aí hehehe, até lá seguimos sofrendo com a Poli e o estágio comendo meu cu ao mesmo tempo YEEHAW pelo menos o estágio me paga pra isso...

E é isso aí, vlw flw té mais!

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Ah não, meu post foi parar em Shimokitazawa de novo

Nessas últimas semanas eu me encontrei com um dos amigos que conheci no Japão e a gente, como sempre, ficou trocando memórias daqueles dias na Terra do Sol Nascente.

Eu falei pra ele que o hostel que fiquei em Shimokita e uma casa de shows onde fui ver meu primeiro show fecharam por causa da pandemia, além de uma outra casa de shows que fui também estar programada pra fechar ano que vem.

Ele me perguntou se o café que a gente foi em Shimokita também fechou, fui ver no instagram deles e bingo, fechou no final do ano passado.

Assim que voltei pra casa eu acabei procurando como estavam os outros lugares que frequentei lá. Dentre as casas de show, pelo o que consegui entender, foram realmente só a Yoyogi Zher The Zoo que já fechou e o (LENDÁRIO) Studio Coast que vai fechar ano que ver. Além das duas casas o Akasaka Blitz (onde foi o último show do Fishmans) que visitei só pra tirar foto também já anunciou que vai fechar, as outras casas de show que fui têm patrocinadores muito fortes (tipo o Shibuya Club Quattro que é da PARCO)  ou possuem história demais (tipo o Shinjuku Loft que já está há 25 anos no mesmo lugar mas tem uma história de mais de 50) e parecem já estar fazendo shows com um público bom até.

O que me deixou meio triste foram o fechamento do hostel e do café em Shimokita. O bairro de Shimokitazawa está longe de ser o que era antes: um vibrante bairro no oeste de Tokyo que era dominado por pequenos comércios, lar de artistas independentes e longe do caos dos turistas de Shibuya, a poucas estações dali. Quando eu fui visitar, Shimokitazawa já era praticamente uma Shibuya com alguns pouquíssimos comércios locais, casas de show pequenas e brechós superfaturados, mas eu amei o bairro do mesmo jeito. 

Eu ainda me lembro da primeira vez que pisei em Shimokitazawa: era já de noite, era minha segunda vez que eu ia pra Tokyo pra ver show, eu tinha acabado de comer ramen com meus amigos da faculdade em Shinjuku e precisava chegar antes das 22h pra fazer o check-in. Eu peguei a linha Odakyu de Shinjuku até Shimokita (que era uma viagem relativamente curta) e... é difícil descrever a sensação que tive. Eu corri pro hostel, que era bem do lado da estação, e foi aquela história: perguntei pro cara do hostel onde o Kinoko Teikoku tinha gravado Chronostasis e fui lá conhecer a rua. 

No caminho pra tal rua eu me maravilhei com aquele lugar. É difícil descrever o que senti naquela caminhada de noite mas eu estava montando a imagem de Shimokitazawa na minha cabeça desde 2013~2014 quando conheci melhor o cenário musical do bairro, tem até um post que fiz em 2015 falando sobre (mas que tenho vergonha de linkar aqui). Mas é, eu entendo porque o bairro é tão amado e porque os artistas frequentam lá, a atmosfera é muito gostosinha.

Nessa minha primeira visita a Shimokita eu acabei não conhecendo muito o cotidiano do bairro, eu acabei passeando de manhã e só voltei pra dormir lá no hostel por dois dias. Foi voltando lá mais pro final da viagem, ainda mais no dia que dei uma andada por toda Setagaya, que eu realmente consegui entender Shimokita como uma parte da região toda lá de Setagaya. Aí foi tiro e queda, até hoje meu lugar favorito no mundo.

Shimokitazawa tem umas três regiões bem bacanas: descendo a Chazawa-dori que está perto da saída sudeste da estação (onde tem o Mister Donut, ABC Mart grandão), subindo a Chazawa-dori (lugar das galerias, restaurantes de curry e brechós) e aquela parte depois da pracinha que tem feira na saída da estação da linha Keio-Inokashira (onde estão as lojas de roupas caras e brechós EXTREMAMENTE superfaturados).

Eu acabei de olhar no Street View como está o bairro e, como eu temia, as notícias não são boas. Um arcade acabou virando Donqui (uma rede ginorme de lojas), uma loja de soba virou Burger King e cada vez mais só dá pra ver lá as lojas que você encontraria em qualquer canto de Tokyo: Daiso, Zoff, ABC Mart, BK, Donqui, Book-Off, McDonalds. Ainda restam os brechós, as casas de show e alguns restaurantes pequenos, mas o futuro não parece muito promissor.

Ao mesmo tempo que fico triste em não ter visto Shimokitazawa no seu auge, supostamente nos anos 80~90, eu agradeço por ter conseguido presenciar ainda que as últimas labaredas do que foi o bairro mais interessante de Tokyo. Uma obra que só fomentou meu desejo de conhecer o bairro foi o livro Moshi Moshi da Banana Yoshimoto, onde ela cita essa descrição do bairro no começo do livro:

"The clutter of streets and buildings, which seem to have been left to spread and grow without any thought – they sometimes appear very beautiful, like a bird eating a flower, or a cat jumping down gracefully from a height. I feel that what might seem at first sight to be carelessness and disorder in fact expresses the purest parts of our unconscious."

E Shimokita é isso mesmo, são ruelas tortas perdidas no oeste de Tokyo. Não é um local particularmente interessante pra quem não curte a cena musical mas é certamente um local interessante de conhecer depois de ver o caos que são Shibuya e Shinjuku. Koenji tem mais ou menos essa vibe mas é um pouco mais residencial e (ainda) não descoberta por turistas e grandes redes de lojas. Koenji é Shimokita sem o hype, e com uma cena musical diferente... mas ainda prefiro Shimokitazawa.

Acho que meu carinho depois da viagem pro Japão já não é mais restrito a Shimokitazawa só, mas sim a Setagaya inteira. Deus sabe que o post que mais curti escrever foi sobre o dia que explorei Setagaya, que foi meu dia favorito da minha última semana no Japão. Eu não quero me repetir mas puxa, Sangenjaya, Todoroki, Futako Tamagawa e Shimokitazawa são incríveis. Eu consigo me imaginar facilmente vivendo só dentro de Setagaya, Shinjuku pode parecer legal e tal mas uma pessoal normal não consegue morar lá.

Enfim, eu tenho pouquíssimas esperanças de voltar ao Japão antes dos meus 30 anos, isto é, antes de 2026, então já abandono qualquer chance de ver a Shimokitazawa que vi em 2019. E acho que Tokyo é isso mesmo, eu falava sempre uma frase estupidamente clichê: você não vê duas vezes a mesma Tokyo, a cidade sempre está mudando. E isso pode ser bom como pode ser ruim também.

Eu nem ia escrever sobre Shimokitazawa DE NOVO mas foi onde o post me levou, paciência.

Não vou postar foto de Shimokita porque já devo ter postado todas aqui.

vlw flw té mais!