domingo, 22 de outubro de 2023

アイドル

Eu amo Oshi no Ko, amo amo amo de coração. 

É um mangá que me prendeu desde quando comecei a ler uns anos atrás (ano passado ou retrasado) e isso foi um pouco depois de me adentrar no universo das vtubers, então eu entendia um pouquinho da fixação por idols.

Hmm, era pra ser um post rápido sobre Oshi no Ko mas eu achei um tema bacana: Idols.


 

Nota: Eu sei que tem muito fã diehard pesado de idols japonesas na internet (inclusive brasileira), então já aviso: EU SOU INICIANTE NO ASSUNTO IDOLS, SEI MUITO POUCO E AINDA ESTOU APRENDENDO SOBRE O ASSUNTO. Se quiserem fazer correções sintam-se à vontade pra comentar neste post.

Cara, acho que é uma coisa muito maneira de estudar, e deve ter uma caralhada de artigos sobre, mas quando a gente vê o conceito de idol e toda a história que culminou nos grupos de kpop de hoje em dia, não é absurdo falar que toda essa subcultura surgiu no pós-guerra com a Hibari Misora, a cantora favorita de 9 a cada 10 batchans no Brasil.



 

A Hibari Misora foi a primeira grande estrela do Japão pós-guerra e ela era atriz de sucesso também, foi ela quem criou meio que os moldes de como uma idol deveria ser. 

Só que hoje em dia é meio consenso que o conceito de idol em si surgiu um pouco depois, com um filme francês chamado Cherchez l'Idole. Nesse filme a cantora Sylvie Vartan faz uma apresentação que moldou o que seria uma idol ideal no Japão. O lançamento do filme criou uma febre e um culto pela imagem da Sylvie Vartan.


Sim, uma cena de dois minutos num filme francês que sequer tem uma página decente na Wikipedia hoje foi o que criou (ou pelo menos deu o nome) a indústria de Idols, incrível. E esse conceito veio junto com uma forma menos orgânica para a criação de idols, onde programas de auditório faziam (e ainda fazem) concursos e audições para selecionar novas idols.

Você que não sabe absolutamente nada de música japonesa antes do Jpop: a música popular japonesa tinha uma divisão bem clara entre Enka e Kayokyoku. O Enka já tinha certa influência ocidental (a mais óbvia era o uso de orquestras inteiras) mas o jeito de cantar ainda era muito ligado ao canto tradicional japonês, como pode-se ver no vídeo acima da Hibari Misora. O Kayokyoku já era um pop mais ocidental mesmo, apesar de ter suas particularidades que fazem com que boa parte do gênero possa ser confundido com Enka hoje.

Mas enfim, eu não curto Enka então do gênero só vou falar da Hibari Misora mesmo. Até porque o conceito de Idol é extremamente atrelado ao Kayokyoku mesmo.

O Kayokyoku, ou Jpop dos anos Showa, é o que eu considero a era de ouro das idols. Era o Jpop antes do Jpop, apesar de ser meio espinhoso falar com certeza onde um termina e outro começa, mas é fato que idols como daquela época já não existem mais.

Pra mim a maior idol de todos os tempos, e o molde definitivo do que seria uma idol, é a Momoe Yamaguchi:



Linda, voz marcante, carisma absurdo, a Momoe tinha tudo. Acabou se casando aos 21 anos, se aposentando no auge da carreira. É minha kamioshi (idol favorita de todas) até hoje.

Outras idols do Kayokyoku que valem a pena citar:

Akina Nakamori





Seiko Matsuda, acho que a idol mais famosa do Kayokyoku:




Foi no Kayokyoku que um animal teve a brilhante ideia de colocar um monte de idols num grupo grande o suficiente para ninguém em sã consciência lembrar do nome de todos os membros, assim foi criado o Onyanko Club:


Por trás do Onyanko Club estava um compositor novato que seria muito conhecido dali a pouco: o Yasushi Akimoto.

Na transição do kayokyoku pro Jpop as idols estavam em baixa, talvez porque a economia japonesa foi pro saco, mas por bem ou por mal os anos 90 foram uma seca para o mercado de idols.

Mas nos anos 90 surgiu o Morning Musume, grupo que existe até hoje:


No começo dos anos 2000 o nosso amigo Yasushi Akimoto (lembram dele?) que tinha criado o Onyanko Club nos anos 80, decidiu criar mais um grupo de idols ginorme, o AKB48:


Cara, daí pra frente foi uma clusterfuck do caralho: criaram grupos 48 pra cima e pra baixo, depois o Akimoto criou os grupos 46 (um pouco menos piores, acho) e o Japão ficou infestado de grupos ginormes de idols descartáveis.

Enquanto o Japão, como sempre, focava no mercado interno na hora de criar grupos de meninas bonitinhas e, preocupantemente, infantilizadas, a Coreia do Sul dava luz ao kpop como conhecemos hoje, muito influenciado pelo mercado de idols do Japão:

Pra falar a real: eu não sei nada sobre idols japonesas, e sei menos ainda de idols coreanas, mas julgo que Girls' Generation tenha sido um dos primeiros grandes grupos de kpop.

Mas enfim, dessa época dos grupos 48 e do começo do Kpop moderno até hoje, o conceito de idol se dobrou e desdobrou, criaram grupos de idols com os conceitos mais absurdos que você possa imaginar, tipo misturar o kawaii típico das idols com um gênero nada a ver tipo metal, assim surgiu o Babymetal:

O negócio é que, apesar das vendas físicas continuarem altas por estarem atreladas a sistemas de loteria para ingresso de show, os grupos tradicionais de idols no Japão estão decaindo e a popularidade das idols coreanas está aumentando. O interessante é que as idols coreanas são bem mais populares entre o público feminino do que o masculino no Japão, eu posso te dar uma miríade de bons motivos pra isso mas se resume em: o kpop não é pra gente que precisa sexualizar (e as vezes infantilizar...) até as artistas que ouve.

Enfim, qual é o próximo passo você me pergunta? Idols virtuais, obviamente.

Cara, o caso da Hatsune Miku é extremamente particular porque ela não surgiu como uma idol na sua criação e se tornou um símbolo cultural enorme com o tempo, mas acho que dá pra falar que ela foi a primeira grande idol virtual.


 

Eu não sei o quão familiarizado vocês estão com o conceito de V-tubers mas em suma: são streamers que, ao invés de usarem uma câmera para se filmarem enquanto transmitem na internet, usam um detector de movimento que transforma a pessoa num avatar virtual. A grande sacada do capitalismo japonês foi misturar esse conceito novo com uma reinvenção do que é ser uma idol. A minha Vtuber favorita é a Hoshimachi Suisei:

A grande diferença entre a Miku e as V-Tubers é que a Miku realmente não tem uma pessoa de carne e osso por trás cantando, é um sintetizador, enquanto as V-Tubers só têm de virtual mesmo a aparência.

E é isso. Acho que as idols virtuais vieram pra ficar, porque elas solucionam o grande problema que as idols sempre tiveram que enfrentar: fãs malucos. Além de ser um personagem feito pra ser idol, que pode ser moldado a bel prazer dos produtores. Eu sendo fã tanto da Hoshimachi Suisei quanto da Momoe Yamaguchi amo de coração as duas mas de maneiras diferentes.

Agora, você me pergunta o que acho da indústria de idols? Acho uma merda.

Eu não sei ABSOLUTAMENTE NADA de idols homens, então minha opinião vai ser totalmente baseada em alguém que sabe MAIS OU MENOS da história das idols mulheres e assim... é uma merda pelo mesmo motivo de ser legal: as idols vendem um sonho.

Acho que o motivo de eu gostar tanto de Oshi no Ko é que a obra foca bem nessa "mentira linda" que é o universo das idols. Você wota (fã de idols) malucão NUNCA vai se casar com sua idol, ela sempre vai estar no palco e não vai saber que você sequer existe (na maioria das vezes) mas acho que essa é a beleza da coisa, a promessa, a ilusão da construção da imagem da idol é um negócio espetacular, eu admiro demais o esforço que vai no negócio todo, só que a merda é que o que isso gera de relacionamento para-social não tá escrito.

Ah, lembrei de outra obra além de Oshi no Ko que é do caralho pra entender um pouco mais de idols: Perfect Blue, meu filme de anime favorito.


Hmm, acho que tá bom de texto por hoje. Eu escrevi boa parte deste texto faz um tempo e terminei hoje com uns 3 parágrafos. 

Cara, esse assunto de idols é uma coisa absurda de interessante, e anda de mãos dadas com a história da própria música japonesa. As idols do kayokyoku (dos anos 70 e 80) em sua maioria eram cantoras, atrizes e multi-talento, e você não vê algo remotamente parecido no ocidente. Tem cantoras e cantores que participavam de filmes por aqui? Com certeza, mas as idols eram basicamente full-time nas duas funções, o que não queria dizer que eram necessariamente boas em ambos.

Enfim, posso ficar falando sobre o assunto por horas e horas mas quero dormir.

Ah, antes que vocês me perguntem: Sim, o City Pop faz parte do Kayokyoku mas geralmente as cantoras do City Pop eram mais cantoras mesmo, do que idols. (Eu sei bem pouco de City Pop pra falar a real, mas pode vir a ser assunto de post futuro).

Ok, é isso, escrevi demais já.

vlw flw té mais!

domingo, 15 de outubro de 2023

Uhhhhh mudando de assunto...

Cara, eu tive uma caralhada de ideias de post mas acabei jogando elas pro rascunho de volta por PREGUIÇA, tá aí umas ideias que viraram posts de uns 3 parágrafos e acabei miando de escrever:

  • História da cultura de Idols no Japão (esse tá ginorme na verdade, mas tenho zero confiança no meu taco pra postar);
  • História de como virei padrinho de casamento e como foi um casamento tradicional chinês;
  • Sukiya da São Joaquim fechou para reformas, minha história com esse restaurante;
  • O bar que frequento aqui perto de casa, e as pessoas que conheci lá.

E tem mais uma caralhada de ideias que nem sequer saíram da minha cabeça. Vamos tentar falar um pouco de tudo e transformar tudo numa maçaroca incompreensível.

A história da indústria de idols em especial é um assunto extremamente interessante não só pra quem gosta de K-Pop e J-Pop hoje como pra quem gosta de Kayokyoku (o que engloba City Pop) e Enka das antigas também, e fica complicado porque não dá pra falar das idols no Japão sem falar da indústria como um todo. O desenvolvimento do Kayokyoku é totalmente atrelado ao pessoal que era do Happy End por exemplo, que foi a banda que provou que era possível cantar Rock em japonês.

Mas enfim, das coisas interessantes que descobri foi que o conceito de Idol surgiu de um filme francês que fez um sucesso absurdo no Japão na década de 60:


Eu não achei o filme pra ver (e provavelmente eu não veria) mas pelo o que entendi a Sylvie Vartan só apareceu nessa cena e os japoneses criaram um arquétipo inteiro que perduraria por mais de 50 anos depois só pela performance dela aí, incrível. 

E o que me fez pesquisar a história das idols foi o meu vício recente em Oshi no Ko. Acho que não é exagero dizer que, pelo menos no Japão, quando você fala em idol você vai pensar na Ai Hoshino do Oshi no Ko, o mesmo acontecia com a Sylvie Vartan na década de 60, como os tempos mudam.

Acho que o conceito de idol no Japão é até mais antigo que a Sylvie Vartan, a Hibari Misora no pós-guerra não poderia ser descrita, hoje, de outra forma senão de idol daquela época, mesmo que a nomenclatura não existisse, mas isso já queria falar noutro post.


Mudando de assunto: um amigo meu da Naval, um dos melhores amigos (sou proibido de ter UM melhor amigo por questões contratuais), se casou no começo do mês e fui chamado pra ser padrinho.

Sim.

Eu fui padrinho de um casamento.

Foram uma série de primeiras-experiências para um jovem adulto e sinto que como padrinho devia ter feito mais coisa, mas isso é questão pro noivo (agora marido) me julgar. O legal é que foi um casamento chinês bem tradicional e tive uma série de choques culturais, foi uma experiência super bacana e ATESTO que foi o primeiro casamento que fui que não me senti nem um pouco desconfortável, acho que a razão principal foi que a festa começou cedo e terminou tipo antes das 18h, melhor coisa, não tenho idade pra varar mais a noite (acho que nunca tive).


Mudando de assunto: o Sukiya da São Joaquim está fechado para reformas.

Eu amo o Sukiya, tenho só lembranças boas de quaisquer vezes que comi numa franquia do restaurante. Seja nas inúmeras vezes que comi no SJ, ou quando comi na Santa Cruz, na Saúde ou na Paulista. Ou até mesmo em Yamanashi, Shinjuku(Yoyogi), Akihabara ou Shibuya. O conforto em achar um Sukiya aberto pra comer é incrível. 

O da São Joaquim em especial é como uma segunda casa pra mim. Da época que ele ainda era onde hoje estão fazendo a expansão do metrô. Eu fiquei feliz com a reforma (e mudança) que o Sukiya sofreu mas pensando hoje acho que preferia como era antes, com o balcão no centro. No Japão era bem raro ver gente comendo em grupos no Sukiya, era basicamente só gente sozinha e alguns grupos de turistas. Acho que por termos uma cultura de comer sempre em grupos o Sukiya fez a reforma na rede inteira deles pra ocidentalizar os espaços. Na maioria das vezes eu vou com amigos comer lá, mas o Sukiya mais japonês tinha um charme bem único que hoje me dá saudade. Espero que não ocidentalizem mais ainda o Sukiya.


Mudando de assunto: Hmm, acho que o post sobre o Kintaro em particular vai ter que esperar, quero escrever bastante coisa sobre.


E é isso então pessoal! Eu ando na maior correria ultimamente e não tava com tempo pra sequer pensar num post decente, então espero que este seja o bastante pra suprir essa falta de posts desde Agosto.

Acho que agora que consegui sentar pra escrever um post direito vai ser mais fácil escrever outros.

Ou não.

Valeu, falou,

Até mais!