sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Retrospectiva do ano de 2019

Como foi meu ano de 2019?
  • Do fim do ano passado pro meio de Março deste ano foi o melhor período da minha vida, tirando a parte braçal da coisa;
  • O resto do primeiro semestre foi um caos do caralho e quase que me fodi mais que deveria na Poli;
  • Julho foi bem bom, talvez as melhores férias de Julho que já tirei na vida;
  • Esse último semestre foi mais ou menos, acabei salvando várias coisas na rec e taquei uns foda-se que não deveria ter tacado, mas foi satisfatório.
Mas enfim, o ano foi ótimo se formos comparar com os anos passados, 2017 e 2018 foram anos terríveis, neste ano não teve amigo meu morrendo e nem o povo indo fazer merda nas urnas, o que tá rolando na política já nem me choca mais então acho que tá ok.

Eu acabei fazendo vários amigos, não apenas no arubaito mas também na Poli, pessoal com quem eu nunca cheguei a falar durante a graduação inteira e acabou sendo mais legal do que eu esperava, além de pessoas com quem sempre quis conversar mas nunca tive oportunidade até então. O curioso é que antes de ir pro Japão eu tinha, no máximo, uns 4 ou 5 amigos "japa", depois do arubaito e das amizades que fiz depois (muito por causa do arubaito), a quantidade de pessoas nessa categoria deve estar na casa das dezenas.

Agora saindo um pouco da minha vida pessoal: esse foi o ano que mais fui pro cinema: Joker, Irishman e Parasite foram filmes muito bons que eu não via faz um tempo já. Eu sempre faço propaganda pra Parasite quando posso.

Na música, pelo menos japonesa, não houveram grandes lançamentos.
  • O álbum que a Aimyon lançou quando eu tava no Japão ainda foi bem fraquinho; 
  • A Kaneko Ayano lançou um álbum interessante mas que também não quebrou grandes barreiras; 
  • O CRCK/LCKS soltou o primeiro full album deles que, pra mim pelo menos, foi mais fraco que o último EP; 
  • A Chiaki Sato lançou um álbum que não gostei mas, como disse em outros posts, entendo o porquê disso;
  • Teve o Saijiki do 3776 que é uma ideia extraordinária mas que não foi aplicada bem o suficiente pra se tornar um clássico moderno, mas foi por pouco;
  • A Non (Rena Nounen) lançou um EP interessante com os ex-membros do GO!GO!7188 , mas fica no interessante mesmo, nada demais;
  • O Hitsuji Bungaku lançou um EP novo, achei bem ruinzinho tirando o "Romance" que é minha favorita da banda;
  • Stereo Girl lançou um EP bem bom e tenho expectativas altas com a banda, tem algo na vocalista que me lembra a Yuki na fase pré-Takuya do Judy and Mary;
  • E meu lançamento favorito deste ano: o New Young City do For Tracy Hyde, eu acho que fui no primeiro show que eles tocaram umas músicas deste álbum, e são absurdas de boas. Tenho minas ressalvas quando comparo este álbum com o anterior da banda, mas é evidente que houve uma evolução no som dos caras. Fazer álbuns-conceito misturando Shoegaze, Twee, Jpop e Synthpop com três guitarras e uma vocalista que lembra cantora de abertura de anime é algo quase inimaginável, mas For Tracy Hyde consegue.
Pode parecer irônico que falei que não houveram grandes lançamentos e listei nove deles, mas esses aí foram todos que acompanhei, os que gostei basicamente foram o da Kaneko Ayano, o Saijiki, o EP novo do Stereo Girl e o NYC, 2018 foi bem melhor nesse quesito pelo menos.

No mundo dos videojogos eu só joguei mesmo Pokémon Sword e o Resident Evil 2 Remake neste ano, foi um ano bem fraquinho nessa área.

Enfim, é isso aí.
Cabou a retrospectiva e o Blog do Yoiti vai entrar em recesso até segundas ordens, como sempre.

O que estou falando? Este blog é um grande recesso .
vlw flw té mais

domingo, 22 de dezembro de 2019

Sdds de pegar um busão

Tem duas coisas randômicas que sempre me fazem lembrar do Japão: ônibus de rodoviária e o frio. Hoje vou falar dos ônibus.

Eu fui e voltei pra Tokyo seis vezes durante minha estadia no Japão, na primeira vez os meus primos foram me buscar em Yamanashi de carro e na última eu fui e voltei de trem expresso pra ver como era, mas nas quatro vezes que fui em Janeiro e Fevereiro, eu optei pela alternativa mais em conta: o ônibus.

O ônibus expresso de Kofu pra Tokyo partia da frente da estação de Kofu, numa espécie de terminal a céu aberto, e deixava os passageiros no terminal rodoviário de Shinjuku, que deve ser a rodoviária mais limpa do planeta.

Trajeto de Kofu pra Tokyo de busão.


O trajeto de Kofu pra Tokyo demorava umas duas horas e uns quebrados, dependia muito do trânsito na Via Expressa Chuo e do clima (no dia que fui quando estava chovendo e nevando, demorou um pouquinho a mais por conta de uns acidentes), normalmente no sentido contrário o tráfego fluía um pouco mais rápido.

E a viagem era uma coisa mágica, quase um ritual. Se na primeira viagem fui com medo, sem saber como me comportar, onde pegar o ônibus e onde eu ia parar em Tokyo, nas viagens de Fevereiro eu já chegava em Kofu com os devidos 40 minutos de antecedência pra poder pegar algo pra comer no Family Mart do lado (uns onigiris ou um bentô pequeno) e um chá pra acompanhar, feito isso eu já ficava dentro do centro de informações pra turistas onde eles vendiam as passagens, já que fora sempre tava um frio de rachar o cu.

Os assentos no ônibus eram um pouco mais estreitos que os usuais do Brasil, a climatização era perfeita pro frio que fazia e a presença de tomadas USB e Wi-Fi dependia da sua sorte, já que quando você comprava a passagem pelos terminais das lojas de conveniência não dava pra saber qual companhia/ônibus que ia operar a viagem.

Eu acho que os ônibus de viação que peguei no Brasil são, em sua maioria, melhores do que do Japão no quesito conforto pelo menos. Pode ser uma imagem meio parcial que tenho já que o único trajeto que peguei não tinha pausas e era de menos de três horas, mas ônibus do mesmo nível (executivo) aqui tinham poltronas mais confortáveis pelo menos, o banheiro em um ônibus que peguei no Japão era coisa de outro mundo (parecia de hotel) mas o dos outros que peguei eram normais, padrão aqui.

Ah sim, tem aqueles hotéis-ônibus no Japão que fazem trajetos mais longos (tipo Tokyo-Kyoto) mas eu não peguei e também nunca peguei um Leito-cama aqui pra fazer uma comparação justa, sempre fui do tipo de pessoa que prefere economizar no transporte.

Por fazer faculdade na cidade onde moro e raramente usar ônibus de viação, a minha relação com ônibus é essa coisa romantizada que você, que pega ônibus pra voltar pra casa depois de um semestre bosta na faculdade, deve achar nojento. Mas ônibus realmente é um meio de transporte maravilhoso, mesmo quando existem alternativas:
  • Carro é apertado de qualquer forma, não tem banheiro e a única forma de esticar as pernas é parando num posto;
  • Avião é um cu pra distâncias curtas já que os aeroportos são sempre no cu das cidades, o processo de embarque e desembarque é demorado e no final acaba que demora tanto quanto busão;
  • Trem expresso é pica demais, mas no caso do Japão é o dobro do preço e pra trajetos com alta demanda, caso você compre o ticket de lugar não marcado, é quase certo que você vai ter que ficar no fim do vagão EM PÉ.
Se você tiver grana no Japão o trem expresso com certeza é o meio mais prático e rápido, o vagão normal chega a ser mais confortável que o ônibus de viação usual, mas a luz não apaga e pra pequenas distâncias é altamente recomendável que você não durma, perder a estação é meio bosta.  Como as rodoviárias geralmente ficam grudadas às estações centrais de trem, a localização não é diferencial entre os dois meios de transporte.

Vista de dentro do busão do Terminal Rodoviário de Shinjuku.


A vista é definitivamente outro ponto pro trem expresso, as vias expressas elevadas no Japão têm um guardrail enorme de alto, então não dá pra ver a cidade muito bem do ônibus ou carro, com o trem expresso já dá pra ter uma visão boa, ainda mais porque o trem passa por várias estações no caminho pro destino final.

Depois que voltei pro Brasil eu só peguei ônibus rodoviário uma vez, pra visitar um amigo em Curitiba em Julho, e com o frio que tava fazendo eu tive uma breve reminiscência das viagens que fazia pra Tokyo, só que numa viagem que durou 3 vezes o que eu lembrava. Mas é, eu me diverti na viagem de ônibus em si mais do que jamais vou confessar, tenho um fascínio em ver a mudança de paisagem pelas janelas de qualquer coisa que seja.

Mas obviamente viajar de ônibus no Japão é diferente do Brasil, os postos no meio da estrada lá são maravilhosos, melhores do que qualquer Graal ou Frango Assado ou Lago Azul que você encontre aqui, as estradas são impecáveis, as rodoviárias são limpas e nada é tão confortável quanto você abrir um bentô e uma garrafa de chá quente no busão quentinho, enquanto lá fora tá nevando e fazendo um frio do caralho.

Acho que o que mais gosto de viajar de ônibus é que, por mais que você vá com seus amigos, a viagem é silenciosa, totalmente individual. Você não conversa com o pessoal durante a viagem, você dorme e no máximo solta uns comentários, mas a viagem é muito mais silenciosa do que seria uma viagem de carro ou até de trem, você tá sozinho de qualquer forma. Leia seu livro, ouça sua música e no intervalo de tempo da viagem você estará isolado com seus pensamentos, tanto que grande parte dos meus posts que escrevi no Japão foram escritos quando eu pegava busão.

Enfim, é isso.
Acho que vou escrever posts sobre Shinjuku e Akiba no futuro próximo, talvez algum post natalino saia ao redor do dia 25.
vlw flw té mais.


quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Apocalypse Now é bom demais

Eu estou sem assuntos pra escrever sobre.

Eu tava escrevendo NOVAMENTE sobre a viagem pro Japão (já que fez um ano da minha viagem pra lá) mas não tava rolando, nem eu tava curtindo escrever aquilo, sobre a Poli eu não quero falar até ano que vem se possível (ou nunca mais, que seria uma alternativa boa também) e sei lá, os lançamentos do cenário musical japonês não andam tão bons assim neste fim de ano.

Eu tava com a ideia de ver um clássico do cinema que não tinha visto anteriormente (ou que parei no meio) a cada dia das férias, baixei: Apocalypse Now, Breakfast Club, Curtindo a vida adoidado, Stalker e American Graffiti. O plano era ver um por dia enquanto pesquisava por mais filmes, mas depois dos dois primeiros eu acabei dando uma pausa (hoje) pra ficar jogando Pokémon.

Mas foi uma das melhores ideias que já tive pra passar as férias em casa, acho que assistir um filme realmente bom é o melhor jeito de se passar duas ou três horas que seja, acho que é um luxo moderno você poder apreciar uma obra de arte tão complexa em tão pouco tempo.

Assisti Apocalypse Now anteontem e foi espetacular, me lembrou o critério que tenho pra dividir os filmes para os quais dou 9/10 e 10/10: ambos não pecam em nada em quesitos técnicos e artísticos, mas quando vejo um filme 10/10 você pode apostar que vou ficar com ele na cabeça por um bom tempo, um filme 10/10 me dá um baque que vou lembrar dali a um ano.

É mais ou menos aquela frase célebre de um crítico de cinema que esqueci agora: "Um bom filme termina quando você sai da sala de cinema".

Eu juro pra vocês que tive um pesadelo e acordei SUADAÇO achando que estava no Vietnã depois que assisti Apocalypse Now. É bizarro como o Coppola conseguiu transmitir tão bem a atmosfera da guerra num filme de três horas de duração.

Eu terminei de assistir o filme e fui dormir lá pelas 3h da manhã com o pensamento em dar 9/10 pro filme, acordei traumatizado depois de ter assassinado uma família vietnamita no meu pesadelo e não podia dar qualquer nota abaixo de 10 pra essa obra de arte, acho que sepá Apocalypse Now é um melhor filme que Poderoso Chefão, preciso ver mais algumas vezes pra averiguar.

Enfim, é isso. Recomendo demais que vocês vejam Apocalypse Now (apesar de saber que uma boa parte do pessoal que lê este blog já deve ter visto) e vou continuar a ver uns filmes clássicos nessas férias, acho que se eu chegar na marca de uns 25~30 filmes já fico feliz.

vlw flw té mais

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Meu post-tributo anual a Judy and Mary

Judy and Mary é a banda da minha vida.

Nasci aqui em São Paulo em Fevereiro de 1996, cerca de 10 dias depois foi lançado o single Sobakasu do Judy and Mary, e não fosse o Namonaki Uta do Mr. Children, Sobakasu teria sido o single que mais vendeu no mês que nasci, só que no Japão.

Sobakasu acabou sendo o único single do Judy and Mary que conseguiu ficar no primeiro lugar nas vendas semanais, o que pode não significar muito pro ocidente, mas até hoje a dinâmica do mercado musical lá é baseado nesses rankings, além disso o Power Source , junto com o último álbum Warp (já lançado como sendo o álbum de despedida da banda), foram os únicos que conseguiram ficar no topo dos rankings de venda de álbuns.

O Power Source só viria a ser lançado mais de um ano depois do lançamento do Sobakasu, já em Março de 97, e o single claramente tinha o som mais característico do Miracle Diving (lançado em Dezembro de 1995), mas numa jogada de gênio, a banda acabou botando Sobakasu só no Power Source, então o Miracle Diving vendeu horrores por ter sido lançado no ápice da banda e o Power Source vendeu mais ainda porque tinha a música mais conhecida deles.

Na tour de 1996 Judy and Mary já encheu o Budokan (que é enorme, eu vi), na tour de 1997 a banda encheu o Estádio de Baseball de Yokohama (que é maior que o Budokan, eu vi) e nos shows de encerramento de tour de 1998 e 2001 a banda encheu o Tokyo Dome (que é maior que o Estádio de Yokohama, EU VI).

Judy And Mary acabou no auge musical, mas não comercial. O som deles tava se desenvolvendo em uma coisa mais antenada com as tendências do novo século ao mesmo tempo que dava pra sentir o som característico da banda que moldou o cenário musical japonês dos anos 90. Mesmo assim, Judy and Mary tinha já 9 anos de estrada, os fãs já não eram mais jovens e a banda também não, no começo dos anos 2000 praticamente toda banda com vocal feminino era influenciada por JAM, quando não eram cópias descaradas.

Hoje quando JAM é lembrado, por algum motivo, sempre é relacionado a mulheres de meia idade que lembram dos bons tempos de ensino médio, ou quando tentam evocar o Japão dos anos 90.

Eu escrevi este post mais porque eu estou na vibe Judy and Mary e também que me lembrei de uns momentos da minha viagem ao Japão que lembrei da banda.

Tokyo Dome: local dos shows de 1998 e 2001 do Judy and Mary

Eu tirei um dia lá na minha última semana pra ver os lugares onde foram os últimos shows de bandas que gosto (depois de uma breve visita à Universidade de Tokyo): Budokan(momoe Yamaguchi, Tokyo Jihen, Chatmonchy e várias outras bandas), Tokyo Dome (Judy and Mary) e Akasaka Blitz (Fishmans). E cara, o Tokyo Dome é absurdamente grande, acho que por nunca ter ido a um estádio realmente grande na minha vida (lembre-se que torço pro Santos), eu fiquei mesmerizado pensando naquele lugar CHEIAÇO pro show do Judy and Mary e só pensei em como foi sortudo o pessoal que conseguiu ver esse show.

Uma coisa que acabei percebendo lá é como Judy and Mary já não era mais a banda do Japão que visitei, o Japão cheio de adrenalina, com o começo da introdução da tecnologia domiciliar, carros esportivos correndo pela rua e as ações na casa do caralho. Toda aquela felicidade na música das bandas dos anos 90 em geral deram lugar pra uma coisa mais sóbria, e de certo modo até melancólica, presente nas músicas que fazem sucesso hoje.

Você pode até me botar o dedo na cara falando que, por exemplo, as músicas dos grupos de idol são majoritariamente felizes, mas acho que as idols se preocupam demais em botar o kawaii acima de tudo, e acabam cagando com qualquer outra coisa. Eu duvido que alguém consiga fazer uma música tipo "Cheese Pizza" ou "Kujira No. 12" em 2019, ainda mais no Japão.

Acho que a música que mais representa o Judy and Mary é Over Drive, que é a música que a banda sempre usava pra terminar os shows, é feliz pra caralho mas tem um backdrop totalmente depressivo, ainda mais se você imagina a Yuki quase chorando antes da última estrofe no último show da banda. E Judy and Mary é isso mesmo, um símbolo do Japão dos anos 90 que estaria bem fora de lugar hoje em dia, tem bandas como o Da Pump que consegue hora ou outra emplacar hits mesmo com músicas totalmente anacrônicas com a atualidade, mas não é a mesma coisa que fazer sucesso sendo o zeitgeist do momento.

Se Judy and Mary estivessem ativos até hoje, fariam um puta sucesso e sepá emplacariam mais uns hits no topo dos mais vendidos (já que a Yuki na carreira solo dela conseguiu fazer isso mais que a banda jamais conseguiu) mas seria uma coisa meio deprimente ver aquela banda que outrora era símbolo da juventude e da falta de noção dos anos 90 estar nos seus 50 anos de idade, é tipo ver um show dos Rolling Stones atualmente, em dias ruins eu escolheria ver uma banda cover.

O Japão que vi não era o mesmo Japão que inspirou as músicas do Judy and Mary e provavelmente verei ainda um outro Japão quando tiver chance de voltar lá (já que aceitei que vai demorar), você não vê a mesma Tokyo duas vezes na sua vida.

É, e apesar de Judy and Mary não ter sido o meu maior motivo de ter ido pro Japão, foi o que me instigou a correr atrás das coisas que me levaram pro Japão. Um dia lembrei de Sobakasu, fui atrás de Judy and Mary pra depois cair num blog de um cara falando da Shiina Ringo e depois de vários desvios de percurso acabei chegando no cenário underground japonês, o resto é história.

Judy and Mary sempre será a banda da minha vida, foi uma coisa que realmente só me trouxe alegrias (já que não presenciei a separação da banda) e me apresentou a uma paixão que carrego até hoje, e que superou tudo o que me interessava até então. Pode ser verdade que nunca vou entender de verdade a banda, já que não vivi os anos 90 no Japão, mas até aí tem muito nego de 20 anos que diz que a banda da vida deles é Beatles, acho que os anos 90 estão mais próximos que os 60.

Also, meu plano é criar um fundo emergencial de uns 20 mil reais pra quando Judy and Mary voltar, assim posso sair voando pro Japão pra ver o show de reunião, por isso peço que esperem mais uns aninhos antes de voltarem, pra eu poder juntar a grana.

Enfim, este post ficou meio sem rumo aí no meio mas como eu tava na vibe Judy and Mary, aqui está o tributo quase anual que faço pra banda em forma de post.

 
Overdrive. Porque não é só de Sobakasu que vive um fã de Judy and Mary.

Obrigado Yuki. Obrigado Takuya. Obrigado Onda. Obrigado Kohta.
Judy and Mary foi a melhor banda que já surgiu neste planeta, pelo menos pra um jovem brasileirinho que nasceu 10 dias antes do lançamento do maior sucesso de vocês.

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

La Cucaracha

Hoje eu matei uma barata.

Você já matou uma barata, seja com uma vassoura ou um spray de veneno, o processo é simples: você vai lá, mata a barata e desova o corpo numa privada ou num cesto de lixo, pronto, trabalho cumprido.

Eu sou da época em que as donas de casa, minha mãe inclusa, espalhavam tampas de garrafa com purê de batata envenenado (uma versão primitiva das armadilhas de barata que podem ser compradas nos supermercados hoje) numa tentativa de livrar o ambiente doméstico das ditas cujas, mas sem sujar as mãos diretamente.

Mas é, hoje eu matei uma barata.

Acho que por estar na vibe ambientalista na época, uns anos atrás eu comprei um veneno aerossol com citronela, numa tentativa de matar os insetos mas usando ingredientes da natureza e deixando um aroma que não fosse de morte pela casa. Mas o negócio é que o dito veneno nunca foi muito eficaz para insetos que tivessem mais que um dígito no campo do comprimento (em milímetros), mas como minha casa nunca foi de aparecer muitos insetos grandes, o spray era o suficiente para os mosquitos usuais.

Apareceu uma barata em casa, e depois do pânico momentâneo de uma pessoa claramente não acostumada com baratas em casa, eu corri pra pegar o veneno e apertei o spray por um bom tempo.

Eu já tive mais medo de baratas e já tive menos medo de baratas, tive mais nojo de baratas e já tive menos nojo de baratas, mas eu nunca consegui explicar o porquê da minha relação com elas, eu matei inúmeras baratas ao longo da minha vida, seja com chinelo, jornal, veneno e até emergindo as coitadas em álcool etílico pra um projeto de biologia do ensino médio (onde perdi maioria do medo por insetos que tinha).

Mas hoje matei uma barata e vi ela se contorcendo por minutos, que pareciam horas.

E eu mandava mais veneno na cara dela e ela não morria, mais veneno e mais veneno, e as convulsões não paravam. Até que algum tempo depois, com minhas pernas doendo por estar agachado com a lanterna do celular ligada apontada pra baixo do balcão da cozinha, a barata finalmente parou de se mexer.

Peguei o corpo dela com vassoura e pá e joguei no lixo.

Pode parecer um momento meio "Paixão segundo G.H." (apesar de eu não ter comido a barata, e muito menos ser uma mulher bem sucedida na vida) mas aquele ser vivo se contorcendo lutando pela vida me fez pensar um pouco. Eu olhava pra aquela cena com um misto de nojo e angústia, queria tirar a barata da miséria mas não queria carregar a culpa da morte ela.

Por um segundo eu me pus no lugar da barata e amaldiçoei as próximas dez gerações daquele gigante que tinha a asfixiado com spray cheirando a citronela, quando ela só procurava comida para sobreviver por mais um dia.

Isso me lembrou o dia em que dissecamos baratas no laboratório de biologia, alguns grupos tiveram o azar de pegar uma barata que não tinha sido "completamente morta" e ela se contorcia enquanto era passada a lâmina do bisturi abrindo seu abdome, não lembro se isso aconteceu comigo mas os laboratórios de biologia em geral foram dias pra se esquecer.

Isso tudo quer dizer que vou virar vegan budista e nunca mais vou tirar a vida de outro ser vivo? Com certeza não, mas o choque de perceber que uma barata é um ser vivo me tocou hoje, acho que aquele papo de ser sensível que falei outro dia está começando a me mudar mesmo.

Ah, estou cansado.
vlw flw até a próxima

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Zaru Soba

RÁPIDO, QUAL É SUA COMIDA PREFERIDA?!

A minha é zaru soba, ainda mais nesse calor que tá fazendo. Zaru Soba é tipo macarrão integral servido separadamente com caldo de dashi basicão, ambos frios. Acho que é uma das coisas mais sem graça que você pode pedir num restaurante japonês, e não é uma coisa que minha mãe costuma fazer muito também, mas eu AMO ESSA CARALHA.

O pior é que nem comi zaru soba quando estive no país Nippon, tava fazendo um frio de rachar o cu então acabei só comendo soba mesmo no ano novo, porque minha prima falou que dava boa sorte, mas era soba quente e era de loja de conveniência, mas era bom sim. Mas é indescritível a diferença do soba frio pro quente, soba frio é do caralho, vai se foder.

Acho que nem consigo me sustentar comendo só uma porção razoável de soba como refeição, tanto que lembro um dia que comi mais de UM QUILOGRAMA de soba e estava querendo morrer... mas tava feliz demais, irmão.

E é uma coisa tão simples: é o macarrão e a sopinha de dashi com umas cebolinha picada e, se você tiver no auge da inspiração, um pouco de tamagoyaki cortado também. Mas deve ser aquilo do Budismo de cultuar o mundano e efêmero, Zaru Soba é uma comida que não parece apetitosa nem em animes, não tem cheiro (além do cheiro de dashi onipresente na culinária oriental) e seu sabor também não é lá grande coisa, mas puta que pariu, como amo.

Depois do Zaru Soba na minha listinha viria uma variedade de coisas: estrogonofe de carne, costela no bafo, frango assado (feito da forma correta, NAQUELE PONTO ONDE A CASCA É LEVEMENTE CROCANTE E A CARNE É SUCULENTA E MACIA), tsukemen, tonkotsu ramen (sdds Ichiran), lanche de tonkatsu, etc. O interessante é ver que todos os meus pratos favoritos têm como principal algum tipo de carne (ou são a carne) mas no Zaru Soba acho que só tem peixe no dashi, e ovo por causa do tamagoyaki se você optar por botar.

Enfim, é isso. Acho que sepá já falei sobre soba aqui? Mas fica o post pela vontade que tenho de comer essa iguaria, não tem prato melhor pra comer no verão.

vlw flw té mais

domingo, 27 de outubro de 2019

Aproveitando Tokyo com (relativamente) pouca grana

Este post vai ser mais um arquival que indicativo. Eu fiz as contas na época, e dos três meses e uns quebrados que fiquei no Japão, passei uns 18 dias em Tokyo (ou pelo menos passei o dia em Tokyo e depois fui dormir em outro lugar), esse vai ser um mini-guia de como se divertir lá economizando (relativamente).

Acho que as dicas valem mais pra quem for de arubaito ou algo assim e tenha mais tempo de andar e explorar Tokyo, se você tiver uma semana só acho que vale a pena sair gastando grana mesmo, nunca se sabe quando você vai voltar pra lá, mas de qualquer maneira tem umas boas dicas aqui.

Comida:

Pode parecer igualzinho ao nacional mas te asseguro: esse é o negui tama M do Suki-Ya no Japão.

 

Quer comer decentemente por pouco? Opções decentes pra comer por preços razoáveis vão de 400JPY até 600JPY (de 15 a 25 reais mais ou menos), nessa faixa de preço dá pra comer ramen nos restaurantes mais sujinhos (que são os melhores, obviamente), gyu-don em uma das redes da iguaria no Japão (Suki-Ya, Matsuya e Yoshinoya), um combo médio em uma rede de Fast Food ocidental (McDonalds, KFC, Wendy's, etc.), um bentô no Hotto Motto ou ainda você pode montar seu menu de iguarias em uma konbini, com onigiris, pães e nikumans, fica a sua escolha.

Eu particularmente tava comendo só Gyu-don ou KFC já pro final da viagem, tem uns restaurantes de ramen que oferecem o refil de macarrão de graça (famosos kaedama), vale a pena dar uma olhada nesses restaurantes. Eu fui em um em Kabukicho que dava três refis de graça, quase morri de constipação depois.


Lugar onde dormir:

Nada muito glamuroso, mas por 2000JPY por noite não tem como reclamar.

Esqueça os hotéis-capsula, isso é coisa de turista. Se quer dormir por um preço irrisório bem no coração de Tokyo, não tem outra opção melhor que os net cafés.

Net cafés são basicamente lan houses onde teu cubículo é um pouco mais luxuoso, alguns têm open bar de refrigerantes e sucos (alguns até de sorvete), maioria têm uma caralhada de mangás e até chuveiros.

O único net café que fui mesmo foi o Customa Café de Yoyogi, fica bem na encruzilhada na frente da saída principal da estação Yoyogi. Se você fica por mais de 8h tem direito a um banho, se ficar mais tem direito a mais banhos e a uma toalha. O cubículo é o mais pessoal possível, totalmente fechado e climatizado (apesar de eu ter tido problemas com o AC numa vez que fui) e você só tem direito a uma bebida (as demais cê tem que pagar). O preço é meio padrão entre os net cafés: em torno de 2000JPY (uns 80 reais) por uma noite, variando pra mais ou pra menos dependendo o quanto você quer ficar mesmo.

A real é que cada net café tem uma vantagem sobre o outro, a vantagem do Customa era a privacidade e praticidade de não precisar apresentar passaporte no check-in, tem alguns outros net cafés que tinham open bebida e sorvete, outros tinham saunas e sentô incluso, mas gostei do Customa e decidi ficar por lá mesmo só.

Se quiser ter uma estadia um pouco mais confortável, e ter um lugar pra poder deixar a bagagem em segurança (que não seja um coin locker), fique num hostel. Eu fiquei num hostel em Shimokitazawa e pagando um pouco menos do dobro por duas noites (em torno de 7500JPY, mais ou menos 300 reais) eu pude deixar minhas malas lá em segurança, além de poder dormir numa cama boa demais, com certeza o melhor futon que já usei na vida. O ruim foi que pelo preço só peguei uma bunk bed e não conhecia o pessoal que dormia no cubículo do lado, mas foi uma experiência legal demais, e acho que valeu bastante o dinheiro adicional gasto, só não dormi lá mais vezes porque era necessário uma reserva com bastante antecedência.

Transporte:

Em Tokyo os trens são seus melhores amigos.
Aqui é onde você vai gastar mais dinheiro, porque por mais que você tente economizar, transporte no Japão é caro demais. Esqueça os táxis, no Japão não tem Uber, e sim, nos trens, metrôs e ônibus você paga pelo trajeto que percorre.

Faça um Suica Card (bilhete único do Nippon) e seja feliz, tem uma taxa de 500JPY pra fazer o cartão mas dá pra reaver a grana caso você queira. Você passa o cartão entrando na estação e saindo também, você paga o percurso que percorre e por isso é um cu andar por Tokyo sem o Suica, sem ele você é forçado a calcular o percurso que quer fazer antes de passar pela catraca e comprar o bilhete específico para aquele valor. O Suica também pode ser utilizado pra comprar bebidas em vending machines, pode ser usado como crédito nos arcades e até como cartão de débito em várias lojas, é uma das coisas mais úteis que você pode ter no Japão.

Outra dica importante é que se você quiser se deslocar de uma cidade pra outra e não se preocupa com o tempo, os ônibus intermunicipais são geralmente bem mas baratos que os trens, mas os trens são bem mais legais (e isso que nem estou falando dos trens-bala).

Mas é, os trens/metrô são a forma mais conveniente e barata de se locomover dentro de Tokyo.


Coisas de anime em geral:

Sim, é aquele prédio do Steins;Gate

Figures e coisas de anime em geral são caras em pontos turísticos, lojas em Ueno cobram o olho da cara e apesar da enorme variedade em Akihabara, vale a pena você caçar figures em lojas como a Book-Off/Hard-Off/Hobby-Off em bairros mais afastados dos grandes centros ou até na Mandarake de Shibuya (que não explorei muito, mas vale a visita).

O negócio é que os vendedores de Akiba sabem o valor das coisas que eles têm, então dificilmente você vai achar a pechincha do ano por lá mas tem coisa que só tem lá então não tem muita opção. Eu por exemplo comprei uma figure da Sakura (do FSN) numa Book-Off por 900JPY e vi sendo vendida por 4000JPY em lojas de Akiba, mas também comprei uma figure que não achava em nenhum lugar por um preço razoável (2000JPY), depende muito da sua sorte e paciência.


Roupas, acessórios e outras coisas:

Village Vanguard, onde você pode virar um hipster por menos de 10000JPY.
Quando você quer roupas já entra uma caralhada de complicações: Quer que seja de marca? Pode ser usado? Prefere qualidade ou aparência?

Pra maioria das pessoas eu diria que uma visita à Uniqlo já é o suficiente, é uma loja enorme de roupas e você encontra tudo que precisa lá, desde moletons a cuecas, e de ótima qualidade pelo preço que paga. Camisetas em geral giram em torno de 1000JPY (um pouco menos de 40 reais) e os preços, mesmo convertidos pra reais, não diferem muito de marcas como Hering, Luigi Bertolli e TNG, mesmo apresentando qualidade bem melhor. Outras lojas bem baratinhas de roupas são a GU e a Shimamura (que achei meio zoada).

Se quiser roupas de marcas, ainda mais ocidentais que estão na moda entre os jovens (tipo Fila, Champion e Nike/Adidas), tem uma rede de lojas chamada Jeans Mate, lá os preços são bem justos até e eles têm uma grande variedade de marcas pra você escolher. A loja não é nada charmosa mas é o ideal caso você queira um moleton da Champion pra se infiltrar entre os jovens de Shimokita.

Outra loja que vale a menção é a Village Vanguard, ela vende tudo que você possa imaginar de mais curioso, de brinquedos ADULTOS até pelúcias, mangás, livros, camisetas engraçadinhas e sim, algumas roupas de marca (e outras sem marca também). O bom da Village é que eles vendem bolsas, mochilas e acessórios por preços não muito mais altos que em lojas normais, assim você pode entrar que nem um turista na loja e sair como um genuíno hipster meia hora depois. Recomendo ir na loja que fica dentro da estação de Shibuya, numa das escadarias, do lado da famosa Shibuya 109, essa Village Vanguard não é só a minha favorita dentre todas da rede, mas também é um dos meus lugares favoritos no Japão.


Outra dicas

  • Museus, e alguns cinemas, costumam cobrar meia entrada pra estudantes, então leve sua carteirinha de estudante porque pode ser útil;
  • Super Mercados costumam ser mais baratos que lojas de conveniência, mas são raros na cidade de Tokyo;
  • Jogos usados costumam estar num estado de conservação quase impecável, então vale a pena dar uma olhada em lojas como Book-Off e Hard-Off antes de ir direto pra Yodobashi;
  • Lojas de 100JPY como a Daiso e a Seria têm uma seleção de produtos bem legais por um preço ridículo, vale a pena dar uma olhada;
  • A não ser que você seja um HYPEBEAST eu não acho muito proveitoso perder o tempo olhando os brechós de Shimokitazawa e Harajuku, mesmo as roupas normais são vendidas com margens estratosféricas;
  • Pode ser divertido, mas as máquinas de pegar bichinhos de pelúcia e figures vão fazer você ficar pobre, maioria delas são feitas pra você gastar pelo menos 500JPY pra pegar a coisa, se você está atrás só do prêmio eu recomendo andar pelas lojas de usados de Akiba que é bem provável que a figure/pelúcia esteja a venda por um preço razoável;
  • Se perder por Tokyo é bem legal, então não é má ideia tirar um dia que seja pra andar bastante pela cidade;
  • Aquele ônibus turístico aberto não vale muito a pena, o percurso é bem limitado e pelo mesmo preço você consegue dar um tour bem mais legal por Tokyo, num tempo até menor;
  • Se você quiser ter uma visão bem legal de Tokyo, tem uma série de mirantes que têm entrada gratuita. Não tem necessidade de pagar horrores pra subir a Tokyo Tower ou a Skytree.

É mais ou menos isso, é claro que maioria dos conselhos econômicos vieram de erros que cometi, então é claro que gastar dinheiro pra caralho faz parte da vida de turista em Tokyo. Eu até me arrependo de ter gasto grana demais em coisa que foi inútil (tipo as máquinas de pegar pelúcias) e gastei de menos em coisas importantes tipo comida e estadia, mas é o que fez a minha viagem mais emocionante.

Sdds Tokyo.

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Minha fixação por lugares históricos

Eu tenho um fascínio por lugares históricos.

Não aqueles clichês turísticos: Grande Muralha da China, Torre Eiffel, Pirâmides de Gizé (apesar de que eu não recusaria um convite pra visitar esses lugares) mas eu sempre achei interessante os lugares onde aconteceram alguns eventos históricos menores, por mais insignificantes que fossem.

No Japão por exemplo eu passei no Tokyo Dome só porque foi lá o último show do Judy and Mary, assim como passei no Budokan (por inúmeros shows pra falar a verdade) e fui também no Akasaka Blitz por causa do último show do Fishmans.

No Brasil foram poucos lugares que passei só por terem sido palcos de eventos interessantes, com minha família eu fui pra Vila Belmiro visitar algumas vezes, e só em uma das últimas visitas me dei conta dos eventos que aconteceram lá que quiçá mudaram o rumo do futebol mundial.

Eu lembro de ter passado na esquina da Barão de Itapetininga com a Praça da República porque foi onde aconteceu o incidente do MMDC que começou a Revolução Constitucional de 32, pena que o que era sede de um dos partidos do GV virou um prédio.

Eu também passei na frente de onde era o Teatro Record onde foram os festivais de música dos anos 70 onde tocaram Chico Buarque, Nara Leão, Elis Regina, Jair Rodrigues e companhia, agora lá é uma loja de lustres.

E pode parecer paia demais se dar o trabalho pra ir a um lugar onde não há mais resquícios do que outrora tinha sido lá, mas acho tão legal só o fato de estar na mesma localidade geográfica que um evento que marcou a época uns 50 anos atrás, ao mesmo tempo que acho paia demais os lugares tipo o Pátio do Colégio, que foi sim importante na fundação de São Paulo, mas não é nada emocionante e acho até superficial de certa forma.

Eu lembro que teve uma série de propagandas do History Channel onde uns caras andavam de boa na rua e uma montagem mostrava que outrora lá tinha sido, sei lá, o Muro de Berlim, com a frase no final "a história está em todos os lugares".

Acho que por isso eu não gosto muito de que a Poli foi transferida pro Campus do Butantã na década de 70, o prédio da Tiradentes passou por eventos bem interessantes desde a fundação, da Revolução de 32, os protestos e movimento estudantil do começo dos anos 60 e as tretas com o Mackenzie (que eram físicas na época, imagina só). Por isso invejo a San Fran e a Pinheiros, deve ser bem legal ter aula nuns prédios antigaços que foram parte integral na construção da história do país.

Mas enfim, uma das únicas razões que tenho pra viajar pro Rio de Janeiro é conhecer os lugares que foram importantes pra Bossa Nova e uns locais interessantes da história política: Catete, Faculdade Nacional de Direito, aquele café onde vários presidentes frequentavam, etc. Acho que nesse quesito o Rio de Janeiro tem bem mais história que Sampa, o desenvolvimento da nossa cidade se deu bem depois de lá, e muito por conta da San Fran pelo o que andei vendo.

Enfim, eu sempre gostei de passar pelo centro velho de São Paulo porque, pra onde quer que você olhe, sempre tem algum lugar minimamente histórico, e acho que morar tão perto desse que foi um caldeirão de efervescência cultural que praticamente mudou o país no último século, é uma das coisas que me fez ter interesse em história.

Todo dia que passo na Praça da Liberdade, tento imaginar como era aquele local uns 150 anos atrás, quando enforcavam escravos lá e também imagino como eram as ruas, logo depois, quando os primeiros imigrantes do Japão vieram e ocuparam as pensões e hospedarias das ruas próximas à estação. O bairro da Liberdade pode não ter sido palco de nenhuma batalha sangrenta ou de um muro que dividiu o país, mas é um dos lugares com mais significado histórico na cidade, não apenas pros japoneses como a maioria acha, mas também pros negros, que foram o motivo do bairro ter esse nome.

Acho que depois disso tudo não tem como negar o que o History Channel falou, a história realmente está em todo lugar.

domingo, 20 de outubro de 2019

Animes, Cinema e opiniões desnecessárias


O post é longo e provavelmente eu bostejei pra caralho, leia por sua própria conta e risco.



Eu escrevi um post ENORME sobre porque comecei a ver filme cult mas achei que tava falando tanta bosta que o próprio Scorsese ia vir com o Coppola me quebrar na porrada se eu publicasse, vou falar de anime porque sei que otaku não consegue me abaixar na porrada (não no 1x1 pelo menos).


Aqui estão os mangás completos que dei nota >= 9,5:


Aqui estão os animes que dei nota >=9 (porque o MAL não tem decimais):


Você vê algo de comum entre essas duas listas? (tirando o evidente bom gosto)

Não tem uma obra que esteja nas duas listas.

Não tem um anime que eu tenha assistido, que seja adaptação de mangá, que eu tenha gostado de verdade a ponto de ser um dos meus favoritos. Antes que venha um desavisado: NHK ni Youkoso veio de uma Light Novel e não considero os doujins do Yoshitoshi Abe como um material base pro anime inteiro do Haibane Renmei, é mais uma uma ideia inicial mesmo. O curioso é que dos 16 animes na lista, 8 são adaptações de livro ou LN.

Acho que o que muito estúdio caga totalmente é tentar adaptar quadro a quadro um mangá, não levando em conta que a fluidez de uma coisa animada e uma coisa impressa são diferentes, Bokurano por exemplo é extremamente fiel ao material base mas é o único anime que (tentei) assistir que me fez dormir no meio de um episódio, sendo que amo de coração o mangá.

Acho um desperdício tremendo a maneira como são feitas a maioria das adaptações pra anime, a animação pode ser um ótimo meio pra expandir sobre a ideia que o mangá apresenta, eu pessoalmente gosto das adaptações de Initial D e de alguns mangás de esporte porque acho o mangá um meio ineficiente pra transmitir a ideia de movimento, mesmo com o CGI datado da década de 90, ver o AE86 dando drift por Gunma com eurobeat tocando ao fundo era mais divertido que ler as páginas do mangá, a mesma coisa se aplica pros bloqueios impossíveis no Haikyuu! e as jogadas mais SWAG possíveis de Kuroko. Mas é, são boas adaptações pelas circunstâncias, mas não são animes que conseguem expandir muito sobre o material base.

Devilman Crybaby é uma exceção da exceção porque foi feito pelo Yuasa e é muito mais uma obra do Yuasa que calha de ser uma adaptação de Devilman do que uma adaptação de Devilman feita pelo Yuasa, vocês conseguem ver a linha tênue entre as duas coisas? O anime segue o plot original e tudo mais mas aquele estilo grotesco característico do Go Nagai e dos mangás da década de 70 foi substituído pelo estilo arthouse do Yuasa, isso é ruim? Eu sinceramente achei o anime muito bom, e sou total apoiador de uma reimaginação como essa do que uma adaptação quadro a quadro, mas a essência da obra original não está aqui. Em outras palavras: é uma ótima obra mas não faz um bom papel em ser uma boa adaptação do Devilman.

Eu sei que pode parecer estúpido eu falar que uma adaptação não pode ser muito leal ao material original ao mesmo tempo que critico o Yuasa por respeitar o roteiro original e "" botar o estilo dele na animação, mas acho que nesse caso em especial, tendo visto já algumas das obras passadas dele, acabou dando um gosto de déjà vu. O Yuasa tem um estilo muito particular de surrealismo que funciona muito bem em obras... surrealistas, Tatami Galaxy e Night is Short funcionam bem com ele por serem obras que se sustentam pelo estilo mais que pelo roteiro, e acho que Devilman depende muito do roteiro pra causar o impacto que precisa, e a explosão de surrealismo do Yuasa ao mesmo tempo que causa o choque que é essencial pro desenvolvimento da história, também te faz pensar sobre como seria uma animação mais tradicional de Devilman, com cenas gore mais realistas que poderiam ajudar bastante na construção da obra.

Mas tem uns animes que acho que fizeram boas adaptações de mangás conhecidos.
  • Trigun é um anime bem bacana que acabou sim cortando vários elementos do plot do mangá (como a Tessla, que é a origem de metade do meu nickname) mas também fez com que as lutas fossem minimamente inteligíveis, o traço do mangá é um desserviço. A soundtrack do Tsuneo Imahori também é muito boa, talvez uma das melhores OSTs já feitas;
  • Sayonara Zetsubou Sensei reuniu um elenco brilhante, com as melhores dubladoras da época, e com a animação da Shaft (que é o único estúdio possível pra essa adaptação) fez um belo anime, até com foreshadowings do final do mangá nas aberturas e encerramentos. O meu único pesar com o anime é que ele não adaptou o mangá até o final, que é a cereja do bolo pra putaria que é a história desde o começo;
  • Death Note teve uma ótima adaptação, que foi quase quadro-a-quadro mas também botou umas cenas-chave que definiram o anime como a cena que o L lava os pés do Light (simbolismo cristão, quem nunca) e a cena final, que ficou bem mais poética que no mangá.
Se eu tivesse saco pra assistir, estariam na lista acima os animes de shounen clássico como FMA Brotherhood, Shingeki (que falam que melhorou o mangá, não posso atestar isso) e os filmes do Ashita no Joe que eu tenho uma preguiça absurda de assistir, não quero gastar meu tempo vendo um anime com a história que já conheço, sendo que ele nem oferece muita coisa a mais pra justificar o tempo gasto. Devilman Crybaby foi uma experiência totalmente nova, mesmo tendo lido o mangá anteriormente, comecei a ver Brotherhood mas eu não senti que ia adicionar muita coisa na minha experiência com a obra, mesmo começando com uma coisa que não tem no mangá.

Minha maior crítica quanto à indústria dos animes é como os caras demoram pra entender que dá pra fazer coisa boa, eu parei de acompanhar totalmente os animes lançados semanalmente mas o único estúdio que sou minimamente animado pra ver novas releases é o Ufotable, e isso desde que comecei a acompanhar Kara no Kyoukai faz uns 6 anos atrás. A KyoAni por incrível que pareça tá fazendo coisa que era inimaginável que fariam quando eu acompanhava mais eles lá pelos idos de 2008, da Sunrise como sempre eu só acompanho Gundam então não sei opinar muito bem, e é aí que acaba meu conhecimento em estúdios de anime.

Sinceramente, a maior tragédia da indústria foi a morte do Satoshi Kon, os filmes dele conseguiam ter todas as qualidades de filmes dos mais renomados diretores ocidentais e ainda usava muito da vantagem que a animação dava em construir mundos fantasiosos, era a maior chance dos filmes de anime serem levados a sério fora do Japão, eu não acho que o Shinkai vai fazer o que é necessário pra que ocorra uma verdadeira mudança na percepção dos animes, Kimi no Na Wa é overrated, e se a Ghibli não conseguiu promover a mudança que tinha que ser feita no final da década de 90/começo dos 2000, não é agora que alguma coisa vai mudar.

Eu particularmente não defendo que todos os animes sejam arthouse, longe de mim, mas é um meio que pode sim atingir uma maior maturidade se visto não apenas do ponto de vista comercial. Eu sei que é bem diferente pegar uma câmera pra filmar um projeto avantgarde e ter um estúdio à sua disposição pra fazer uma animação experimental, mas só de usar o meio a seu favor, ao invés de só transmitir uma história já contribui pra maturação do segmento.

E o que vai acontecer com os animes? Eles estão melhorando faz um bom tempo já, quem diz o contrário não viveu o que foram os animes mid-2000 com o começo do moe e a shitfest que era a qualidade dos sazonais da época, e nem estou falando só de animação, tá tendo um boom de animes que são remakes de antigos ou que buscam material base em clássicos: remake do LOGH, anime do 7Seeds (QUE É UMA MERDA), Megalobox (que é inspirado no Ashita no Joe), o próprio Devilman Crybaby, Dororo (que vem do clássico do Tezuka) e aposto que não vai tardar da Netflix querer financiar outra adaptação de clássico, só espero do fundo do meu coração que não façam o que fizeram com 7seeds.

Enfim, acho que me estendi demais e perdi totalmente o ponto deste post, em suma eu queria mais falar como a indústria dos animes podia se beneficiar das ferramentas do cinema tradicional pra amadurecer, o que está acontecendo a curtos passos, e como eu odeio o tipo de gente que acha que uma coisa do meio audiovisual tem que se sustentar só pela história.

Eu escrevi este post depois de ter assistido o "Chungking Express" do Wong Kar Wai e ter pensado comigo mesmo o que custava ter um anime simplezinho de comédia romãntica bobinha mas bem dirigida, onde o foco não esteja tanto no relacionamento interpessoal mas sim na forma como ele é mostrado.

Aaaaaaaaaaahhhhhhh... esse deve ter sido um dos posts mais longos que já escrevi.
vlw flw té mais.
Assistam Chungking Express, me deu vontade de viajar pra Hong Kong.

EDIT: caguei toda a formatação, colei as imagens direto do lightshot e fodeu todo o esquema... mas dá pra ler.