quarta-feira, 20 de março de 2024

Porra cara, acho que sou otaku mesmo

Eu morei praticamente minha vida toda na Liberdade, tirando breves períodos na Vila Mariana (durante a pandemia) e meus três meses no Japão, e acompanhei a transformação total desse bairro.

Pera, este não vai ser um post sobre o bairro da Liberdade (de novo), vai ser sobre como eu enxergo minha identidade como OTAKU.

Porra, é uma longa história: eu comecei a gostar de mangás/animes quando assistia Shaman King na finada finada Fox Kids e meu primeiro mangá que comprei foi um Shaman King volume 5, da época que os mangás tinham uma qualidade BEM MERDA e preço que justificava aquela merda: menos de 5 reais. Enfim, isso foi o quê? 2004? De lá eu comecei a comprar mangás, piratear animes e acompanhar os que passavam na TV aberta e na finada finada Toonami: Samurai X, Gundam Wing, Samurai Champloo, etc. e isso me trouxe várias amizades na escola e em todo lugar que fosse, porque o que mais tinha em qualquer lugar cheio de pirralho no começo dos anos 2000 era fã de anime.

Até que veio Naruto, lá por 2006/2007. Acho que esse foi o maior divisor de águas pra fãs de anime na época porque foi o que trouxe o negócio pro mainstream de verdade. Pokémon era mainstream? Era. Digimon? Também. Mas ainda eram tratados como desenhos animados, mas Naruto não, Naruto era sem sombra de dúvidas um anime: tinha ninja pô! Mas eu odiava Naruto pra falar a verdade.

No começo dos 2000 a comunidade otaku era bem diferente da de hoje em dia, era tudo mais amador, tudo mais feito com paixão (por parte dos fãs) e os eventos eram um bando de cabaço num galpão no meio da puta que pariu (leia-se Mart Center) e todo mundo era estranho, mais que hoje! Os estranhão da Liberdade de sábado de noite não chegam aos pés dos otakus que ficavam na praça nos anos 2000.

E tinha o Orkut! Cara, o quanto de treta que eu me metia por falarem mal de, sei lá, Megaman ou Death Note, eu não tinha nem 15 anos na época.

Mas e eu? Cara, minha relação com animes sempre foi meio de vergonha, eu sempre curti e sempre curti tudo do Japão mas sempre tive vergonha de assumir isso. Sei lá se é porque minha irmã sempre odiou otaku ou se eu tinha medo de sofrer bullying mas...

Ah, calma lá.

Eu perdi medo de sofrer bullying em 2008, porque quebrei o braço do cara que mais me enchia o saco e, por questões de respeito e hierarquia entre quem fazia esse tipo de merda, eu não fui muito incomodado até me formar naquela escola, isso me lembrou que eu comecei a assumir que curtia animes e essas otakisses lá por essa época mesmo, já que não tinha mais medo de sofrer bullying, e foi em 2008 mesmo que fui pro meu primeiro Anime Friends.

E foi nessa época que gostar de animes, HQs e essas merda ""geek"" em geral deixou de ser coisa de perdedor e virou mainstream, muito por causa do Big Bang Theory (um dos maiores crimes já feitos em forma de seriado) e o começo do MCU com Iron Man acho? Enfim, mesmo assim eu nunca usava nada de anime, nem chaveiro, nem camiseta, nem nada. Achava paia.

E isso se estendeu até a faculdade também, eu me importava menos em parecer otakão na Poli mas não era algo que abraçava EM PÚBLICO, foi nessa época que parei de ver animes e dei uma diminuída nos mangás também. Fui pro Japão mas nessa época eu tava bem mais pilhado em ver minhas bandas do que ver otakisses, tanto que (comparativamente) eu peguei bem menos coisa de anime que de bandas que curtia lá, apesar de eu ter me rendido às pelúcias...

Pelúcias hehehe


Só que veio a pandemia e tive que arranjar algo pra fazer.

Foi nessa época que voltei a ler mangás e um tempo depois voltei a comprá-los, algo que tinha parado de fazer desde que voltei do Japão.

Aí achei Oshi no Ko.

Poxa vida, sei lá que merda aconteceu mas eu fiquei encantado com Oshi no Ko. Acho que foi o conjunto de eu estar vidrado em Vtubers e idols, sei lá, mas amei demais Oshi no Ko antes mesmo da adaptação pra anime.

E acabei comprando coisa pra caralho de Oshi no Ko.

Camiseta? Comprei.


 

Poster holográfico da Shopee? Claro.


 

Chaveiros do AliExpress? Sim.



 

Chaveiros de gacha que fiz um amigo meu comprar na China? Também.


 

Enfim, tem mais uns chaveiros mas o negócio é: eu nem percebi.

Eu ando perdendo a vergonha de PARECER ser um otaku desde que voltei do Japão mas como minha irmã diz pra mim: agora parece que quero mostrar. Talvez seja verdade, mas acho que isso nem se restringe a anime: metade do meu guarda-roupa hoje é camiseta de banda e um adendo: TODAS originais compradas ou em shows ou no site oficial da banda, e só 3 se enquadram nesse segundo caso: uma da Ichiko Aoba que comprei junto com o lyric book assinado e dois do MOTFD que comprei num kickstarter pra turnê americana da banda.

Pô velho, respeito totalmente quem segue aqueles perfis de se vestir bem e os caralho (e virar um NPC), mas tomei gosto por vestir o que gosto, vestir meu coração à mostra mesmo. 

Ser apaixonado não é paia, é super daora rapaziada.

Se pessoas me julgam por ir trabalhar com camiseta de anime e shorts Nike num ambiente onde boa parte vai minimamente social? Sim? Mas eu me importo com isso? Não?

Enfim, é isso. É legal ser paia, foda-se se vão me achar estranho, tenho 28 anos e tenho PREGUIÇA, vou lá ser feliz vendo anime e jogando joguinho de luta.

É isso pessoal, escrevi esse post porque acho divertido o pessoal tendo vergonha alheia das coisas de anime que uso. Hoje eu não inspiro muito respeito em nada que faço mas pretendo usar uma camiseta de anime num ambiente que camisetas de anime não entram normalmente, acho legal o contraste.

No mais, é isso, hoje eu estava inspirado acho.

Valeu, falou, té mais!