quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Bora bandejar

Talvez, muito provavelmente (espero), eu vou me formar na Poli durante essa quarentena, e uma coisa que sinto saudade das aulas presenciais é o famoso Bandejão.

Por dois reais (até um tempo atrás era R$1,90), você, aluno da USP, tem direito a uma refeição completa em uns dos restaurantes espalhados pelos campi da Universidade. Para os alunos do Butantã haviam quatro escolhas: o Central, o da Química, o da Física e o da Prefeitura.

O central é o melhor e SE VOCÊ DISCORDA ESTÁ ERRADO. O central é o maior bandejão, é o único com ar condicionado (que eu lembre) e a qualidade da comida era a melhor, o estacionamento, caso você venha de carro, sempre tem vaga e as filas (em dias normais depois do começo do ano) sempre cabiam embaixo da marquise do CRUSP e mesmo com chuva ou solzão sempre era ok.

O da física, na maioria das vezes, servia o mesmo cardápio do central mas o restaurante é MINÚSCULO, a bandeja é pior (usavam o modelo antigo do central) e era horrível de achar lugar pra sentar com o mínimo de pessoas, mas é onde a gente ia comer quando era bixo, já que é o bandejão mais próximo do Biênio da Poli.

O da Química é um hit or miss: ou tava MUITO BOM (ceias, frangossauro, pratos sem molho em geral) ou tava uma bosta (pratos com molho em geral). O pior ponto do bandejão da química é que o arroz branco era parboilizado e o gosto dele nunca me agradou muito, aí eu acabava sempre comendo o integral, isso e a porção que as tias botavam do prato principal raramente era o suficiente, então os pratos ficavam invariavelmente cheiaços de arroz, feijão e salada e no cantinho ficava a porção ínfima da proteína.

Finalmente, o bandejão da Prefeitura abriu quando eu já tava no meu terceiro ano da graduação, ele é meio escondido e no começo pouca gente sequer sabia da existência dele mas eu curtia comer lá quando o cardápio do central não me agradava muito. O ponto positivo aqui é que o restaurante é bem espaçoso e é onde tinha a maior variedade de sucos pra escolher, a qualidade da comida flutuava entre o Central e a Química.

Os bandejões central e da física usam bandejas de aço, enquanto que os outros dois usam pratos. Eu como bixo preferia comer no prato pra não me sentir como um selvagem, mas chega uma hora que você sente falta de ter divisória pra não misturar tudo e acaba que a bandeja se mostra como a solução ideal.

Na última semana de aula os bandejões serviam um cardápio especial e chamavam de ceia de natal (por mais que sempre fosse umas duas semanas antes do Natal). O usual era ter um prato inédito como principal, uma salada com mais de um vegetal (coisa que nunca rolava normalmente), arroz à grega ao invés do arroz normal e como sobremesa um sorvete um pouco mais chique. Segue foto de como foi meu bandejão de natal no meu ano de bixo:

Frango empanado no bandejão foi só nessa vez mesmo.

A sobremesa em particular sempre era uma surpresa. Na maioria das vezes era uma fruta ou uma goiabada ou um doce de leite, às vezes sorvete (que tinha gosto de margarina e uma quantidade não razoável de gordura trans) e uma vez deram pra gente uma barrinha de chocolate Hershey's, sendo que não era fim de ano nem nada assim.

A salada composta por tomates e pepinos também é uma raridade.

Dos pratos principais, meus favoritos eram a coxa de frango e a famosa COXA DE FRANGOSSAURO (que nada mais era que coxa + sobrecoxa) assadas no forno, o estrogonofe, que pra mim era overrated mas era sempre bom, a feijoada, que não era tão pesada, as carnes de panela, que o pessoal em geral não curtia mas eu sempre achei bom, e a linguiça que, sinceramente, não tem muito como errar.

Acho que o bandejão é tão inserido na realidade do uspiano (e qualquer universitário na real) que é meio que um ritual social. Acho que boa parte de você se enturmar passa por ir no bandejão com pessoas que você não conhece e jogar conversa fora enquanto come bife à caçadora com chuchu ao vapor numa bandeja de aço.

Enfim, eu gostava bastante de comer no bandejão e foi lá que "aprendi" a comer coisas que antes eu não conseguia comer, tipo chuchu, e foi comendo lá que conheci muita gente bacana que era amigo de amigo ou que eu encontrava sem querer. Eu bandejava frequentemente sozinho mas qualquer comida que seja é mais saborosa quando você tá com uma boa companhia.

Acho que é isso. Eu espero poder bandejar novamente no futuro mas digo isso sem muitas esperanças de voltarmos ao regime presencial tão cedo assim.

valeu, falou, té mais!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

bora montar uma boy band

Essa moda do Kpop me fez lembrar de todas as modas de grupos de ídolos ao longo dos anos.

Quando eu estava lá pelo sexto ano (~2007) o pessoal amava RBD e nessa mesma época saiu também High School Musical. Essas duas modas foram bem mais centradas nas meninas, mas tinha moleque que também curtia, apesar disso acarretar no julgamento velado de todos os outros moleques.

Nessa mesma época as bandas de Visual Kei estavam na moda, mas o público era bem mais restrito ao pessoal otaku e, novamente, às meninas. Eu tive muito pouco contato com VK pra falar a real, eu conhecia Nightmare por causa das músicas da primeira metade do Death Note e L'Arc en Ciel porque não tem otaku do começo dos anos 2000 que não saiba cantar Ready Steady Go! (abertura do FMA) ou Runner's High (abertura do GTO). Tem um texto muito bom, que devo ter lido faz uns 10 anos, onde falava mais ou menos a origem do VK junto ao X Japan, a confecção do estilo visual seguindo os clichês dos mangás shoujos e até o monopólio dos contratos com fabricantes de guitarras (no caso a Fernandes, que também patrocinava o Takuya do JAM).

O sucesso do Visual Kei foi mais uma das anomalias que os animes causaram. No Japão o estilo ainda é muito associado ao underground e às subculturas glam de Harajuku, enquanto que fora do Japão o estilo é até hoje um dos mais conhecidos, muito devido às músicas atreladas a animes mas também à curiosidade e à internet, que fez com que bandas desconhecidas VK fossem descobertas por mais que nunca tivessem feito músicas para animes.

Não podemos esquecer das boy bands quando falamos de ídolos. Acho que a única boy band que chegou a ser apreciada de forma socialmente aceita pelo pessoal da minha idade foram os Jonas Brothers, o One Direction apareceu já quando o pessoal da minha idade já não gostava do gênero então era a guilty pleasure de muita gente aposto. 

Acho que a minha geração foi uma das últimas a rolar homofobia generalizada sem represálias, por isso que música aceitável pra moleque da minha idade era rock, funk e pagode, qualquer outra coisa você era taxado de gay. Isso só começou a mudar lá pelo meu ensino médio, quando o pessoal que seria taxado de gay já não se importava e quem chamava de gay não via graça em importunar pessoas que não se importavam.

Eu tinha meu gosto por rock britânico pra me defender de qualquer ameaça de ser chamado de gay, mas lá pelo ensino médio eu já ouvia Shiina Ringo e Judy and Mary sem me importar com ninguém.

Eu particularmente nunca fui fã de nenhum grupo de idols, por mais que eu tenha um apreço especial pelas divas do Kayokyoku/começo do Jpop dos anos 70~80, grupos de idol sempre me passaram a imagem de serem muito artificiais pro meu gosto. Eu até tentei começar a ouvir Perfume e Momoiro Clover Z, que são grupos que já passaram pelo batismo do tempo e têm o selo de aprovação de gente de respeito, mas nah, não rolou.

Mas é, acho engraçado que maioria dos grupos de ídolos focam no público feminino, seja o grupo composto só de mulheres ou só de homens. Obviamente que isso não inclui os grupos de idol do Japão, que são focados no público otaku masculino, mas acho que até pra kpop os grupos femininos são direcionados pras moças. Tem muito a ver com a cultura machista japonesa e como as idols vendem a imagem de pureza, enquanto que nos grupos coreanos as idols passam bem mais a imagem de serem mais empoderadas. 

Enfim, eu poderia também falar dos ídolos individuais, tipo o Justin Bieber, a Britney Spears ou a Taylor Swift mas acho que esses artistas são bem mais propensos a passar da fase de serem "moda" pra se consolidarem como artistas respeitados do que os grupos, e os grupos em vogue, pra mim pelo menos, sempre refletem um pouco do zeitgeist da época em que fazem sucesso: das roupas às influências musicais e conteúdo das letras, por isso é tão fácil as músicas deles ficarem datadas em tão pouco tempo, só olhar pro N'Sync, Backstreet Boys, o Rouge ou as Spice Girls, são todos grupos que as pessoas revisitam pra sentirem saudades da época, mas nunca pra ouvir uma música unanimemente aclamada e de qualidade inquestionável.

Acho que nesse comparativo de grupos de ídolos não é nada justo botar as bandas de VK no meio, elas tão aí porque adquiriram uma fanbase bem parecida com as de idols, mas foi puramente por um alinhamento de acasos e exceções. Eu tenho certeza que maioria das bandas de VK tinham membros infinitamente mais talentosos musicalmente que os grupos de idols.

Esse é um assunto infinitamente mais complexo do que o que escrevi aqui, agora me sinto até meio culpado em ter simplificado desse jeito todo ele: desde a homofobia e o mais puro preconceito que preveniram um maior desenvolvimento dos grupos de idols até a cultura machista japonesa que faz com que grande maioria dos grupos de idol façam com que suas integrantes ajam deliberadamente de forma submissa aos homens. Eu tenho que ler mais sobre o assunto na moral.

Pra terminar o post vou botar um vídeo do Perfume.

 

Perfume é bem interessante porque o grupo é composto por três mulheres de 30 anos (idade impensável pra maioria dos grupos mainstream do gênero) e é de conhecimento geral que o grupo é o que é porque o produtor (Yasutaka Nakata) é um gênio. Acaba que boa parte da fanbase não chega no Perfume porque as moças são particularmente sexy ou lolitas, mas porque curtem o som puxado pro synthpop e com influências de Shibuya-kei, enquanto que maioria dos grupos de idol mainstream são bem mais pop chiclete.

Hoje em dia tem grupo de idol pra todos os gostos possíveis no Japão: tem o Ray (e antes tinha o Dots Tokyo) que tem o som meio shoegaze/dream pop, tem o famoso Babymetal que, como o nome diz, é voltado pro metal e conseguiram um sucesso considerável fora do Japão, tem o Necronomidol que é TREVOSO meio black metal, meio qualquer coisa que remeta às TREVAS e sei lá, tem grupo de idol de todo gênero possível mesmo. A Kaede do Negicco (grupo de idols criado pra promover a venda de CEBOLINHA em Niigata) lançou um álbum belíssimo ano passado de Bossa Nova, então já não duvido de mais nada.

Acho que é isso, tive a ideia pro post ontem à noite e só lembrei agora a pouco, esse é um tema que com um pouco de estudo eu poderia falar horas e mais horas (já que é um assunto bem interessante) mas realmente chegamos ao limite do meu conhecimento por aqui.

vlw flw té mais!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Chove chuva, chove sem parar

Vocês gostam de chuva?

Tem todo o romanticismo ao redor da chuva, como São Paulo é terra da garoa, como o barulhinho de chuva é bom pra dormir etc etc etc, mas a chuva é uma bosta né.

Enchente, acidente na estrada, buraco na rua, além dos problemas mundanos pra alguém de classe média sem carro tipo escorregar no purê de folhas caídas na calçada, pisar no barro com tênis novo, levar banho de carro passando a toda, esquecer o guarda-chuva em casa e tudo mais, chuva é uma merda. É a relação dos ricos e pobres com a chuva que o Parasite mostra bem.

Mas enfim, eu gosto de uma chuvinha, em condições ideais.

Garoinha no fim de tarde quando você já tá em casa? Ok! Chuva num lugar que fica mais bonito com ela? Ok! Chuva na praia em UM DIA de três que você tá lá? Ok! Em quaisquer outras condições? Eh.

Chuva, ainda mais em São Paulo, torna a cidade um CAOS. Todo mundo desaprende a dirigir, vias alagadas, os ratos e baratas resolvem sair pra passear na Liberdade (mais do que o normal) e eu que sempre saio de chinelo, sempre corro o perigo de pegar leptospirose.

Mas é uma coisa que todo mundo tem que lidar, paulistanos em particular sempre devem estar prontos pra enfrentar uma chuva do caralho.

E mesmo no Japão, apesar da foto linda em Shibuya (que só pode ser apreciada 100% de noite e na chuva), a chuva mais atrapalhou do que qualquer outra coisa. Eu quase peguei gripe no dia que fui atrás das casas de show históricas, já que me molhei pra porra na região do Budokan, e poça congelada me fez escorregar duas vezes naquele país, um puta perigo pra quem não tá acostumado.

O que resta é tentar conviver com a dona chuva, tentar apreciá-la mesmo sabendo das tragédias e inconvenientes que ela ocasiona, e sempre andar com um guarda-chuva que você sabe que provavelmente não vai te proteger muito mas te dá uma ilusão de segurança.

Eu escrevi este post porque tomei uma chuvinha num desses dias que saí pra comprar comida aqui perto de casa, isso me fez lembrar que não tomava uma chuva já faz quase um ano por causa da quarentena! Meu DNA paulista chora.

Enfim, espero ainda pegar uma chuva com meus amigos NESSA VIDA AINDA, tenho boas lembranças de tomar chuva em rolê e a saudade tá batendo forte esses dias.

vlw flw té mais!

sábado, 6 de fevereiro de 2021

Ah não, chorei de novo ouvindo o Prelude do Final Fantasy

Acho que a única música que me faz chorar (sem exagerar, CHORAR DE VERDADE) instantaneamente é o Main Theme do Final Fantasy, ou o Prelude. 

Sei lá porque, mas o vídeo de abertura do Final Fantasy III pra DS/PSP também sempre me faz chorar, e apesar de ser um dos meus games favoritos, não é como se tivesse me marcado particularmente, assim como o resto da série pra falar a verdade.

Eu sempre fui um fã de Final Fantasy. Eu comecei a jogar na época que peguei Pokémon também mas Pokémon obviamente sempre foi um jogo mais fácil de jogar e que eu particularmente nunca prestei atenção pra história (assim como 90% dos jogadores) e nunca perdi muita coisa, agora Final Fantasy você é obrigado a entender bem a história pra ter uma boa experiência.

E puta merda, jogar Final Fantasy é uma puta experiência, não é só jogar um jogo, é entrar nele de cabeça. A música, a história, os personagens, a dificuldade, tudo é feito nos moldes pra você ter uma imersão no universo do jogo em questão, até o Final Fantasy XV, que é bem bostinha em comparação ao resto da série, é um jogo diferente se comparado com outros JRPGs e, como todo jogo da série, também me fez chorar.

Apesar de eu estar aqui falando e falando da série, dos 15 jogos da série principal eu devo ter terminado uns 5 e jogado uns 10 no máximo. Os FF do I ao VI tinham um tempo de conclusão razoável pros RPGs da época: de 5 pra 20h no máximo, da geração do PS1 (VII) até o XIII virou uma palhaçada e os jogos demoravam dezenas e mais dezenas de horas pra terminar, o XII e o XIII em particular são ginormes, o XV é bem rapidão tho.

Além do FFIII, jogos da série que me marcaram foram o FFIV, FFVI e o FFX. Eu pretendo jogar o FFIX, o FFII e o FFXII quando tiver um tempinho a mais, acho que JRPGs não podem ser jogados em grandes intervalos de tempo.

Meu favorito da série é o Final Fantasy VI, que ainda quero jogar novamente. Acho que é o jogo com o melhor vilão, uma trilha sonora maravilhosa (já que, sinceramente, não dá pra rankear) e um setting bem legal. Se contar os spin-offs eu gosto bastante do Final Fantasy Tactics, é com certeza o jogo com melhor história na série, além do fato de ser tactics contribuir bastante pra dar uma variada no gameplay.

Mas é, eu preciso estar numa vibe exata pra jogar Final Fantasy, acho que Shin Megami Tensei por exemplo é uma série bem mais tragável e até falo que é a melhor de JRPGs mas Final Fantasy ainda está no meu coração.

Mas é, acho que vou pegar um FF pra jogar algum dias desses antes das aulas começarem de novo.

vlw flw té mais!