domingo, 20 de dezembro de 2020

A Poli não é justa e a vida não é fácil

Não existem duas pessoas que se formam com o mesmo esforço na Poli.

Na Poli entram uns 1000 calouros todo ano em mais de 10 engenharias diferentes, e por mais que as equipes das matérias do ciclo básico tentem nivelar bem todas as turmas, e por mais que as provas sejam iguais pra todos, as aulas nunca vão estar no mesmo nível para todo mundo.

Um bom exemplo é Introdução à computação. Eu não tenho dúvida que o professor da minha turma era o melhor que tava dando aula naquele ano, e ouvi relatos de pessoal de outras turmas com professores que tentavam ensinar a disciplina toda na lousa, isso se refletia nas notas das provas e nas conversas rotineiras com gente de outras turmas.

Outra matéria do ciclo básico que era loteria era Desenho Técnico (é esse o nome de PCC-3100? Nunca lembro), que dependendo da sua turma você tinha um 8 garantido, dependendo você tinha uma rec garantida.

Mas enfim, isso só falando das diferenças de uma mesma disciplina dada no mesmo ano para turmas diferentes, se você comparar anos diferentes aí a comparação fica ainda mais interessante.

Álgebra Linear II (ela, sempre ela) neste ano mudou de ementa pra comportar uns atrasos decorrentes de uns problemas com Álgebra Linear I por causa da pandemia. Resultado: eu finalmente passei na sei lá que vez que faço essa merda, TUDO ISSO SEM COLAR. A parte final de Algelin II era o que sempre me matava: EDOs e reconhecimento de quádricas. Tirou isso, passei.

Cálculo Numérico eu passei em um dos anos que mais teve reprovação na história recente da Poli (2018), teve até vídeo do Poli Usp Memes sobre, e ainda é um dos maiores orgulhos secretos da minha graduação. Deve ter sido a disciplina que eu mais me dediquei: fui em todas as aulas, fui nos reforços que os monitores davam no IME, fiz prova antiga pra porra... e fechei com média de prova 5.0, depois de tomar um 1.3 na P2 e buscar o 5.0 na sub, pelo menos a nota dos EPs subiu a média total. 

Na quarentena essa diferença entre o desempenho dos alunos aumentou mais ainda, por mais que os professores inventem 1000 formas de prevenir cola e ainda dar uma aula boa, sempre vai ter gente que vai se unir pra colar e sempre vai ter gente que vai se foder por não conseguir acompanhar a matéria.

E nada disso reflete no histórico escolar. Um cara com 5 em Cálculo IV em 2017 se esforçou 10x mais que um cara que passou com 8 esse ano (na maioria dos casos) e lendo no histórico não dá pra você fazer essas distinção. É claro, aí ainda entra a moral de cada um. No mesmo ano e na mesma turma pode ter gente que cola e tira 10 e gente que estuda pra caralho e tira 5, mas isso é uma coisa universal.

Enfim, escrevo tudo isso porque estou no processo de arranjar estágio e mandei meu currículo e meu histórico escolar pra um sem número de empresas e olhando meu (horrível) histórico escolar me veio a ideia de falar sobre o assunto.

Por tudo isso e mais um pouco acho que pedir o histórico escolar no processo seletivo é meio merda, porque se tem uma coisa que não existe na Poli, e na maioria das faculdades, é meritocracia. 

Eu admito que a grande maioria (leia-se: todas, mas deve ter alguma que foi cuzisse do professor) das minhas DPs foi minha culpa, mas conheço casos de gente que passou em tudo colando e gente que rala pra caralho e ainda não consegue passar em algumas matérias.

Já diz o ditado que corre os corredores dos prédios da Escola Politécnica: "A vida não é justa e a Poli não é fácil" mas nesse caso é mais "A Poli não é justa e a vida não é fácil".

Pois bem galera, seguimos.

Vlw flw, té mais!

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