Eu estou com quatro rascunhos de post mas não tive capacidade de desenvolver nenhum deles, e nisso fiquei Maio inteiro sem postar nada.
Novidades na minha vida? Ehh...
Teve umas coisas no trabalho mas nada MUITO impactante a ponto de reportar aqui, terminei de reservar os hotéis pra viagem pro Japão, acho que fui num show nesse meio tempo e uma pre-order que eu tinha feito lá no começo do ano debitou no meu cartão ONTEM DE MADRUGADA, coisas da vida. Ah, e começaram as aulas do cursinho onde dou aula.
Eu sigo um monte de japonês no Insta/Twitter, maioria é músico mas tem uns pessoal aleatório meio influencer (youtuber e coisas do tipo) e chega essa época do ano e aparecem as famosas fotos do Natsuyasumi japonês, as férias de verão.
Você que lê este blog já deve estar minimamente familiarizado com o conceito de férias de verão no Japão: Praia ou Montanhas, Matsuri (festival) onde tem barraquinhas e gente de yukata, caçar insetos com uma redinha e fazer bolas de barro (coisa que me fascina).
A coisa que mais acho legal é ver o pessoal (japonês) da minha idade indo pro equivalente de Parelheiros/Marsilac em São Paulo em Tokyo: Okutama. É basicamente um lugar com bastante natureza, pouca gente e bem bonito (parou aí as comparações com o extremo sul paulistano). Mas o legal é ver que parte do rolê é preparar um bentô com onigiris e salsichas e comer tomando uma cervejinha na beira do riacho.
Isso me trás pra memórias de férias de verão que tive quando criança.
Acho que boa parte dos nipo-brasileiros já tiveram essa experiência: descer pra praia (provavelmente Bertioga, Caraguá, Guarujá ou alguma outra cheia de japoneses) em família com uns bentôs cheios de onigiris e salsichas, no caso da minha família era especificamente salsichas de frango. O dia então consistia em brincar na praia e na hora do almoço voltar para o carro para comer o bentô, provavelmente estacionado numa rua atrás de algum hotel. Antes de ir embora pra casa, caso os pais estivessem generosos, rolava um sorvete.
Algumas vezes o roteiro mudava: "Vamos almoçar no Pastel do Maluf! (incrível nome)" ou então passávamos por várias praias, mas o objetivo sempre era curtir o momento em família, por mais que não pudéssemos, na época, pagar um restaurante caro de frutos do mar.
Acabou que a condição financeira da família, e geral como um todo, melhorou e a gente agora pode comer nos restaurantes caros a beira-mar, mas perdeu um pouco a magia de descer a serra. Obviamente prefiro minha posta de Cação a molho de alcaparras e minha entradinha de Casquinha de Siri, mas até hoje, toda vez que como uma salsicha de frango, lembro das minhas idas à praia quando criança com minha família.
E acho que é isso que acabo buscando quando tento me conectar com minhas origens, seja idealizando um estilo de vida japonês ou voluntariando em eventos da comunidade. O conforto que sinto com essa conexão é tipo a memória da salsicha de frango com onigiri num bentô dentro de um carro na rua atrás do Delphin Hotel de Guarujá.
Para musicalizar este post nada melhor que o clássico "Férias de verão dos meus 23 anos" do Shinsei Kamattechan:
O legal dessa música é que ela tem sequências: a banda lançou uma versão de 26 e 33 anos (talvez tenha alguma mais nova no momento que eu estiver escrevendo este post). Mas as letras são todas sobre envelhecer.
Outra música legal que queria botar é do Hara From Hell, teve duas pessoas que comentaram (uma aqui e outra pessoalmente) como gostaram da música que botei da banda noutro post, então aqui vai outra que também é pertinente ao tema:
O tema de natsuyasumi é um negócio incrível na mídia japonesa. Tem um monte de jogo, anime e os caralho que tentam mostrar a essência das férias de verão no Japão, mas é uma coisa tão folclórica que acaba sendo uma experiência mais pessoal mesmo pra cada um.
E é isso, pessoal!
Quando peguei esse esboço que tinha começado a escrever semana passada eu mal sabia no que ia dar, e acabou chegando numa experiência bem pessoal minha e uma (breve) reflexão da minha essência como nipo-brasileiro.
Vou tentar pegar mais ritmo pra escrever mais aqui.
vlw flw, té mais!