O que vem à mente de vocês quando vocês imaginam um momento de paz? E o maior momento de paz que vocês já tiveram na vida?
O meu maior momento de paz aconteceu no final de 2011 e até relatei aqui.
Foi um puta dia banal, eu mal lembrava das aulas que tive no período da manhã até ler o post mas aquela tarde foi uma das mais comuns, porém inesquecíveis, da minha vida.
Meu ensino médio era no período diurno, mas uma vez por semana, de terça-feira no primeiro ano e na quinta-feira no segundo, tínhamos aulas de laboratório e redação no período da tarde, indo do meio-dia até quase umas 19h.
Era o último dia de aula, todo mundo foi pra aula pra cumprir tabela e jogar futebol na aula de educação física mas tinham as aulas de tarde ainda, dolorosas horas mexendo em coisas que não sabíamos a função e ouvindo explicações que seriam esquecidas dali a pouco. No último dia de aula porém, as coisas foram um pouco diferentes: teríamos DUAS AULAS SEGUIDAS DE REDAÇÃO e depois UM DELICIOSO VÍDEO DE UMA MULHER PARINDO (ocupando também duas aulas SEGUIDAS).
As aulas de redação foram sussa, estávamos sendo claramente usados para avaliar os candidatos à vaga de professor de redação, os coordenadores do colégio sentaram logo atrás de nós, a primeira professora era horrível, foi um desprazer ter aquela única aula com ela, o segundo professor foi bem legal e acabou ficando com a vaga (e acabou ainda dando aula pra gente nos dois próximos anos).
Mas enfim, as aulas de redação foram até legais porque me reuni com uns amigos da outra sala, e ainda ludibriamos outro que tava jogando ping pong na cantina a se juntar a nós, mas no intervalo nós decidimos simplesmente matar a próxima "aula", já era quase uma tradição da professora de biologia passar o tal vídeo de parto no último dia de lab do primeiro ano e depois de vários comentários falando de como era uma coisa totalmente desnecessária nós miamos mesmo, ficamos nas mesas da cantina vendo o pessoal jogar ping pong e o amigo que arrastamos pra aula de redação voltou a treinar seus cortes e efeitos com a raquete de madeira.
Nisso um amigo fala que ia arranjar uma coca cola pra gente e menos de dez minutos depois ele surge com uma coca 2 litros e uns copos, ele se recusava a falar onde que tinha arranjado aquilo e nós só fomos descobrir a vendinha de guloseimas do lado do Hospital do Servidor Público Municipal dois anos depois.
E lá nós estávamos, assistindo e jogando um pouco de ping pong, tomando coca cola morna e rindo de piadas ruins e de como fomos espertos em miar o tal vídeo de parto. Era o último dia de aula, fim de Novembro, não haviam mais aulas, o vestibular era um problema pra depois, o tempo estava bom, céu azul e nada parecia incomodar a gente, aquela coca cola teve mais gosto de liberdade do que qualquer cerveja que tomei na vida.
Esse momento deve ter sido meu último de paz verdadeira, eu sequer sabia o que queria fazer na faculdade, estava rodeado de amigos que carrego até hoje e tinha matado aula deliberadamente pela primeira vez na vida (o que hoje é um evento semanal), foi o dia mais banal de todos mas ao mesmo tempo foi inesquecível.
Esse foi o dia que minha infância (ou adolescência?) morreu de verdade, no ano seguinte já estávamos fazendo provas de treineiro pra nos prepararmos pro vestibular e as cobranças para definir o futuro eram de repente imensas, até então eu tava certo que queria engenharia aeronáutica mas ainda hoje acho que um moleque de 16 ou 17 anos não tem discernimento pra definir o futuro numa simples escolha, a mudança pra Naval se deu do segundo pro terceiro ano, e não me arrependo em nada disso (apesar de posts neste blog dizerem o contrário).
Mas enfim, é isso. Eu posso estar romantizando um dia que realmente foi banal mas faz parte da vida né, eu passo dias incríveis com meus amigos na Poli mas ainda nada se compara com o retrato nostálgico que minha memória cria daquela tarde ensolarada em novembro de 2011.
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