Um personagem icônico da época do meu ensino médio era o coordenador do meu colégio.
Pra falar a verdade: ninguém levava ele a sério. Acima dele (a gente pensava que estava acima dele pelo menos) estava a coordenadora pedagógica, que era a mãe de um colega de sala meu, e ainda tinha o diretor, que servia mais como uma figura representativa da Igreja, já que era sempre um padre gringo e o colégio era católico.
Pois bem, o nosso professor de física sempre gostava de mostrar que a gente não sabia de nada e que precisávamos ser humildes pra aprender tudo, ainda mais física. Um dia ele pistolou (o que não era incomum) e botou na lousa pra gente resolver a seguinte divisão: 123/6.
"Porra, que conta fácil!" você deve estar pensando.
Mas faz aí no papel, se você fizer do jeito tradicional vai dar 2,5. Naquele dia eu consegui chegar em 25. E NINGUÉM na sala chegou no resultado certo, que era 20,5. Nota: a gente estava no terceiro ano do ensino médio.
O professor então deu um puta sermão de como a gente era ruim e aquela mesma ladainha de sempre, ok.
O negócio é que a memória dele não era tão boa, então deu uns dois meses e ele ficou puto novamente e tacou a mesma divisão na lousa pra gente resolver, só que dessa vez o coordenador estava passando no corredor e isso chamou a atenção dele, então ele veio observar o que tava acontecendo.
Um colega de sala falou o "20,5 professor!" mas não soube demonstrar como chegou lá.
Eu então falei: "Professor, eu sei e vou demonstrar na lousa!".
Botei lá 123/6 = 120/6 + 3/6 = 20 + 1/2 = 20,5.
O professor então me elogiou, falou que era como alguém que fez Kumon a vida toda ia resolver o problema (nota: eu nunca fiz Kumon) e o coordenador ficou tão impressionado comigo que ele me tratou como se eu fosse um gênio pelo resto do ano.
Foi algo bizarro, mas por bem ou por mal eu tinha o melhor desempenho geral entre a galera do meu ano. Eu era (e continuo sendo) um horror em biologia e gramática, mas o resto eu tirava de letra até, em química e física eu às vezes perdia pra dois amigos meus, mas em matemática eu mandava bem demais (saudades de poder falar isso). Mas é, meu colégio era uma escolinha de bairro, eram duas salas de 25 pessoas no terceiro do médio.
Isso nos leva pra viagem de formatura em Floripa. O almoço num dia lá tinha sido num self service numa praia, a fila pra pagar estava enorme e eis que chega o coordenador (que tinha conseguido ir pra viagem na faixa): "Ooo Yoiti, tá aqui minha comanda e o dinheiro pra pagar certinho", respondi: "Cê tá me devendo um sorvete hein?" pro que ele respondeu com um joinha.
Chegou numa ilha lá, tinha uma loja de lembrancinhas onde vendia sorvete também. Virei pro meu coordenador cobrando o sorvete e ele me deu uma nota de 50 reais "olha, pega um Fruttare no máximo hein?".
Mermão, comprei um Magnum pra mim e mais dois pros meus amigos, devolvi 5 reais de troco pro coordenador. Ele ficou puto mas relevou, afinal a viagem toda tava sendo de graça pra ele. O cara ainda comprou 5 sacos de farinha de alguma coisa que, segundo ele, era bom demais e só tinha em SC.
É um episódio totalmente banal mas mostra bem como o nosso coordenador era. Eu sinceramente não era muito chegado nos coordenadores durante meu ensino médio, sempre achei que esse pessoal insistia em usar os tais novos métodos pedagógicos e não tinham contato o suficiente com os alunos pra saber se tava dando certo ou não, mas algo me diz que esse fenômeno é universal.
Enfim, tá aí mais uma anedota do meu ensino médio. Incrível pensar que o ensino médio durou 3 anos e minha faculdade já tá batendo nos 7. Algo me diz que o médio me impactou mais, mas acho que só vou poder julgar meu período na Poli daqui alguns anos, assim como demorei pra digerir tudo o que aconteceu no ensino médio só um tempo atrás.
E é isso aí, estou com preguiça de postar com consistência então não fiquem muito ansiosos pra mais posts, vai demorar... ou posso postar amanhã algo novo.
vlw flw
té mais!
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