domingo, 23 de fevereiro de 2020

Shinjuku

Vai fazer um ano da minha volta pra Terra Brasilis depois de três meses no Japão, então nada melhor que um post sobre o bairro mais icônico de Tokyo pra fechar essa série sobre lugares da capital do Japão.

O bairro dos otakus é Akihabara, o bairro dos jovens é Shibuya, o bairro dos hipsters é Shimokitazawa, o bairro dos ricos é Ginza, o bairro dos hypebeasts é Harajuku e o bairro de todo esse pessoal é Shinjuku.

A Estação de Shinjuku

Shinjuku é o resumo de Tokyo, se você tem só meia hora pra conhecer Tokyo, vá pra Shinjuku. E um resumo do bairro é justamente a estação de Shinjuku, a maior estação de trem do mundo.

Alguns dos trilhos que passam pela estação de Shinjuku.
A estação de Shinjuku tem 53 plataformas e mais de 200 saídas (segundo a Wikipedia), por experiência própria eu posso atestar que é bizarramente fácil se perder naquela estação, e ainda a rodoviária principal de Tokyo fica acima dela. É um complexo gigantesco que serve como hub do Japão inteiro, a única linha principal que não passa pela estação é a do trem bala (que passa pela estação Tokyo em Marunouchi). Pense na estação de Shinjuku como uma mistura das estações da Luz, Sé e Tietê.

Fim de tarde na passarela sobre a Koshu-Kaido, a Estação de Shinjuku ocupa boa parte subterrânea dessa foto. Also, melhor foto que tirei no Japão.





E foi inconcebível pra minha cabeça de paulistano orgulhoso como a paisagem mudava só de sair de uma boca diferente da estação, as duas regiões discrepantes que mais frequentei foram a leste e a sul: a região leste de Shinjuku é onde está Kabukicho e toda a parte da cidade que não dorme (que na verdade dorme das 5h às 11h), em suma é a parte boêmia da cidade; a região sul é onde está o Gyoen, parque enorme onde foi ambientado o Garden of Words do Shinkai e onde começava a divisão entre Shinjuku e Yoyogi/Shibuya/Harajuku, era uma parte ainda comercial mas bem mais tranquila, com prédios menores e ruas mais estreitas, foi nessa região que era o net café que dormi por várias noites.

A estação em si, assim como a rodoviária, eram bem agradáveis quando não estavam absurdamente cheias, os shoppings na estação eram enormes e eu me perdi várias vezes por eles. A dica aqui é que o Takashimaya de Shinjuku tinha o melhor banheiro que usei no Japão, não tão aconchegante quanto o do hostel que fiquei em Shimokita ou do Customa, mas extremamente refinado.

Coin Lockers na estação de Shinjuku, ao fundo decoração de Natal que ainda tava de pé em Janeiro.
Ah é, acho que tem uns cinco ou seis Shoppings com acesso direto à estação de Shinjuku, todos eles enormes e luxuosos, pra quem não tem grana o banheiro é o melhor que eles têm a oferecer, não vale gastar a grana ali.

Região Sul: Gyoen e imediações da Estação Yoyogi

O Gyoen, como boa parte dos parques nacionais grandes de Tokyo, cobra o ingresso pra entrar, eu me deparei com ele por puro acaso na minha primeira ida a Tokyo e resolvi usar o parque pra cortar caminho, quando descobri que tinha que pagar pra entrar eu quase desisti mas acabei entrando no parque, 200JPY é um preço razoável no Japão.

Uns prédios de Shinjuku ao fundo do Gyoen.
Na moral que era dia 11 de Janeiro e tudo que podia ser visto no parque era árvore sem folha e ZERO flores, puta friaca do caralho. Mas o parque era enorme e numa época legal deve ser bem bonito, mas no dia que fui tava deprimente mesmo, por isso mesmo acho que vale mais a pena ir pro Yoyogi ou até pro Parque de Ueno se você quiser ver verde em Tokyo, posso ter sido influenciado pelo fato que fui pro Yoyogi já em Fevereiro quando tavam florescendo as sakura e fui pra Ueno em Março e já tava lindão.

Perto do Gyoen ficava o net café onde eu dormia: o Customa Café, e toda aquela região mais sul de Shinjuku era uma caminhada de 5 minutos da estação e parecia outra cidade, toda aquele cruzamento na frente da saída principal da estação de Yoyogi era bem aconchegante, só no alcance dos olhos já tinha uma caralhada de restaurantes: Matsuya, Doutor Café, Wendy's, Mc Donald's, Pronto, Saizeriya e o Sukiya 24h que eu sempre comia, um Seven-Eleven, um Family Mart, além da casa de shows onde foi o primeiro show lá (Yoyogi Zher the Zoo). Depois de dormir no Customa em três ocasiões diferentes eu já conhecia aquela região melhor do que a Liberdade.

 
Essa passagem é bem no meio do caminho entre a Estação de Yoyogi e a de Shinjuku, indo a pé. Um dos únicos vídeos que filmei no Japão.


Região Leste: Kabukicho e lojas bonitas ao redor

Enfim, eu tinha ouvido que Kabukicho era o antro de drogas e pecado (leia-se puteiros) de Tokyo então eu não passei pelo miolo da região de noite, apesar de ter ido pra um show (e ter dormido num netcafé) lá pela região mais perto da estação Seibu-Shinjuku, mas a região leste inteira de Shinjuku era uma putaria do caralho: muita gente, muitas avenidas largas e muito, mas muito turista.

Portal de Kabukicho, famosa Baixa Augusta japonesa.
O foda é que meu tempo perdido em Tokyo foi sempre nessa região, já que os arcades da Sega ali eram enormes e tinham todos os jogos que eu jogava, além de ser pertinho do Customa onde eu dormia.

A minha primeira refeição que fiz sozinho em Tokyo, já que já tinha comido em Odaiba com meus primos, foi justamente no meio de Kabukicho num ramen bem randômico que resolvi entrar por estar morrendo de fome.

Paguei 500JPY num tonkotsu ramen delicioso.
Lá no meio de Kabukicho está também o Golden Gai, que segundo inúmeras fontes (nenhuma delas confiável) é o lugar no mundo com mais bares por metro quadrado. Eu acabei passando lá só de manhã já que, por mais que eu tivesse fazendo tudo por impulso na época, eu não conseguiria ir pra um bar de 4m² sem falar uma palavra de japonês.

Golden Gai em toda sua glória, procurem fotos aéreas do local, bem legal.

Em uma das avenidas grandes, quiçá era na Koshu Kaido mesmo, tinha a Bic-Qlo, que juntava a maior loja de roupas do Japão (Uniqlo) e a maior loja de eletrônicos (Bic Camera). Tinha também lá por perto a Sekaido, a maior loja de artigos de papelaria do Japão, a loja inclusive aparece no mangá Blue Period. Como sou um incompetente do caralho, esqueci de tirar fotos das duas lojas.

Considerações Finais

Eu acabei indo pro prédio da prefeitura de Tokyo pra ter uma visão panorâmica da cidade e também explorei aquela região meio suspeita onde tem umas casas de câmbio lá perto da estação de Shinjuku, mas só fui uma vez e não posso falar que lembro de muita coisa agora.

Shinjuku foi o bairro onde mais passei meu tempo em Tokyo, além de ter sido onde dormi na maioria das vezes que fui lá. Todo aquele caminho que eu andava, da estação de Shinjuku até o Customa Café,  já era pra mim quase tão familiar quanto o caminho da estação Liberdade até minha casa. Não fosse meu amor quase que incondicional por Setagaya, Yoyogi seria um sério candidato pra um lugar interessante para morar (vamos ignorar os preços exorbitantes da região).

Além de ter dormido no Customa, eu precisava matar tempo na região sempre que fosse pegar o ônibus de volta pra Kofu, então eu conheci todos os arcades num raio de 200m da estação, além de todos os shoppings (e seus banheiros) e lojas de CD (tanto a Tower Records num dos shoppings quanto as várias lojinhas da Disk Union). O foda é que Shinjuku já tinha mudado nos três meses que frequentei lá, eu tenho total ciência que o bairro vai estar irreconhecível quando eu voltar lá, seja daqui um ano ou dez, Shinjuku está numa constante metamorfose.

Acho que eu nem precisaria estar dizendo isso aqui mas: Shinjuku é o primeiro lugar que você deve visitar quando for pra Tokyo, deixe pra depois o cruzamento e a estátua do Hachiko em Shibuya, deixe pra depois o Senso-ji em Asakusa ou até mesmo as lojas de otaku em Akihabara, Shinjuku é uma pura massa de caos e distopia cyberpunk e foi a razão pela qual me apaixonei pela cidade de Tokyo quando saí do ônibus vindo de Kofu.

Como a Shiina Ringo canta no Gunjou Biyori:
Está chovendo bastante em Shinjuku
Onde está você?
Tokyo está ficando azul por causa do frio.

O que isso tem a ver com o post? Só a menção a Shinjuku mesmo, mas eu posso falar que peguei uma chuva do caralho em Shinjuku e realmente vi Tokyo ficar azul com o frio.

Pode parecer um saco eu estar falando da viagem pro Japão depois de um ano que ela acabou mas estou escrevendo mais pra documentar a viagem, vou escrever mais uns posts e compilar tudo depois, eu acho que as fotos são um bom meio pra documentar a viagem, mas escrever é melhor ainda.

Eu acho que esse post tá meio incompleto ainda então sepá volto aqui pra completar e corrigir algumas coisas, vou postar mesmo por estar sem saco de checar as coisas.

vlw flw té mais.

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