sábado, 1 de fevereiro de 2020

Cotidiano

De um tempo pra cá eu adquiri um gosto por retratos do cotidiano na ficção.

Se algum dia eu gostava mais de sci-fi ou grandes épicos, agora adquiri um gosto por aquele clichê que já está sendo abusado do "retrato da vida cotidiana e seus altos e baixos", nos mangás isso é também conhecido como "slice-of-life".

E apesar de eu ter visto uns SoL bonitinhos e moe que nem Yuru Camp e Horimiya, chegou uma hora que eu tava lendo praticamente relatos cotidianos em forma de mangá, por exemplo eu amei "Sing Yesterday to Me" do Toume Kei mas é um mangá muito lento e muito chato pra maioria das pessoas, assim como a vida cotidiana.

E tem mais vários outros mangás que amo e são bem assim: She and Her Cat (que é o primeiro curta que o Shinkai fez), Yokohama Kaidashi Kikou (que é pós-apocalíptico, mas é bem suavinho), Umibe no Onnanoko (do Inio Asano, criador do Oyasumi Punpun) e tem também as histórias curtíssimas do gomen (no twitter @gomendayo) que são as favoritas dos jovens perdidos do Japão hoje.

Na literatura eu sempre gostei dos romances coming-of-age então meu gosto não mudou muito, os livros do Murakami (alguns) e da Banana Yoshimoto são bem interessantes e mesmo que tenham twists não tão normais na vida cotidiana, são bem legais como um retrato do Japão. Na literatura ocidental sou mais apegado ao Salinger (autor do meu livro favorito: Catcher in the Rye) e à Clarice, livro em geral eu acabo só lendo coisa assim mesmo, os poucos sci-fi ou épicos que li não me agradaram muito.

E o pior foi que essa mania minha de ficar vendo coisas cotidianas se estendeu até ao Youtube, agora fico assistindo inúmeros vídeos de "a day in the life of a x", x sendo estudantes, salaryworkers, etc. Seja no Japão ou States (não to afim de ver do Brasil). Tudo começou com os vídeos da Okana Nanako, a youtuber que faz comida normal que descobri no Japão, tem uma beleza singela em ver coisas normais sendo feitas por pessoas normais que acaba me atingindo. E acho que não é nem sobre o dia dessas pessoas ser necessariamente interessante, mas por serem culturas diferentes é interessante ver as diferenças, mesmo que sejam mínimas.

Ah, agora em retrospecto acho que o que me fez entrar nessa vibe foi ter lido Stoner do John Williams, que é um livro lindo e talvez mais relevante pra nós hoje do que para as pessoas na época quando foi escrito. Acho que até já falei do livro antes mas uma frase numa review que li no Goodreads me fez pensar bastante: "Because it reminds us that ordinary people who live ordinary lives can have a beautiful story to tell too.". Não vou nem entrar no mérito da mediocridade que já tinha falado em outro post mas foi por aí que comecei a dar mais valor pra histórias normais de pessoas normais, apesar de ainda reservar um espaço no coração para space operas e distopias.

Enfim, acho que tá tudo meio conectado: os posts sobre Sensibilidade, comfy, frio, Kinoko Teikoku e até o da barata. FAÇAM SUAS TEORIAS.

Na real que seria legal até achar uns blogs como o meu mas escrito por outras pessoas, canal de youtube acaba ficando muito artificial e cai sempre na mesmice de ter cenas fofinhas com lo-fi (talvez seja minha culpa por sempre cair ACIDENTALMENTE em canais de moças fofinhas, talvez), acho que o modo como uma pessoa escreve já diz bastante sobre ela, mais que qualquer vídeo editado.

É isso aí.
Por hoje é só,
vlw flw té mais!



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