terça-feira, 2 de julho de 2019

Manuscritos não ardem

Tentei escrever uns 8 posts mas não gostei de nenhum, acho que estou ficando muito chato comigo mesmo.

  • Um era muito existencial e muito longo, era uma enorme masturbação mental existencial que me fez bem escrever, mas não faria muito sentido postar pra ser lido;
  • Um era meio de autoajuda e isso logo depois de eu falar como odeio livro de autoajuda;
  • Outro era sobre Evangelion, aproveitando a hype que tá tendo agora que botaram no Netflix;
  • E mais uns outros era sobre coisas da minha viagem pro Japão, que vocês devem estar cansados de ouvir.
Acho que de um tempo pra cá, mesmo que eu não tenha prova concreta, eu meio que tomei consciência que PESSOAS LEEM MEU BLOG e eu ando botando o mínimo de controle de qualidade por estas bandas.

Uns tempos atrás, por mais que eu meio que perdesse o fio do pensamento de um post, eu publicava mesmo e foda-se, o blog é meu mesmo. Por isso que tem vários posts que publiquei que simplesmente não fecham o raciocínio e era tipo uma ideia mal desenvolvida.

E meu blog até um tempo atrás era meramente uma auto terapia onde eu basicamente escrevia tudo o que tinha na cabeça pra não ficar overthinking com as ideias depois, e foda-se o leitor. Mas depois que entrei na Poli, e várias pessoas começaram a aparecer pra ler alguns posts, eu comecei a me botar mais no lugar de quem está lendo. Porra, eu não gastaria meu tempo pra ficar lendo as masturbações mentais de um moleque de 20 e poucos anos sobre música underground, Japão e otakarias em geral, se esse tipo de gente acaba caindo aqui então vamos tentar escrever de maneira mais decente. Tentar é a palavra-chave aqui.

Mas enfim, isso quer dizer que eu estou me limitando ou mudando o estilo das coisas que escrevo por estar muito consciente de que PESSOAS PODEM LER ESTE BLOG? Nah, não muito.

Quero dizer, eu sempre mantive uma barreira, mesmo que tênue, entre minha vida pessoal PESSOAL e este blog, assim como não falo muitas coisas que poderiam fazer com que eu fosse reprimido por olhares julgadores de pessoas que nem me conheceram ainda tipo meu gosto por ******, nuns posts que escrevi no ensino médio eu cheguei a declarar meu amor por jogadoras de vôlei e... é, por mais que meus gostos tenham mudado de um tempo pra cá, vi que o certo é não ser tão vocal quanto a esse tipo de coisa apesar de eu ainda AMAR moças de cabelo curto.

E então, o que foi que mudou do começo do meu blog pra hoje?

Acho que eu peguei uma maior bagagem literária, que se traduziu numa mudança, não necessariamente aprimoramento, do meu jeito de escrever e talvez até de falar. Além de eu começar a usar o blog não só pra empilhar os pensamentos mundanos pra esvaziar a mente mas também pra desenvolver ideias que tive ao longo do dia, nisso o uso do Evernote foi essencial pra eu anotar algo que poderia ser o embrião de um novo post, quando eu tava no Japão os posts eram todos escritos no Evernote, depois eram transplantados pra cá.

Eu nunca escrevi exclusivamente para que outras pessoas leiam, por isso mesmo que nem no Facebook eu publico muita coisa escrita, do que fazer com que meus textões invadam a timeline alheia, prefiro postar as coisas aqui, num lugar onde os visitantes me conhecem e decidiram, por curiosidade, ver o que escrevo. Aqui também tem um maior alcance pra quem não conheço, o que é legal também, contanto que as pessoas leiam isso aqui por pura vontade própria tá tudo certo.

A última coisa que escrevi pra ser lida, tirando as redações de vestibular, foi um discurso que fiz na minha colação de grau do ensino médio.

Foi uma coisa meio chata, mas teve um rolo durante a votação para orador da turma onde eu fui escolhido num primeiro momento mas depois teve recontagem e me tiraram de lá, isso depois de eu ter falado pros meus pais que iria ser o orador, depois abriu um espaço pra ter um orador na pré-cerimônia, que seria na igreja, e esse orador estaria a cargo de criar um discurso também, ao contrário do orador principal que só leria os papéis repassados pelos professores.

No final eu peguei esse cargo de orador na igreja, mesmo que de forma totalmente não democrática, e acabou sendo uma experiência legal de escrever um discurso que ao mesmo tempo era reconfortante e tinha toques do meu comunismo latente... eu perdi o discurso antes que peçam pra que eu poste aqui.

Eu acabei nem falando pros meus pais que eu tinha conseguido pegar o papel de ser orador em outra ocasião, eu tinha essa neura de não decepcionar meus pais e aprendi com a ocasião de ter que falar pra eles que eu não era mais o orador que é melhor falar as coisas só quando estiverem mais que garantidas, e chegou no dia e fui ser orador lá na frente da igreja sem que meus pais soubessem disso de antemão.

E isso foi outra coisa que mudou com o tempo, pode parecer dissonante com o tom do post mas antes eu vivia muito das expectativas que os outros botavam em mim, principalmente meus pais e professores, depois que entrei na faculdade que comecei a pensar um pouco mais nas minhas expectativas comigo mesmo. Você decepciona seus pais e você fica mal por um tempo, mas quando você decepciona você mesmo, aí a dor é na alma.

ENFIM, acho que estou me desviando um pouquinho do que era o assunto do post, então vou encerrar aqui antes que eu escreva mais uma caralhada e tenha aqui mais um post rascunho pra nunca ser publicado.

Mas já dizia Bugakov: "Manuscritos não ardem."
Não entendeu, vai ler "O Mestre e Margarida", meu livro russo favorito.

vlw flw té mais

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