domingo, 14 de maio de 2017

Cenário underground

Eae galera.
Ontem desci a Augusta até onde nunca tinha descido sóbrio, fui ver o primeiro show da banda de uns amigos meus da Naval, pretty cool. Era um festivalzinho com umas 10 bandas que estão começando ainda, acabei só ouvindo a banda dos meus amigos e a que tocou antes,ambas bem legais, acho que preciso de mais material pra julgar direito. MAS A BANDA DOS MEUS AMIGOS ERA MELHOR.

O show foi num puta lugar apertado e mal ventilado numa sobreloja no final da Augusta, no lado do Parque Augusta, nunca tinha pisado nesses clubs onde bandas underground tocam (o máximo que conhecia era o auditório do CCSP onde umas bandas tocam às vezes) e me perguntei se os clubs no Japão são nessa vibe também, imagino que os famosos (Shimokitazawa LOFT, Shibuya WWW, UNIT Tokyo, etc.) sejam bem maiores.

Enfim, desde então eu só estou conseguindo ouvir música fora do cenário mainstream ... JAPONÊS, you name it: Uminote, harafromhell, Chirinuruwowaka (apesar deles já terem sido de uma major), Polkadot Stingray, Yuyun, etc. Enfim, vocês já entenderam. Also, outro dia me chamaram de hipster, fiquei ultrajado.

Isso tudo acabou me levando a questionar: qual é a diferença vital entre o cenário musical não mainstream japonês e o brasileiro?

  • Perspectiva e incentivo: no Japão o cenário underground é desenvolvido porque o mainstream também é, CD vende feito água em pleno século XXI, gravadoras têm um poder absurdo lá e a chance da sua banda vingar é consideravelmente boa, por isso existe uma caralhada de produtoras que lançam bandas indies a rodo, isso explica como uma banda que mal tinha começado que nem Polkadot Stingray lançar um clipe que tinha uma produção impecável;
  • Presença feminina: agora, esse é um ponto interessante, o Japão é machista pra cacete, talvez até mais que o Brasil, mas o que tem de banda com mulher no cenário indie não tá escrito, seja como frontwoman, baixista, guitarrista, trompetista, tecladista, etc. Acho que nos States (onde o cenário indie é talvez maior que no Japão) a maioria das mulheres em banda acabam ficando no vocal mesmo, mas no Japão posso citar pelo menos três exemplos de banda com mulher em cada instrumento (que não sejam all-girl band). Aliás, tem um movimento pra dar mais visibilidade pra mulheres na música aqui no Brasil, pra tirar a imagem de groupie do imaginário popular, eu sinceramente espero que isso dê certo, imagina ter umas bandas tipo Midori ou Bokutachi no Iru Tokoro por aqui?
  • Festivais e afins: No Japão, mesmo em festivais gigantescos como o Fuji Rock Festival, Countdown Japan, Otosata Rock Festival e Summer Sonic, eles sempre abrem espaço pra bandas que estão começando tocar, em palcos menores? Pois é, mas pras bandas que estão começando é um puta incentivo e jeito de espalhar a música deles, os festivais daqui não costumam dar espaço nem pra bandas nacionais que não toquem na rádio, quanto mais bandas que não estejam numa major label. Meu sonho é ver um city festival estilo SXSW aqui no Brasil;
  • Cultura num sentido mais amplo da palavra: no Brasil por default quem curte música nacional é funkeiro/pagodeiro/sambista/MPBista e """rockeiro"""(uma das palavras que mais odeio na vida) curte música de fora, a maioria dos ditos hipsters daqui só curtem música gringa ou quando muito música nacional antiga, porra galera, tem que mudar esse pensamento aí senão o cenário musical dessa porra não vai pra frente mesmo. O que achei interessante é que ouvi na rádio que o Brasil é o terceiro país que mais consome música do mercado interno, ficando atrás só dos States e do Japão, cara, vocês conseguem enxergar o potencial que nosso cenário doméstico possui?
Maaaaaas enfim, eu também tenho que fazer meu papel indo nos shows e tentando descobrir bandas novas (do Brasil) por aí, eu tenho sinceras esperanças que o cenário pode ter um boom daqui a pouco, a interwebs tá ajudando bastante na divulgação das bandas.

Enfim, o post foi longo né? Era pra ser curtinho mas acabei passando da conta.
Ah, verdade, hoje é dia das mães! Parabéns aí pras mães de todos os leitores do blog, e pra minha também, obviamente. Eu tinha que fazer o post sobre ser mãe hoje... enfim, deixa pra próxima.
vlwflw, té mais


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