terça-feira, 29 de outubro de 2024

Look Back & Kalk Samen Kuri no Hana

Aaaahhhhh eu estou com uma preguiça descomunal de escrever alguma coisa aqui mas quero manter a decência de pelo menos fazer um post por mês.

Eu fui com um amigo meu ver uma maratona de dois filmes: Look Back no Cine Marquise e Love Exposure no Cinusp da Maria Antonia (o primeiro filme é curtinho e tem uma hora, o segundo tem quase quatro...).

E entrei em uma profunda crise de identidade.

Acho que os dois filmes são extremamente pessoais para quem os fez: Look Back é o mangá mais pessoal do Tatsuki Fujimoto (autor de Chainsaw Man) e o diretor Kiyotaka Oshiyama conseguiu fazer uma adaptação que trouxe tudo do mangá e ainda deu um toque pessoal dele. Love Exposure foi uma obra de paixão feita pelo Sion Sono, onde ele realmente quis fazer uma obra que expressasse tudo o que ele gosta e não podia fazer nos filmes que ele geralmente faz, maioria adaptação de mangá.

Mas Look Back em particular é uma obra apaixonante sobre o ato de CRIAR.

Eu particularmente tenho uma obra que me guia sempre quando o assunto é metalinguagem, quando é uma obra que fala sobre o ato de criar: Kalk Samen Kuri no Hana (ou KZK).

Pra quem não sabe, KZK é o terceiro álbum da cantora japonesa Shiina Ringo, mulher esta que na minha escala de respeito só perde para a minha mãe, e o terceiro álbum dela é do caralho, do balacobaco. Eu inclusive escrevi um review sobre esse álbum no blog e no Rate Your Music (TOP 1 em duas listas que fiz, o review separado é igual ao do blog).

E cara, pra mim KZK é minha bíblia, eu sempre testo fones novos com esse álbum e todo o processo criativo da Shiina Ringo e a história por trás de cada detalhe sempre me inspirou muito a não desistir de tudo. 

A última faixa do KZK, Souretsu (que traduz pra Procissão Fúnebre) é sobre aborto. Mas, ouçam-me bem, dá pra interpretar como sendo sobre o processo criativo. A letra e a tradução podem ser consultadas aqui e em modo geral o consenso é que o aborto seria o descarte de ideias em busca de novas e o ódio que o eu lírico tem da Samsara, o ciclo infinito do Budismo de vida e morte, nesse caso aplicado ao ciclo criativo. 

Enfim, a visão da Shiina Ringo do processo artístico é algo extremamente doloroso e penoso, e pra mim se a Shiina Ringo falou tá falado, quem sou eu pra contradizer a pessoa que fez Kalk Samen Kuri no Hana?

Mas Look Back não romantiza a ideia de criar, não floreia e também não faz parecer mais penoso do que já é. 

Crie, apenas crie! 

Não posso falar muito mais sobre o filme/mangá porque seria spoiler, mas assistam se puderem.

E depois de ver Look Back eu assisti Love Exposure, que é uma puta expressão, não só do Sion Sono, mas também de todos os atores e staff envolvidos no filme, é uma verdadeira obra que só poderia ser feita com muita paixão.

Aí entrei numa crise profunda.

Eu sempre vi o processo de criação como sendo algo quase sacro. A Shiina Ringo me ensinou o que era a perfeição e como o processo era extremamente sacrificante, e eu nos altos dos meus 17 anos só concordei. Eu fui fazer Engenharia Naval com a mais inocente motivação que talvez eu fizesse minha grande obra lá, um navio, um barco, sei lá, mas algo material. Não demorou muito pra eu desistir da ideia e só aceitar que eu nunca criaria nada que pudesse ser chamado de obra em vida.

Mas Look Back me tocou, se desisti faz tempo de criar algo porque então ainda escrevo neste blog? Porque não paro de usar este site e só jogo meus pensamentos aleatórios no Twitter? Se valorizo tanto a perfeição do KZK porque então prefiro ouvir uma cantora quase gritando no meu ouvido do que a Shiina Ringo? A resposta estava lá o tempo todo, eu que não enxergava.

Eu quero criar algo, quero sair chorando na chuva, quero fazer alguma coisa, não pra ser lembrado pela posterioridade, mas pelo simples processo de criar algo, esse era o grande segredo.

Eu estou passando por esse processo neste momento, e em todo momento que escrevi um post aqui. Por isso continuo aqui.

Por hoje é só.

vlw flw té mais!

terça-feira, 3 de setembro de 2024

OASISSSSSSS

Minha primeira banda favorita foi o Oasis.

Eu tinha 12 anos, meu gosto musical era música de anime e o que minha irmã me deixava ouvir das músicas que ela tinha baixado ilegalmente pelo Kazaa e Emule, ou seja: Britpop.

Oasis, Verve, Pulp, Ocean Colour Scene, Blur, Suede, Libertines, Jet. Bandas de Britpop ou RÓQUENROL padrão.

E eu amava Oasis, eu sabia todas as músicas, os b-sides (que como todo fã sabe, são as melhores músicas da banda) e sabia toda a história, todos os membros, quais turnês foram as mais icônicas, quais shows foram os mais icônicos e pasmem, A URL DESTE BLOG SURGIU DE UM BLOG QUE TRADUZIA POSTS DO BLOG DO NOEL (https://agoraonoeltemumblog.blogspot.com/)  e o blog dele era incrível, acho que agora deve ser meio difícil de achar mas se chamava "Tales from the Middle of Nowhere" e foi também uma das minhas maiores influências pro estilo de escrita do blog, junto com Catcher in the Rye.

E sinceramente, Oasis é um rock britânico bem genérico, mas porque influenciou tudo o que veio depois, mas é uma coisa tão icônica, tão apoteótica, tão na cara que é impossível não dar valor. Acho que foi uma junção de tudo o que estava acontecendo no Reino Unido na época e que culminou no Oasis dos anos 90.

O cenário musical britânico estava em uma crescente absurda, com a cena clubber em plena ascensão e o Rock Britânico voltando a ser relevante com o Madchester e o Shoegaze, o Britpop foi meio que o produto de exportação de tudo isso, onde uma cena musical diversa (tanto musicalmente quanto em questão de gênero) acabou sendo resumida a bandas de homens brancos que tocam Rock. Eu sinceramente prefiro muito mais Shoegaze que Britpop mas não dá pra negar o apelo que tem um Wonderwall ao invés de um Alison ou When You Sleep. Britpop é muito mais fácil de gostar.

E minha irmã era uma fãzaça de Oasis, o primeiro show que ela foi tinha sido o show do Oasis no Credicard Hall (hoje Vibra São Paulo) em 2006, e meu deus! O Oasis ia voltar pro Brasil em 2009 pra turnê do último álbum deles "Dig Out Your Soul"!

Eu tinha uns 12 anos em 2009, a idade mínima pra ir no show do Oasis acompanhado, e por eu ser facilmente influenciado por absolutamente qualquer coisa, eu PRECISAVA ir no show daquela banda que minha irmã me fez amar desde criança. O trato foi: meus pais pagariam os ingressos pra mim e pra minha irmã, desde que ela me levasse e não me deixasse morrer no show, fair enough.

Eu lembro que chegamos cedaço na fila e deu pra ouvir a passagem de show da banda e, sinceramente, tava com setlist melhor que o show em si: tocaram GAS PANIC e HALF THE WORLD AWAY!!!!!! NA PASSAGEM DE SOM!!!!! SEM PÚBLICO!!!!!!! Maluquice tá, meu deus.

Quem abriu o show foi o CACHORRO GRANDE, simplesmente o Oasis tupiniquim, bem mais que o Skank que tentam forçar no lugar só porque o Samuel Rosa parece o Noel Gallagher com cabelo tigela.

E o show foi muito louco, eu tinha 12 anos e tive a brilhante ideia de não ir de óculos por medo de quebrar num eventual mosh (mosh???? num show do Oasis??????? eu tinha 12 anos e era meu primeiro show, rapaziada) e choveu pra caralho e lembro até hoje que Don't Look Back in Anger foi tocado acústico (em toda turnê na verdade, inclusive na Argentina o público cantou acapella) e tocaram um cover de I Am the Walrus dos Beatles e, pasmem, não tocaram Live Forever! Vou ter que ir no show deles aqui em 2026 mesmo pra ver.

Mas enfim, ver Oasis tocar Champagne Supernova debaixo de uma chuva torrencial quando eu tinha 12 anos formou meu caráter.

Três meses depois do show o Oasis acabou.

Pra falar bem a verdade o Oasis não é uma banda conhecida por tocar bem ao vivo, tinha show que o Liam tava desafinado, e em 2009 o show do Oasis foi pra 25 mil pessoas no Anhembi e lembro bem que não conseguiram vender todos os ingressos, nem na pista normal e nem na VIP (que é onde eu fui), mas eu sempre disse pra minha irmã "Aposto que se o Oasis voltar hoje enche fácil o Allianz, o povo tá 15 anos sem ligar o que o Noel e o Liam dizem com o Oasis, a banda é muito menos odiada" dito e feito: MILHÕES de pessoas em fila online pra comprar ingresso pra turnê de volta da banda. 

Eu tenho certeza absoluta que se a banda tivesse continuado ela seria bem menos amada do que nessa última semana desde que anunciaram a volta. Os álbuns depois do Standing foram recebidos de uma forma bem morna e Dig Out Your Soul não foi diferente, tentaram inovar aqui e ali mas era um som muito manjado já, o Britpop tinha morrido anos atrás, por culpa do próprio Oasis (depois da decepção que foi o Be Here Now) e naquela época as bandas já estavam num pós-pós-Britpop com Arctic Monkeys, Franz Ferdinand, Muse e correlatos fazendo um som bem mais "atual" pros jovens da época.

Acabou que 15 anos se passaram desde que a banda acabou e Definitely Maybe (o primeiro álbum) e Dig Out Your Soul (o último álbum) que na época tinham incríveis 14 anos entre si, agora parecem relíquias de uma época passada da mesma forma. Então ninguém vai falar "ah porque o Oasis era melhor no começo" não, vão falar "ah porque o Oasis ERA BOM!" e era mesmo!

Acho que bandas do pós-Britpop não envelheceram tão bem quanto as originais, com raras exceções (Arctic Monkeys talvez), não dá pra pegar o impacto e relevância de um Oasis, Blur ou Pulp e comparar com Muse, Kaiser Chiefs, Franz Ferdinand.

As letras do Oasis são uma merda e não têm sentido na maioria das vezes mas porra, a AURA da banda era do caralho. Eu tenho uma camiseta do Manchester City só por causa do Oasis, eu ODEIO o Manchester City mas caralho, toda a estética do Liam dos anos 90 com a porra do óculos escuros e camisa de time e nos anos 2000 com a parka verde... icônico pra cacete, posso te falar que o Yoiti de 12 anos PENSOU em comprar uma parka verde... no Brasil...enfim.

Eu estava sem ouvir Oasis faz um tempão, eu tinha até criado uma playlist com minhas favoritas um tempo atrás mas nem ouvi, com a notícia da volta da banda eu peguei pra ouvir e entendi o porquê de eu amar tanto Oasis e porque a banda é tão amada.

É uma música icônica e é um rock no seu estado mais puro. Foi feito por uma classe trabalhadora sem estudo? Sim. Foi feita por amantes de um time inglês que, na época, tava muito mal? Sim. Mas nas letras não dá pra sentir nada disso, o Oasis fazia hinos globais que todo mundo conseguia se conectar justamente por não serem nada específicos. São hinos.

HER SOUUUUUUUUUUUULLLL SLIDESSSSS AWAAAAAAAYYYYY

Rock and Roll de estádio no seu estado mais puro. Tem solos de guitarra? Sim, mas não muito longos. Pra agradar roqueiros véios e o pessoal que curte cantar o refrão.

Enfim enfim, eu ainda lembro de muita coisa de Oasis porque foi parte das minhas memórias formativas. Por mais que hoje eu prefira Kaneko Ayano e Kinoko Teikoku por conversarem com meu coraçãozinho, Oasis sempre fará parte da minha pessoa: é o motivo de eu ter uma jaqueta do Manchester City, é o motivo de eu gostar da Adidas, é o motivo de eu ter escolhido estudar na Cultura Inglesa pra ter o sotaque BRITISH, é o motivo de eu andar com o queixo empinado e braços balançando quando era adolescente e foi uma das influências pra minha personalidade ser um pouco rude e bem sincera até hoje.

Minha irmã sempre gostou mais do Noel e falava que o Liam era um panaca mas eu sempre amei o Liam, acho que é porque sou o irmão caçula que nem ele.

É isso, acho que o post já está longo o suficiente, se me alongar mais ninguém vai ler.

Vou deixar a playlist que fiz com minhas favoritas do Oasis aqui (sem Wonderwall, claro):


 

E é isso pessoal, vlw flw té mais!

sexta-feira, 19 de julho de 2024

Calma pessoal, depois da copa de 2014 tudo vai melhorar

Eu tava vendo se escrevi sobre, mas não, tinha escrito um post falando como a Copa tava daora, depois um post sobre o Orkut e o 7x1 não foi citado na época. Obviamente eu citei o 7x1 em posts depois, e talvez até citei como se passou os acontecimentos daquele dia, mas o 7x1 fez 10 anos uns dias atrás e queria lembrar daquele dia fatídico.

A Copa de 2014 é uma coisa que lembro bem até hoje. Eu estava fazendo cursinho naquele ano, apesar do eu de 17 anos proclamar "Preciso passar na Poli direto pra presenciar a Copa do Mundo na faculdade!" acabou não rolando e lá estava eu, no Etapa São Joaquim em plena Copa do Mundo.

O Yoiti recém com 18 anos estava todo serelepe de ser um adulto responsável, porém bancado pelos pais, e queria marcar rolê com os amigos do Ensino Médio pra ver todos os jogos da copa. Ver os jogos nos estádios estava meio fora de cogitação porque os ingressos estavam caros e acabaram bizarramente rápidos, o que era o esperado obviamente.

Então marcamos pra ver o jogo de abertura em algum bar! Mas rolou boato (isso foi antes do termo Fake News se popularizar) de que o PCC iria passar ATIRANDO nos bares por qualquer motivo que seja. Aí acabamos miando do plano de ver o jogo, apesar que hoje em dia eu super toparia ir num bar com perigo de levar tiro hmm... mas enfim.

Passa pra frente e tivemos a chance de ver o jogo contra o Chile (aquele que o Brasil quase perde nos pênaltis e o Thiago Silva chorou e tudo mais), e escolhemos aonde pra assistir tal jogaço? Sim, o Sukiya.

Cara, pro algum motivo, o Sukiya em 2014 decidiu instalar TVs onde iam passar todos os jogos da copa que fossem transmitidos na Globo. Agora imagina a situação: dia de jogo do BRASIL, a copa era no BRASIL, a cerveja no Sukiya era bem barata até e porra, o que melhor que uma porção de karague pra acompanahr o jogo? O Sukiya da São Joaquim estava cheio pra tal evento certo??? Certo???

No Sukiya da SJ no dia do jogo do Brasil contra o Chile só tinha TRÊS MESAS com gente durante o jogo: a nossa, a de uns nerd jogando Yugioh (que não estavam lá pelo jogo, claramente) e um casal que deve ter parado pra almoçar e ficou pra ver o jogo por conveniência.

Mas enfim, esse jogo foi suave. Saímos depois da disputa de pênaltis e fomos tomar um sundae no Mcdonalds do lado. Tanto o Sukiya quanto o Mc a qual me refiro foram demolidos pra expansão da Linha 6, eles reabriram em outros lugares perto um tempo depois.

Eis então que o Brasil passa também da Colômbia, num jogo tão dramático quanto o anterior, só que dessa vez foi o Neymar levando uma joelhada na coluna do ZUÑIGA e a cobertura da mídia na época parecia noticiar uma tragédia nacional, mal esperavam que...

ALEMANHA! Brasil na semifinal pela primeira vez desde 2002! E em 2002 a gente faturou a Copa!!! Porra, otimismo pra caralho, todo brasileiro confiante que BERNARD ALEGRIA NAS PERNAS iria levar nosso ataque, quem é Neymar afinal? 

E bem nesse dia todos meus amigos estavam livres pra vir no meu apartamento pra gente ver junto o jogaço que seria aquele!! NOVENTA MILHÕES EM AÇÃO, PRA FRENTE BRASIL! SALVE A SELEÇ-

7x1 SETE A UM!!!!!

LEVAMOS SETE GOLS

A gente nem viu o segundo tempo, mudamos o input da TV pro HDMI2 e ficamos jogando PES 2010 narrado em português de Portugal no meu Xbox 360 desbloqueado pro resto do jogo.

Foi um misto de descrença e tristeza, mas também de risadas e a demorada sacada de que não éramos mais um país digno da alcunha de "país do futebol". 

Foi a partir daí que eu liguei o foda-se pra Seleção Brasileira e comecei a torcer mais pelo Japão, apesar de 2014 ter sido o último ano em que o Japão jogou mal mesmo, 2018 e 2022 foram anos bem melhores, o mesmo não pode ser falado do Brasil.

Eu sequer lembro onde estava quando vi os demais jogos da Copa de 2014, acho que em casa sozinho, mas aquele dia do 7x1 foi um dia a ser lembrado, graças a deus que não escolhemos aquele jogo pra ver no Sukiya, imagina só? O Sukiya (com a decoração antiga) já era depressivo, ver o 7x1 em um faria me jogar do Viaduto Pedroso logo depois de sair do restaurante.

Enfim, passou. A Seleção Brasileira continua a mesma merda, ou melhor, conseguiu piorar. Mas as chances do Hexa permanecem as mesmas: zero.

E é isso, 2014 foi o último ano que realmente estive MOTIVADO por algo: minha vaga na Escola Politécnica da USP. O resultado desse empenho todo pode ser lido nos meus últimos 10 anos de blog.

Por hoje é só, caros leitores.

vlw flw, té mais!

terça-feira, 9 de julho de 2024

Professor Yoiti

Eu dei uma aula a distância, uma presencial e participei da festa junina do Cursinho. Já posso me chamar de professor?

Se vocês não leram meus últimos posts ou não convivem comigo diariamente: comecei a dar aula em um cursinho popular lá na USP. Foi uma ideia que minha irmã me deu depois de eu ter descoberto que trabalho voluntário é legal, desde que todo mundo esteja curtindo.

Mas enfim, poucas vezes na vida eu cheguei perto de dar algo que pudesse ser chamado de aula, mas mesmo assim eu me candidatei pra ser professor em um cursinho popular, e deu certo, fui aprovado.

A primeira aula foi a distância, já que só dou aulas aos sábados e naquele sábado em específico a USP tava fechada por conta de feriado prolongado, e foi bem PELO O QUE EU TINHA PERCEBIDO.

A segunda aula, que foi presencial, foi um desastre.

Não, é exagero meu, mas me embananei todo usando a régua de lousa nos horríveis quadros brancos da FEA e fazer o círculo usando o barbante é mais difícil do que eu esperava. 

E sabe aquela cara de bosta que você faz quando não entende porra nenhuma? Presenciei várias delas naquele dia.

Isso me fez lembrar como alguns professores são bem avaliados por "saberem" de bate pronto quando um aluno tem dúvida, porra, é impossível ignorar a cara de "mano que porra tá acontecendo" de um aluno de cursinho numa aula de geometria às 9h da manhã, eu só não sabia muito bem como lidar com tipo 70% da sala com a mesma cara, além de perguntar um "gente, alguma dúvida? certeza?" e assim a vida, e a aula, seguem.

Enfim, aí teve festa junina do cursinho no último sábado e vou ter mais outra aula nesse sábado. Estou começando nessa carreira de professor aos sábados e vamos ver onde vai parar. 

Eu acho que é uma coisa tipo mil vezes mais importante e desafiador que o meu último trabalho voluntário, e quer queira ou não, é um outro trabalho. Não vou pra FEA de sábado pra fazer takoyaki, vou lá pra fazer algo bem menos divertido, mas bem mais recompensante.

É isso, vamos ver até onde a saga do Professor Yoiti vai. Eu gosto bastante do projeto do cursinho popular e acho que é uma das coisas que devia ter participado quando estava na Poli, mas vida que segue.

Eu to com um monte de posts na fila, e deixo registrado que estava pensando em escrever sobre os dez anos do FATÍDICO DIA do 7x1, acho que vale o post pelo contexto todo, e pra dar uma nostalgia.

é isso, vlw flw, té mais!

domingo, 26 de maio de 2024

Sushi de batchan

Hoje participei de uma gincana japonesa (Undokai) e o almoço foi no esquema motiyori: cada um levava um prato, comi uns sushis e onigiris lá e isso me deu ideia de um post.

Tem um tipo de sushi que todo nipo-brasileiro com um pouco de contato com a comunidade já comeu: o sushi de batchan.

O sushi de batchan, ou sushi de vó japonesa, é um clássico: um futomaki (ou makisushi) com diversos recheios que podem ser aleatórios a depender da época.

Futomaki que você já deve ter visto em vários lugares, amado por todos os japoneses. Peguei a imagem do Just One Cookbook meu site favorito para receitas de comida japonesa

E cara, é o tipo de sushi que você NUNCA vai ver em nenhum restaurante. Os ingredientes são bem característicos, o tempero no arroz é bem diferente de qualquer tempero de arroz de restaurante e você sente que na confecção do sushi teve AMOR.

E isso me leva a outro ponto: não é raro uma pessoa me ver, eu um japonês gordo, e perguntar: qual o melhor restaurante japonês que você já comeu? E dou a maior trucada que pouquíssimas pessoas podem chamar seis: falo de um restaurante que não existe mais.

O restaurante japonês que considero ser o melhor que já comi é o Kotobiya. A dona/cozinheira/chef/manager acabou indo pro Tanka, muito provavelmente num cargo alto, e o Kotobiya já ficou na memória faz mais de dez anos. 

Mas o que o Kotobiya tem a ver com o começo do post? Era o único restaurante que todo sushi tinha gosto de "sushi da batchan". Não só o futomaki, mas todo sushi lá tinha gosto de realmente caseiro, e caseiro feito por vó mesmo. É uma coisa que eu nunca achei em nenhum lugar e imagino que não deva achar facilmente.

"Mas e o Tanka pra onde a dona foi depois que fechou o Kotobiya?". Lá no Tanka ela não cozinha diretamente (EU ACHO) então o sushi não tem o mesmo toque. E uma coisa que sempre me perguntei foi como chamaram ela pro Tanka sendo que o Kotobiya tinha uma proposta totalmente inversa. Os dois eram buffets à vontade (com ressalvas para certas peças que eram sob demanda, mas ainda inclusas no valor do Kotobiya, pra estarem sempre frescas) mas um era totalmente intimista e caseiro e outro é quase um complexo industrial pra sempre ter sushi pra um salão enorme.

Mas porque então é tão raro ter sushi caseiro disponível pra um público geral? Tenho minhas teorias.

Acho que os maiores diferenciais do sushi caseiro ao de restaurante são o tempero do arroz, os ingredientes em pratos com mais liberdade "artística" e a forma que o peixe cru é cortado. O ponto sobre o corte do peixe é um negócio totalmente da minha cabeça que pode muito bem ser maluquice minha, mas o tempero do arroz é o primordial, é diferente.

O tempero pra sushi é uma mistura de vinagre de arroz, açúcar, sal e alguma fonte de dashi, muito provavelmente kombu seco. Então deve ter alguma proporção maluca que os restaurantes fazem e que as avós japonesas fazem diferente? E por algum motivo todas as avós japonesas e todos os restaurantes estão em extremos opostos de como fazem essa mistura? Enfim, muitas perguntas.

O negócio dos ingredientes é a tendência das avós japonesas tacarem tipo vagem ou cenoura no futomaki. Cara, pra ser bem sincero eu não gosto (da vagem, amo cenoura num kimbap), mas vagem é muito aleatório, a textura do negócio não combina com o tamagoyaki ou o pepino ou o kani, mas porra se não me sinto sendo abraçado por uma batchan de 90 anos quando como um futomaki com uma vagem dentro.

No Japão eu queria ter ido num lugar que vendesse sushi caseiro mas é um tipo de combinação que você não acha fácil: os restaurantes caseiros de velhinhos no Japão são em sua maioria de lamen, tonkatsu, bento ou algo quente e (tecnicamente) fácil de se fazer, e sushi é ou caro ou aqueles de esteira, sepá eu realmente perdi a maior chance de comer um sushi caseiro do Japão mesmo.

Eu até tentei fazer sushi em casa mas não curti muito o resultado. Não ficou ruim mas deu trabalho e um futomaki decente na Liberdade tá tipo 20 conto? Bem menos do que o que gastei nos ingredientes. Talvez o segredo seja que não sou uma avó japonesa.

Mas é isso. Meu sushi favorito da vida foi num restaurante no meio de Moema que não existe faz mais de 10 anos e você só pode degustar um tipo extremamente particular de sushi em eventos da comunidade nipo-brasileira, fica aí o convite agora que esses eventos estão sendo bem frequentes.

No mais é isso. Estou participando de vários eventos da comunidade nipo-brasileira e isso talvez esteja sendo mais útil pra achar minha identidade do que ir pro Japão trabalhar feito escravo numa fábrica na puta que pariu só pra ser gritado por um japonês filho da puta, quem diria.

É isso, é isso, é isso!

Vlw flw té mais!

segunda-feira, 20 de maio de 2024

Fui pra Curitiba procurar o sentido da minha vida mas só achei comida boa, suco de uva e salame

Eu estou escrevendo mais dois outros posts além deste mas o bloqueio veio e entrei numa crise existencial.

Eu viajei pra Curitiba.

Tenho um amigo antiquíssimo, talvez uma das amizades mais antigas que mantenho até hoje, que mora em Curitiba desde 2014 por causa da faculdade e, assim como meus amigos que estudaram fora de São Paulo (Campinas e São Carlos no caso) sempre falou de ir visitá-lo e tudo mais, no final a única visita que rolou mesmo foi pra Curitiba.

Eu já tinha ido com mais dois amigos lá pra Curitiba em 2019 mas na época foi mais pra curtir a juventude, dessa vez foi pra fugir de São Paulo. Não me entenda mal, eu amo São Paulo de coração mas quando você pega 15 dias de férias do trabalho, a última coisa que você deseja é passar esse tempo todo na cidade.

Eu, aliás, tinha um monte de planos do que fazer nesse meio tempo: assistir o seriado do Fallout, ver uns filmes asiáticos e estudar pra prova no meu trabalho e preparar as aulas do cursinho que vou começar a dar aula no próximo fim de semana, fiz alguma dessas coisas? Nope, não completamente pelo menos. Fui acometido por uma crise existencial e questionei absolutamente tudo na minha vida, além de ter pego uma virose e ter ficado com a pior dor de barriga que já tive nos últimos anos. Nisso tudo aí a viagem pra Curitiba já tava planejada mas ela passou de um simples passeio pra uma busca intrínseca por algum sentido de vida, ou algo nessas linhas mas não tão dramático.

Foi uma viagem normal, onde a gente comeu pra cacete e passeamos por lugares que não tínhamos ido na viagem de 2019. A cidade de Curitiba sempre me pareceu uma mistura de bairros nouveau-riche paulistanos com uma imagem deturpada de uma cidade europeia importante-mas-nem-tanto, mas é um lugar bacana de ir pra passar umas férias. Se eu moraria lá? Acho que sim. Não é toda cidade do mundo que é São Paulo (graças a deus) e ir pra uma cidade com a mesma população de quatro bairros de São Paulo (juntos) é definitivamente uma experiência, só aceitaria um sistema de metrô lá pra melhorar a locomoção.

Mas enfim, foi uma boa viagem pra esquecer um pouco de tudo, inclusive das coisas que eu devia ter feito nas férias. Voltei pro trabalho já hoje (16/05) e vi que dormir mais de 10h por dia durante 15 dias seguidos talvez não seja a coisa mais produtiva.

E agora? Agora me vejo encarando longos meses sem férias (minhas próximas são em Novembro!) e preciso ver o que faço da vida, de uma forma mais específica pelo menos. Eu estou relativamente estável, confortável e definitivamente poderia estar pior, mas poderia estar melhor também.

É isso, vou postar essa porra logo e provavelmente o próximo post volta ao assunto usual: música japonesa.

vlw flw

té mais!


terça-feira, 9 de abril de 2024

Mano, vocês não sabem o quanto eu quero sair na porrada com alguém hoje

Cara, achei que era um tema que já tinha falado aqui mas dei uma busca rápida e não achei nada sobre, então preparem-se pra ler um fluxo de consciência enorme de longo sobre uma das minhas maiores paixões: DELINQUENTES JAPONESES.

Não vou mentir pra vocês, meu maior sonho durante o ensino médio era me meter em briga na escola, mas óbvio, um japonês gordo que (na maioria das matérias de exatas) era o top 1 da turma- ah um adendo pra não me xingarem depois: o Romito (meu amigo falecido) era o melhor em química e história, um outro amigo meu era o melhor em física e eu era o melhor em matemática, mas por algum motivo meu conhecimento de ensino médio era bem espalhado (em tudo menos biologia e gramática) e eu conseguia notas melhores que todo mundo nos vestibulares DURANTE MEU ENSINO MÉDIO (depois desgringolou a porra toda) mas enfim, voltando - não é a pessoa mais provável de se meter em briga na escola certo?

Em 2008 eu mudei da turma de tarde pra manhã, um cara tentou me encher o saco, quebrei o braço dele.

Cara, pode parecer mentira falando assim mas te juro que aconteceu, acho que ninguém daquela turma lê meu blog ainda, mas algumas pessoas que ficaram na turma da tarde ainda leem este blog e elas podem confirmar que quebrei um braço quando tinha tipo 12 anos. Mas o que aconteceu depois? Virei amigo do cara. Foi a época que mais curti antes do meu terceirão (URRA URRA HEI!) porque eu ganhei a chave de casa e eu podia dar os rolês mais Yoiti de 12 anos tipo ir pra Liberdade comprar carta de Yugioh (coisa que faço até hoje) e sair com os amigos pra comer McDonalds (coisa que faço até... é minha vida não mudou muito), mas enfim, na minha visão pelo menos o cara tinha virado um amigo, mas foi só aquele ano mesmo e depois a gente meio que perdeu contato. O negócio é que fiquei meio com a fama de ser o cara que quebrou o braço do maluco que era o mais coisa ruim da turma, e ele nem falou pra coordenador ou nada do tipo porque né, com que cara que o maior mal elemento da série ia falar pro diretor que o japonês nerdão recém chegado da turma da tarde QUEBROU O BRAÇO dele? Ficou por isso mesmo.

E acabou que nunca briguei na escola, nem apanhei nem nada. E sempre fui lerdão o suficiente pra não perceber se estavam zombando de mim ou simplesmente não me importava, eu tava numa escolinha de bairro tentando passar na Poli, não podia me importar menos com panelinhas e o caraio (nota-se: não tive namorada no ensino médio).

Falei isso tudo pra quê? Nada. 

O negócio é que sempre tive um amor imensurável por mangá/anime de delinquente, acho que o mais icônico dos últimos tempos é o Tokyo Revengers.


Cara, é um ótimo mangá pra quem curte porrada sem poderzinho. Apesar de ter sim time travel e os caraio e o último arco ser UMA MERDA QUE ESTRAGOU A OBRA INTEIRA, a porradaria é do caralho. 

Aliás, não se assusta com a suástica aí no uniforme do cara, pra explicar melhor eu teria que sair numa tangente enorme aqui mas pra resumir: a gangue principal do Tokyo Revengers é baseada numa gangue de verdade que existia no Japão que se chamava Black Emperor e... aqui tá umas fotos deles:


Tem um documentário ótimo sobre a gangue e sobre esse movimento de gangues em geral do Japão dos anos 60~70 chamado Godspeed You! Black Emperor. E ah, o uso da suástica pelo o que entendo é devido ao Budismo, pode parecer passação de pano mas essas gangues (inclusive do Tokyo Revengers) usa a frase do Buda como lema, então julgo que eles não são nazistas japoneses.

Enfim, tem outras obras que amo de coração que são sobre essas gangues de delinquentes no Japão:

Shonan Junai Gumi, que viria a dar origem a um dos meus mangás favoritos: Great Teacher Onizuka
Rokudenashi Blues, é um mangá de boxe também, mas o tema principal é os moleque metendo porrada fora do ringue

Rookies é o mangá pra você que se pergunta como seria um mangá de baseball mas com delinquentes, e foi tipo meu quarto mangá de baseball que li mas foi o PRIMEIRO que soube explicar bem as regras pra uma pessoa que não tinha a mínima noção sobre

Wind Breaker é a resposta da pergunta quase centenária "como seria um mangá sobre delinquentes mas EXTREMAMENTE SHOUNEN SÉC.XXI?" seria assim, meio paia pra falar a verdade, mas legal

 

Enfim, mas o que é tão legal nesses mangás de delinquentes juvenis? Poxa, tem toda a romantização do, sejamos sinceros, equivalente das torcidas organizadas daqui só que no Japão. Tem todo o negócio de camaradagem, código de ética mesmo sendo à beira da lei, porradaria desenfreada, emoções à flor da pele, etc. e tipo, todo mangá desse gênero é mais ou menos previsível: sempre vai ter o protagonista que vai apanhar, vai ter um cara pica que vai ser o mentor, vai ter um antagonista que é muito foda individualmente mas perde porque ele não tem o poder da amizade, vai ter a menina que é o interesse amoroso do protagonista que parece frágil no começo mas vai se mostrar forte no clímax da história e vai mudar o protagonista, enfim, é uma lista infindável de clichês desse tipo de obra que simplesmente amo, eu poderia ver infinitas combinações e jeitos diferentes de desenrolar um bom mangá de delinquentes que acho que nunca me cansaria.

E sei lá, acho que sempre quis ter um sentimento de pertencimento a alguma coisa, tanto que eu usei minhas camisetas e moletom da Poli por MUITO tempo, pra sentir o pertencimento à grandiosa Escola Politécnica (mas não o suficiente pra entrar pra alguma entidade). Pensei por muito tempo a possibilidade de ir pras Forças Armadas também, ideia essa que graças a deus não foi pra frente. E queria também meter porrada pra ver se isso melhoraria minha relação com a sociedade(?), quando eu tinha 13 anos, e assisti Fight Club pela primeira vez, eu juro que achei a ideia de bater em estranhos aleatórios no porão de um bar uma ideia incrível.

No final eu quis ter o sentimento de pertencimento, mas sem me dedicar a isso, e queria meter porrada, sendo que nos anos que fiz (e faço ainda) karate eu evito lutar porque to com o corpo todo fodido, além de que quando eu fico PUTO PUTO (o que ocorreu recentemente, quem sabe sabe) eu só grito com a pessoa, eu nunca dou um murro em quem me deixa puto, tenho autocontrole, um pouco. Vou deixar pra próxima vida esse meu sonho de ser delinquente, ou eu entro na Torcida Jovem do Santos HMMMMMMMMMMMMMM...

E acho interessante esses delinquentes, que no Japão chamam de Yanki ou Bosozoku (esse termo no caso seria mais pras gangues de motoqueiros), surgiram muito por causa do pós-segunda guerra onde os recrutas jovens não se ajustaram à sociedade japonesa dos anos 50 e viram refúgio nas modificações de carros e motos e brigar entre si.

Enfim, me dispersei pra cacete aí mas continuo com a vontade de sair numa porrada franca com alguém, meu deus como eu queria ser um delinquente juvenil no Japão do começo dos anos 2000.

Enfim enfim, é isso. Eu acho que poderia escrever algo melhor sobre o tema mas aprendi que se eu deixar esse post no rascunho pra terminar outra hora, essa merda nunca vai ver a luz do dia, agora só faço post se conseguir desenvolvê-lo em uma sentada, senão vai pra gaveta do esquecimento junto aos meus inúmeros posts que tinham uma boa ideia neles mas perdi completamente a vontade de terminá-los.

É isso pessoal, obrigado pro perderem tempo lendo esse amontoado de palavras sem coesão.

Valeu, falou, té mais!