terça-feira, 15 de novembro de 2022

Fui internado numa UTI

Fiquei três dias na UTI.

Domingo de manhã, talvez o pior horário possível para se fazer alguma coisa, eu estava malhando na Smart Fit aqui do lado de casa. Fiz esteira, estava me sentindo benzão, era dia de superiores e faltava uns dois aparelhos pra terminar o treino. Aí que eu estava fazendo remada e DO NADA meu braço esquerdo começou a ficar dormente.

"PUTA QUE PARIU EU VOU MORRER" foi o que pensei na hora. Parei o exercício imediatamente e voltai pra casa. Me acalmei, fui pro supermercado mas comecei a ficar meio tonto e fiquei claramente noiadaço com aquilo ali, então voltei pra casa e corri pro hospital.

Capítulo 1: O Pronto-Socorro

Cheguei lá no PS do hospital do lado de casa e apertei a opção no totem para FORMIGAMENTO/DORMÊNCIA AVC, e fui atendido na hora, nem deu tempo de me sentar para esperar (também porque o hospital estava vazio, era domingo de manhã afinal).

Expliquei o problema, fizeram uns testes e falaram: hmm, tá com cara de crise de ansiedade, mas vamos fazer o eletrocardiograma (EKG) pra garantir.

Fiz lá o EKG, fui pro médico e ele falou: hmm, tá tudo ok, a gente só vai fazer u mteste de enzimas do coração pra ter certeza mas não parece nada grave, foi crise de ansiedade mesmo.

Retirei o sangue lá, tava esperando de boa quando outro médico surge do nada e fala: MALUCO VAMO TER QUE TE INTERNAR, TESTE DE ENZIMA DEU ALTO AQUI E O PAI TÁ COM MEDO DE VOCÊ IR DE BEISE (não com essas palavras mas com esse senso de urgência).

Me trouxeram um almoço de hospital (panqueca integral de atum com chuchu refogado e arroz integral, sdds do bandejão, francamente) e me levaram de maca pra UTI. Nisso o enfermeiro falou que não podia levar celular pra lá.

Capítulo 2: UTI

Eu já estava com eletrodo pelo meu corpo inteiro devido ao EKG, então só ligaram todos a um monitor, botaram o negócio de pressão no meu braço e o prendedor no meu dedo pra medir saturação de O2. 

Cara, a UTI era o inferno na terra. Eu era o mais novo lá por uma margem astronômica, a grande maioria internada na UTI era idoso que não tinha condições de sequer ter uma dieta sólida, quanto mais ir ao banheiro sozinho. 

Quero dizer, eu não era um estranho total de uma UTI, eu visitei o Romito diversas vezes em 2016/2017 quando ele tava na UTI, mas ficar em uma é obviamente totalmente diferente.

Digamos que ver um pessoal à beira da morte urrando de dor até ser dopado com morfina até desmaiar não é uma coisa bacana de se presenciar, com certeza me sensibilizou de coisas que eu nem sabia que eu tinha dentro de mim, mas prossigamos na história.

Meus pais me visitaram na UTI logo depois de eu chegar lá e pedi pra eles pra trazerem meu Kindle, já que achava que não podia ter o celular ali mesmo (imaginei que podia causar interferência com alguns aparelhos ali) e por uma noite eu li mais do que todo o resto do ano.

Eu tinha várias sessões de fisioterapia e uma caralhada de exames, além das três refeições usuais e mais um lanche da tarde e um da noite. As refeições eram sempre servidas naquelas bandejas de refeição congelada, e eram mesmo (o arroz pra ficar daquele jeito só sendo congelado e esquentado no micro-ondas mesmo) mas tirando o quibe assado que comi depois de já sair da UTI, nenhuma refeição era tão ruim assim, só sem graça mesmo.

Cada leito tinha uma cama, uma mesa e uma poltrona, pra não ficar na mesmice você podia pedir pro enfermeiro te ajudar a te botar na poltrona ou na cama e vice-versa. Eu passava maioria do dia na poltrona, já que era bem melhor pra comer e ler no kindle/usar o celular, e só ia pra cama pra exames e pra dormir.

Os enfermeiros eram todos muito simpáticos e eu conseguia conversar bem com eles, acho que como eu era um dos únicos pacientes lá que conseguia sequer ficar consciente na maioria do tempo, eles gostavam de puxar um papo.

No mais, tinham 3 trocas de turno por dia e em toda troca vinha o técnico de enfermagem, enfermeiro, fisioterapeuta e médico pra ver se eu tava vivo e bem. E, como já era de se esperar, quanto mais subia o cargo, menos o profissional se dedicava a você, apesar de uma das médicas em especial ter sido super gente fina comigo.

Toda vez que eu precisava ir ao banheiro eu tinha que pedir pro enfermeiro me tirar todos os eletrodos e medidores e ele precisava ficar na porta, o que era uma merda porque a cada dois minutos eu ouvia um "você tá bem aí?" e não conseguia cagam em paz. Tomar banho era a mesma história, mas eu só tomei banho lá na segunda, domingo não me fizeram tomar banho e terça de noite eu já tava no quarto.

Mas enfim, eu acabei conseguindo pedir pros meus pais trazerem meu celular (e um carregador) na segunda-feira e consegui falar com todo mundo que precisava.

Capítulo 3: O Quarto

Na terça os exames já estavam apontando que eu não tinha nada de errado e provavelmente o primeiro enfermeiro que falou comigo no PS tava certo: foi ansiedade, mas só pra eles não tomarem culpa se eu tivesse um piripaque logo depois da alta, me mandaram pra um quartinho privativo, já sem eletrodos e os caraio.

E o quarto era bacaníssimo, a cama era melhor, tinha um sofá e uma poltrona e TINHA ATÉ TV, além do banheiro privativo onde eu poderia cagar em paz, o único foda era que a janela do quarto não abria. Eu até combinei dos meus amigos virem me visitar se eu ficasse mais tempo, mas acabou que saí depois de um dia lá.

E ficar no quarto foi bem diferente da UTI, em toda troca de turno ainda vinha o enfermeiro e o médico ver se eu tava vivo, mas era uma coisa bem mais relaxada e maioria do tempo eu ficava sozinho num quarto sem janela e com uns 5 canais aleatórios na TV. O bom de ficar no quarto é que já fazia MUITO tempo que eu não comia um café da manhã assistindo Bom Dia SP, e é uma coisa que eu fazia com uma certa frequência no pré-pandemia quando eu tava me preparando pra Poli, e mesmo lá na lanchonete da Poli, não era incomum eu pegar um pão de queijo e um pingado e ficar vendo o noticiário matinal lá enquanto a aula não começava.

Mas enfim, as refeições que vinham pra mim no quarto continuavam bem comida de hospital e os "lanches" da tarde e da noite na terça em particular foram bem deprimentes: pacotes de biscoito de polvilho individuais e um chá quente, naquele dia eu dormi com fome.

Quarta-feira eu já tava com a confirmação do médico do andar que eu já teria alta, veio o cardiologista e o neurologista me dar instruções do que fazer dali pra frente, basicamente exames e consultas, e cumprimento e tapinha nas costas, enfim eu estava livre.

Conclusão

Não morri. 

Pra falar a verdade esse negócio do coração já era algo que me preocupava já faz um tempão, então ter feito os exames e eles terem dado normal já me acalmam quanto a algumas coisas, mas não deixo de pensar que sim, minha saúde é uma merda.

Hoje ainda, uma semana depois de ter entrado na UTI, eu acordei malzaço e vomitei o pouco de suco de laranja que tinha no estômago, tava suando frio e com uma dor de cabeça abismal, acabei só ficando pra uma reunião no trampo e fui descansar. Melhorei agora a pouco e não faço a menor ideia do que seja, intoxicação alimentar? Hipoglicemia? Covid? Não faço ideia e preferi ficar em casa do que ir no hospital, vou ter que voltar lá pra fazer os exames e consultas que fiquei devendo mesmo.

E é isso aí. tem alguns detalhes que omiti e só vou falar mesmo se me pagarem uma coca sem açúcar, já que estou prevendo a merda que uma breja vai fazer comigo nos próximos dias, mas por favor, não deixem de me convidar pra rolês que eu não possa morrer.

vlw flw té mais!

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