domingo, 27 de outubro de 2019

Aproveitando Tokyo com (relativamente) pouca grana

Este post vai ser mais um arquival que indicativo. Eu fiz as contas na época, e dos três meses e uns quebrados que fiquei no Japão, passei uns 18 dias em Tokyo (ou pelo menos passei o dia em Tokyo e depois fui dormir em outro lugar), esse vai ser um mini-guia de como se divertir lá economizando (relativamente).

Acho que as dicas valem mais pra quem for de arubaito ou algo assim e tenha mais tempo de andar e explorar Tokyo, se você tiver uma semana só acho que vale a pena sair gastando grana mesmo, nunca se sabe quando você vai voltar pra lá, mas de qualquer maneira tem umas boas dicas aqui.

Comida:

Pode parecer igualzinho ao nacional mas te asseguro: esse é o negui tama M do Suki-Ya no Japão.

 

Quer comer decentemente por pouco? Opções decentes pra comer por preços razoáveis vão de 400JPY até 600JPY (de 15 a 25 reais mais ou menos), nessa faixa de preço dá pra comer ramen nos restaurantes mais sujinhos (que são os melhores, obviamente), gyu-don em uma das redes da iguaria no Japão (Suki-Ya, Matsuya e Yoshinoya), um combo médio em uma rede de Fast Food ocidental (McDonalds, KFC, Wendy's, etc.), um bentô no Hotto Motto ou ainda você pode montar seu menu de iguarias em uma konbini, com onigiris, pães e nikumans, fica a sua escolha.

Eu particularmente tava comendo só Gyu-don ou KFC já pro final da viagem, tem uns restaurantes de ramen que oferecem o refil de macarrão de graça (famosos kaedama), vale a pena dar uma olhada nesses restaurantes. Eu fui em um em Kabukicho que dava três refis de graça, quase morri de constipação depois.


Lugar onde dormir:

Nada muito glamuroso, mas por 2000JPY por noite não tem como reclamar.

Esqueça os hotéis-capsula, isso é coisa de turista. Se quer dormir por um preço irrisório bem no coração de Tokyo, não tem outra opção melhor que os net cafés.

Net cafés são basicamente lan houses onde teu cubículo é um pouco mais luxuoso, alguns têm open bar de refrigerantes e sucos (alguns até de sorvete), maioria têm uma caralhada de mangás e até chuveiros.

O único net café que fui mesmo foi o Customa Café de Yoyogi, fica bem na encruzilhada na frente da saída principal da estação Yoyogi. Se você fica por mais de 8h tem direito a um banho, se ficar mais tem direito a mais banhos e a uma toalha. O cubículo é o mais pessoal possível, totalmente fechado e climatizado (apesar de eu ter tido problemas com o AC numa vez que fui) e você só tem direito a uma bebida (as demais cê tem que pagar). O preço é meio padrão entre os net cafés: em torno de 2000JPY (uns 80 reais) por uma noite, variando pra mais ou pra menos dependendo o quanto você quer ficar mesmo.

A real é que cada net café tem uma vantagem sobre o outro, a vantagem do Customa era a privacidade e praticidade de não precisar apresentar passaporte no check-in, tem alguns outros net cafés que tinham open bebida e sorvete, outros tinham saunas e sentô incluso, mas gostei do Customa e decidi ficar por lá mesmo só.

Se quiser ter uma estadia um pouco mais confortável, e ter um lugar pra poder deixar a bagagem em segurança (que não seja um coin locker), fique num hostel. Eu fiquei num hostel em Shimokitazawa e pagando um pouco menos do dobro por duas noites (em torno de 7500JPY, mais ou menos 300 reais) eu pude deixar minhas malas lá em segurança, além de poder dormir numa cama boa demais, com certeza o melhor futon que já usei na vida. O ruim foi que pelo preço só peguei uma bunk bed e não conhecia o pessoal que dormia no cubículo do lado, mas foi uma experiência legal demais, e acho que valeu bastante o dinheiro adicional gasto, só não dormi lá mais vezes porque era necessário uma reserva com bastante antecedência.

Transporte:

Em Tokyo os trens são seus melhores amigos.
Aqui é onde você vai gastar mais dinheiro, porque por mais que você tente economizar, transporte no Japão é caro demais. Esqueça os táxis, no Japão não tem Uber, e sim, nos trens, metrôs e ônibus você paga pelo trajeto que percorre.

Faça um Suica Card (bilhete único do Nippon) e seja feliz, tem uma taxa de 500JPY pra fazer o cartão mas dá pra reaver a grana caso você queira. Você passa o cartão entrando na estação e saindo também, você paga o percurso que percorre e por isso é um cu andar por Tokyo sem o Suica, sem ele você é forçado a calcular o percurso que quer fazer antes de passar pela catraca e comprar o bilhete específico para aquele valor. O Suica também pode ser utilizado pra comprar bebidas em vending machines, pode ser usado como crédito nos arcades e até como cartão de débito em várias lojas, é uma das coisas mais úteis que você pode ter no Japão.

Outra dica importante é que se você quiser se deslocar de uma cidade pra outra e não se preocupa com o tempo, os ônibus intermunicipais são geralmente bem mas baratos que os trens, mas os trens são bem mais legais (e isso que nem estou falando dos trens-bala).

Mas é, os trens/metrô são a forma mais conveniente e barata de se locomover dentro de Tokyo.


Coisas de anime em geral:

Sim, é aquele prédio do Steins;Gate

Figures e coisas de anime em geral são caras em pontos turísticos, lojas em Ueno cobram o olho da cara e apesar da enorme variedade em Akihabara, vale a pena você caçar figures em lojas como a Book-Off/Hard-Off/Hobby-Off em bairros mais afastados dos grandes centros ou até na Mandarake de Shibuya (que não explorei muito, mas vale a visita).

O negócio é que os vendedores de Akiba sabem o valor das coisas que eles têm, então dificilmente você vai achar a pechincha do ano por lá mas tem coisa que só tem lá então não tem muita opção. Eu por exemplo comprei uma figure da Sakura (do FSN) numa Book-Off por 900JPY e vi sendo vendida por 4000JPY em lojas de Akiba, mas também comprei uma figure que não achava em nenhum lugar por um preço razoável (2000JPY), depende muito da sua sorte e paciência.


Roupas, acessórios e outras coisas:

Village Vanguard, onde você pode virar um hipster por menos de 10000JPY.
Quando você quer roupas já entra uma caralhada de complicações: Quer que seja de marca? Pode ser usado? Prefere qualidade ou aparência?

Pra maioria das pessoas eu diria que uma visita à Uniqlo já é o suficiente, é uma loja enorme de roupas e você encontra tudo que precisa lá, desde moletons a cuecas, e de ótima qualidade pelo preço que paga. Camisetas em geral giram em torno de 1000JPY (um pouco menos de 40 reais) e os preços, mesmo convertidos pra reais, não diferem muito de marcas como Hering, Luigi Bertolli e TNG, mesmo apresentando qualidade bem melhor. Outras lojas bem baratinhas de roupas são a GU e a Shimamura (que achei meio zoada).

Se quiser roupas de marcas, ainda mais ocidentais que estão na moda entre os jovens (tipo Fila, Champion e Nike/Adidas), tem uma rede de lojas chamada Jeans Mate, lá os preços são bem justos até e eles têm uma grande variedade de marcas pra você escolher. A loja não é nada charmosa mas é o ideal caso você queira um moleton da Champion pra se infiltrar entre os jovens de Shimokita.

Outra loja que vale a menção é a Village Vanguard, ela vende tudo que você possa imaginar de mais curioso, de brinquedos ADULTOS até pelúcias, mangás, livros, camisetas engraçadinhas e sim, algumas roupas de marca (e outras sem marca também). O bom da Village é que eles vendem bolsas, mochilas e acessórios por preços não muito mais altos que em lojas normais, assim você pode entrar que nem um turista na loja e sair como um genuíno hipster meia hora depois. Recomendo ir na loja que fica dentro da estação de Shibuya, numa das escadarias, do lado da famosa Shibuya 109, essa Village Vanguard não é só a minha favorita dentre todas da rede, mas também é um dos meus lugares favoritos no Japão.


Outra dicas

  • Museus, e alguns cinemas, costumam cobrar meia entrada pra estudantes, então leve sua carteirinha de estudante porque pode ser útil;
  • Super Mercados costumam ser mais baratos que lojas de conveniência, mas são raros na cidade de Tokyo;
  • Jogos usados costumam estar num estado de conservação quase impecável, então vale a pena dar uma olhada em lojas como Book-Off e Hard-Off antes de ir direto pra Yodobashi;
  • Lojas de 100JPY como a Daiso e a Seria têm uma seleção de produtos bem legais por um preço ridículo, vale a pena dar uma olhada;
  • A não ser que você seja um HYPEBEAST eu não acho muito proveitoso perder o tempo olhando os brechós de Shimokitazawa e Harajuku, mesmo as roupas normais são vendidas com margens estratosféricas;
  • Pode ser divertido, mas as máquinas de pegar bichinhos de pelúcia e figures vão fazer você ficar pobre, maioria delas são feitas pra você gastar pelo menos 500JPY pra pegar a coisa, se você está atrás só do prêmio eu recomendo andar pelas lojas de usados de Akiba que é bem provável que a figure/pelúcia esteja a venda por um preço razoável;
  • Se perder por Tokyo é bem legal, então não é má ideia tirar um dia que seja pra andar bastante pela cidade;
  • Aquele ônibus turístico aberto não vale muito a pena, o percurso é bem limitado e pelo mesmo preço você consegue dar um tour bem mais legal por Tokyo, num tempo até menor;
  • Se você quiser ter uma visão bem legal de Tokyo, tem uma série de mirantes que têm entrada gratuita. Não tem necessidade de pagar horrores pra subir a Tokyo Tower ou a Skytree.

É mais ou menos isso, é claro que maioria dos conselhos econômicos vieram de erros que cometi, então é claro que gastar dinheiro pra caralho faz parte da vida de turista em Tokyo. Eu até me arrependo de ter gasto grana demais em coisa que foi inútil (tipo as máquinas de pegar pelúcias) e gastei de menos em coisas importantes tipo comida e estadia, mas é o que fez a minha viagem mais emocionante.

Sdds Tokyo.

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Minha fixação por lugares históricos

Eu tenho um fascínio por lugares históricos.

Não aqueles clichês turísticos: Grande Muralha da China, Torre Eiffel, Pirâmides de Gizé (apesar de que eu não recusaria um convite pra visitar esses lugares) mas eu sempre achei interessante os lugares onde aconteceram alguns eventos históricos menores, por mais insignificantes que fossem.

No Japão por exemplo eu passei no Tokyo Dome só porque foi lá o último show do Judy and Mary, assim como passei no Budokan (por inúmeros shows pra falar a verdade) e fui também no Akasaka Blitz por causa do último show do Fishmans.

No Brasil foram poucos lugares que passei só por terem sido palcos de eventos interessantes, com minha família eu fui pra Vila Belmiro visitar algumas vezes, e só em uma das últimas visitas me dei conta dos eventos que aconteceram lá que quiçá mudaram o rumo do futebol mundial.

Eu lembro de ter passado na esquina da Barão de Itapetininga com a Praça da República porque foi onde aconteceu o incidente do MMDC que começou a Revolução Constitucional de 32, pena que o que era sede de um dos partidos do GV virou um prédio.

Eu também passei na frente de onde era o Teatro Record onde foram os festivais de música dos anos 70 onde tocaram Chico Buarque, Nara Leão, Elis Regina, Jair Rodrigues e companhia, agora lá é uma loja de lustres.

E pode parecer paia demais se dar o trabalho pra ir a um lugar onde não há mais resquícios do que outrora tinha sido lá, mas acho tão legal só o fato de estar na mesma localidade geográfica que um evento que marcou a época uns 50 anos atrás, ao mesmo tempo que acho paia demais os lugares tipo o Pátio do Colégio, que foi sim importante na fundação de São Paulo, mas não é nada emocionante e acho até superficial de certa forma.

Eu lembro que teve uma série de propagandas do History Channel onde uns caras andavam de boa na rua e uma montagem mostrava que outrora lá tinha sido, sei lá, o Muro de Berlim, com a frase no final "a história está em todos os lugares".

Acho que por isso eu não gosto muito de que a Poli foi transferida pro Campus do Butantã na década de 70, o prédio da Tiradentes passou por eventos bem interessantes desde a fundação, da Revolução de 32, os protestos e movimento estudantil do começo dos anos 60 e as tretas com o Mackenzie (que eram físicas na época, imagina só). Por isso invejo a San Fran e a Pinheiros, deve ser bem legal ter aula nuns prédios antigaços que foram parte integral na construção da história do país.

Mas enfim, uma das únicas razões que tenho pra viajar pro Rio de Janeiro é conhecer os lugares que foram importantes pra Bossa Nova e uns locais interessantes da história política: Catete, Faculdade Nacional de Direito, aquele café onde vários presidentes frequentavam, etc. Acho que nesse quesito o Rio de Janeiro tem bem mais história que Sampa, o desenvolvimento da nossa cidade se deu bem depois de lá, e muito por conta da San Fran pelo o que andei vendo.

Enfim, eu sempre gostei de passar pelo centro velho de São Paulo porque, pra onde quer que você olhe, sempre tem algum lugar minimamente histórico, e acho que morar tão perto desse que foi um caldeirão de efervescência cultural que praticamente mudou o país no último século, é uma das coisas que me fez ter interesse em história.

Todo dia que passo na Praça da Liberdade, tento imaginar como era aquele local uns 150 anos atrás, quando enforcavam escravos lá e também imagino como eram as ruas, logo depois, quando os primeiros imigrantes do Japão vieram e ocuparam as pensões e hospedarias das ruas próximas à estação. O bairro da Liberdade pode não ter sido palco de nenhuma batalha sangrenta ou de um muro que dividiu o país, mas é um dos lugares com mais significado histórico na cidade, não apenas pros japoneses como a maioria acha, mas também pros negros, que foram o motivo do bairro ter esse nome.

Acho que depois disso tudo não tem como negar o que o History Channel falou, a história realmente está em todo lugar.

domingo, 20 de outubro de 2019

Animes, Cinema e opiniões desnecessárias


O post é longo e provavelmente eu bostejei pra caralho, leia por sua própria conta e risco.



Eu escrevi um post ENORME sobre porque comecei a ver filme cult mas achei que tava falando tanta bosta que o próprio Scorsese ia vir com o Coppola me quebrar na porrada se eu publicasse, vou falar de anime porque sei que otaku não consegue me abaixar na porrada (não no 1x1 pelo menos).


Aqui estão os mangás completos que dei nota >= 9,5:


Aqui estão os animes que dei nota >=9 (porque o MAL não tem decimais):


Você vê algo de comum entre essas duas listas? (tirando o evidente bom gosto)

Não tem uma obra que esteja nas duas listas.

Não tem um anime que eu tenha assistido, que seja adaptação de mangá, que eu tenha gostado de verdade a ponto de ser um dos meus favoritos. Antes que venha um desavisado: NHK ni Youkoso veio de uma Light Novel e não considero os doujins do Yoshitoshi Abe como um material base pro anime inteiro do Haibane Renmei, é mais uma uma ideia inicial mesmo. O curioso é que dos 16 animes na lista, 8 são adaptações de livro ou LN.

Acho que o que muito estúdio caga totalmente é tentar adaptar quadro a quadro um mangá, não levando em conta que a fluidez de uma coisa animada e uma coisa impressa são diferentes, Bokurano por exemplo é extremamente fiel ao material base mas é o único anime que (tentei) assistir que me fez dormir no meio de um episódio, sendo que amo de coração o mangá.

Acho um desperdício tremendo a maneira como são feitas a maioria das adaptações pra anime, a animação pode ser um ótimo meio pra expandir sobre a ideia que o mangá apresenta, eu pessoalmente gosto das adaptações de Initial D e de alguns mangás de esporte porque acho o mangá um meio ineficiente pra transmitir a ideia de movimento, mesmo com o CGI datado da década de 90, ver o AE86 dando drift por Gunma com eurobeat tocando ao fundo era mais divertido que ler as páginas do mangá, a mesma coisa se aplica pros bloqueios impossíveis no Haikyuu! e as jogadas mais SWAG possíveis de Kuroko. Mas é, são boas adaptações pelas circunstâncias, mas não são animes que conseguem expandir muito sobre o material base.

Devilman Crybaby é uma exceção da exceção porque foi feito pelo Yuasa e é muito mais uma obra do Yuasa que calha de ser uma adaptação de Devilman do que uma adaptação de Devilman feita pelo Yuasa, vocês conseguem ver a linha tênue entre as duas coisas? O anime segue o plot original e tudo mais mas aquele estilo grotesco característico do Go Nagai e dos mangás da década de 70 foi substituído pelo estilo arthouse do Yuasa, isso é ruim? Eu sinceramente achei o anime muito bom, e sou total apoiador de uma reimaginação como essa do que uma adaptação quadro a quadro, mas a essência da obra original não está aqui. Em outras palavras: é uma ótima obra mas não faz um bom papel em ser uma boa adaptação do Devilman.

Eu sei que pode parecer estúpido eu falar que uma adaptação não pode ser muito leal ao material original ao mesmo tempo que critico o Yuasa por respeitar o roteiro original e "" botar o estilo dele na animação, mas acho que nesse caso em especial, tendo visto já algumas das obras passadas dele, acabou dando um gosto de déjà vu. O Yuasa tem um estilo muito particular de surrealismo que funciona muito bem em obras... surrealistas, Tatami Galaxy e Night is Short funcionam bem com ele por serem obras que se sustentam pelo estilo mais que pelo roteiro, e acho que Devilman depende muito do roteiro pra causar o impacto que precisa, e a explosão de surrealismo do Yuasa ao mesmo tempo que causa o choque que é essencial pro desenvolvimento da história, também te faz pensar sobre como seria uma animação mais tradicional de Devilman, com cenas gore mais realistas que poderiam ajudar bastante na construção da obra.

Mas tem uns animes que acho que fizeram boas adaptações de mangás conhecidos.
  • Trigun é um anime bem bacana que acabou sim cortando vários elementos do plot do mangá (como a Tessla, que é a origem de metade do meu nickname) mas também fez com que as lutas fossem minimamente inteligíveis, o traço do mangá é um desserviço. A soundtrack do Tsuneo Imahori também é muito boa, talvez uma das melhores OSTs já feitas;
  • Sayonara Zetsubou Sensei reuniu um elenco brilhante, com as melhores dubladoras da época, e com a animação da Shaft (que é o único estúdio possível pra essa adaptação) fez um belo anime, até com foreshadowings do final do mangá nas aberturas e encerramentos. O meu único pesar com o anime é que ele não adaptou o mangá até o final, que é a cereja do bolo pra putaria que é a história desde o começo;
  • Death Note teve uma ótima adaptação, que foi quase quadro-a-quadro mas também botou umas cenas-chave que definiram o anime como a cena que o L lava os pés do Light (simbolismo cristão, quem nunca) e a cena final, que ficou bem mais poética que no mangá.
Se eu tivesse saco pra assistir, estariam na lista acima os animes de shounen clássico como FMA Brotherhood, Shingeki (que falam que melhorou o mangá, não posso atestar isso) e os filmes do Ashita no Joe que eu tenho uma preguiça absurda de assistir, não quero gastar meu tempo vendo um anime com a história que já conheço, sendo que ele nem oferece muita coisa a mais pra justificar o tempo gasto. Devilman Crybaby foi uma experiência totalmente nova, mesmo tendo lido o mangá anteriormente, comecei a ver Brotherhood mas eu não senti que ia adicionar muita coisa na minha experiência com a obra, mesmo começando com uma coisa que não tem no mangá.

Minha maior crítica quanto à indústria dos animes é como os caras demoram pra entender que dá pra fazer coisa boa, eu parei de acompanhar totalmente os animes lançados semanalmente mas o único estúdio que sou minimamente animado pra ver novas releases é o Ufotable, e isso desde que comecei a acompanhar Kara no Kyoukai faz uns 6 anos atrás. A KyoAni por incrível que pareça tá fazendo coisa que era inimaginável que fariam quando eu acompanhava mais eles lá pelos idos de 2008, da Sunrise como sempre eu só acompanho Gundam então não sei opinar muito bem, e é aí que acaba meu conhecimento em estúdios de anime.

Sinceramente, a maior tragédia da indústria foi a morte do Satoshi Kon, os filmes dele conseguiam ter todas as qualidades de filmes dos mais renomados diretores ocidentais e ainda usava muito da vantagem que a animação dava em construir mundos fantasiosos, era a maior chance dos filmes de anime serem levados a sério fora do Japão, eu não acho que o Shinkai vai fazer o que é necessário pra que ocorra uma verdadeira mudança na percepção dos animes, Kimi no Na Wa é overrated, e se a Ghibli não conseguiu promover a mudança que tinha que ser feita no final da década de 90/começo dos 2000, não é agora que alguma coisa vai mudar.

Eu particularmente não defendo que todos os animes sejam arthouse, longe de mim, mas é um meio que pode sim atingir uma maior maturidade se visto não apenas do ponto de vista comercial. Eu sei que é bem diferente pegar uma câmera pra filmar um projeto avantgarde e ter um estúdio à sua disposição pra fazer uma animação experimental, mas só de usar o meio a seu favor, ao invés de só transmitir uma história já contribui pra maturação do segmento.

E o que vai acontecer com os animes? Eles estão melhorando faz um bom tempo já, quem diz o contrário não viveu o que foram os animes mid-2000 com o começo do moe e a shitfest que era a qualidade dos sazonais da época, e nem estou falando só de animação, tá tendo um boom de animes que são remakes de antigos ou que buscam material base em clássicos: remake do LOGH, anime do 7Seeds (QUE É UMA MERDA), Megalobox (que é inspirado no Ashita no Joe), o próprio Devilman Crybaby, Dororo (que vem do clássico do Tezuka) e aposto que não vai tardar da Netflix querer financiar outra adaptação de clássico, só espero do fundo do meu coração que não façam o que fizeram com 7seeds.

Enfim, acho que me estendi demais e perdi totalmente o ponto deste post, em suma eu queria mais falar como a indústria dos animes podia se beneficiar das ferramentas do cinema tradicional pra amadurecer, o que está acontecendo a curtos passos, e como eu odeio o tipo de gente que acha que uma coisa do meio audiovisual tem que se sustentar só pela história.

Eu escrevi este post depois de ter assistido o "Chungking Express" do Wong Kar Wai e ter pensado comigo mesmo o que custava ter um anime simplezinho de comédia romãntica bobinha mas bem dirigida, onde o foco não esteja tanto no relacionamento interpessoal mas sim na forma como ele é mostrado.

Aaaaaaaaaaahhhhhhh... esse deve ter sido um dos posts mais longos que já escrevi.
vlw flw té mais.
Assistam Chungking Express, me deu vontade de viajar pra Hong Kong.

EDIT: caguei toda a formatação, colei as imagens direto do lightshot e fodeu todo o esquema... mas dá pra ler.