Na moral, Kinoko Teikoku foi a banda dos
meus 17~~19 anos e por isso eu reverencio este álbum e o Uzu ni Naru. A
real é que a banda acabou e só então percebi como ela foi importante
para mim, a Chiaki Sato foi uma das minhas primeiras paixões na música e
cara, tá pra nascer alguém que tenha uma voz tão linda quanto a dela.
O álbum é extremamente sólido, desde a primeira faixa que é
extremamente pessimista até a bonus track que é uma redenção de todos os
erros do eu lírico (e todos os nossos também, por que não?) do álbum, a
faixa 5, eureka, em especial é assustadora, uma das melhores
composições que já saíram do underground japonês nos últimos anos.
Esse álbum cresceu bastante pra mim, eu já gostava bastante dele
desde que ouvi pela primeira vez mas é interessante ver como as
composições da Chiaki Sato acompanham a vida dela, imagino que até meados de
2013 ela estivesse numa fase mais pessimista e depois chegou a uma
redenção, como na bonus track deste álbum.
A bonus track aliás é a melhor música do álbum, sem ela o álbum
inteiro não tem sentido, porque até a penúltima faixa o álbum é um poço
de depressão, ódio e remorso e a bonus track já chega falando (numa
tradução porca minha) "Cada um está carregando seu fardo, as suas lágrimas
podem secar amanhã ou depois, mas finja que esqueceu das noites e dias
que não voltarão, e sorria, sorria". Quero dizer, não é uma redenção
REDENÇÃO, o que seria impossível visto que o álbum todo foi uma via
crucis, mas é um passo pra deixar de lado tudo o que te chateava e não
ficar remoendo o passado.
Até eu escutar esse álbum mais seriamente, eu achava que o Uzu Ni
Naru era melhor, o que não é mentira se compararmos faixa a faixa, mas
eureka é praticamente um concept album no modo como ele é construído.
A transição do Kinoko Teikoku amado pelo povo em geral pro odiado aconteceu na bonus track do eureka, tanto que o EP Long Goodbye tem vibes shoegaze/dream pop mas já é bem menos pessimista que os dois álbuns anteriores, o Fake World Wonderland amplia sobre o EP e ao mesmo tempo que possui a música mais dream pop (e uma das minhas favoritas) da discografia do Kinoko Teikoku: Aruyue, também já tem a passagem deles pro mainstream: Tokyo (produzido pelo Uni Inoue, engenheiro de som da Shiina Ringo), o que veio depois vocês já sabem.
Na moral que pode ser bobagem da minha cabeça isso de ficar dando tanto valor pra bonus track deste álbum mas é no mínimo curioso que um álbum que comece com vocais soturnos amaldiçoando meio mundo termine com dois minutos de LA LA LA LA LA LA num estilo Hey Jude hipster japonês, eu quero pelo menos acreditar na minha grande teoria que essa música foi o ponto de mudança do Kinoko Teikoku, é uma coisa tão simples mas que parece ter tanto significado no contexto que nunca deixo de me surpreender, acho que é um final de álbum tão bom quanto o Souretsu do KZK da Shiina Ringo (que também não deixa de ser uma espécie de redenção).
Aliás, não se engane: Kinoko Teikoku nunca foi uma banda SHOEGAZE,
eles sempre foram um indie rock com influências aqui e ali, seja de
Radiohead, seja de MBV, mas eles nunca foram shoegaze shoegaze.
Ame a banda pelo o que ela foi, não odeie-a pelo o que ela poderia ter sido.
(Digo isso mas ainda fico puto com os últimos álbuns da banda, relevem).
10/10 na moralzinha, só não boto essa nota no rym porque na minha conta essa nota só pode ser dada ao KZK. Dá pra achar a bonus track no Youtube como "Kinoko Teikoku - hidden track" mas acho que vale bem mais ouvir o álbum inteiro, só a bonus track não tem impacto sozinha.
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