"E aí, como foi a viagem pro Japão?"
Legal, mas...
Foi uma experiência totalmente diferente da primeira vez que fui, acho que amadureci decentemente nesses últimos seis anos e passei a encarar os empecilhos e dificuldades de um jeito muito mais racional e menos infantil, de modo que muito do frio na barriga e incerteza que tive na primeira vez que me aventurei por Tokyo simplesmente não aconteceu de novo por motivos de: eu tinha internet dessa vez; já conhecia boa parte dos bairros e cidades; e estava com três amigos que, por mais que conhecessem menos que eu o Japão, me davam segurança de que pelo menos eu não me ferraria sozinho.
Por mais que eu tenha tentado sair um pouco do usual pros turistas alguns dias, maioria do roteiro era o mais manjado: Shibuya, Shinjuku e arredores em Tokyo, templos e santuários em Kyoto e Universal, Dotonbori e correlatos em Osaka. Nesse ponto, acho que por estar no Outono, é notável o crescimento do turismo no Japão desde a última vez que fui lá, ao ponto que tem lugar que ficou muito pior de visitar (Shibuya, Harajuku, Akiba e Shinjuku em particular e imagino que Kyoto também, apesar de não ter conhecido lá antes). Mas bom ver que bairros mais afastados tipo Setagaya fora de Shimokita e Kichijoji estão com poucos turistas.
Viajar com amigos que conheciam pouco ou conheciam só a parte mais pop da cultura japonesa foi bem diferente de viajar com o pessoal do arubaito por exemplo, fiz o papel de guia pra muitas coisas e levei o pessoal pra comer pratos que provavelmente passariam despercebidos por eles, e que pra gente que cresceu em uma família japonesa era mais do mesmo do que você acha num festival do Japão, mas acho sempre gratificante melhorar o dia das pessoas e apresentar coisas novas pra elas, de modo que acho que mimei muito meus amigos ao fazer boa parte do roteiro de viagem. Viajar num grupo de quatro pessoas com gostos totalmente diversos foi bem DESAFIADOR mas interessante, acho que muita coisa que aconteceu (e que virou história de bar) não rolaria se eu tivesse viajado com mais três nihonjapa, e pro objetivo da viagem era isso mesmo que eu esperava.
Mas estou escrevendo tudo isso porque foi uma boa viagem no final, comprei coisa pra caralho e CONSEGUI IR EM UM SHOWWWWWWWWWW!!!!!!
Por uma sorte absurda, bem nos dias que a gente planejou de estar em Tokyo, marcaram um festival em Shinjuku com artistas que amo:
O festival era bem interessante: cada palco era na verdade um casa de shows em Shinjuku, de modo que pra você ir de um palco pra outro era preciso andar pelo bairro. Aí quem tivesse a pulseira do festival tinha acesso a uns descontos legais nos restaurantes perto também.
Eu vi quatro shows aí: Yeye, Lovely Summer Chan, Ohzora Kimishima e Odottebakarinokuni.
Yeye é a cantora dessa música que é um clássico cult dos descobridores de música japonesa no Youtube:
O show dela foi num jazz club mais afastado dos outros, em Shinjuku Sanchome. Show acústico bem intimista com cadeiras e tal, muito bom.
Depois fui ver a Lovely Summe Chan:
Foi um show bem informal dela com um baterista, o azar era que batia com o Ohzora Kimishima e eu queria muito ver ele, então fiquei meia hora no show dela e rumei pro Shinjuku Face pra ver o cara que considero um dos melhores musicistas do Japão:
Foi um set acústico mas puta que pariu, isso só amplificou como o Ohzora Kimishima é foda tecnicamente. A casa de shows Shinjuku Face é feita de um jeito que parece que você tá vendo o show num Sesc:
Foi talvez a melhor performance ao vivo que vi na vida, sem qualquer exagero. O homem realmente é um gênio.
Depois foi vez de rumar pro Shinjuku Loft, única casa que eu já conhecia da vez passada, pra ver Odottebakarinokuni:
Foi o show mais emotivo dos que vi no dia, com total destaque pra Ghost (música do vídeo), onde pela primeira vez na vida vi japoneses gritando um refrão (GHOOOOOSTTT)... e fazendo um mini mosh.
Cara, eu CHOREI no Ghost. Essa música é tão épica numa proporção palpável, dá uma sensação tão quente de esperança que toda insegurança que eu tinha até aquele momento me atingiu no mesmo momento e só me restou o sentimento que não importa o que aconteceu até agora, tudo vai ficar bem no final.
Depois disso saí pra comer yakiniku com uns amigos lá por Shinjuku.
O festival realmente foi uma mão na roda porque foi 4000 ienes e se fosse pra ver cada um desses artistas em shows solos deles o valor que eu desembolsaria seria 4000 POR SHOW e seriam quatro dias perdidos pra ver os quatro também, então fiquei mais que feliz e cancelei o plano que eu tinha pra ver uma banda menor no dia seguinte, ver Ohzora Kimishima e Odottebakari em seguida já foi demais pra minha alma.
Mas enfim, gostei muito da viagem e fiquei feliz em conhecer Kawaguchiko, Osaka e Kyoto e também Jimbocho e Kichijoji, esse último em particular quero explorar mais da próxima vez, me deu muito a vibe da Shimokitazawa que só li em livros, antes do turismo chegar, além de ter um parque maneiro do lado.
Assisti duas vezes o filme do Chainsaw Man, uma vez legendado em inglês (sim, passam uns filmes legendados em inglês lá, maioria dos populares de anime) e outra em ScreenX, e gastei uma grana em merch, mas não consegui a alusiva figure da Reze... mas conheci as localizações do filme! Ponto alto da viagem com certeza.
Eu voltei do Japão sem muito sentimento de "devia ter feito tal coisa mas não deu" porque sei que eventualmente vou voltar lá, se vai ser sozinho pra um mochilão (meu plano) ou com família, amigos ou sei lá? Não sei, mas sei que vou voltar, assim como sabia que ia voltar quando voltei em Março de 2019 do arubaito. Os shows em particular são exemplos de coisas que aproveito sempre pra ver quando vou lá porque sei que não é sempre que rola e bandas são suscetíveis a terminar a qualquer momento, outra coisa que é bom aproveitar enquanto existe da forma que existe: Shibuya, aquele bairro tá sendo mutilado pelas passarelas.
Hmmmm, acho que é isso. Farei mais posts sobre a viagem, já que preciso justificar a grana descomunal que gastei nela, mas vai ser algo bem mais contido que os posts da época do arubaito.
Vou dormir porque o jetlag está me matando.
vlw flw té mais!