Eu fiz um post (que estou com preguiça de procurar), acho que em 2013 se não me engano, depois de uma aula de literatura do cursinho onde um professor analisou O Laços de Família da Clarice Lispector e comentou como nossa primeira memória geralmente é atrelada à nossa mãe.
E no meu caso é verdade: minha família nunca contratou babá e por isso que quando meu pai saía pra trabalhar e minha irmã estava na escola e minha mãe precisava sair pra resolver algum problema, seja conta pra pagar no banco ou alguma pendência em algum prédio público, eu precisava ir junto. Minha primeira memória é uma dessas idas a algum prédio público onde fomos de ônibus, lembro que descemos numa rua íngreme e que minha mãe me comprou aquelas balinhas redondas e coloridinhas em embalagens que imitam Tic-Tacs numa barraca na rua. Minha memória desse dia obviamente não é das mas claras, mas é uma coisa que me marcou de uma forma que toda vez que passo por uma rua íngreme com barraquinha vendendo balas e onde tem uma repartição pública, eu me pergunto se foi lá o lugar da minha memória formativa.
Eu nunca morei longe dos meus pais. O máximo foram uns anos que morei a umas estações de distância mas eu via eles todos os dias no jantar, além disso foram só os três meses no Japão.
Outro dia levei minha mãe pra fazer uns exames de rotina num hospital a umas estações de distância de casa. Não é como se fossem raras as ocasiões em que saio com minha mãe, é uma ocorrência semanal ir pro supermercado e pra feira orgânica aqui do lado com ela, mas naquele sábado de manhã de clima ameno, usando o voucher de pão de queijo do exame de sangue e pagando mais um pão de batata pra mim, me sentei com minha mãe pra tomar um café debaixo de uma árvore na lanchonete do hospital.
Notei que minha mãe envelheceu. A exata reação que a protagonista d'O Laços de Família tem ao bater a cabeça com a mãe no táxi ao final do conto.
Eu tenho muita vergonha de escrever um post sobre uma pessoa próxima de mim, então acho que uma coisa que fala muito sobre minha mãe é a imagem que ela tem de mim, em suma ela acha que sou um alcoólatra.
Quem me conhece sabe que não bebo quase nada. O dia que mais bebi na vida foi no dia que descobri a Serramalte numa ida à Bella Augusta, e mesmo assim não foram nem três garrafas de 600ml. Depois dos "lockdowns" eu parei quase que totalmente de beber, mas isso não impede da minha mãe achar que toda vez que volto depois das 22h pra casa eu estava certamente bebendo.
E ela tem outras concepções totalmente de outro mundo sobre mim que nem cabe esclarecer neste post, porque valorizo ainda o pouco de dignidade que tenho fora da minha casa.
Mas uma coisa que sempre lembro foi de um aniversário dela que perguntamos onde ela queria comemorar e ela escolheu o Shopping Morumbi porque gostava de me ver jogando os jogos de música no Hot Zone de lá, nota: isso quando eu já estava na Poli. Acho que isso define bem minha mãe.
E é isso pessoal, o post ficou meio desconexo porque tive a ideia do começo dele quando fui tomar café com minha mãe e não soube muito bem como terminar o post, tá aí o resultado. Eu queria escrever sobre minha mãe mas o aniversário dela já passou faz um tempinho e o dia das mães tá meio longe ainda (e não vou lembrar de guardar este post até lá).
Recebi a sugestão aí de post de recomendação de música japonesa e acho que vou tentar fazer algo do gênero pro próximo mês.
vlw flw té mais!
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