quinta-feira, 1 de julho de 2021

Rapaz, não sou pago pra isso não

No meu setor, todo funcionário precisa fazer uma série de testes de personalidade, pontos fortes e tudo mais, coisa que antes eu era meu cético sobre, mas um dos pontos fortes que foram apontados num dos testes me chamou a atenção: evitar conflitos.

Eu quebrei o braço de um cara que tentou começar a fazer bullying em mim no meu sétimo ano do fundamental.

Eu sei que foi faz tempo mas eu também briguei bastante no meu primeiro do médio e se o pessoal bobão não tivesse repetido de ano, as chances seriam que alguém ia apanhar naquela turma, e muito provavelmente era eu (mas não aceitaria o cara sair ileso, pode apostar).

Eu também lembro de ter levantado a voz contra um coordenador por decisões administrativas obviamente motivadas por dinheiro do que o bem dos alunos e eu certamente não aceitava nada calado, o Yoiti adolescente era um Yoiti PUTO.

Agora eu só relevo mesmo. Eu sei que pra muita coisa a melhor resposta é FICAR PUTO, mas também descobri que pra a maioria delas o melhor é relevar mesmo e vida que segue. Não que eu deixe o pessoal cagar na minha cabeça, as pessoas que fizeram trabalho em grupo comigo na faculdade sabem bem que eu costumo cobrar que cada um faça a devida parte do trabalho decentemente, mas eu também não vou ficar puto por ter um verme no grupo.

A coisa que mais reflete como mudei acho que foi meu senso de simplesmente não lidar com pessoas que não gosto quando possível. Quando eu era bicho eu sempre ia pedir revisão de prova e tudo mais, mas agora eu realmente só aceito mesmo só pra não tomar esporro de graça. Não foram uma ou duas vezes só que eu reprovei matéria simplesmente por achar que valia mais a pena fazer ela de novo do que morrer abraçado na possibilidade do professor ter piedade de mim depois de me submeter a uma sessão de xingamentos gratuitos.

Neste semestre por exemplo, quando o professor de uma disciplina começou a descer o cacete na sala inteira por uma coisa que obviamente não competia à gente, eu simplesmente saí da aula e aceitei a falta que ia levar na testa. Já passei da idade de ter que engolir sapo de graça.

E isso é meio triste, porque o Yoiti adolescente era combativo, anarquista, questionava toda e qualquer autoridade e dizia que morreria pelos seus ideais. O Yoiti de 25 anos só quer uma air fryer, um teclado mecânico e ver uns shows no Japão. Era isso o significado de virar um adulto? Pelo menos minhas visões políticas foram ainda mais pra esquerda liberal do que antes de começar a faculdade.

Eu vejo que essa conformidade com a nossa realidade não é algo só reservado a mim, meus amigos que conheço há anos também todos perderam um pouco do ímpeto que tinham quando estavam no ensino médio mas, novamente, sem mudar de lado no espectro político.

Acho que é muito do que eu já pensava um tempo atrás, o jovem jovem mesmo não tem medo porque não tem muita coisa a perder (na visão dele), a partir do momento que você tem mais consciência a coisa muda de figura.

Eu sinto que preciso buscar um pouco o ímpeto que tinha uns 7 ou 8 anos atrás, ficar mais puto, ter mais vontade de correr atrás das coisas e tudo mais. Sinto que perdi uns anos da minha graduação simplesmente por só deixar a vida passar sem agir.

Enfim, o estágio está fazendo um ótimo trabalho em me melhorar como pessoa (não que eu tenha ficado puto com alguém lá, muito pelo contrário) e a quarentena está sendo uma jornada infinita de autoconhecimento. Eu espero resgatar um pouco do Yoiti adolescente mas não a parte de quebrar braços alheios, visto que os resultados podem não ser tão agradáveis assim numa esfera jurídica.

Enfim, esse é daqueles posts meio deprês que tenho que soltar às vezes pro blog parecer mais ÍNTIMO.

vlw flw té mais!

Um comentário:

  1. Ficar estressado é fazer dois trabalhos: o primeiro é de se estressar e o segundo é de se acalmar. Mas faz parte também. Sentir as coisas é essencial para se construir/destruir qualquer coisa.

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