segunda-feira, 5 de abril de 2021

Um hostel e uma casa de show a menos pra revisitar

Uma das histórias mais engraçadas que aconteceram comigo quando fui pro Japão foi quando me hospedei no hostel em Shimokitazawa.

Eu tava morrendo de vontade de conhecer a rua onde o o Kinoko Teikoku gravou o clipe do Chronostasis e estava planejando como deveria perguntar onde era o lugar pro recepcionista do hostel. Talvez mostrar o clipe pra pessoa e ver se ela consegue reconhecer? Ou perguntar onde eram o(s) Lawson na região pra ir procurando o local por eliminatória? Nada disso foi preciso, quando cheguei no hostel, a caixinha de som da recepção tava tocando uma playlist só de Kinoko Teikoku. Foi só perguntar "Onde que o Kinoko Teikoku gravou Chronostasis?" e o cara me mostrou o lugar no Google Maps.

Pois bem, outro dia fui no site do hostel pra ver como que eles tavam se mantendo durante a pandemia, a resposta é que eles não estavam, o hostel fechou as portas no começo deste ano.

A natureza do hostel como um ambiente compartilhado impossibilita a readequação dele pra realidade de agora, com o travel ban imposto para turistas estrangeiros então quebrou muito negócio do terceiro setor também imagino. 

Acho que nesse ponto os net cafés estão mais seguros, ainda mais o Customa que tinha a cabine totalmente isolada. Como eles eram mais voltados pro pessoal do Japão mesmo que trabalhava, não acho que eles tenham sofrido o mesmo impacto que hotéis e hostels.

A merda é que o hostel era bem novo até (começou a operar em 2018) e não era vinculado a grandes grupos ou conglomerados, dava pra ver que os recepcionistas (que também faziam a limpeza e tudo mais) eram da minha idade e o ambiente eram bem informal, como é o esperado pra um hostel numa região jovem de Tokyo. Então eu fico meio triste por ver (mais) um empreendimento independente dar errado.

Outro lugar que visitei e que fechou também foi o Yoyogi Zher the Zoo, onde fui ver meu primeiro show no Japão. 

As casas de show no Japão inteiro sofreram um baque fodido, não só por dependerem do público pra tirar o já minúsculo lucro que conseguiam pra se manter, mas também foram onde as primeiras disseminações do vírus aconteceram. Aí descobriram que as casas de show underground mal tinham ventilação e eram todas bem apertadas (quando tinha público nos shows).

O Zher the Zoo em especial foi uma das casas de show que tinha melhor som das que visitei lá. Outras casas com o mesmo tamanho e que eram bem mais conhecidas (como o Shimokita Garage e o Shinjuku Loft) tinham som e infraestrutura bem piores e, julgo, que viviam da fama que obtiveram da extensa história do cenário underground japonês.

Mas é, isso tudo só mostra como a pandemia tá afetando o mundo todo, mesmo países que não estão tão ruins quanto o nosso (ou seja, qualquer um) e mesmo o Japão que não teve lockdown nem nada. Isso também só reforça a constante mudança pela qual Tokyo passa e que feliz ou infelizmente, quando (se) eu voltar lá, Tokyo será bem diferente.

No mais é isso, mais uma coisa que essa pandemia tá aí trazendo de ruim.

vlw flw té mais!

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