[Este post é um post incompleto que tinha escrito até a metade em Abril deste ano, do vídeo pra frente eu escrevi hoje]
Eu escrevi um post faz tipo dois anos falando como não invejo os milionários e bilionários de plantão por aí mas invejo pra cacete as blogueiras (e hipsters) japonesas.
Outro dia eu tava navegando pelo instagram, sem absolutamente nada na cabeça, quando me deparei com o perfil de uma moça que personificava tudo o que mais eu invejo: roupas estilosas, presença marcada nos shows de artistas que gosto, várias fotos em izakayas, apartamento típico japonês de 20m² e mini-varanda, além daqueles rolês super japoneses tipo fazer piquenique vendo as sakuras, viajar de trem pra praia, reunir os amigos pra comer sukiyaki, etc.
O engraçado é que tem uma série de lugares-comuns para essa galera no Japão, ou pelo menos do pessoal parecido que achei: essas meninas (e meninos também, mas meninas na maioria das vezes) hipsters sempre fumam hi-lite mentolado, bebem Horoyoi (uma Smirnoff Ice só que com mais sabores, mais suave e pelo o que lembro era melhor também) e, por mais que não esteja explícito, trabalham com arte ou vivem de part-time jobs, ou seja: o total oposto do meu estilo de vida.
Cigarro de 9 em cada 10 hipsters no Japão |
Eu trabalho com dados num bancão, fiz engenharia naval, se eu fumar ou beber sou capaz de MORRER e me visto da mesma forma como me vestia com 12 anos, ou seja: mal.
Mas romantizo demais um estilo de vida que nunca terei e certamente nunca nem pensei em atingir. Depois do arubaito eu até tive uma vontade de morar por um tempo no Japão mas depois de começar a trabalhar eu comecei a dar graças a deus por uma semana de trabalho de 40 horas e direitos trabalhistas, coisas que julgo que perderia junto com o (resto) de saúde mental que ainda tenho se me mudasse pro Japão, isso além do trabalho que seria aprender japonês E keigo (japonês formal, consideravelmente mais difícil que o normal) do zero.
Putz, a juventude perdida hipster japonesa me atrai tanto e é um negócio que idealizo desde que me dou por gente mas todo o pacote de ter que viver na sociedade japonesa não me parece fazer valer a pena os poucos anos de uma juventude que nem é lá muito diferente da nossa aqui no Brasil.
Vivemos todos sem a menor garantia de ter uma aposentadoria decente, sem dinheiro pra sequer comprar um carro (quanto mais uma casa!), vivendo de pequenas alegrias e sonhos de consumo que nos motivam a acordar toda segunda de manhã, acho que isso tudo não muda independente de você ser um curador de arte no Japão ou um analista de dados no Brasil.
Acho que de uns tempos pra cá, sendo talvez um fruto de eu ter terminado a merda da graduação junto com o fato de eu estar EXTREMAMENTE medicado e fazendo várias atividades fora do trabalho, me fizeram esquecer bem essa idealização que eu tinha da juventude idealizada japonesa. Acho que o Japão é muito daora porque é um país incrível e (relativamente) fácil de se viajar dentro dele, além do cenário musical de se apaixonar e com opções para todos os gostos possíveis, mas tem ponto negativo pra cacete: do machismo/homofobia/conservadorismo que transborda em todas as interações sociais possíveis até a introspectividade que aliena qualquer pessoa minimamente no sistema japonês, é fácil ver porque as taxas de suicídio são tão altas e as de natalidade tão baixas.
Mas dito tudo isso: Eu, talvez, tenho na minha porta aí uma oportunidade de ir por Japão ficar um tempinho (seis meses pra mais). Nada muito certo ou definitivo, mas possível.
Eu já pesei os prós e contras e sinceramente?
Vale a pena.
Dois amigos meus pra quem eu apresentei a possibilidade de me acompanhar nessa empreitada me cortaram na hora, e eles não estavam errados: 27 anos é hora de se preocupar com a carreira pra não se fuder depois, mas 27 anos também é quando começa a doer as costas e, pra mim, é a hora de ser jovem ainda e correr atrás da minha tão sonhada juventude hipster japonesa, mesmo que ela não exista do jeito que a idealizei.
Se não der certo também eu estou suave. Vivi meus três meses de test drive de arubaito fudido viciado em shows e posso dizer com certeza que minha vida tá melhor desde que decidi tomar remédio pra ansiedade, voltar pro karate e fazer parte de um grupo de voluntários.
(...)
Pra falar a verdade eu só queria viver uma desilusão amorosa em Shimokitazawa com uma moça frígida de franja reta (parecida com a Kotone Furukawa, Fumi Nikaido ou Nana Komatsu) e chorar ouvindo Kaneko Ayano enquanto pego o trem da linha Odakyu de volta pra casa, é pedir demais?
Aqui está a playlist temática pra você também se sentir um jovem japonês recém saído da faculdade, morando longe de casa em Tokyo, provavelmente com nome sujo e três desilusões amorosas só na semana passada:
Enfim, é isso.
Eh, não postei mês passado porque resolvi fazer tudo o que deixei de fazer durante a faculdade no mês passado e isso acabou atropelando várias coisas que eu tinha planejado, paciência.
Vlw Flw té mais!