domingo, 26 de maio de 2024

Sushi de batchan

Hoje participei de uma gincana japonesa (Undokai) e o almoço foi no esquema motiyori: cada um levava um prato, comi uns sushis e onigiris lá e isso me deu ideia de um post.

Tem um tipo de sushi que todo nipo-brasileiro com um pouco de contato com a comunidade já comeu: o sushi de batchan.

O sushi de batchan, ou sushi de vó japonesa, é um clássico: um futomaki (ou makisushi) com diversos recheios que podem ser aleatórios a depender da época.

Futomaki que você já deve ter visto em vários lugares, amado por todos os japoneses. Peguei a imagem do Just One Cookbook meu site favorito para receitas de comida japonesa

E cara, é o tipo de sushi que você NUNCA vai ver em nenhum restaurante. Os ingredientes são bem característicos, o tempero no arroz é bem diferente de qualquer tempero de arroz de restaurante e você sente que na confecção do sushi teve AMOR.

E isso me leva a outro ponto: não é raro uma pessoa me ver, eu um japonês gordo, e perguntar: qual o melhor restaurante japonês que você já comeu? E dou a maior trucada que pouquíssimas pessoas podem chamar seis: falo de um restaurante que não existe mais.

O restaurante japonês que considero ser o melhor que já comi é o Kotobiya. A dona/cozinheira/chef/manager acabou indo pro Tanka, muito provavelmente num cargo alto, e o Kotobiya já ficou na memória faz mais de dez anos. 

Mas o que o Kotobiya tem a ver com o começo do post? Era o único restaurante que todo sushi tinha gosto de "sushi da batchan". Não só o futomaki, mas todo sushi lá tinha gosto de realmente caseiro, e caseiro feito por vó mesmo. É uma coisa que eu nunca achei em nenhum lugar e imagino que não deva achar facilmente.

"Mas e o Tanka pra onde a dona foi depois que fechou o Kotobiya?". Lá no Tanka ela não cozinha diretamente (EU ACHO) então o sushi não tem o mesmo toque. E uma coisa que sempre me perguntei foi como chamaram ela pro Tanka sendo que o Kotobiya tinha uma proposta totalmente inversa. Os dois eram buffets à vontade (com ressalvas para certas peças que eram sob demanda, mas ainda inclusas no valor do Kotobiya, pra estarem sempre frescas) mas um era totalmente intimista e caseiro e outro é quase um complexo industrial pra sempre ter sushi pra um salão enorme.

Mas porque então é tão raro ter sushi caseiro disponível pra um público geral? Tenho minhas teorias.

Acho que os maiores diferenciais do sushi caseiro ao de restaurante são o tempero do arroz, os ingredientes em pratos com mais liberdade "artística" e a forma que o peixe cru é cortado. O ponto sobre o corte do peixe é um negócio totalmente da minha cabeça que pode muito bem ser maluquice minha, mas o tempero do arroz é o primordial, é diferente.

O tempero pra sushi é uma mistura de vinagre de arroz, açúcar, sal e alguma fonte de dashi, muito provavelmente kombu seco. Então deve ter alguma proporção maluca que os restaurantes fazem e que as avós japonesas fazem diferente? E por algum motivo todas as avós japonesas e todos os restaurantes estão em extremos opostos de como fazem essa mistura? Enfim, muitas perguntas.

O negócio dos ingredientes é a tendência das avós japonesas tacarem tipo vagem ou cenoura no futomaki. Cara, pra ser bem sincero eu não gosto (da vagem, amo cenoura num kimbap), mas vagem é muito aleatório, a textura do negócio não combina com o tamagoyaki ou o pepino ou o kani, mas porra se não me sinto sendo abraçado por uma batchan de 90 anos quando como um futomaki com uma vagem dentro.

No Japão eu queria ter ido num lugar que vendesse sushi caseiro mas é um tipo de combinação que você não acha fácil: os restaurantes caseiros de velhinhos no Japão são em sua maioria de lamen, tonkatsu, bento ou algo quente e (tecnicamente) fácil de se fazer, e sushi é ou caro ou aqueles de esteira, sepá eu realmente perdi a maior chance de comer um sushi caseiro do Japão mesmo.

Eu até tentei fazer sushi em casa mas não curti muito o resultado. Não ficou ruim mas deu trabalho e um futomaki decente na Liberdade tá tipo 20 conto? Bem menos do que o que gastei nos ingredientes. Talvez o segredo seja que não sou uma avó japonesa.

Mas é isso. Meu sushi favorito da vida foi num restaurante no meio de Moema que não existe faz mais de 10 anos e você só pode degustar um tipo extremamente particular de sushi em eventos da comunidade nipo-brasileira, fica aí o convite agora que esses eventos estão sendo bem frequentes.

No mais é isso. Estou participando de vários eventos da comunidade nipo-brasileira e isso talvez esteja sendo mais útil pra achar minha identidade do que ir pro Japão trabalhar feito escravo numa fábrica na puta que pariu só pra ser gritado por um japonês filho da puta, quem diria.

É isso, é isso, é isso!

Vlw flw té mais!

segunda-feira, 20 de maio de 2024

Fui pra Curitiba procurar o sentido da minha vida mas só achei comida boa, suco de uva e salame

Eu estou escrevendo mais dois outros posts além deste mas o bloqueio veio e entrei numa crise existencial.

Eu viajei pra Curitiba.

Tenho um amigo antiquíssimo, talvez uma das amizades mais antigas que mantenho até hoje, que mora em Curitiba desde 2014 por causa da faculdade e, assim como meus amigos que estudaram fora de São Paulo (Campinas e São Carlos no caso) sempre falou de ir visitá-lo e tudo mais, no final a única visita que rolou mesmo foi pra Curitiba.

Eu já tinha ido com mais dois amigos lá pra Curitiba em 2019 mas na época foi mais pra curtir a juventude, dessa vez foi pra fugir de São Paulo. Não me entenda mal, eu amo São Paulo de coração mas quando você pega 15 dias de férias do trabalho, a última coisa que você deseja é passar esse tempo todo na cidade.

Eu, aliás, tinha um monte de planos do que fazer nesse meio tempo: assistir o seriado do Fallout, ver uns filmes asiáticos e estudar pra prova no meu trabalho e preparar as aulas do cursinho que vou começar a dar aula no próximo fim de semana, fiz alguma dessas coisas? Nope, não completamente pelo menos. Fui acometido por uma crise existencial e questionei absolutamente tudo na minha vida, além de ter pego uma virose e ter ficado com a pior dor de barriga que já tive nos últimos anos. Nisso tudo aí a viagem pra Curitiba já tava planejada mas ela passou de um simples passeio pra uma busca intrínseca por algum sentido de vida, ou algo nessas linhas mas não tão dramático.

Foi uma viagem normal, onde a gente comeu pra cacete e passeamos por lugares que não tínhamos ido na viagem de 2019. A cidade de Curitiba sempre me pareceu uma mistura de bairros nouveau-riche paulistanos com uma imagem deturpada de uma cidade europeia importante-mas-nem-tanto, mas é um lugar bacana de ir pra passar umas férias. Se eu moraria lá? Acho que sim. Não é toda cidade do mundo que é São Paulo (graças a deus) e ir pra uma cidade com a mesma população de quatro bairros de São Paulo (juntos) é definitivamente uma experiência, só aceitaria um sistema de metrô lá pra melhorar a locomoção.

Mas enfim, foi uma boa viagem pra esquecer um pouco de tudo, inclusive das coisas que eu devia ter feito nas férias. Voltei pro trabalho já hoje (16/05) e vi que dormir mais de 10h por dia durante 15 dias seguidos talvez não seja a coisa mais produtiva.

E agora? Agora me vejo encarando longos meses sem férias (minhas próximas são em Novembro!) e preciso ver o que faço da vida, de uma forma mais específica pelo menos. Eu estou relativamente estável, confortável e definitivamente poderia estar pior, mas poderia estar melhor também.

É isso, vou postar essa porra logo e provavelmente o próximo post volta ao assunto usual: música japonesa.

vlw flw

té mais!