Porra galera, acho que mais até que Judy and Mary, eu praticamente só escrevo sobre a Shiina Ringo neste blog desde que conheci a obra dela lá por 2012/2013, eu nunca assumi que pagava pau pra alguém vivo antes de conhecer essa mulher. Por isso vou direto ao que interessa.
Shiina Ringo - Electric Mole @Nippon Budokan (2003)
Como já falei em uns 20 posts antes: a Shiina Ringo era uma típica cantora pop até que em 2003, depois de dar a luz a um filho, ela deu a louca e lançou um álbum totalmente experimental e absolutamente MARAVILHOSO, mas a real é que o tal CD não vendeu um quarto do que vendeu o então último sucesso dela e acabou por ser recebido de maneira bem morna tanto pelo público pop (que achou o álbum intragável) quanto pelo público underground (que não aceitava uma cantora pop lançando um experimental daquela magnitude).Pois bem, depois desse famigerado terceiro álbum dela a Shiina Ringo decidiu fazer uma turnê pelo Japão todo antes de acabar a carreira solo dela, SIM ELA REALMENTE TINHA DADO A LOUCA. Aliás, nem tanto, pra essa turnê a Shiina Ringo selecionou especialmente alguns músicos talentosos que estavam dispostos a formar uma banda duradoura com ela como vocalista. O plano era acabar com a carreira solo mas começar com uma banda, banda essa que seria depois conhecida como Tokyo Jihen.
O show foi sensacional, depois de uma longa turnê pelo Japão todo a Shiina Ringo decidiu acabar tudo, aonde mais, no Nippon Budokan, possivelmente o lugar mais prestigiado possível para se fazer um show no Japão.
Foi uma setlist incrivelmente longa que mais incrivelmente (eu diria até criminosamente) excluía grande obras primas dela que só viríamos a ouvir ao vivo no Tokyo Jihen uns cinco anos depois.
E puta merda, pelo nível técnico esse show fica em primeiro lugar se comparado aos outros daquela lista, mas como tudo da Shiina Ringo falta emoção, esse live também não foge da regra.
O Electric Mole, assim como o terceiro álbum da Shiina Ringo, foi confeccionado à perfeição: uma banda de nível excelente, o lugar perfeito para se fazer um show, voz e instrumentos sem falha nenhuma e até um gimmick interessante: o show se chamou Electric Mole porque a Shiina Ringo retirou a laser a pinta (mole) que ela tinha acima do lábio e que era a trademark dela. SIM! ELA TIROU UMA PINTA CIRURGICAMENTE SÓ PRA FALAR QUE A CARREIRA SOLO DELA TINHA ACABADO!
Mas ainda assim o show foi normal (no lado emocional pelo menos), não tinha vibe nenhuma de tristeza ou sei lá, sequer de alegria. A Shiina Ringo é bizarramente perfeccionista, de modo que ela no palco tá fazendo o trabalho dela assim como um analista num escritório, E isso é ao mesmo tempo muito bom e paradoxalmente muito triste também. Acho injusto falar que ela faz o que faz pelo dinheiro porque isso não é verdade, só ver que ela recusou uma carreira internacional pra constar isso, e já ficou óbvio faz tempo que ela tá cagando pros fãs hahahahahah. A real é que a Shiina Ringo faz música (e inclua shows nisso aí) porque ela ama fazer isso, ganhando dinheiro ou não, agradando fãs ou não, ela faz música pela música, ela é MUITO egoísta mas ao mesmo tempo é a personificação mais pura do que um artista deve ser, e isso que confere a ela a persona enigmática que tem.
Enfim, acabei escrevendo muito sobre a Shiina Ringo mas é isso aí. O show é 10/10 não tem como não falar o contrário, mas eu nunca chorei vendo, o que acontece quando assisto os últimos lives do Supercar e do Judy and Mary. Além disso a Shiina Ringo acabou retomando a carreira solo já em 2008 (com o Tokyo Jihen ainda ativo, só iriam acabar em 2012), acabou que o show não teve um significado maior por muito tempo.
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Depois da última música ela largou o mic no chão, enigmático eu diria. |